sábado, 17 de julho de 2010

1758 - CÉREBRO HUMANO

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Blog do Favre- Luis Favre
Música domina o cérebro humano, diz neurologista
O GLOBO ENTREVISTA
Oliver Sacks

De todos os animais, o homem é o único dotado de ritmo, capaz de responder à música com movimentos.
É também o único a apresentar um cérebro adaptado para compreender complexas estruturas musicais e ainda se emocionar com elas. Músicos apresentam alterações em regiões cerebrais jamais vistas em outros profissionais. Para o neurologista britânico Oliver Sacks, a musicalidade é tão primordial à espécie quanto a linguagem e entender a relação entre música e cérebro é crucial para a compreensão do homem.

Em seu mais novo livro, “Alucinações musicais” (Editora Companhia das Letras), o especialista relata casos de pessoas que reagem à música de formas incomuns. Há os que simplesmente não conseguem ouvi-la. E há os que a ouvem o tempo todo, mesmo quando nenhuma melodia está tocando.

Há gente que passou a ouvir os sons de forma diferente após ser submetido a uma cirurgia cerebral. E mesmo os que desenvolveram um incomum talento musical. Nesta entrevista, Sacks conta que há um vasto caminho ainda a percorrer para que se possa entender completamente esses fenômenos. Mas uma coisa, diz, é fato: “A música se apossou de muitas partes do cérebro humano.”

Roberta Jansen

O GLOBO: O senhor concorda com Charles Darwin quando ele diz que a música teve um papel importante na evolução? Especificamente na seleção sexual, como um atrativo a mais para o sexo oposto? OLIVER SACKS: Como o comportamento e as suscetibilidades não deixam registros fósseis, é difícil saber como nossos ancestrais se comportavam.
Mas estou inclinado a pensar que a música surgiu muito cedo na espécie humana, tão cedo quanto a linguagem. Linguagem e música são fontes de comunicação primordiais.

O senhor discorda, portanto, de Steven Pinker e de outros especialistas que sustentam que a música é um subproduto do aparato sensorial, prazerosa mas dispensável? SACKS: Sim, discordo de Pinker.Não vejo a música como algo acidental e trivial, como um subproduto da linguagem.A música está presente em todas as culturas e apresenta, nos seres humanos, aspectos únicos que não têm paralelo na linguagem. Falo do ritmo, do fato de respondermos à música com movimentos. Nenhum outro animal faz isso. É preciso ver o ritmo como algo primordial na evolução humana.Porque todos os seres humanos respondem a ele. A música une as pessoas. E há conexões específicas no cérebro para isso.

Unir as pessoas poderia ser uma vantagem evolutiva? SACKS: Não posso dizer que a musicalidade humana se desenvolveu para unir as pessoas.Mas algo surgiu, se mostrou vantajoso e houve a seleção dessa característica. É claro que a musicalidade é uma vantagem evolutiva. Nenhum outro animal dança com ritmo, mas qualquer criança o faz. Isso pode ter sido um fenômeno quando surgiu, todos esses pequenos seres dançando.

De que forma isso é marcado no cérebro humano? SACKS: Muitas partes do cérebro se desenvolvem com a percepção, o aprendizado e a imaginação do ritmo. De novo, nenhum outro animal tem a capacidade de ouvir e analisar sons complexos, com tons, semitons, ritmos, palavras.Essa habilidade é especificamente humana. Mesmo pessoas que sofrem de mal de Alzheimer ou tiveram um derrame respondem à música.Várias estruturas do cérebro se relacionam a isso.

De que forma? SACKS: A música se apossou de muitas partes do cérebro humano. É possível ver como o cérebro se modifica em resposta à música. Estudos com imagens do cérebro já comprovaram a ampliação de determinadas regiões no cérebro de músicos. Vendo imagens de cérebros, não dá para dizer quem é matemático ou escritor. Mas dá para dizer facilmente quem é músico quando essas estruturas ampliadas aparecem.

Há alguma parte do cérebro especialmente voltada para música? SACKS: Não há uma só parte do cérebro. A música está em todo mundo, por todo o cérebro, envolve várias partes desse órgão e não necessariamente as mesmas. Isso é que é o mais incrível.

Mas há também os que não respondem de forma alguma à música, não é? SACKS: Sim, há algumas pessoas que não percebem musica e ficam muito impressionados com os relatos. Há outros que não ouvem determinados tons ou semitons. Essas amusias ocorrem em razão de danos no cérebro. Parte da rede que está faltando.

E as alucinações musicais? Até que ponto elas poderiam ser interpretadas como um problema psicológico? SACKS: Quando uma pessoa tem alucinação musical (ouve música que ninguém mais está ouvindo), a primeira coisa que pensa é que ficou louco, que está ouvindo coisas. Mas é um processo completamente diferente de ouvir vozes como os esquizofrênicos. Eles recebem ordens, é bem diferente e as pessoas enfatizam isso. Alucinações musicais são bem comuns, são como velhas memórias que tocam na mente. Não é uma doença mental.

Por que a música muitas vezes provoca uma reação emocional? Como o cérebro é capaz de diferenciar uma melodia triste de uma alegre? SACKS: Um dos maiores poderes da música é controlar emoção, desenvolver, provocar respostas emocionais. Anatomicamente, podemos dizer que algumas regiões do cérebro afetadas pela música estão perto daquelas ligadas às emoções, envolvidas nas percepções dos cheiros que despertam memórias. Mas ainda não está claro como essas respostas emocionais ocorrem.
Não se sabe ainda o quanto depende da cultura.

Tags: Alucinações musicais, cérebro, livros, musica, musicofilia, Oliver Sacks

15 COMENTÁRIOS PARA "Música domina o cérebro humano, diz neurologista":
Comentado por Savya em 06/10/2007 - 00:13h:
Olá! Sou a Dra. Savya, faço parte de um grupo de pesquisadores de alucinações musicais do HCFMUSP gostaria de saber se alguém tem alucinações musicais e perda auditivas? O O. Sacks é expert no assunto e nós aqui no Brasil estamos começando a pesquisar isso também. Aguardo respostas.

Comentado por Laura em 22/10/2007 - 22:24h:
Dra . Savya

Sinto algo que acho meio estranho.
� algo meio recente.

Quando fico ansiosa v�m em minha mente sequ�ncias de m�sica, repetitiva.

N�o � sempre a mesma m�sica, s�o pequenos trechos mas isso me deixa mais ansiosa.

Comevcei h� tempos atr�s, tamborilar os dedos, sem perceber, com a sequ�ncia.

Depois consegui conter o tamborilar, ma as sequ�ncias continuam.

Na segunda-feira passada fui � uma homeopata, por sinal muito boa, e comentei o fato. J� havia falado disso com o psiquiatra pois estou numa fase de ansiedade.Mas ele n�o fez coment�rio algum e disse que isso era coisa para terapia.

Achei que ele ou n�o tinha feed-back para rseponder ou n�o � atencioso.

J� a homeopata, quando comentei falou do livro Alucina�es Musicais e vou compr�-lo para ver se entendo esse processo.

Acho que se eu compreender o porqu� tenho isso, pode passar.

Comentado por Laura em 22/10/2007 - 22:25h:
Dra . Savya

Sinto algo que acho meio estranho.
É algo meio recente.

Quando fico ansiosa vêm em minha mente sequências de música, repetitiva.

Não é sempre a mesma música, são pequenos trechos mas isso me deixa mais ansiosa.

Comevcei há tempos atrás, tamborilar os dedos, sem perceber, com a sequência.

Depois consegui conter o tamborilar, ma as sequências continuam.

Na segunda-feira passada fui à uma homeopata, por sinal muito boa, e comentei o fato. Já havia falado disso com o psiquiatra pois estou numa fase de ansiedade.Mas ele não fez comentário algum e disse que isso era coisa para terapia.

Achei que ele ou não tinha feed-back para rseponder ou não é atencioso.

Já, a homeopata, quando comentei falou do livro Alucinações Musicais e vou comprá-lo para ver se entendo esse processo.

Acho que se eu compreender o porquê tenho isso, pode passar.

Comentado por viviane em 31/05/2008 - 07:59h:
Interessante, a música pode lembrar sensações e tambem promover sensações, até, sexuais!!!!!!!!!!! e existe uma sensação muito boa com certos tipos de música que eu nem sei dar um nome! mas é pura diversão!

Comentado por DEBORA MAILA em 16/09/2008 - 15:46h:
MÚSICA FAZ BEM PARA A ALMA…….

Comentado por Sandra Kison em 21/11/2008 - 12:55h:
Sou tecladista, professora de musica ha mais de 20 anos. gostaria de saber como estao as pesquisas em relação ao “ouvido absoluto” se ainda há controversias qto ao fato de podermos desenvolver o ouvido absoluto ( que eu acredito que sim) ou se ele já nasce com nós. Mesmo sabendo que o ouvido absoluto não é o mais interessante para um musico profissional, e sim o ouvido relativo, gostaria de saber mais sobre o absoluto, como funciona em nosso cerebro etc …eu tenho o ouvido absoluto e precisei desenvolver o relativo para poder trabalhar com a musica profissionalmente. Se alguem souber de algum material sobre as pesquisas, por favor entrem em contato. Obrigada.

Comentado por Elisa em 30/01/2009 - 23:18h:
Dra Savya, minha mãe tem acuidade auditiva diminuida e tem apresentando sintomas de alucinação musical.
Gostaria de obter mais informações.
Por favor, poderia me enviar email ou endereço para contatos?
Grata
Elisa

Comentado por jose leite em 03/03/2009 - 17:28h:
olha gostei do que li sobre a neurologia da musica. brevemente entrarei em contato para mais aprendizados, estou fazendo uma monografia em Sobre o aprendizado da inglesa através da musica.

Comentado por Catarina em 20/04/2009 - 11:13h:
Estou faezendo sobre com a música pode ser um instrumento eficaz na educação de crianças prtadoras de necessidades especiais.Gostaria de saber qual a sua em relação a esse tema e se você têm artigos que falam sobre o mesmo.Preciso o mais rápido possivél.Obrigado

Comentado por FABIO(guitarrista) em 21/04/2009 - 16:03h:
sou adepto de uma teoria de Freud,que diz:tudo está relacionado à perpetuação da espécie.Acredito que,assim como a luta,o desenho e a dança,a música surgiu nos ancestrais como uma forma de dizer que eram mais evoluídos que os outros.Pois se voce consegue emitir e perceber formas sonoras mais complexas,isso quer dizer que voce tecnicamente é mais evoluído,e isso serve como um fator atrativo para o sexo oposto,acarretando numa maior chance de perpetuação de seus genes.mas isso é um conceito que serve para explicar o surgimento da música nos ancestrais,hoje a música já ganhou muitos outros sentidos e funções nos seres humanos,pois o cérebro já evoluiu muito e não se resume mais somente à perpetuação da espécie.mas onde eu quero chegar,é que a música é indispensável para os seres humanos há muito tempo.

Comentado por LUIZ em 11/05/2009 - 00:36h:
Muito me intriga o fato de algumas pessoas, mesmo sem estudo de teoria e sem prática musical, cantam dentro do ritmo, ou seja, para usar a terminologia da arte musical, dividem corretamente, isto é, não adiantam nem atravessam o compasso.

Existem relatos de explicações científicas a respeito?

Comentado por LUIZ em 11/05/2009 - 00:44h:
Quanto à reação emocional da pessoa ao ouvir música, ouso discordar do mestre Favre, porque a música só comunica agitação e calmaria, conforme o andamento, as síncopas, quiálteras, ligados,contratempos etc. A reação emocional pertine exclusivamente a reflexos condicionados: depende das circunstâncias em que o indivíduo ouviu determinada composição e outra assemelhada.

Comentado por LUIZ em 11/05/2009 - 00:46h:
Corrigindo: …. discordar do mestre Olíver Sacks…

Comentado por ABCDEFGH em 13/05/2009 - 19:30h:
“o homem é o único dotado de ritmo”
“Falo do ritmo, do fato de respondermos à música com movimentos. Nenhum outro animal faz isso”
“Nenhum outro animal dança com ritmo”
Não é verdade exemplo disso é a cacatua

Comentado por Rap do Trabalhador (analfabeto?) « Embromation Blog em 02/06/2010 - 10:52h:
[...] nem ameacei começar a procurar mais coisas do tipo para não ter alucinações musicais que não quero [...]


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Luis Favre WemusLuis Favre or Luiz Favre is the nom-de-guerre of Felipe Belisario Wermus (born 1949 Buenos Aires, Argentina). He was, as a young man, an Argentine union militant and member of Politica Obrera. Later he moved to France and became a leading member of the Internationalist Communist Organisation (OCI), a Trotskyist party in France, working especially in its international department. He moved to live in Brazil and is now a member of the PT.He is known to a broader public as the second husband of Marta Suplicy, ex-mayor of São Paulo and now a PT minister. Leia mais em Wikipedia.org http://en.wikipedia.org/wiki/Luis_Favre

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