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Sobre Emílio Takase
Nome
Emílio Takase
Profissão
Psicólogo
Sobre o Autor
Laboratório de Neurociências do Esporte e Exercício
Tel.: (48) 37218245 - Sala 72 da Piscina/CDS-UFSC
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A FANTÁSTICA CAPACIDADE DE ADAPTAÇÃO DO CÉREBRO HUMANO
Nosso cérebro é plástico. No decorrer da nossa vida, são vários os aspectos que influenciam na alteração de seu volume. O sistema nervoso humano surge muito cedo, quando ainda somos um embrião, a partir da terceira semana de gestação. No útero, as células neurais sofrem um explosivo crescimento, chegando a atingir a partir de sucessivas divisões, centenas de bilhões de células. A partir deste instante, o cérebro já se encontra em transformação. Quando nascemos, o processo de maturação cerebral é iniciado e, na medida que vamos crescendo, a massa encefálica vai aumentando. Ao mesmo tempo, a “podação” neuronal vai “moldando” o cérebro, sinalizando as fases de transição do indivíduo, que culminam entre a adolescência e a vida adulta. Esta "poda" neural ocorre inicialmente na zona posterior do cérebro e por último no lobo frontal, onde são controlados, planejados e organizados o raciocínio, a tomada de decisões e o comportamento emocional e social.
Nesta análise, é importante considerar o número de neurônios presentes no cérebro e suas conexões sinápticas no volume cerebral (a figura ao lado mostra dois neurônios realizando a transmissão de um impulso nervoso). Até recentemente, era considerada a existência de cerca de 100 bilhões de neurônios no cérebro humano, mas os pesquisadores da UFRJ, o prof. dr. Roberto Lent e a profª. dra. Suzana Herculano, publicaram um artigo no início de 2009 afirmando que na verdade, temos cerca de 86 bilhões. Levando em consideração as questões numéricas da quantidade de neurônios presentes no cérebro, é importante saber o que os faz aumentar ou diminuir. A figura abaixo nos mostra em três situações distintas um exemplo de como um neurônio motor altera as suas conexões sinápticas em decorrência da aprendizagem no animal marinho Aplysia, muito utilizado em pesquisas neurocientíficas.
a) Num cérebro em “Controle” novas conexões sinápticas se formam. É quando o organismo recebe novos estímulos. Nos humanos seria como se fôssemos percorrer um caminho diferente para ir ao trabalho ou para casa.
b) "Habituado" é quando o organismo acostuma-se aos estímulos novos. No caso o caminho novo se torna familiar, conhecido.
c) "Sensibilizado" é quando um organismo ou conjunto de neurônios está sempre sensível às adversidades do meio, sem chegar a um estresse que prejudique as atividades diárias. Buscar sempre novos caminhos para ir ao trabalho ou para casa em dias diferentes seria ótimo para o cérebro.
Em função do processo de aprendizagem motora a figura ilustra como pode ocorrer a mudança do volume cerebral em decorrência de novas conexões sinápticas (aprendizagem). Então imagine você vivendo uma rotina, todos os dias realizando as mesmas atividades, e de vez em quando mudando uma ou outra. O que pode acontecer com as suas conexões sinápticas no decorrer dos anos? O ideal é estar sempre com os neurônios no estágio sensibilizado, dentro de um certo padrão ou grau de ativação neural que não prejudique a saúde física e mental. Por isso, falamos em neuróbica, ginástica cerebral, entre outros "neuromodismos" para manter o cérebro sempre ativo.
Dentre as leituras indicadas abaixo destaco duas que me chamaram a atenção. A primeira delas fala sobre pessoas que têm insônia, sugerindo perda no volume cerebral e a segunda aborda os efeitos do exercício físico em esquizofrênicos, cuja atividade traz como consequência o aumento do volume cerebral destas pessoas. Os estudos em questão mostram dois lados, um positivo e outro negativo, sobre a diminuição e aumento do volume do cérebro. Levando em consideração a figura acima, a atividade física, cognitiva, emocional e social são fatores que influenciam significativamente no volume cerebral. A partir das atividades citadas, ocorrerá o aumento das conexões sinápticas (sensibilização) e, consequentemente, do volume da massa encefálica. Por outro lado, estresse agudo, insônia e depressão são exemplos que contribuem para a diminuição do cérebro, muitas vezes chegando a provocar a morte neuronal.
Assim, retomando o artigo dos doutores Roberto Lent e Suzana Herculano, citado anteriormente, coloco aos leitores o seguinte questionamento: será que 14 bilhões de neurônios realmente fazem a diferença?
Na verdade, o importante é a qualidade das conexões sinápticas e não a quantidade. Sem dúvida que a questão de 14 bilhões a mais ou menos faz diferença, por outro lado para o que realizamos na vida cotidiana, os 86 bilhões são mais do que suficientes para termos uma qualidade de vida excelente.
E caros leitores, nunca é demais lembrar que para mantermos a saúde de nosso cérebro é importante que:
a) pratiquemos uma atividade física;
b) conservemos nossa mente ocupada com atividades cognitivas e sociais e;
c) cultivemos uma boa alimentação (por ex., inserindo ou aumentando a ingestão de peixe, excelente fonte de ômega 3).
Obrigado pela atenção de todos e até a próxima!
Emílio Takase.
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Leituras Complementares:
Insônia: condição pode estar associada à perda de volume do cérebro
Exercícios podem aumentar o volume do cérebro de pacientes com esquizofrenia
Questão de densidade, artigo de Suzana Herculano-Houzel sobre as particularidades do cérebro humano
Afinal, quantas células têm o cérebro humano?
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Emílio Takase
Seção de Artigos
Saúde do Cérebro
Glossário
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