quinta-feira, 29 de julho de 2010

2373 - HISTÓRIA DA IGREJA ANGLICANA

UMA OLHADA NA HISTÓRIA REAL DA IGREJA ANGLICANA



Ao contrário da opinião popular que vigora em alguns lugares, segundo a qual a Igreja Anglicana caiu pronta do céu em 1549, com o livro de Oração numa mão e a Bíblia versão King James na outra, na verdade a Igreja na Inglaterra já existia 1.300 anos antes dos problemas de Henrique VIII com o Papa.

Gostaria de falar sobre duas significantes contribuições para o Cristianismo inglês: Santo Agostinho de Cantuária e o Sínodo de Whitby. Nosso Santo Agostinho era um abade italiano que foi o primeiro Arcebispo de Cantuária, e não deve ser confundido com o outro Santo Agostinho, o grande doutor da Igreja, o Bispo de Hipona na África do Norte, autor de "Confissões" e "A Cidade de Deus", falecido em 430. Nosso Agostinho foi enviado pelo Papa Gregório, o Grande (dos famosos cantos gregorianos), como missionário para a Grã Bretanha em 596. No livro II do Venerável Beda, "Uma História da Igreja e do Povo Inglês", escrito em torno do ano de 850, é relatado que Gregório, antes de se tornar Papa, viu umas crianças loiras `a venda no mercado de Roma. Quando contaram para ele que eram da Grã Bretanha, de uma raça chamada "anglos", Gregório teria dito: "non angli, sed angeli", que significa, "não anglos, mas anjos" ( uma paródia moderna traduziu as palavras de Gregório como "não anjos, mas anglicanos"). Logo depois que ele se tornou Papa enviou missionários para evangelizar a terra dessas crianças.

O problema, porém, é que já existiam cristãos na Grã Bretanha (a Igreja Celta), e estavam lá provavelmente desde o Século II. Mesmo que os Saxões tenham destruído muito a herança Céltica da Grã Bretanha, a antiga Igreja Celta sobreviveu em alguns lugares e, naturalmente, tendo se desenvolvido no seu isolamento, tinha algumas pequenas diferenças do cristianismo Continental. Por exemplo, a Igreja Celta tinha simplesmente evitado as heresias cristológicas dos séculos IV e V, que foram sedimentadas no Concílios de Nicéia, Éfeso e Calcedônia.

Em 603, Agostinho chamou representantes da Igreja Celta numa tentativa de convencê-los a se submeter `as práticas e disciplinas romanas, mas eles recusaram. Santo Agostinho morreu em 605, mas a questão das diferenças entre a Igreja Britânica e a Igreja Romana continuou sendo motivo de controvérsias.

O principal ponto de discórdia era a data da Páscoa, pois a Igreja Celta seguia uma tradição bem mais antiga do que a Igreja de Roma (tradição joanina).

Havia questões menores, como a forma da tonsura monástica, a área raspada da cabeça do monge. Finalmente, em 664, em Whitby, na Northumbria, a questão foi resolvida em Concílio, por votação e através de decreto do rei Oswy, que decidiu em favor das práticas e costumes romanos. Segundo o próprio rei afirmou, Pedro tinha as chaves do Reino de Deus, e o Papa era o sucessor de Pedro! Mesmo no século VII tivemos o problema da autoridade política resolvendo questões religiosas...

Então, a presente alegação dos anglicanos de ser católicos sem ser romanos não é nova. No Concílio de Whitby encontramos um cristianismo britânico autêntico e aborígene, suprimido por aqueles que não conseguem distinguir entre Catolicismo e uniformidade eclesiástica. A Igreja Cristã na Inglaterra sempre reclamou a sua independência histórica, e mesmo que durante 850 anos a Inglaterra tenha sido nominalmente católica, ela sempre foi uma mancha para o papado.

Texto de Eric Griffin, publicado em “Niagara Anglican”
Tradução da Catequista Ruth S-F de Barros, Diocese Sul-Ocidental da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil


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