quinta-feira, 15 de julho de 2010

1648 ´- BIBLIOTECONOMIA

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sábado, 25 de abril de 2009
LUTO NA BN!




“Uma biblioteca deve ser como um par de braços abertos...”.
Roger Rosenblatt, jornalista e escritor norte-americano





E foi assim, ou seja, de braços abertos, que, apesar do meu descabido melindre, sempre fui recebida na Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, aos poucos me aproximando daquela que considero um santuário do saber e que, portanto, merece toda a minha consideração e respeito. Não temor. Temores costumam sentir alguns supersticiosos de plantão por acharem que certas bibliotecas, principalmente as mais antigas, são verdadeiros mausoléus, com espectros a vagar em suas dependências, sobretudo os dos finados autores, subindo e descendo escadas, arrastando não correntes, mas exemplares de livros que eles escreveram.







Os livros, por sua vez, também não devem ser temidos, porque, em suas páginas, muitas, inclusive, já amareladas pelo tempo, residem poesia, beleza e verdades as mais diversas, já que, convenhamos, não existe verdade que seja absoluta. E os próprios escritores, aliás – os não arrogantes, é claro –, sabem disso. Além do mais, independentemente da qualidade do seu teor e da sua escrita, os livros são vaidosos e, despertos, nos proporcionam, como disse o poeta brasileiro Mário Quintana (1906 - 1994), uma “dupla delícia”, já que trazem “a vantagem de a gente poder estar só e, ao mesmo tempo, acompanhado”.







No caso da BN, que, em 2010, completará dois séculos de existência, haja companhia! E de companhia os livros entendem porque, se pudessem, optariam por morar apenas em bibliotecas, que também têm muitas histórias a contar e onde estão protegidos por zelosos guardiões, que, por devoção, cuidam da sua preservação. Eu só espero que, em nenhum momento, o leitor ouse comparar os guardiões aos quais me refiro ao maquiavélico Jorge de Burgos, bibliotecário espanhol cego de uma abadia medieval famosa por sua biblioteca, personagem criada pelo escritor italiano Umberto Eco em seu livro O Nome da Rosa, publicado em 1983.







O fato é que, mentalmente doentio, Jorge de Burgos não permitia o riso nem o acesso dos monges a um determinado livro. Um dia, contudo, o monge William de Baskerville, acompanhado do seu assistente, o jovem Adso Von Melk, chega à abadia com a missão de investigar uma série de mortes ocorridas no local. Ao final da narrativa, ficamos sabendo que, além de guardião da biblioteca, Jorge de Burgos era obcecado pelo misterioso livro, não hesitando em matar, sobretudo por envenenamento, quem se atrevesse a tocá-lo ou, porventura, se constituísse em uma ameaça ao seu segredo, que, finalmente, é descoberto por Baskerville.







Ou seja, tratava-se da obra do filósofo grego Aristóteles (384-322 a. C.), que, apesar de inofensiva, motivou os assassinatos cometidos pelo bibliotecário. A título de ilustração... De origem grega, o substantivo feminino biblioteca significa depósito de livros. Sei não, mas, para mim, o nome depósito soa feio para definir um espaço físico onde se guarda livros, como se fosse um armazém abandonado em um cais de porto qualquer, no qual é largado todo tipo de tranqueira. E, segundo me consta, livros não são tranqueiras – nem mesmo os de qualidade considerada inferior e mal escritos – e bibliotecas não são quartos de despejo.







Não importa se o seu acervo seja limitado nem as suas instalações físicas precárias. Além disso, nem só de livros vivem as bibliotecas, mas, também, de documentos os mais diversos. O importante é que contenham histórias ou contribuam para o conhecimento da História. Curiosamente, apesar da sua atmosfera fria e sombria, como diriam os supersticiosos, as bibliotecas são calorosas e sóbrias, acolhendo, sem distinção, todo tipo de livro, enquanto os seus guardiões, bibliotecários e biblioteconomistas, acolhem não importa qual pesquisador e são a garantia de que estamos – livros, documentos, escritores e pesquisadores – em cuidadosas e boas mãos.







Pudera, já que até padroeiro os bibliotecários têm! O santo? São Jerônimo (347 – 419/420), que, imagino, deve, igualmente, proteger os biblioteconomistas. Ávido leitor e poliglota, o padre dalmácio Jerônimo, além de memória prodigiosa, possuía a biblioteca mais importante da Roma antiga, tendo, inclusive, traduzido o Novo Testamento do grego antigo e do hebraico para o latim. Foi canonizado em 1767. Não é a toa que os guardiões da BN, sob a proteção de São Jerônimo, estão sempre de prontidão, seja para proteger os livros e congêneres, seja para nos acolher e, generosamente, atender as nossas solicitações.







Daí reconhecer o mérito de todos os seus guardiões, mas, no caso, o de um especialmente. Melhor dizendo, o da minha guardiã, que, recentemente, sem aviso prévio, deixou vago o seu posto, embora eu ache que ela poderia apenas ter mudado de turno. Ocorre que uma fatalidade privou-a não somente da sua função, mas, sobretudo, da sua própria vida. O nome da guardiã, registrado na sua certidão de nascimento e no seu RG? Maria das Graças Gonçalves da Silva, embora todos a chamassem de Graça – um amor de pessoa. E uma dádiva para a BN tê-la na Divisão de Informação Documental - DINF, onde era lotada.







Infelizmente, no dia 3 de abril, Graça foi vítima de um acidente vascular cerebral. Entrou em coma e, no dia 14, um dia depois do meu aniversário, silenciou, fenecendo igual as flores de um jardim não regado, longe do cheiro dos livros que tanto apreciava. Afinal, ela estava na flor da idade. Nascida no dia 29 de dezembro de 1957, tinha, apenas, cinqüenta e um anos de idade e, como boa capricorniana, buscava, em suas realizações, conhecer a si mesma, seguindo, ao pé da letra, a máxima de um sábio grego, o filósofo Sócrates (470 - 399). No entanto, não teve tempo para prosseguir em sua busca...







Assim, sem restar-lhe opção, bateu as asas e levantou vôo. Sem passagem, sem bagagem, sem nada! E, com destino ignorado, sem deixar rastros, sequer uma pista, partiu. Porém, para o nosso consolo, ela, agora, pode estar em qualquer lugar! Quiçá, até mesmo no Egito! Por que não? E, não duvido nada, em colóquio com Ptolomeu II Filadelfo (309 - 246 a. C.), propondo ao rei a reconstrução da Biblioteca de Alexandria, a partir das suas próprias ruínas, a fim de resgatar o maior acervo cultural e científico que existiu na Antiguidade. Afinal, tudo é possível e, nesse caso, para uma biblioteconomista, então! Como eu sei disso?







Elementar, meu caro leitor, como diria Sherlock Holmes ao seu assistente Watson, personagens criadas pelo escritor britânico Arthur Conan Doyle (1859 - 1930), já que, igual aos bibliotecários, os escritores também têm o seu santo protetor, no caso, santa: Teresa D’Ávila (1515 - 1582), canonizada em 1622. Ocorre que, outro dia, em um encontro nada casual, São Jerônimo revelou o paradeiro de Graça à ex-monja espanhola, que, por sua vez, me repassou a informação. Está explicado? Bom! Certa vez, o escritor argentino Jorge Luís Borges (1899 - 1986) disse que imaginava o paraíso “uma espécie de biblioteca”. Daria até um epitáfio...







O fato é que eu soube da inesperada viagem da Graça – cortesia da companhia aérea estatal Egyptair? – de maneira para lá de inusitada. Afinal, três dias depois da sua partida, ainda sem saber de nada, enviei um e-mail para ela, pedindo-lhe uma gentileza. Qual não foi, então, a minha surpresa quando, não demorou muito, recebi um e-mail, em resposta ao meu, enviado da sua caixa postal, embora assinado por uma colega de trabalho, amiga e chefe da DINF, comunicando-me que Graça não estava mais entre nós? Inicialmente, pensei que ela não trabalhava mais na BN, que tinha sido transferida da DINF para outro setor, pedido demissão ou sido demitida.







Nenhuma das alternativas! Foi somente, então, no parágrafo seguinte, que, de fato, tomei conhecimento do real motivo da sua ausência e, confesso, a sensação que eu tive foi uma das mais estranhas. Sei apenas que, de imediato, o instante estancou e, ao reler a mensagem duas, três vezes, voltei no tempo... E se a minha memória, sempre tão pontual, não estiver com preguiça, apesar de eu andar trocando a noite pelo dia, noctívaga que nem morcego – quando não estou escrevendo estou dormindo e vice-versa, praticando o ócio criativo –, o primeiro contato que tive com Graça data de 1997, logo após o meu retorno ao Brasil.







À época, eu escrevia um roteiro para realizar um documentário sobre a vida e a obra da educadora, escritora e feminista norte-rio-grandense Nísia Floresta Brasileira Augusta (1810 - 1885), embora, ao mesmo tempo, estivesse traduzindo para o português um dos seus livros, publicado em Paris no ano de 1878. Desde então, ou seja, desde a primeira vez em que Graça e eu nos falamos, ela se responsabilizou pela minha pesquisa sobre Nísia Floresta na BN, encarregando-se de me enviar, pelos Correios e Telégrafos do Brasil, toda documentação que encontrasse referente ao meu tema de pesquisa, e não deixamos mais de nos falar.







Em 1998, por exemplo, quando viajei ao Rio de Janeiro para pesquisar in loco lugares e tudo o mais que estivesse relacionado à vida de Nísia Floresta, uma das primeiras coisas que eu fiz foi ir à BN. Queria conhecer Graça pessoalmente e agradecer pela sua pontualidade no atendimento dos meus pedidos, além de aproveitar a oportunidade para pesquisar alguns documentos. Assim, quando, pela primeira vez, ultrapassei o umbral da porta principal da BN, senti uma sensação indescritível. Afinal, era o meu batismo na edificação cuja pedra fundamental havia sido lançada no dia 15 de agosto de 1905 e inaugurada no dia 29 de outubro de 1910.







A data da fundação oficial da biblioteca, entretanto, remonta ao dia de 29 de outubro de 1810, após a chegada da família real portuguesa ao Brasil, em 1808, e foi uma iniciativa de dom João VI (1767 - 1826), que, inicialmente, acomodou o acervo, trazido de Portugal, em uma das salas do Hospital do Convento da Ordem Terceira do Carmo, na Rua Direita, hoje Primeiro de Março. Considerada pela UNESCO uma das dez maiores do mundo e a maior da América Latina, a BN é, de fato, impressionante. E, ao pôr os meus pés em seu piso, não nego que senti uma espécie de magia e encantamento, sobretudo porque eu adoro antiguidades.







Como diria a poetisa brasileira Ana Cristina César (1952 - 1983): “Sou uma mulher do século XIX disfarçada de século XX”. É, devo ter aberto a porta do tempo errada! Mas, voltando ao meu début na BN... À ocasião, senti-me como se estivesse em Paris, quando, também pela primeira vez, sob os auspícios do outono, entrei na Biblioteca Nacional da França. A diferença, contudo, das duas situações, era que, naquele momento, eu estava no Rio de Janeiro e no inverno. O fato é que eu estava lá, compondo, embevecida, um ambiente que mais parecia cena de filme, logo sendo recebida por Graça, que, de braços abertos, me acolheu na recepção da biblioteca.







Em seguida, ela levou-me à DINF, o setor onde trabalhava. Foi quando lhe dei uma rede, de fio cru, made in Natal, retribuindo a sua desvelada atenção para com a minha pesquisa. Porém, imagine o leitor o alvoroço que a rede causou nas pesquisadoras, tornando-se um súbito objeto de desejo do mulherio – no bom sentido, é claro! Tanto que vi a hora de, em um piscar de olhos, a rede transformar-se em uma colcha de retalhos, pois as colegas de Graça passaram a cobiçar um cadinho daquela cujo balanço é repouso garantido após um dia de trabalho exaustivo, sobretudo quando se passa toda uma jornada a vasculhar arquivos nas estantes do tempo.







Eis o motivo do meu presente: proporcionar à Graça o sono dos justos pelas horas que passou dedicando-se a minha pesquisa. Felizmente, o qüiproquó teve um fim e, após um cafezinho, a minha anfitriã levou-me para fazer um tour pelas dependências da BN. Começava, aí, a minha viagem ao túnel do tempo... Foi, então, que, de repente, não sei se para retribuir à gentileza que lhe fiz, presenteando-a com a rede, quando eu menos esperei, estava na sala onde se encontra o acervo de obras raras – privilégio, aliás, apenas concedido a raros mortais. Daí eu nem precisar dizer que, nos dias em que se seguiram, recebi tratamento vip ao realizar a minha pesquisa.







Obviamente que era só chamar que Graça dava um jeitinho de se desvencilhar do que estava fazendo para ir ter comigo. Desse modo, facilitou-me o acesso a documentos, que, normalmente, levam-se dias para obtê-los. E, convenhamos, qual pesquisador não almeja esse tipo de acolhida? Porém, vale salientar que cai nas graças de Graça não apenas por causa dos meus belos olhos, mas, também, porque ela, como pesquisadora e mulher, ficou fascinada pela trajetória de vida de Nísia Floresta – o meu objeto de pesquisa –, inclusive contaminando toda DINF com a pérola descoberta. Prova disso – fiquei sabendo depois...







Por mais que estivessem encarregadas de outras pesquisas, as meninas da DINF foram, por completo, envolvidas por Graça no affaire Nísia Floresta. Assim, quando, casualmente encontravam algum documento referente a mais augusta das brasileiras, elas logo repassavam o achado à Graça, que, por sua vez, se encarregava de enviá-lo para mim, sem nem mesmo consultar-me se a informação era ou não do meu interesse. Enfim! Como se diz hoje em dia, ela, de certa forma, deixou todo o setor focado em minha pesquisa e, um belo dia, quando eu menos esperava, me escreveu uma carta – ainda não usávamos e-mail para nos comunicar.







Informou-me, portanto, ter encontrado um microfilme de um documento que, com certeza, ia ser de grande utilidade para a tradução que eu estava fazendo do livro de Nísia Floresta. E como o foi! Autorizei, então, o envio do tal microfilme e, ao recebê-lo, logo dei um jeito de analisar o seu conteúdo utilizando um antigo projetor russo, que eu havia trazido de Paris, e não tardei a enviar o rolinho à Editora da Universidade de Brasília para tirar uma cópia e anexá-lo a minha tradução, que, aliás, foi publicada com o título Fragmentos de uma obra inédita – Notas biográficas, em 2001, com prólogo da historiadora brasileira Maria Lúcia Pallares-Burke.







Concluída, portanto, a etapa livro, restava-me concluir o roteiro para o documentário sobre a vida e a obra de Nísia Floresta, embora, ao mesmo tempo, continuasse com as minhas pesquisas, recebendo, aqui e acolá, uma graça da BN. Infelizmente, o roteiro do documentário continua guardado nos arquivos do meu computador, já que ainda não consegui produtor nem patrocinador para realizá-lo. Mas, aí, o tempo passou e, anos depois, envolvida em outra pesquisa, cujo tema era a Festa do Divino, que, aliás, me tomou cerca de seis anos, voltei a contatar Graça, que, com a sua presteza habitual, enviou-me as informações que eu precisava.







No caso, cerca de vinte fotografias, algumas das inúmeras que ilustram o meu livro, e, como sempre, furei a fila. O setor de iconografia ia fechar temporariamente para reforma e eu só teria as tais fotos em, no mínimo, seis meses. Graça as conseguiu em quinze dias... Acontece que este livro, um registro textual, iconográfico e musical sobre a Festa do Divino, bem como os demais que já escrevi, mas que, ainda, não foram publicados, nem outros que, com certeza, pretendo escrever, Graça não irá ler. Nem, muito menos, possuir um exemplar autografado pela autora, como foi o caso dos Fragmentos..., de Nísia Floresta.







Sim, porque, apesar da BN ter recebido alguns exemplares para o seu acervo, enviados pela própria Editora da Universidade de Brasília – é de praxe –, eu fiz questão de, à parte, presenteá-la com um exemplar autografado pela autora. No caso, euzinha. Além disso, nas páginas introdutórias do livro, onde agradeço a todos que, de certa forma, perpassaram o meu caminho no período em que realizei a tradução, quando mencionei o apoio que recebi da equipe da DINF, o seu nome veio em merecido destaque, sendo, ainda, mais uma vez citado no posfácio, que, afinal, foi escrito apenas para justificar o anexo do livro.







E o anexo, por sua vez, não é que a transcrição do conteúdo do microfilme que Graça havia me enviado. Porém, o fato de eu ter feito uma pausa em meus pedidos para alguma pesquisa que, porventura, eu estivesse desenvolvendo, nunca foi empecilho para que continuássemos a manter contato já através de e-mails. E lembro até que, certa vez, ela chegou a reclamar da política do governo federal, falando de achatamento salarial, mudanças no plano de carreira, condições de trabalho precárias etc. Ou seja, essas coisas que todo funcionário público, não importa a esfera, seja federal, estadual ou municipal, costuma se lamentar.







E, como estava em minha lista de contatos de e-mails, ela sempre recebia as crônicas e artigos que, de vez em quando, eu costumo escrever. Tanto que, em janeiro deste ano, quando criei um blog, enviei o seu link para todos os nomes da referida lista, inclusive o dela, que, imagino, deve tê-lo acessado. De qualquer forma, gostaria de saber se ela chegou a ler a crônica intitulada Gatos e homens, divididos em duas partes: Gatolândia e Os Escritores, os livros e os gatos, sendo que, na segunda e última parte, falo do “fascínio que as letras devem exercer sobre os gatos, já que muitos costumam morar em bibliotecas...”.







Na referida crônica, falo, também, que, pesquisando na internet, até descobri a existência de uma listagem da Library Cats Map, com sede em Boston, sobre os chamados gatos de biblioteca do mundo inteiro. “Gostariam, então, os gatos do farfalhar das folhas dos livros e do seu cheiro, quando algum leitor, por exemplo, os folheiam, ou seriam os ácaros que, por algum motivo, os atraem?”. Fiquei, então, a pensar se, de repente, outra possibilidade que poderia justificar a opção de certos gatos por bibliotecas seria o grau da sua intelectualidade, decorrendo daí a atração de muitos pela palavra escrita.







Agora, lamento não ter consultado Graça quando da criação da crônica, para saber se, à época, algum bichano, porventura, morava na BN. Vai ver, até mora. Afinal, pelo que eu pude perceber, toda biblioteca que se preza tem o seu gatinho de estimação. Enfim! Se a Graça quiser um exemplar autografado do meu livro sobre a Festa do Divino, que também contou com a sua prestimosa ajuda, vai ter de voltar de Alexandria para poder recebê-lo de presente, mas, se preferir, pode até postar um e-mail, passando-me um endereço para onde eu possa enviá-lo, tão logo, é claro, ele seja publicado. Afinal, não importa a situação nem o contexto...







Como disse o teólogo e escritor brasileiro Leonardo Boff: “Cada um lê com os olhos que têm e interpreta a partir de onde os pés pisam”. Quanto a mim, que não acredito nem em Deus nem no Diabo, muito menos no céu e no inferno – o que dirá no purgatório! –, só resta-me formular a pergunta que não quer calar: Quais seriam, então, agora, os olhos de Graça e onde estariam pisando os seus pés? Pelo que eu também andei sabendo, parece que nadando na Baía da Guanabara... Sei não, mas acho que já não estou mais dizendo coisa com coisa. O fato é que eu nunca soube muito bem lidar com perdas e, talvez, seja melhor eu ir dormir.







Gostaria, contudo, de ressaltar que, ao final da conclusão desta crônica, soube que em uma das gavetas da mesa de trabalho de Graça foi encontrado um envelope contendo cópias de documentos relacionados a minha pesquisa sobre Nísia Floresta, que, ao longo dos anos, desde 1997, ela havia me enviado – gesto que só confirma o carinho e a deferência que tinha por mim. Assim, nada mais justificável a homenagem que ora lhe presto, fazendo minhas as palavras do escritor português José Saramago, que diria ser ainda possível chorar sobre as páginas de um livro, “mas não se pode derramar lágrimas sobre um disco rígido”...














Nathalie Bernardo da Câmara
nathaliebernardo@hotmail.com
Natal (RN), abril de 2009.

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segunda-feira, 6 de abril de 2009
KABUL: A REVOLTA DAS MULHERES
OBRIGADAS POR LEI A FAZER SEXO



Deu no site da Comissão de Cidadania e Reprodução - CCR.
http://www.ccr.org.br/a_noticias_detalhes.asp?cod_noticias=5848



Fazendo uma pesquisa na internet sobre temas outros, deparei-me, meramente por acaso, com a notícia que – não preciso dizer – me deixou para lá de chocada... Estarrecida, eu diria!



Postada no referido site pelo Instituto Humanitas Unisinos, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos - Unisinos, em São Leopoldo, no Rio Grande do Sul, no dia 3 de abril de 2009, a reportagem, de autoria de Francesca Caferri, publicada no jornal italiano La Repubblica no dia 01 de abril de 2009, foi traduzida por Moisés Sbardelotto.



Vamos, então, à ela...



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A voz da doutora Selay Ghaffar em Kabul soa cheia de raiva: “A partir de hoje, as mulheres afegãs podem ser estupradas. Contanto que quem faça isso seja o marido. É isso que diz a lei que foi assinada pelo presidente Karzai. Mas nós não o permitiremos. É contrário aos princípios sancionados na Constituição. É contrário aos princípios dos tratados internacionais assinados pelo Afeganistão. É contrário a tudo aquilo em que cremos”.



Os piores pesadelos que, há algumas semanas, as mulheres afegãs contavam nas ruas de Kabul se tornaram realidade ontem, e quem, como Selay, combateu durante toda a vida os abusos e discriminações, nestas horas ainda não consegue acreditar. O presidente afegão Hamid Karzai assinou nos últimos dias – mas a notícia saiu só ontem, quando foi publicada antes pela imprensa local e depois pela internacional – uma lei que autoriza os homens afegãos pertencentes à minoria xiita a ter relações sexuais com as próprias mulheres também quando elas não consentirem.



O texto prevê, além disso, que as mulheres não podem sair de casa sozinhas e podem ir ao médico ou procurar um trabalho só com a autorização de um parente masculino. É pior do que durante o regime do Talibã, afirmou a senadora Humaira Namati, uma das poucas que lutaram para parar o procedimento. A lei em questão é o código que regulamenta o direito da família para a minoria xiita afegã.



Bloqueada por duas vezes nos últimos meses pela oposição da sociedade civil e pelos políticos progressistas, a lei foi representada em fevereiro e aprovada em tempo recorde pelo Parlamento afegão. O presidente Karzai a assinou antes de partir para a conferência internacional de Haia: a publicação no diário oficial é o último passo que falta para que a lei se torne efetiva. Agora, estimam os especialistas, é questão de dias: ou de semanas, no máximo.



Quase não consigo acreditar. É um choque. Não só para as mulheres xiitas, mas para todas nós, afegãs. Esse é um precedente que diz quanto o nosso governo está pronto para se esquecer dos direitos humanos fundamentais para recolher consensos políticos, prossegue Selay, uma das primeiras laureadas do Afeganistão pós-Talibã e hoje diretora da Hawca, associação que luta pelos direitos das mulheres.



Passaram-se apenas poucas semanas desde quando dezenas de mulheres como elas contaram os seus temores em Kabul e no resto do Afeganistão: a maior parte delas temia que, abrindo um diálogo com o Talibã, o governo estaria pronto para voltar atrás com relação aos direitos femininos. Poucas tinham dito que não podiam acreditar que Karzai as teria vendido. Hoje, sabe-se que tinham razão: e o fato de que a lei em questão é a expressão da parte mais retrógrada da minoria xiita, ao contrário da maioria pashtun que lota as fileiras do Talibã, muda pouco.



O texto sanciona que as mulheres xiitas não podem se recusar a ter relações sexuais com o marido, que não são autorizadas a sair de casa ou a buscar um trabalho sem o consenso de um homem. Que não podem cantar ou falar em público. Que as meninas podem ser desposadas aos 16 anos, e que é confiada exclusivamente ao pai – e em segundo lugar, ao avô – a proteção e a educação dos filhos. É opinião difusa entre os observadores da realidade afegã que Karzai tenha assinado a lei para conquistar o voto dos xiitas às eleições presidenciais de agosto. Mas o sinal que surge é claro: além de garantir apoios ao seu cambaleante executivo, o presidente está pronto para fazer concessões aos setores mais retrógrados da sociedade afegã. Incluindo o Talibã.



A comunidade internacional deve entender que não pode haver nenhum processo de reconciliação se não for baseado na premissa do respeito dos direitos humanos e da justiça, diz Orzala Ashraf, representante da sociedade civil afegã à conferência de Haia. Essa lei é um choque para todos nós – prossegue. O maior erro desses oito anos foi o mau funcionamento do sistema judiciário. E agora há uma lei aprovada pelo Parlamento que mortifica as mulheres. É uma grande desilusão. Os princípios fundamentais dos direitos humanos são violados com a aprovação do presidente, que não se sente na obrigação nem de responder aos nossos pedidos de esclarecimento.



A raiva das ativistas como Orzala e Selay é direta também às comunidades internacionais, culpadas, segundo elas, de fechar os olhos sobre o que está acontecendo no Afeganistão: São violados os direitos sancionados pelas convenções das Nações Unidas – insiste Selay – mas a ONU não diz nada.



Ontem pela manhã, os jornais ingleses citavam um documento crítico redigido pelo Unifem [Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher], mas do escritório de Kabul um representante da agência da ONU que se ocupa dos direitos das mulheres explica que a organização nunca tomou uma posição oficial sobre o texto. Respostas semelhantes chegam dos porta-vozes da UNDP – a agência da ONU para o desenvolvimento – e da Unama – a missão da ONU no Afeganistão.



É uma questão ambígua – admitem os diplomatas na capital afegã. Não podemos intervir sobre o processo democrático afegão se a lei foi aprovada segundo as regras. Mas a União Européia está monitorando a situação e apoiará as ações tomadas pela sociedade civil. Em Haia, ontem, tanto a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, quanto o ministro do Exterior italiano, Franco Frattini, garantiram que os direitos das mulheres afegãs são uma prioridade para a comunidade internacional e que não serão colocados à parte. Mas na Holanda, Karzai recusou responder a todo pedido de esclarecimento sobre a lei. É difícil pensar que a sociedade civil afegã, sozinha, consiga derrubar o muro construído pelo presidente e pela sua equipe.



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Uma curiosidade desta navegante... O estupro se daria com ou sem preservativo? Sério! Eu não estou brincando. Afinal, depois das declarações de Bento XVI, contrárias ao uso de preservativos para conter a disseminação do vírus HIV, essa é uma questão relevante, sobretudo porque, se os homens afegãos podem estuprar à vontade as suas próprias esposas, imaginem o que eles não seriam capazes de fazer com a mulher do vizinho, por exemplo!



O pior é que nem mesmo a Organização das Nações Unidas - ONU, considerando o poder e a influência que tem, se pronuncia contrária a um tipo de arbitrariedade como essa nem faz nada para intervir, revertendo uma realidade tão desoladora!



No entanto, como o assunto me instigou, interrompi imediatamente as minhas pesquisas e naveguei em busca de informações a respeito da “novidade”.



O jornal francês Le Monde, por exemplo, em sua edição nº 3117, de 2 de agosto de 2008, traz um depoimento escrito por Malalaï Joya, política afegã refugiada na França, reproduzido, aliás, em seu site pessoal, de onde, inclusive, extrai a cópia que vocês vão ver abaixo.



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MALALAÏ JOYA
Eu tenho um sonho





Ela tem 30 anos. Ela está cercada. Ela não aceita indiferença e imprudência. Não há tempo. Não há justiça. Pior ainda. Faz tempo que ela escolheu isto. Ela está disposta, diz isso, a sacrificar sua vida. O Afeganistão sangra há muito tempo. Faz-se urgente, diz ela, que saima de seus lugares os esclarecidos e gente inconformada, rebelde com a situação e que vão à luta, para livrarmo-nos dos senhores da guerra [são assim chamados os líderes étnico-tribais armados do país, grifo nosso] e do ópio, e constituir uma verdadeira democracia. Deputada eleita ao Parlamento de Cabul, está afastada do ofício por meios vergonhosos, ela não dorme nunca duas noites seguidas sob o mesmo teto, ameaçada pelos que denunciou por crimes, tráficos, por frouxidão, corrupção. Seu nome, para todos os democratas e mulheres afegãs, ressoa como uma provocação ao poder estabelecido, e uma esperança também. Malalaï Joya, "a mulher mais corajosa do Afeganistão".
Ela palpita como um pássaro, a sobrancelha pregueada e o olhar ansioso. A eloqüência de sua voz é desenfreada, fica impaciente quando interrompida. Ela sempre teme perder tempo. Tanta coisa para contar, injustiças e desgraças para denunciar, clamar por ajuda dirigida aos democratas do mundo inteiro. então, um sonho? Seu semblante ilumina-se em uma fração de segundo e seu olhar perde-se distante. Sim, tantos sonhos...



Eu sonho que um dia as
mulheres tomem as rédeas no Afeganistão
Eu sonho que uma mulher um dia tome as rédeas do Afeganistão. Tenho recebido uma maré de insultos: prostituta, louca, infiel, comunista... Um dilúvio de ameaças: estupro, seqüestro, assassinato... Uma bomba explodiu na multidão que me esperava em um dia de encontro. Meus escritórios têm sido espionados, tentaram emboscar minhas equipes. Tenho sobrevivido a quatro tentativas de morte. Minha determinação não vai ceder. Minha vida, é verdade, é complicada. Eu troco de teto toda noite. E ao dia, não me desloco mais por Kabul, a não ser por um táxi, escondida dentro de uma burqa. É difícil para minha família, para meu esposo. Mas eu tenho o apoio do povo. Indestrutível e ardente. As balas podem tirar minha vida, mas não aniquilarão minha voz, porque para sempre é a voz do Afeganistão. Eles podem cortar uma flor, mas não podem deter a primavera.
Meu nome, Malalaï Joya, não por acaso. Foi meu pai quem escolheu, o nome dos mais velho de seus dez filhos, e nome de uma heroína da história afegã, Malalaï de Maiward, que se entregou em 1880 em uma batalha para combater os britânicos. Uma mulher virtuosa, disposta a sacrificar-se por seu povo e por suas idéias. Sinto-me sua discípula. Quanto ao sobrenome Joya, fui eu quem escolheu. Normalmente, uma mulher leva apenas o nome do seu pai após o do esposo. Mas eu decidi retomar o nome de um combatente pela liberdade, que foi executado após recusar as últimas condições que salvariam sua vida. Adoro este homem, e sou sua herdeira. Tenho 30 anos e não quero morrer, mas estou disposta, como ele, a arriscar minha vida.


Eu tinha quatro dias de vida quando um regime pró-soviético tomou o poder em Cabul, quando minha família foi ao Irã, oito anos quando nos juntamos a um campo de refugiados no Paquistão, 20 anos quando retornamos ao Afeganistão dos talibans e acabei sendo ativista. Era 1998. Depois, fui eleita ao Parlamento afegão para representar a província Farah. Depois fui excluída deste mesmo Parlamento por ter ousado criticar os senhores da guerra e da droga, que formavam 80% da Assembléia indigna. Quando então a comunidade internacional agirá neste caos que enterra meu país? Quando se compreenderá que os líderes não são nem mais nem menos que uma aliança de criminosos corruptos que desprezam as mulheres, que não sonham com nada mais que enriquecer-se?








Meu pai, estudante de Medicina, era democrata e engajou-se junto aos mujahedins sinceros para combater a ocupação soviética. Ele perdeu uma perna. Precisamos deixar o país. Fui alfabetizada em um campo de refugiados paquistanês voltado à vida de refugiados, e foi netste lugar também que me interessei pela vida dos refugiados, escutando seus relatos, seus choros, seus pesadelos, onde aprendi o que se passava no Afeganistão na época dos soviéticos e depois, na partida dos russos durante a guerra civil, quando os mujahedins praticaram o terror em Cabul. Estes eram os criminosos e bárbaros, sedentos de violência e de poder, e as recordações das mulheres do campo que haviam perdido seus esposos e filhos ou haviam sido torturadas e estupradas, cheias de pavor, eram terríveis.








Seguindo estudando apenas de manhã, rapidamente comecei a ensinar a ler e a escrever às meninhas do acampamento e a suas mães, inclusive à minha! Eu sabia que nossa saúde passava pela educação.


A organização OPAWC marcou-me. Esta ONG (Organização Não-Governamental) recrutou no acampamento jovens ativistas capazes de estimular no Afeganistão uma rede clandestina de escolas para as menininhas. Minha família por muito tempo hesitou, minha mãe tinha medo do taliban. Isto envolvia-nos em um retorno ao nosso país e que eu me engajasse ali - com um salário - em uma atividade perigosa. Mas eu estava convencida. Passamos pela fronteira todos juntos, eu vesti a burka e comecei a trabalhar em uma região de farah, dentro da rede oculta de escolas de garotas. Havia medo, claro. Os talibans tinham espiões que seguiam os grupos de garotas comerciantes. Mudou-se o regulamento local. levava-se sempre o Corão para fingir ao inimigo que rezávamos.






O atentado do 11 de setembro provocou um verdadeiro choque. Ficamos sabendo através da rádio, interditada pelos talibans, mas através da BBC conectada ao mundo. Tanta discussão foi gerada! Naquela época também tememos a guerra iminente, mas havia a esperança de que os estrangeiros proporcionariam-nos um golpe para chegar ao poder. Foi a primeira vez na nossa história que estivemos dispostos a dar confiança a estas forças de ocupação!





Fui eleita Loya Jirga, uma assembléia de 500 pessoas de todo o Afeganistão, convocada para examinar um projeto da Constituição em dezembro de 2003. Eu era a figura principal, e o que vi acontecendo ali, em Cabul?Todos os criminosos, bandidos, ladrões, torturadores que me haviam apontado como culpados desde minha juventude, e dentre os quais muitos entrincheiraram-se como ratos na época dos talibans! Eu não podia acreditar no que meus olhos víam! Eles estavam ali, atrevidos, arruinando todos os comitês, tentando arrancar o poder aproveitando-se da nova ordem democrática! Isto era insuportável! Eu deveria desmascará-los perante o mundo inteiro. Pedi dois minutos de palavra em nome da nova geração. Eu me dirigi, denunciando a presença destes traidores, decididamente anti-feministas, que arruinaram meu país e que mereciam ser levados à Justiça. Houve de repente um alarido horroroso. Eles ficaram todos de pé, punhos acima, uivando injúrias, exigindo minha expulsão e minhas desculpas.
Eu preferiria morrer!


A multidão aguardava meu retorno à província. Gritavam-me, "Muito bem, obrigado!". Ofereceram-me porções de terra e alianças de casamento. Diziam-me que continuasse lutando contra os criminosos. Pediam-me que apresentasse às próximas eleições. Eu não tinha o direito de ocultar-me.






Foi assim que, em novembro de 2005, lancei-me de novo ao Parlamento afegão. E foi também deste modo que, após minha denúncia da presença dos senhores da guerra e dos corruptos do ópio, que me jogaram às piores situações, invadindo meu micro e ameaçando estuprar, me matar... "Alegaremos seu suicídio!". Eles, além disso, concluíram uma votação para me exculir. Havia manifestações de apoio, apelos internacionais, e não fizeram nada contra mim.


No momento em que me preparo para reintegrar-me ao Parlamento, onde estive legitimamente, tenho um sonho. Muitos, aliás. Sonho antes que as mulheres afegãs tomem atitudes e estabeleçam-se, levantem vôo, exijam todos os seus direitos. De tudo o que atormenta nosso país, elas são as principais vítimas: 87% sofrem violências domésticas; as violações - em grande parte impunes - são inumerávis. 80% das uniões são casamentos forçados, as filhas servem de moeda de troca: elas podem ser cedidas a anciãos, ofertadas em reparação por alguma dívida, trocadas às vezes por um cachorro. O suicídio - forca, estrangulamento, imolação - surge a muitas como a única opção para fugir da miséria delas. Se você soubesse o número de mulheres queimadas, desfiguradas, no hospital de Herat!
A educação? Segundo a OXFAM, uma filha aos cinco anos vai à escola primária, e aos 20 à secundária! E isso não melhora! Nas regiões controladas pelos talibans, as menininhas são freqüentemente atacadas e raptadas no caminho da escola, e queimam-se os prédios das escolas. A saúde? Inexistente. A expectativa de vida de uma afegã não passa dos 44 anos; a cada 28 minutos morre uma mulher nos leitos...




Eu sonho que se desmascarem os criminosos corrompidos que governam este país, e enriquecem-se com o ópio e com a ajuda ocidental, quando 70% da população vive com menos de 2 dólares por dia, 98% não tem acesso à eletricidade e afunda-se na insegurança. Eu sonho em ver esta corja do caráter de Hitler, Mussolini, Pinochet, Khomeini comperecidos á Justiça Internacional.





Eu sonho que se acabe esta mescla de Islã e política, e que o Afegansitão, livre da ocupação estrangeira, viva uma grande democracia laica. O Islã está em nosso coração e em nosso espírito. Ele não pode servir para se manipular a opinião.





Eu sonho que os cantos mais afastados do Afeganistão sejam dotados de uma escola. E de acesso à Internet.




Eu sonho, enfim, que uma mulher tome um dia as rédeas do Afegansitão e prove ao mundo inteiro que, no momento que lhes é dada uma chance, as mulheres podem fazer um trabalho brilhante.




Enviado em Sábado 30 Agosto 2008 14:13
Modificado em Sexta 27 Março 2009 16:36



O site de MALALAÏ JOYA é:
http://malalaijoya.skyrock.com/




Em seu site, ela pede que, quem puder, possa ajudá-la a divulgar o drama das mulheres do Afeganistão, inclusive o seu... Assim, sejamos solidários!




Agora, sobre a Comissão de Cidadania e Reprodução – CCR, onde, inicialmente, tive acesso ao fato escandaloso que vocês acabam de ler...

A CCR foi fundada em 1991 e, desde então, está instalada no Centro Brasileiro de Análise e Planejamento - CEBRAP. É uma entidade civil de âmbito nacional e sem fins lucrativos, cujo objetivo é a promoção dos direitos reprodutivos, segundo os princípios das Declarações da ONU, mais especificamente os da Convenção pela Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Contra a Mulher.

Sua principal meta de trabalho é a defesa do respeito à liberdade e à dignidade da população brasileira no campo da sexualidade, saúde e direitos reprodutivos.
O Programa de Apoio a Projetos em Sexualidade e Saúde Reprodutiva (PROSARE) é desenvolvido pela Comissão de Cidadania e Reprodução (CCR) e pelo Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), com apoio financeiro da John D. and Catherine T. MacArthur Foundation.



Endereço:
Rua Morgado de Mateus, 615 - São Paulo - SP - CEP 04015-902
Telefones: + 55 (11) 5574-0399 - Fax: 5575-7372
E-mail: ccr@cebrap.org.br





Nathalie Bernardo da Câmara
nathaliebernardo@hotmail.com
Natal (RN) – Brasil, 6 de abril de 2009.
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