sexta-feira, 23 de julho de 2010

1924 - HISTÓRIA DA FILOSOFIA

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História - Cultura e Pensamento


CULTURA E PENSAMENTO

A filosofia da história

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Se Isaac Newton descobrira as leis até então secretas do funcionamento do Cosmo, não haveria a possibilidade da filosofia vir algum dia também a descobrir as leis ocultas que movem a história das sociedades? Refletindo sobre isso o pensador Immanuel Kant, morto em 1804, criou a Filosofia da História.

Qual a lógica da história?





Kant (1724-1804)


[...] nossa curiosidade sobre as coisas do passado não tem fim. Jamais nos sentiremos saciados de saber se era antes, de outro modo ou noutro lugar, que deveríamos ter nascido.
Jean-Didier Wolfromm
É possível extrair-se alguma lógica dessa sucessão de guerras, de grandes confrontos bélicos, de destruição de templos e cidades inteiras, de construção de tantas outras, do desaparecimento de antigas e da emergência de novas civilizações, que marcaram a história da humanidade? Para o filósofo Immanuel Kant, homem do Iluminismo, a resposta era afirmativa. Mesmo levando em conta o predomínio da loucura e da insensatez entre os homens, devíamos nos esforçar, disse ele, para descobrir o "plano secreto" da natureza que explicasse qual o sentido, aparentemente desencontrado, das ações humanas.

Trazer à luz a costura interna do tecido da história que permitiria decifrar esse enigma. Em sua Idéia de uma história universal sob o ponto de vista cosmopolita, de 1784, Kant não só estimulou a procura da interpretação racional da história, como também defendeu a idéia de que ela deveria ser escrita sob o prisma de "uma história universal geral" que abarcasse toda a humanidade. Essa ambição correspondia aos tempos iluministas, quando um surto cosmopolita ocorreu por entre a intelectualidade do Velho Mundo, fazendo com que fossem rompidos os muros medievais em que o pensamento estava até então contido.


A verdadeira história é universal







Mas a primeira tentativa de escrever uma história universal não foi feita por nenhum historiador profissional e sim por um outro filósofo, alemão como Kant, G.F.Hegel, que publicou suas Lições sobre a filosofia da história universal em 1830. No prefácio, Hegel foi enfático em afirmar que a história universal poderia ser explicada como a marcha da razão e que todas as diferenças que encontramos entre povos e países nada mais são do que as faces multiformes dessa mesma razão e que "uma vontade divina rege poderosa o mundo" e que nada está sujeito ao acaso, mas sim faz parte de uma ordenação regida por leis naturais perceptíveis pela mente humana. Assim, organizou sua concepção em três grandes blocos: o mundo oriental, o mundo greco-romano e o mundo germano. Seu trabalho não foi reconhecido como obra de profissional e sim de um filósofo idealista que desejava demonstrar uma tese: o desfile do Espírito Absoluto pelos tempos afora, rumo à liberdade.

Abriu porém um novo continente. Doravante a verdadeira história, a grande história, deveria ser escrita numa perspectiva universal e não mais local. Em todo o transcorrer do século XIX e do XX surgiram nos principias países europeus e mesmo nos Estados Unidos, coleções mastodônticas denominadas genericamente de "histórias universais" ou "mundiais", das quais a de Cesare Cantù e de Will Durant, muito divulgada entre nós, parecem ser as mais conhecidas.


A visão colonialista e nacionalista





G.W.Hegel e H.Taine
Porém há um senão: qualquer folhear daqueles volumes revela-nos uma constante: os acontecimentos arrolados pelos historiadores alinhavam-se não sob o ponto de vista "cosmopolita", como defendeu Kant, mas sim do eurocêntrico. Os períodos e os azares da história dos outros povos eram sempre afinados com os interesses colonialistas que, naqueles tempos, dominavam o mundo todo. E não poderia ser diferente. Os historiadores profissionais tinham a sua disposição os arquivos dos seus países e não aqueles do além-mar. A matéria-prima com que eram obrigados a trabalhar eram os registros de viagem ou relatórios oficiais feitos por homens brancos, por militares, por comerciantes, por padres ou pastores, por funcionários coloniais ou por aventureiros europeus. Por conseqüência, o conhecimento do que se passava em outras terras e nações era irremediavelmente determinado pelo olhar e pela palavra deles.

Entretanto o fator que mais pesou nos desvios da história, no século passado, não foi propriamente a preponderância do eurocentrismo e sim a emergência dos nacionalismos. Os historiadores, como o francês Hipólito Taine, foram mobilizados pelos estados-nação como se fossem verdadeiros eruditos-agitadores convocados para exaltar a formação da pátria e das virtudes cívicas que a encerravam, sendo tomados pela obsessão das origens últimas da nação a que pertenciam: origens da França contemporânea, origens do Reich alemão, etc... Essa histeria nacional-patrioteira foi decorrente, de certo modo, da decepção provocada pela Revolução Francesa e pelo acirramento da competição entre as potências pelo domínio do mundo. Depois de ter servido a Igreja e às monarquias na Idade Média, a história tornou-se apologista do poder do estado-nacional em permanente expansão.







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