quinta-feira, 29 de julho de 2010

2338 - HISTÓRIA DAS IGREJAS

Revista "MUNDO e MISSÃO"

Igreja no Mundo - África





UMA HISTÓRIA GLORIOSA

história da Igreja Copta é um cadastro de heróicos mártires. Como importante província do Império Romano, o Egito atraiu toda a fúria da perseguição dos imperadores, principalmente de Diocleciano, na derradeira década do império pagão. Foi nesse começo do século 4 que teve início o calendário copta, marcando a era dos mártires, muitos dos quais são celebrados no calendário romano e também no bizantino. Quem não ouviu falar do heróico martírio da Legião Tebana de Maximiano, escolhida para abafar uma rebelião na Gália e dizimada no solo suíço?

Além da marca do martírio, a Igreja Copta assinalou a história com a propagação do pensamento cristão. Em Alexandria floresceu a primeira Escola Catequética, como universidade de estudos filosóficos e teológicos de grandes mestres como Atanásio, Cirilo, Orígenes, Dídimo o Cego. Atanásio foi quem compôs o Credo, que é recitado na liturgia de todos os ritos. Dídimo o Cego, conhecia a Bíblia de cor. Cirilo é o teólogo da Encarnação do Verbo de Deus.

O MONAQUISMO

Se o Egito é um dom do Nilo, o monaquismo é um dom do Egito e surgiu da necessidade de orar sempre, de meditar na palavra de Deus e guardar a vida cristã, longe do mal do mundo... Santo Antão é o primeiro eremita, cuja vida foi escrita por Santo Atanásio. Outro amigo de Santo Atanásio foi São Pacômio, o fundador da vida cenobítica ou comunitária, regida por uma Regra comum, tão importante que São Basílio a levou para o Oriente bizantino e Cesário, para o Ocidente católico. Foi esta a Regra que inspirou São Bento, o educador da Europa.

A LITURGIA: MISSA E SACRAMENTOS

Originada em uma sociedade monástica, a liturgia copta revela forte influência penitencial, monótona e austera, em contraste com a exuberância do ritual bizantino. Os rigorosos jejuns abrangem 210 dias no ano. O Ofício das horas impõe a recitação de muitos salmos. As cerimônias litúrgicas são acompanhadas de canto ao som de tambores, triângulos e uso de leques e bandeiras, que enchem de admiração o espectador ocidental. O batismo é ministrado aos domingos, antes da missa, para que o batizado possa receber a comunhão, e a ação distintiva deste sacramento são as inúmeras unções e imposição das mãos do sacerdote.

Para a celebração eucarística são usadas três anáforas ou orações eucarísticas: a de São Cirilo, primitiva liturgia alexandrina, trazida de Jerusalém pelos primeiros cristãos judeus e celebrada só no Domingo de Ramos; as outras duas são a de São Gregório Nazianzeno e a de São Basílio, sendo esta última idêntica à das demais igrejas orientais, porém enriquecida com elementos da cultura local. O matrimônio tem, além da coroação, várias unções e há rigorosas restrições ao divórcio.

A penitência, admitida tardiamente, é pouco praticada e dela está dispensado o clero; porém, existe, na celebração eucarística, a chamada confissão da incensação dos celebrantes e fiéis. A unção dos enfermos administra-se aos doentes e, como penitência, a pessoas que confessem estar em pecado. O ritual externo copta também tem certas notas islâmicas: os fiéis entram descalços no templo, sentam-se em tapetes; o celebrante entra descalço no santuário. As abluções e a circuncisão (opcional), são herança da antigüidade judaica.

IGREJA COPTA HOJE

A nota principal da Igreja Copta, hoje, é a da perseguição por amor da justiça: uma igreja sacrificada pelos imperadores romanos pagãos, pelos imperadores cristãos e pelos árabes, quando o Islamismo conquistou o Egito. O martírio continuou até nossos dias. Em fins do século 20, os coptas têm sofrido forte opressão, tidos como estrangeiros em seu país, quando, na verdade, são os verdadeiros egípcios.

O diálogo com a Igreja Católica fez grande progresso após o Concílio Vaticano, graças ao espírito aberto do patriarca Shenuda III, que levou a religião para fora dos templos, tornando-a comunitária e social, com obras admiráveis, como o Instituto para os Cegos, de onde saem os cantores que desempenham importante papel na celebração litúrgica.

Outra grande obra foi o restabelecimento das diaconisas, um ministério que, embora não pertencendo ao sacramento da Ordem, não deixa de ser uma ordem sacramental. Existem hoje no Egito várias igrejas cristãs com seus patriarcas: copta ortodoxo, copta católico, grego ortodoxo, melquita (católico). Hoje estas igrejas estão se unindo em busca da comunhão perfeita, porque, desunidas, estarão dobrando os joelhos diante dos não-cristãos.

A IGREJA DA ETIÓPIA

Uma gloriosa missão da Igreja Copta foi a evangelização da Etiópia por São Frumêncio, no século 4. Salvo de um naufrágio com seu irmão Edésio, conquistou a confiança do rei, chegando a ser o educador do príncipe, que, ao assumir o reino, decretou o Cristianismo religião oficial. Frumêncio foi sagrado bispo por Santo Atanásio e criou a Igreja Copta da Etiópia. A invasão islâmica, no século 7, deixou a Etiópia isolada do mundo bizantino e ligada só a Alexandria. Com isto, a Etiópia ficou a salvo de muitas heresias.

No século 17, houve uma aproximação com a Igreja Romana, graças à ajuda militar dos portugueses, mas a tentativa de latinização do rito nacional tornou o catolicismo impopular. Nova investida do catolicismo ocorreu no século 20, quando a Etiópia foi dominada pela Itália. Após a libertação pelos ingleses, em 1941, e a anexação da Eritréia, em 1962, a Igreja Etíope alcançou a autocefalia (governada por si mesma), mas dali por diante passou a sofrer os efeitos das lutas políticas. A Igreja Romana, que treinava missionários no Colégio Etíope de Roma, conseguiu desenvolver suas atividades junto a uma população católica de cerca de cem mil fiéis.

LITURGIA ETÍOPE

A liturgia etíope é copta, mas adaptada aos usos locais. O canto litúrgico é executado em ritmo africano; os celebrantes e o povo executam também danças no estilo africano. Os sacramentos são como nas demais igrejas orientais, mas a confissão só é praticada em perigo de morte e a unção dos enfermos caiu em desuso.

SOBRE A ERITRÉIA

Em 1962, a Eritréia foi anexada à Etiópia e, em 1993, obteve sua independência. Os bispos da nova nação pediram ao patriarca Shenuda III o direito de independência eclesiástica.

Assim, em 1998, foi eleito o primeiro patriarca, com o compromisso de manter a união e o diálogo com a Igreja Copta etíope e de cooperar no campo religioso-social, principalmente na formação do clero e no envolvimento em atividades assistenciais. A Igreja da Eritréia tem cerca de 1500 igrejas e vários mosteiros.

SOBRE A IGREJA ORTODOXA COPTA DA ETIÓPIA

Igreja oficial até 1974, quando um levante marxista separou a Igreja do Estado e passou a oprimir as igrejas cristãs até a derrota mundial do comunismo em 1991. Derrubado o governo marxista, o patriarca Merkorios, acusado de entreguista e deposto, refugiou-se no Quênia e o Sínodo, em 1992, elegeu como patriarca o Abuna Paolos, anteriormente perseguido e preso.


Igreja de Beta Giorgis em Lalibela - Etiópia
– População da Etiópia: cerca de 50 milhões de habitantes
– Número de fiéis: cerca de 30 milhões.


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