segunda-feira, 26 de julho de 2010

2206 - HISTÓRIA DOS GRANDE MOSTEIROS COPISTAS

Rezar: trabalho do Clero



Ao longo das vinte e quatro horas do dia, o sono e os trabalhos dos monges eram interrompidos por orações. Rezar era a principal função do Clero. Como rezavam a horas certas em conjunto, esses momentos dividiam o tempo e serviam por isso, de relógio.

Os monges da mesma ordem religiosa ficavam obrigados ao cumprimento de regras horários para rezar e trabalhar, igualdade de vestuário (o hábito ), de corte de cabelo e de alimentação .



Cultivar os campos



Dos trabalhos manuais a que os monges se dedicavam, destacava-se o cultivo dos campos.

Os reis tinham-lhes doado muitas terras, por vezes incultas, para que fossem povoadas e aproveitadas.

Os monges também orientavam os camponeses nos trabalhos agrícolas.



Os monges de Alcobaça

Os monges orientavam os camponeses NA escolha das culturas, de harmonia com a aptidão dos terrenos; indicavam as rotações mais convenientes para não enfraquecer a fertilidade do solo; planeavam os trabalhos de irrigação (...) ensinavam a podar e a enxertar(...).

O Mosteiro dava ainda ao agricultor as ferramentas agrárias fabricadas nas suas ferrarias, emprestava as sementes que recebia com acréscimo NA época da colheita e, como senhor das águas e dos ventos, tomava a seu cargo a construção dos moinhos e dos lagares de vinho e azeite.



J. Vieira Natividade, Os Monges Agrónomos de Alcobaça (Adaptado)



Os trabalhos de um frade



Vem daí, vou convidar-te para uma visita à minha casa - o Convento.

Queres saber como passo os meus dias?

Então vou contar-te. Levanto-me muito cedo tal como os meus irmãos, já percebeste que sou frade e por isso a minha principal ocupação é rezar, de manhã ,à tarde e à noite.

A Ordem de São Francisco a que pertenço é pobre, não tem bens e vive de esmolas, por isso as nossas roupas são simples e grosseiras.

Eu visto um hábito de pano grosso e castanho, chamado burel que me chega até aos pés. Por falar em pés, vê lá que ando descalço, e só em casos especiais me dão sandálias.

Cosido ao hábito tenho também um capuz, chamado capelo para cobrir a cabeça. E quando o Inverno chega deixam-me usar um manto ou uma túnica.

Quando rompo qualquer peça de roupa tenho eu próprio que a remendar com tecido de sacos. Prendo o meu hábito com um cinto de corda grossa que tem três nós que significam três promessas que fiz e que são: Pobreza; Obediência; Castidade.

Tenho pois que ser pobre, obediente e puro.

E não penses que tenho um guarda-fatos cheio de roupas. Só me dão dois hábitos que mudo de três em três dias. Enquanto visto um lavo o outro.

Durmo num quarto chamado cela. A cama é uma esteira ou cortiça no chão e cubro-me com uma manta.

Nós no convento falamos sempre baixo e há sítios onde não podemos dizer uma palavra. No refeitório comemos em silêncio enquanto ouvimos um irmão ler os textos sagrados .Comemos com as mãos pois é assim que se come na minha época, com ajuda do pão. Há dias em que fazemos jejum, noutros comemos vitelas assadas, perus e leitões...Rezamos e estudamos mas nos tempos livres jogamos com uma bola em campos aqui ao lado do convento...



Serviços Educativos do Convento de Mafra (adaptado)



Dar assistência



Os mosteiros não estavam fechados às populações. Os mais desfavorecidos – órfãos, viúvas e doentes - recebiam ajuda diária, sendo - lhes distribuídas refeições. Muitas crianças eram aí acolhidas e educadas; os doentes recebiam tratamento nas enfermarias; os remédios quase sempre à base das raízes e folhas de certas plantas ( funcho, arruda, loureiro, hipericão) eram preparados pelos seus monges farmacêuticos (boticários).

No século XIII faziam-se muitas peregrinações a santuários para cumprir promessas ou rezar junto das relíquias dos santos. A Santiago de Compostela dirigiam-se, por ano, centenas de peregrinos. Os viajantes e peregrinos encontravam no mosteiro, nas albergarias aí criadas, alimento e abrigo para passarem a noite.

Os monges punham assim em prática o ensinamento pregado pela religião cristã - ajudar os outros.



Remédio para tirar a névoa do olho
Toma o sumo da arruda e o sumo da losna e o sumo dos gomos do funcho e o sumo do orjavão e o sumo dos gomos das silvas e o leite da mulher que houve filho varão, tanto de um como de outro, e mistura tudo com mel, e alcafora os olhos com ele.



in Receituário de Frei Gil – séc. XIII



Copiar os livros









Os monges dedicavam-se à cópia e redacção de livros que nesta época eram escritos à mão e decorados com iluminuras (pinturas). Para se fabricar um livro era preciso, em primeiro lugar, dispor de pergaminho (pele de carneiro ou de cabra, tratada para esse fim).

Os monges copistas copiavam os livros à mão. A perfeição com que os monges copistas executavam o seu trabalho fazia com que demorassem anos a acabar um livro. Como eram raros e muito caros, os livros estavam muitas vezes presos por uma corrente para maior segurança.

Praticamente só os monges sabiam ler e eram cultos . Dedicavam-se ao ensino . Junto dos mosteiros, tal como junto das sés, criaram-se escolas. As suas escolas eram frequentadas por aqueles que viriam a ser religiosos, mas também por alguns filhos de nobres e comerciantes ricos.































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