quinta-feira, 23 de abril de 2009
A Psicologia Social
A Psicologia Social surge na Europa quando os psicólogos europeus começam a questionar a necessidade de compreender o contexto onde o ser humano está inserido. Essa compreensão faz-se necessária, pois o indivíduo é agente social e histórico, aspecto até então desconsiderado pela Psicologia.
Porém, nesse período, explode a Segunda Guerra Mundial e muitos dos psicólogos europeus vão para os Estados Unidos como Kurt Lewin. Com o fim da guerra a Psicologia Social volta a desenvolver-se no continente europeu seguindo a tradição filosófica racionalista e fenomenológica. Já nos Estados Unidos, ela desenvolve-se de maneira pragmática seguindo a tradição filosófica empírica. Tracemos então algumas diferenças entre a Psicologia Social européia e norte-americana.
A Psicologia Social européia procura compreender o indivíduo inserido em um contexto amplo para além dos imperativos institucionais ao passo que a Psicologia Social norte-americana se preocupa com minorias grupais de indivíduos mal adaptados. A primeira possui um olhar crítico da realidade, pois seu viés possibilita perceber os fatores sociais ideológicos que perpassam as instituições sociais. Por outro lado, ela possui uma tendência teórica abstrata enquanto a segunda tende a ação no mundo concreto estando voltada para resolver problemas sociais. No entanto, sem a visão ampla da Psicologia Social européia a norte-americana corre o risco de apenas reproduzir o status quo e não promover mudanças consistentes.
Na França, por influência da Psicanálise, começam a emergir críticas a Psicologia Social norte-americana. Segundo os psicólogos sociais franceses, a psicologia social estadunidense reproduz os interesses da classe dominante. Os latino-americanos, por sua vez, procuravam cada vez mais consolidar a identidade da Psicologia Social produzida em seus países. A partir de então é criada a Associação Latino-americana de Psicologia Social (ALAPSO). Mais tarde a Venezuela cria sua própria associação e os brasileiros também se organizam por uma Psicologia Social coerente com a realidade brasileira, em um momento histórico de intensa movimentação social e abertura política, criam então a ABRAPSO, Associação Brasileira de Psicologia Social.
No Brasil, a Psicologia Social encontrou no materialismo histórico e na lógica dialética de Marx uma maneira de aliar objetividade e subjetividade. O indivíduo agora não é algo distante e hipotético nem tampouco é somente uma máquina biológica, pois ele é entendido a partir de sua rede de relações. Essa combinação de objetividade e subjetividade permitiu aos psicólogos sociais brasileiros realizarem intervenções na rede de relações dos sujeitos sociais adequadas a realidade brasileira.
Nesse contexto, houve uma expansão da metodologia empírica, visto que, teorias abstratas em nada contribuem para a promoção de mudanças sociais. Sendo assim, o psicólogo social precisa considerar em suas análises as relações grupais, institucionais, governamentais e ambientais além do pensamento e da linguagem que resultam em ações sociais dos indivíduos concretos.
No entanto, o empirismo na Psicologia Social Brasileira não é compreendido ingenuamente. Pois, é ingênuo acreditar na possibilidade de se fazer pesquisa empírica com seres humanos em completa neutralidade, não interferindo no ser pesquisado. Portanto, o psicólogo social faz seu objeto de estudo a movimentação da relação entre pesquisador e pesquisados tornando a pesquisa científica e a prática social inseparáveis.
Veja também: 1. A Psicologia aplicada e o desafio da Psicologia contemporânea 2. A Metodologia de pesquisa em Psicologia Social
Postado por Serpsico às 18:56
Marcadores: compromisso social, História da Psicologia, Psicologia aplicada, Psicologia Social
1 comentários:
Nilza Aparecida dos Santos disse...
Toda ciência social tem que ter o envolvilmento com o social, de seu objeto.
Eu gostaria de convidá-lo para participar do ESTUDARIA.
30 de abril de 2009 06:40
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Quem sou eu
Luciana Rodrigues Vasconcellos.
Graduanda do curso de Psicologia do Instituto de Ensino Superior e Pesquisa (FUNEDI/INESP/UEMG). Meus interesses são: Psicologia Cognitiva e Social,Psicologia Evolutiva, Neuropsicologia, História da Psicologia, Filosofia da Ciência e Filosofia da mente.
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