sábado, 10 de julho de 2010

1451 - HISTÓRIA DO LIVRO

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A história das histórias infantis - Por Fernanda Baroni


Anna Claudia Ramos mora numa casa com seus dois filhos, um cachorro e muitos, muitos livros. Lá também é um dos lugares que escolheu para desenvolver as oficinas de Literatura Infantil e Juvenil (LIJ), e onde surgiram algumas talentosas escritoras.

Quando se chega na Vila das Artes, como a autora nomeou seu espaço, é impossível acreditar que se está em uma rua movimenta de Copacabana. Em meio a tantas estantes recheadas de histórias e_ acreditem!_ nenhum barulho, as horas passam como minutos.

E conversar com Anna sobre esse universo das palavras e sentimentos infantis é mergulhar numa fantástica viagem a um tempo vivido, mas que por descuido nosso ficou esquecido em algum canto da memória.

Escritora de livros para crianças e jovens, Anna Cláudia trabalha com oficinas de LIJ e Criação Literária e é professora da oficina permanente "Escrevendo para Crianças" da Estação das Letras.

Participa como especialista de projetos de incentivo à leitura e viaja pelo Brasil afora dando cursos, palestras e oficinas sobre sua experiência com sala de leitura e como autora e especialista em LIJ.

É mestranda em Ciência da Literatura pela UFRJ e membro da diretoria da Associação de Escritores e Ilustradores de Literatura Infantil e Juvenil (AEI-LIJ). Já tem 23 livros publicados e outros quatro estão para sair do forno a qualquer momento.

Você dá aulas em uma oficina de textos que já teve o título Como escrever para crianças. Existe alguma receita para fazer literatura de boa qualidade para crianças e adolescentes?
Não existe uma fórmula. O que tem que existir é um enorme trabalho com a linguagem, sabendo que você está se comunicando com uma criança ou um jovem e não com um adulto. A abordagem é outra, por isso requer muito trabalho com as palavras. Deve existir também um respeito pelo ser criança e pelo jovem. É preciso saber que eles não são um vir a ser, eles já são. São crianças e jovens cheios de criatividade e cheios de idéias. É importante então saber dominar as palavras, saber usar a linguagem e a técnica para contar uma boa história, para desenvolver bem as idéias que estarão sendo colocadas no texto.

Existe um universo especial nas histórias infantis?
Existe sim, um universo que pode ser mais lúdico com certeza. Mas é claro que o mundo está aí e não existe um mundo para crianças e um mundo para adultos, mas com certeza cada um olha pra este mundo e o vê com olhares diferentes. A lógica das crianças, principalmente das pequenas, passa pelo imaginário, pela fantasia, então esse olhar ganha dimensões bem diferentes do olhar adulto que muitas vezes perdeu pela vida afora esta magia. O olhar adulto é mais racional. Acho que o escritor de LIJ não pode esquecer que um dia foi criança e adolescente, e deve tentar resgatar essa criança dentro de si, pois só assim poderá falar de imaginário para imaginário.

Alguns autores falam sobre não ter distinção entre a literatura para adultos e a literatura para crianças. Qual a sua leitura disso?
Existe sim uma distinção, que está ligada à linguagem, à abordagem do texto. Ao meu ver, os autores que dizem que não há distinção entre a literatura adulta e a LIJ estão falando que não há distinção entre a qualidade literária do que se faz para crianças e do que se faz para adultos. Muita gente acha que LIJ é uma coisa menor, mas ela não é, muito pelo contrário. Este preconceito em relação a LIJ é uma imagem errônea, mas que está muito presente até mesmo no meio universitário. Certa vez, conheci uma professora que dizia que o único autor de LIJ que tem uma obra passível de análise teórica é Monteiro Lobato. Isso é um absurdo! Mas como de certa forma a LIJ está atrelada à escola e como ainda existe muito texto ruim editado, este tipo de preconceito continua existindo.

Mas não há nada que diferencie a produção para adultos da produção para crianças e jovens?
É claro que existe uma literatura voltada para crianças. A gente escreve pensando na criança, porque temos que saber nos comunicar com a criança. O contrato de comunicação é com a criança e não com o adulto. Mas se esta literatura for boa, esteticamente boa, ela também pode ser lida por um adulto, e este pode se emocionar porque vai existir uma qualidade literária no texto, independente dele ser escrito para crianças ou para adultos. Quem não se emocionou com a Raquel da Bolsa Amarela (de Lygia Bojunga)? Com a Bisa Bia e Bisa Bel (de Ana Maria Machado)? Quem nunca teve medo de se expor e começou a ter coragem lendo Coração Não Toma Sol (de Bartolomeu Campos Queirós)? Quem não deu muita gargalhada lendo Os Bichos que tive (de Sylvia Orthof)? Quem não se emocionou com O meu amigo pintor (de Lygia Bojunga)? As pessoas podem ou não gostar destas histórias, é um direito que elas têm, mas precisam saber que são histórias muito bem escritas.

Bartolomeu Campos Queirós diz que é preciso desmistificar a idéia de que as crianças só sentem prazer com o livrinho feliz. Para ele, criança também encontra prazer na dor, no sofrimento. Você concorda com essa idéia de que ler não precisa ser um exercício fácil?
Ler não é um exercício fácil, requer silêncio, concentração, pensamento. Nem todas as histórias têm final feliz. A criança sabe conviver com a tristeza. O adulto é que muitas vezes acham que criança não sabe conviver com a dor. As crianças hoje em dia convivem com muitas coisas: violência, separação dos pais, egoísmo, sexualidade, abandono, rejeição e tantos outros temas que podem ser listados aqui. A criança sabe que isso existe e muitos adultos continuam falando com ela como se ela não soubesse disso, falam com hipocrisia, com falsidade, sem respeito com o sentimento da criança. Acredito que o melhor seja falar sobre estes temas com sinceridade e verdade. E ao mesmo tempo brincar com o imaginário, fazer uso do lúdico, pois a fantasia muitas vezes ajuda a superar a dor, não é?

Você acredita então que a Literatura pode ajudar a mudar a realidade de uma criança?
Você já reparou numa criança brincando? Ela reelabora sua realidade pelo imaginário, pelo brincar, que é o espaço do tudo pode, do faz de conta. Nas histórias também podemos trazer temas difíceis, falar da vida, mas sem querer ficar ensinando nada às crianças. A história deve se bastar por si própria, sem precisar de artifícios para querer passar mensagens e ensinar a resolver problemas. Uma boa história pode fazer a criança de repensar, ela pode viver outras vidas pelas histórias e assim se ver na história e sair renovada depois da leitura. Por exemplo: é impossível dizer que uma criança não vai ficar mexida sabendo que seus pais vão se separar ou que um familiar é alcoólatra. Numa situação destas não há como sair ileso. Pensar que alguém vai sair sem cicatrizes de situações dolorosas é utópico, mas nada melhor do que falar a verdade, conversar, falar com respeito pelo ser criança, pelo sentimento. Muitas vezes, abordando os assuntos pela ótica do imaginário e da fantasia permitimos transformar as histórias e reinventá-las para amenizar a dor. Afinal de contas cada um tem que viver suas experiências para construir sua própria história.

Como é o seu processo de criação?
O processo de criação é muito eclético. Cada texto pede um caminho diferente. Pois vejo no meu processo duas linhas: uma que domino e é mais racional, mais planejada, e outra que é absolutamente devassadora, onde não mando no tempo. O tempo passa a não ter horas marcadas pelo relógio ou pelo calendário, mas sim obedece aos meus processos internos de entendimento do mundo e de mim mesma. Mas sempre fico muito ligada na linguagem, na pontuação, na maneira que seleciono um tema e como vou abordá-lo. Escrever não é só inspiração, como muita gente acredita. Tem muito trabalho, muito pensamento, muita leitura até se chegar ao texto final. Escrever foi a forma que encontrei de nunca parar de brincar. E brincadeira pra mim é coisa séria. Escrevo porque a vida não me basta como ela é. Escrevo para reinventar a vida, para viver outras vidas e fazer o que eu desejar, assim como as crianças fazem nas brincadeiras de faz de conta.

Escrever então pode ser fruto de uma grande catarse?
Não é isso. Dizer que criar é fazer catarse seria no mínimo diminuir o processo criativo, mas pode sim ter algo de catártico na criação. Criação requer leituras, estudos, aperfeiçoamentos. Já li e estudei o bastante para poder dizer que processos artísticos estão ligados ao nosso inconsciente e que o artista tem como material de trabalho seu mundo interior, suas dores, alegrias, percepções da vida. Mas é claro que o escritor, o artista, não faz catarse, mas quem cria pega sua dor, ou mesmo sua alegria, e transforma em história, em ficção, faz o seu universo particular parecer o de todo mundo.

O que é mais difícil neste processo de escrever uma história?
Uma das coisas mais difíceis é não perder o foco narrativo. Não perder de vista a história, a essência da história. Saber criar personagens e sustentá-los também dá trabalho. E acima de tudo, achar um jeito novo de contar uma história, achar um novo olhar para um tema. Achar o seu jeito próprio de contar histórias.

Qual o papel dos contos de fadas na vida das crianças?
Uma vez eu estava dando um curso de reciclagem para professores, quando uma professora me disse que não lia contos de fadas para os alunos dela porque eles eram de uma comunidade muito pobre e que aquelas histórias não tinham a nada a ver com a realidade dos meninos. Achei aquilo tão absurdo que na mesma hora respondi: Engraçado! Sabe que com a minha também não? Porque não moro em castelos, não convivo com reis nem com rainhas e menos ainda conheço uma bruxa má ou freqüento florestas encantadas com lobos devoradores". Eu queria que aquela professora percebesse que o que ela tinha falado era muito absurdo, pois fantasia não tem classe social. Fantasia existe para quem quiser e souber vivê-la. Pois os contos de fada podem fazer muita criança, pobre ou rica, sonhar e imaginar mundos diferentes do seu, transformando sua realidade e levando aquela criança para outras terras, pra que ela conheça outras gentes e saiba sonhar com coisas novas.

FERNANDA Baroni
é uma jornalista apaixonada por Literatura Infantil. O trabalho como repórter, assessora de imprensa, profissional de comunicação de um modo geral, é gratificante, mas não tira o gostinho de um dia dedicar seu tempo à Literatura. Seja para falar sobre esse assunto tão especialmente inesgotável ou para encontrar sua linguagem e seu espaço nessas esquinas de palavras.

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