sexta-feira, 19 de outubro de 2012

BRANQUINHO DA FONSECA: O BARÃO

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O Barão

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Publicidade[Branquinho da Fonseca]



Além da prosa por que é conhecido, Branquinho da Fonseca fez também poesia; sua novela O Barão foi lançada em 1942.



O Barão é uma novela inquietante, cuja base é uma grande metáfora: o encontro de duas criaturas, dois tempos e duas maneiras de estar no mundo.



Estruturalmente, não há divisões em episódios ou capítulos: é contada em primeira pessoa e o tempo, nela, transfunde-se numa tentativa de juntar o passado [ o Barão] e o presente [ o inspetor de alunos].



O Dicionário de Literatura de Jacinto do Prado Coelho observa que O Barão é a obra-prima de Branquinho da Fonseca e que, antes de tudo, é também 'uma das mais notáveis espécimes da novelística portuguesa de todos os tempos.'. Não deixa de ter razão o comentário: O Barão é uma das alegorias mais magníficas da novela portuguesa do século XX.



Um inspetor de escolas sem nome e que não gosta de viagens , mas que é obrigado a fazê-lo é a personagem-narradora. Não se pode dizer que ele seja também a personagem-protagonista pelos motivos que explicaremos adiante.



O inspetor representa o mundo contemporâneo e vivenciará um outro, antigo, através de uma estratégia simples: o encontro com uma criatura que vive, ainda, num tempo passado, cujos valores certamente já se perderam: o Barão, personagem também sem nome, mas rica, intensa e de força pessoal poderosa e transformadora.



História: O inspetor sem nome, nosso narrador em primeira pessoa, é chamado à Serra do Barroso para proceder uma sindicância na escola da pequena vila. Lá, encontra-se com uma professora e fica penalizado com sua aparência e o seu suposto sentir, observando seus modos e tentando entender-lhe o que vai na alma, julgando-a em contraste com o mundo exterior que habita, naquele lugar de ninguém, distante da 'civilização'.

Mas suas preocupações parecem, no entanto, ser desmentidas quando observa-a integrada àquilo tudo, tomando seu 'café-ruim' como se coubesse perfeitamente naquele universo estático, sem cor.

Ainda na hospedaria onde ambos se encontram, a professora apresenta-o ao Barão:



Era uma figura que intimidava. Ainda novo, com pouco mais de quarenta anos, tinha um aspecto brutal, os gestos lentos como se tudo parasse à sua volta durante o tempo que fosse preciso. O ar de dono de tudo.



Mas, observando-o detidamente, bebendo-lhe as palavras, os gestos inquietos ou brutais, o inspetor de escolas descobre nele, o Barão, um encantamento, uma simpatia que não fosse, talvez, observado ou compartilhado pelos demais habitantes da pequena vila. Saem da hospedaria e se dirigem ao castelo do Barão.



No caminho, este lhe conta , excitado, a história de seu cavalo Melro, doutorado em Direito pela Universidade de Coimbra, numa clara alusão à burrice estar no mundo, morar em qualquer canto e que a estupidez de alguns é, muitas vezes, transformada em 'doutoramento'. Mesmo que esse alguém seja foricamente um cavalo. Observe que o cavalo tem nome de pássaro...



Anoitece e chegam ao castelo, um solar medieval, rústico e denso, atmosfera de um tempo perdido. Os cães os recebem; estão em festa porque seu dono chegou e, surpreso, o narrador percebe que o Barão é delicado e carinhoso com cada um deles.



O Barão começa a contar histórias sem parar. E bebe também sem parar enquanto conta. Ocorre que o Inspetor não bebia a não ser durante as refeições e, morto de fome, sentia-se incomodado com aquilo tudo, sem ao menos poder prestar atenção às histórias que o barão contava. Por sua vez, o Barão também não se importava em ser ouvido ou não, o que dava à 'conversa' um tom grandioso de solidão e desacerto com o mundo. Impaciência por parte do inspetor; desacerto por parte do Barão...



Até que, já passadas as 10 horas, o Inspetor acaba vencendo a sua timidez e diz ao Barão que tem fome. O Barão interrompe aos gritos a narrativa e chama sua criada, Idalina, a fim de que ela sirva ao hóspede um belo galo assado com batatas louras.



O Inspetor observa que ela o faz com 'ares de dona da casa'. Comem na mesa enorme, como tudo lá era e, saciada a fome, o Inspetor passa a ver na conversa daquele homem um motivo de prazer intenso: há naquele homem uma mistura de todas as circunstância: o passado e o presente, a ferocidade e a brandura de caráter, a sofisticação dos modos e a rudeza.

Ao se referir a Ela, sua amada, a Bela Adormecida, o Barão deixa ver sua emoção mais funda e chora. No entanto, é interessante que ele considera as mulheres todas umas animalescas. Apenas Ela é digna de todo amor. Só a bela Adormecida [ veja aqui a conotação do tempo: a que adormecida espera pelo ser amado, alienado dos acontecimentos e do mundo que a cerca].



A conversa entre ambos chega ao máximo da emoção. Neste instante, o Barão pede que Idalina chame a Tuna, ou seja, um bando de 50 homens ou mais, todos de rosto semi-escondido, de tamancos, que retiram de seus capotes os instrumentos mais inesperados: violinos, bandolins, gaitas, grandes tambores, violões.



A música é tão intensa que contagia Idalina, o hóspede e o Barão; eles passam, então, a dançar em ritmo desenfreado, acercando-se de um grande êxtase. O Barão toma, como se num ritual sem explicação, um banho de vinho branco, a fim de purificar-se e poder visitar sua amada Bela Adormecida.



O Inspetor, embriagado, vaga pelo castelo. Sozinho, perde-se pelos corredores. Encontra , entre o sonho e a fantasia, Idalina e a convida para ir ao quarto com ele. Mas acorda aos berros do Barão que o salva de um pequeno incêndio ocasionado pelo cigarro que o Inspetor fumava quando adormecera sem querer.



Depois que lhe salva a vida, o Barão escuta os detalhes da vida amorosa do Inspetor que havia, durante o jantar, confessado que jamais amara nenhuma mulher ou tivera um grande amor. Saem ambos do castelo e o Inspetor ajuda o barão a colher rosas brancas que este quer levar à Bela Adormecida [ Ela].

'O Barão começou a procurar, agora, uma rosa. Eu fui também cortando rosas e ensanguentando as mãos nos espinhos, sem intenção nenhuma, pois não tinha ninguém a quem oferecer aquelas flores. Comecei uma longa divagação sobre as mulheres e o amor, uma espécie de monólogo trágico e delirante. Ele continuava a procurar, silencioso e indiferente às minhas explicações. De súbito, interrompeu-me como quem continua um pensamento:



- Já quis fugir com Ela... Mas agora já não quero... [ Fez uma pausa e continuou, com a voz mais triste]: Tem medo... tem medo de mim...



No meio da madrugada, longe do castelo, perdem-se um do outro, o que faz o Inspetor sentir raiva do Barão que, de certo modo, o abandonara.

Dorme e , quando amanhece, aluga um burro para voltar ao castelo. Ao chegar, fica sabendo que o Barão tinha recebido um tiro no ombro e que batera a cabeça com tanta força que se imaginava uma fratura. Mas pode contar-lhe, ainda que monossilabicamente, que deixara uma rosa na janela da Bela Adormecida, seu único e grande amor.

A narrativa se encerra quando o Inspetor anuncia que voltará a visitar o Barão e que vem ajuda-lo a depositar a rosa na janela de sua amada.



Sim, Barão! Hei de voltar um dia. E haveremos de tornar a perdermo-nos pelos caminhos sombrios do nosso sonho e da nossa loucura: e mais uma vez haveremos de cantar às estrelas e de dar a vida para ires depor outro botão de rosa lá na alta janela da tua Bela Adormecida!



De qualquer modo, você concluiu que esta 'viagem' do Inspetor, sempre avesso a elas, diz respeito à sua própria viagem, o desmascaramento de um ser que se faz de duro, mas que, ao encontrar o Barão, reconhece que dentro de si moram criaturas outras tão distintas dele mesmo.



Ambas as personagens se completam, embora pertençam a mundos e épocas completamente distintas, de certo modo formam um único ser onde passado e presente moram.

Em tempo: a bela Adormecida e o Barão não podiam estar juntos por motivos de rixas familiares

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