quarta-feira, 14 de julho de 2010

1601 - HISTÓRIA DOS BIBLIOTECÁRIO

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Ciência da Informação
Print version ISSN 0100-1965
Ci. Inf. vol. 26 no. 1 Brasilia Jan./Apr. 1997
doi: 10.1590/S0100-19651997000100007
BIBLIOTECONOMIA:
PRODUÇÃO E ADMINISTRAÇÃO DA INTERPRETAÇÃO*



Clarinda Rodrigues Lucas





Resumo
Este trabalho privilegia a leitura do bibliotecário para fins de indexação e, trazendo para a discussão as contribuições da Análise do Discurso, verifica o lugar deste profissional na divisão social do trabalho de leitura.
Contrapondo textos que tratam da teoria de indexação (o modo de leitura do bibliotecário) às palavras-chave, os cabeçalhos de assunto que são o resultado desta leitura, dá visibilidade à subjetividade deste leitor.
Conclui que a explicitação dos processos que informam a leitura do bibliotecário em sua prática de indexação, somado ao instrumental teórico-metodológico que a apóia, contribui para que esta leitura seja mais fecunda e desdobradora de representações dos textos existentes nas bases de dados das bibliotecas.
Palavras-chave
Bibliotecário; Leitura; Interpretação; Indexação





"Há, de fato, uma analogia profunda entre o gesto de leitura e o gesto de descrição: toda leitura destrinça o texto, privilegia certos elementos para ocultar outros, reaproxima o que dispersou, dispersa o que estava unido. Nossa aposta é fazer, dessas intervenções operacionalizadas de alguma forma "selvagem ou inconsciente" na "leitura espontânea", intervenções reguladas desmontando o objeto a ser lido segundo os próprios eixos que o estruturam. A Análise do Discurso não será mais uma prótese de leitura, mas uma provocação à leitura".(Pêcheux, 1990 )





O corpus que vamos explorar oferece várias possibilidades de abordagem a partir das noções de formação discursiva, condições de produção, interdiscurso e interpretação como entendidos dentro da análise de discurso francesa (Pêcheux, 19881; Maingueneau, 19882).

O recorte que escolhemos para análise do corpus pode ser dividido em duas categorias:

1) textos que teorizam a leitura praticada pelos bibliotecários enquanto indexadores, analistas documentários (o aparato teórico da área);

2) o resultado desta prática de (leitura: os descritores, palavras-chave, cabeçalhos de assunto atribuídos pelos bibliotecários aos textos que analisam).

No desenvolvimento de nossa análise, faremos considerações que passam necessariamente pelo fato de pensarmos o discurso como prática simbólica (Orlandi, 1990a3), inserido no conjunto de práticas sociais determinadas historicamente, sempre do interior da perspectiva discursiva.

Interessa-nos aqui a historicidade do discurso biblioteconômico, isto é, como ele está configurado em seu processo de inscrição histórica. Em outras palavras, questionamos o fato de a leitura do Bibliotecário poder ser resumida a métodos de tratamento dos textos (Kobashi, 19944) configurando aquela divisão de trabalho apontada por Pêcheux (19945), que divide os leitores de arquivos entre duas culturas ¾ a literal e a interpretativa.

Neste entremeio, como ocupo a posição da análise do discurso, a existência da língua como materialidade específica é fundamental: "É esta relação entre língua como sistema sintático intrinsecamente passível de jogo e a discusividade como inscrição de efeitos lingüísticos materiais na história que constituem o nó central de um trabalho de leitura de arquivo." (Pêcheux, 19945)

Os textos que vamos analisar espelham o quanto a materialidade da língua tem sido subestimada pelos teóricos da indexação (a leitura como é praticada pelos bibliotecários), desde abordagens lingüísticas ( Cintra, 19836; Cunha, 19907; Lara, 19938) chegando às de tratamento informático (Baranow, 19839; Brito, 199210).

Pêcheux (19945) evoca esta questão do interior da análise do discurso, lembrando como o fato de a língua ser e continuar pouco considerada nos projetos de leituras de arquivos. E, quando o fazem, "quitam sua dívida", transportando para seu próprio campo conceitos da lingüística como o de "estrutura" ou de" transformação" ou ainda se contentando em introduzir fragmentos de análise morfológica ou sintática em seus procedimentos.

A partir dessas críticas, Pêcheux chama-nos a tomar concretamente partido; no nível dos conceitos e dos procedimentos, chama-nos a traduzir a pluralidade dos gestos de leitura que possam ser marcados e reconhecidos no espaço polêmico das leituras de arquivos.

Salienta que não devemos substituir as questões, difíceis, interessantes e promissoras, inerentes à leitura de arquivos, por "objetivos operacionais", que se atingem a curto prazo. Nem devemos somente disciplinar o exercício dos recursos da inteligência humana com relação ao arquivo textual, mediante dispositivos de classificação, indexação, que derivam mais da gestão administrativa e do sonho logicista de língua ideal, que da pesquisa científica fundamental.

Nas nossas análises, tal como dispõe o campo da análise de discurso, privilegiaremos o aspecto da materialidade da língua, e nos norteará a preocupação em fazer valer para o modo de leitura do bibliotecário os interesses históricos, políticos e culturais, reconhecendo, nas práticas de leitura de arquivos, as preocupações do historiador, do lingüista.

É pela análise do discurso, que trata da prática de indexação de textos, que podemos observar e descrever os gestos de leitura realizados pelo bibliotecário. Aí a sua formação discursiva ser configurada em processos de significação que nos revelam a singularidade de sua prática. É neste lugar que o sujeito, o bibliotecário, enquanto leitor, consegue se expressar e ser significante. Podemos, tendo isso em vista, recuperar a historicidade: as relações de sentido, de força, de antecipação.

Ao longo deste trabalho, quando tratamos da memória e da leitura, enfatizamos a tendência em tornar administrável e transmissível as reservas de conhecimento acumuladas pela humanidade - as (coisas-a-saber), como colocadas por Pêcheux (19945) :

"O projeto de um saber que unificaria esta multiplicidade heteróclita de coisas-a-saber (reservas de conhecimento acumuladas) em uma estrutura representável homogênea, a idéia de uma possível ciência da estrutura desse real, capaz de explicitá-lo fora de toda falsa-aparência e de lhe assegurar o controle sem risco da interpretação (logo uma autoleitura científica, sem falha, do real) responde, com toda evidência, a uma urgência tão viva, tão universalmente "humana", ele amarrra tão bem, em torno do mesmo jogo dominação/resistência, [...] que o fantasma desse saber, eficaz, administrável e transmissível, não podia deixar de tender historicamente a se materializar por todos os meios."

Vamos ver como a opção pela objetividade, parte da profissionalização dos leitores oficiais de arquivos, manifesta- se. Os bibliotecários, os cientistas da informação têm como meta profissional a organização da informação, reservas de conhecimento acumuladas, e buscam por meio de técnicas e métodos, atingir, além da organização do conhecimento, o controle terminológico, buscando a universalização (a homogeneização, mesmo) das linguagens de acesso a este conhecimento por intermédio de linguagens documentárias (tesauro, terminologias, listas de cabeçalhos).

A circulação da informação e dos documentos pode se resumir nas seguintes operações:

a) coleta de dados; b) tratamento dos documentos; c) difusão dos documentos (Kobashi, 1994).

Os cientistas da informação, especialistas no tratamento de textos, buscam no rigor do método e na eficácia das tecnologias materiais a obtenção de sua finalidade última: tornar o conhecimento acessível aos leitores. Vejamos como isto se dá, na perspectiva de Kobashi (19944):

"A informação documentária tem função de relevância. Ela deve, de um lado, promover a identificação de itens informacionais que respondam, de modo pertinente, a uma pergunta dada e, de outro, deve permitir a tomada de decisão sobre a consulta ou não do documento original. Para cumprir com eficácia tais funções, a informação documentária deve ser elaborada mediante metodologias que garantam a equivalência de sentido entre o texto-fonte e a sua representação. É esse o objetivo central da análise documentária".

Vamos ver mais de perto o que é esta equivalência de sentido entre o texto-fonte e a sua representação. Sabemos, do ponto de vista discursivo, que a representação não significa a simples substituição de uma palavra por outra. Esta representação é feita a partir da interpretação e configura a dispersão do sujeito e suas diferentes posições.

Na análise documentária, como estamos observando, o espaço destinado a estes especialistas repousa sobre a proibição e negação da interpretação, espaço este marcado pelas metodologias e procedimentos que reduzem a leitura para fins documentários a uma linha de produção: a "fabricação da informação". Constatamos tal fato na descrição do ciclo documentário, como exposto por Kobashi ( 19944):

"o ciclo documentário pressupõe duas operações básicas e complementares: a fabricação de Informações Documentárias e a Recuperação da Informação. [...] A fabricação de Informações Documentárias [...] supõe a transformação de um objeto (documento) em um outro objeto (informação documentária) por meio de operações de análise e de síntese. Sua função é a de permitir selecionar, de um universo de objetos, aqueles que poderão responder a uma necessidade de informação."

Ao justificar os procedimentos da análise documentária a autora, dentro da idéia de linha de produção, relaciona esses procedimentos a escala (vasta) de produção de textos científicos e técnicos do mundo contemporâneo. Daí as técnicas específicas de manipulação de textos terem de respeitar a velocidade da análise para a produção de representações, isto é, os descritores, que vêm conferir unidade ao texto.

Nos fragmentos que estamos destacando, vemos como a gestão do conhecimento e a necessidade de representá-lo homogeneamente (dar-lhe unidade) é resolvida pelos teóricos da indexação: a sua leitura se quer produtiva, ágil, o leitor que se deseja é assemelhado a máquinas de leitura.

Lancaster (199311), ao analisar os fatores que influenciam a qualidade da indexação e baseando-se (ele mesmo afirma) mais no senso comum e na intuição do que em provas concretas, levantou os seguintes fatores:

fatores ligados ao indexador:
- conhecimento do assunto;
- conhecimento das necessidades dos usuários;
- experiência;
- concentração;
- capacidade de compreensão de leitura;
fatores ligados ao vocabulário:
- especificidade/ sintaxe;
- ambigüidade ou imprecisão;
- qualidade do vocabulário de entradas;
- qualidade da estrutura;
- disponibilidade de instrumentos auxiliares e afins;
fatores ligados ao documento:
- conteúdo temático;
- complexidade;
- língua e linguagem;
- extensão;
- apresentação e sumarização;

fatores ligados ao processo:
- tipo de indexação;
- regras e instruções;
- produtividade exigida;
- exaustividade da indexação.
Ao observar os fatores anteriormente listados, podemos detectar o encontro de várias posições de leitura, que configuram diferentes lugares de constituição de sentido:

a do indexador-leitor;
aquela que está sedimentada no vocabulário que servirá como fonte de descritores;
a do documento a ser indexado.
Do encontro destas distintas posições de leitura, permeado pelas condições de produção, pela tensão da polissemia dos sentidos, das várias memórias atuando em paralelo (o interdiscurso), deste movimento de justaposição e interação decorrerão os descritores.

Os funcionários da leitura atuam neste entremeio com sua capacidade de compreensão, seu conhecimento dos assuntos, o que chamamos de histórias de leitura .

Merece realce também o fato de Lancaster listar como fatores ligados ao documento a língua e a linguagem em apenas um tópico, referindo-se ao idioma, a clareza da linguagem do autor, a ambigüidade de títulos e a qualidade dos sumários. Sabemos que a materialidade da língua é bem mais rica do que transparece neste tópico.

Para mostrar isso mais explicitamente e na própria materialidade da prática de leitura do indexador, procurei analisar alguns resultados do trabalho de indexação.



A LEITURA DO BIBLIOTECÁRIO: REPRESENTAÇÃO TEMÁTICA

Uma consulta à base de dados Unibibli, que reúne o acervo das bibliotecas da USP, Unesp e Unicamp, resultou nas seguintes entradas de assunto para o título Cartas do cárcere de Antonio Gramsci:

Indexador 1: Comunismo
Gramsci, Antonio

Indexador 2: Gramsci, Antonio

Indexador 3: Literatura italiana

Indexador 4: Gramsci, Antonio
Cartas italianas (Literatura)
Indexador 5: Cartas italianas (Literatura)

O mesmo título recebeu na Library of Congress (Washington, USA) os assuntos:

. Gramsci, Antonio , 1891-1937 ¾ Correspondência
. Comunistas ¾ Itália ¾ Correspondência

As Cartas do cárcere, conforme verbete da Enciclopédia Mirador Internacional (197612), sobre Antonio Gramsci, constituem "um extraordinário documento humano e cultural em que o escritor revela suas preocupações familiares e discute problemas filosóficos e estéticos".

Neste mesmo verbete, Gramsci é descrito como político e pensador italiano, integrante do Partido Socialista Italiano, jornalista, defensor intransigente da participação política do proletariado, participante da formação do Partido Comunista Italiano e deputado por este partido, no momento em que é preso como líder político de esquerda por ordem de Mussolini. A Enciplopédia Mirador assim caracteriza Gramsci:

"[...]não foi apenas um homem político. Com a prisão, sua vocação de pensador, já revelada em germe nas oportunidades em que se dedicou ao jornalismo, desenvolve-se em profundidade. Gramsci se dispôs a analisar as conseqüências do marxismo no mundo moderno, visto como uma filosofia da práxis. Seu esforço foi o de procurar uma unidade entre a teoria e a prática para uma nova síntese histórica. Contra a dogmática mecanicista, encara a práxis como uma reelaboração constante, na busca de uma nova visão do marxismo, que substitui o idealismo de Croce.[..] Gramsci explicita o seu ponto de vista contrário à herança idealista, propondo uma nova síntese entre o pensamento e a práxis, e substituindo a idealização da história pelo materialismo diálético".

A nossa intenção, ao contrapor os assuntos atribuídos à obra que reúne as cartas que Gramsci escreveu enquanto prisioneiro e os dados de sua biografia, é realçar o papel das histórias de leitura do bibliotecário, que constituem a sua memória de leitura.

Para suprir o desconhecimento de quem foi Gramsci, o bibliotecário, ao indexar as Cartas do cárcere, poderia ter consultado uma fonte de referência ¾ ressaltamos que a Enciclopédia já se caracteriza também como um viés de interpretação, um dos lugares de fabricação da memória estabilizada. Este bibliotecário teria ido além do nome do autor das cartas, ou mais além das entradas de assunto para "cartas italianas".

No presente caso, não são somente cartas em um contexto literário, são as cartas de um pensador reconhecido como filósofo marxista, no contexto do materialismo dialético.

A entrada para "comunismo" revela o ponto de vista do indexador, sua posição de leitura, estabelecendo lugares de interpretação, lugares estes que vão configurando pontos de trabalho de estabilização do sentido.

O bibliotecário poderia ter optado por socialismo ou marxismo. Poderia também ter dado uma entrada para o assunto "prisioneiros políticos", que bem caracteriza esta obra de Gramsci, visto que as escreveu na prisão.

Por ser nosso objetivo compreender os gestos de leitura do Bibliotecário enquanto leitor para fins de indexação, apontamos aqui para o que Orlandi (199613 chama de "injunção à interpretação":

"[...]diante de qualquer objeto simbólico, somos instados a dar sentido, a significar. Além disso, a interpretação se apaga como tal, na medida em que os sentidos são uns e não outros, dadas as condições de produção e, no entanto, eles nos aparecem como naturais. É isso que denominamos ideologia. Porisso, dissemos que há um dispositivo ideológico de interpretação em todo sujeito falante. [...] A ideologia, então, é o apagamento , para o sujeito, de seu movimento de interpretação." (grifo nosso)

O fato de o indexador ter selecionado o assunto comunismo, e não outros também disponíveis na lista de assuntos potencialmente aplicáveis, assinala um gesto de interpretação, inscrevendo o texto em uma determinada formação discursiva e constituindo uma posição de leitura.

Sabemos, em análise do discurso, que o sentido é sempre sentido para, e não sentido em si.

Segundo Orlandi (199613), existe uma ambigüidade na própria noção de assujeitamento ( sujeito a e sujeito de ) que tem relação com o jogo entre as formações discursivas que reflete a/sobre divisão da interpretação. O fato da interpretação, dirá Orlandi, é sintoma dessas diferenças, dessa contradição (sujeito a/ sujeito de). A ideologia, então, é o apagamento, para o sujeito, de seu movimento de interpretação, na ilusão de dar sentido.

Diante do que estamos colocando sobre o movimento de interpretação do sujeito, observamos que Kobashi (199414), ao definir a informação documentária como a representação condensada do conteúdo informacional de documentos e também como resultante de operações de natureza semântica, permitindo que a observemos como uma forma de representação simbólica, apaga este mesmo movimento de interpretação.

Mais adiante, a autora afirma que, apesar de a informação documentária ser obtida pela neutralização do poder expressivo do texto e, de outro lado, ser moldada de acordo com formas previamente determinadas, prevalece a idéia de que esta representação, apesar de formalmente diferente do original, é equivalente a ele, do ponto de vista do conteúdo informacional.

Vejamos, em função desta afirmação a respeito da equivalência entre a representação resultante da leitura do bibliotecário e o seu original, os assuntos que foram atribuídos por indexadores diferentes, utilizando uma mesma lista de cabeçalhos de assunto ao livro Fragmentos de um discurso amoroso, de Roland Barthes:

indexador 1: . Amor na literatura
. Língua francesa - Análise do Discurso
. Amor - aspectos psicológicos

indexador 2: . Amor na literatura
. Literatura-discursos ensaios e conferências

indexador 3: . Filosofia francesa - século XX
. Filosofia moderna - século XX
. Amor na literatura
. Língua francesa ¾ Análise do Discurso
. Amor ¾ aspectos psicológicos
. Linguagem
. Psicanálise

As palavras anotadas como assunto se propõem a ser, no trabalho do indexador, uma representação temática do documento, pontos de acesso ao leitor, equivalentes ao documento original do ponto de vista informacional.

Pela perspectiva que analisamos, podemos dizer que cada conjunto de palavras propõe uma leitura distinta do documento. Em nossa perspectiva, estas palavras encaminham o leitor para, formações discursivas diferentes ¾ o indexador 3 foi o mais generoso, pluridisciplinar, para ele o texto de Barthes é filosofia, é amor na literatura, é linguagem, é psicanálise, é língua francesa.

Esta indexação ( não nos propomos a julgar se está correta ou não) encaminha o leitor por vários percursos, enriquece ou confunde os possíveis olhares que serão lançados a obra. Já o indexador 1 não viu filosofia, nem psicanálise, nem linguagem, somente amor, na literatura, e na psicologia, e a língua francesa, sob o ponto de vista da análise de discurso. O indexador 2 destacou o amor e a literatura ¾ fechou as portas para a linguagem, a psicanálise, a filosofia, o aspecto psicológico.

Este exemplo, tratado superficialmente por inclusão ou exclusão de termos, foi exposto para mostrar que o trabalho de indexação, grosso modo, não é neutro quanto à interpretação; não espelha exatamente o conteúdo de uma obra. Este trabalho censura, apaga possíveis leituras. O olhar-leitor do bibliotecário silencia ou expõe diferentes leituras.

Verificamos que o mesmo texto pode ser apreendido, compreendido diversamente. Como contraponto, verificamos que este mesmo título recebeu na Biblioteca de Oxford (Inglaterra), os seguintes assuntos:

. "Língua francesa - termos e frases"
. "Amor - terminologia"

Pela confrontação de assuntos, observamos a produção de sentidos diferentes para um mesmo texto, estabelecendo lugares de significação específicos, permitindo a polissemia em uma perspectiva crítica à univocidade dos sentidos.

Orlandi (1990b14) afirma que "os sentidos para a análise do discurso erram, no duplo sentido, porque não representam modelarmente e porque se movimentam, circulam. Em uma palavra: desorganizam. E também a desordem é constitutiva da identidade do sujeito e sentido".

Diferentes bibliotecários, ou os mesmos, em diferentes situações, inscrevem sentidos em diferentes posições de leitura (no exemplo acima: literatura, psicanálise, linguagem).

Sabemos que a leitura, para fins de indexação, é realizada sempre do interior de uma referência institucional, com fins que respondem aos interesses da instituição. Esta leitura é sempre referida a um sujeito neutro e ideal.

Podemos observar os diferentes sentidos atribuídos ao gesto de indexação, avaliando o que Lancaster (199311) escreve sobre as diferentes indexações atribuídas a um mesmo título. Ele aponta para os interesses dos usuários como motivadores destas diferenças, negando, assim, que indexadores lêem diferentemente por razões outras que as do interesse das instituições:

"Uma indexação de assuntos eficiente implica que se tome uma decisão não somente quanto ao que é tratado em um documento, mas também porque ele se reveste de um provável interesse para um determinado grupo de usuários. Em outras palavras, não existe um conjunto "correto" de termos de indexação para documento algum. A mesma publicação pode ser indexada de forma bastante diferente em diferentes centros de informação, e deve ser indexada de modo diferente, se os grupos de usuários estiverem interessados nesses documentos por diferentes razões".

Pelo exposto, fica subentendido também que o bibliotecário deve ter o domínio de distintas formações discursivas, pressupondo-se que ele dê conta de diferentes terminologias e que tenha conhecimento multidisciplinar.

Este domínio de diferentes terminologias diz respeito à ilusão que todos temos de que as palavras designam um sentido, isto é, acreditamos que uma espécie de relação bijectiva interliga palavras e sentido, de tal modo que palavras indicam um sentido, são indicadores semânticos. Ou seja, as palavras seriam unidades lexicais que nos permitiriam remeter a um sentido .

Outra questão importante é a da literalidade dos sentidos. Na medida em que, na perspectiva discursiva, todos os sentidos são possíveis, não há um centro, que é literal, e suas margens, que são os efeitos de sentidos. Há vários sentidos possíveis e, dependendo das condições de produção, há a dominação de um dentre eles. O que existe, afinal, "é um sentido dominante que se institucionaliza como produto da história: o literal" (Orlandi, 1990b14).

Isso nos remete à institucionalização de um sentido dominante, sedimentado, com o prestígio de legitimidade e que se fixa como centro ¾ sentido oficial (literal). Nessa linha de reflexão, podemos afirmar que e o trabalho do bibliotecário vai na direção de literalizar sentidos. Observemos como isto se manifesta nos assuntos selecionados para os diferentes títulos abaixo:

1. Andrade, Manuel Correia de. 1964 e o Nordeste: golpe, Revolução ou contra Revolução?
São Paulo: Contexto, 1989
Assunto: Brasil -História- Revolução, 1964
Brasil, Nordeste -Política e governo - 1964

2. Affonso, Almino. Raízes do golpe: da crise da legalidade ao Parlamentarismo.
São Paulo:Marco Zero, 1988
Assunto: Brasil-Política e governo - 1961 -1964

3. Araujo, Maria Celina Soares D'; Soares, Glaucio Ary Dillon; Castro, Celso Correa Pinto
de. Visões do golpe: a memória militar sobre 1964. Rio de Janeiro: Dumara, 1994
Assunto: Brasil-História - Revolução, 1964
Brasil-Forcas Armadas-Atividades Políticas História

4. Moraes, Denis de. A esquerda e o golpe de 64: vinte e cinco anos depois, as forças
populares repensam seus mitos, sonhos e ilusões. Rio de Janeiro: Espaço e Tempo, 1989
Assunto: Brasil-Política e governo -1964
Brasil-História - Revolução, 1964

5. Morel, Edmar . O golpe começou em Washington: Rio de Janeiro: Civilizacão
Brasileira, 1965
Assunto: Brasil-Política e governo -1961 1964
Brasil-História -1961 1964

6. Sanfelice, Jose Luis. Movimento estudantil: a UNE na resistência ao Golpe de 64. São Paulo: Cortez Ed. : Ed. Autores Associados, 1986
Assunto: Movimentos estudantis-Brasil
União Nacional dos Estudantes
Brasil-História-Revolução, 1964

7. Silva, Helio. 1964 : golpe ou contragolpe? Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1975
Assunto: Brasil-Revolução, 1964
Goulart, João
Brasil-Política e governo

8. Toledo, Caio Navarro de. O governo Goulart e o golpe de 64. São Paulo: Brasiliense, 1982
Assunto: Brasil-História - Golpe de Estado, 1964
Brasil-Política e governo, 1961 1964

9. Toledo, Caio Navarro de. O governo Goulart e o golpe 64. São Paulo: Brasiliense, 1983
Assunto: Golpes de Estado -Brasil
Brasil-História-Revolução, 1964
Brasil-Política e governo, 1961 1964

10. Toledo, Caio Navarro . O governo Goulart e o golpe 64. São Paulo: Brasiliense, 1993
Assunto: Brasil-História -Revolução,1964
Brasil-Política e governo,1961 1964

Todos os títulos têm em comum a palavra "golpe", referindo-se ao Golpe de 1964. No entanto, o cabeçalho de assunto - "Golpe de Estado, 1964"- apesar de disponível na lista de assuntos autorizados que é usada pelos bibliotecários, portanto potencialmente atribuível, foi selecionado somente para o título no. 9 e o termo mais abrangente "Golpes de Estado - Brasil", para o mesmo título, mas por um indexador diferente. Em todos os outros títulos, predominou o termo "Brasil - História - Revolução, 1964".

Esta predominância vai produzindo uma estabilização na interpretação do fato que se deu em 1964. o mesmo título, "O Governo Goulart e o golpe de 64", de Caio Navarro de Toledo, recebeu na Library of Congress (USA), os seguintes termos:

. Goulart, João, 1918 -
. Classes sociais-Brasil - Atividades políticas -
. História - Séc. XX
. Brasil - Política e governo - 1954-1964
. Brasil - História - Revolução, 1964.

Interessante notar que em nenhum dos três conjuntos de palavras selecionadas para este título em bibliotecas brasileiras foi atribuído o termo "Goulart, João, 1918", indicador de que a obra trata do Governo João Goulart, que também está no título, explicitando claramente o assunto de que trata.

Observamos, com este exemplo, que os sentidos, sempre possíveis, dependem fortemente das condições de produção , definida por Pêcheux (1988)1 como sendo" ao mesmo tempo o efeito das relações de "lugar" no interior das quais se encontra inscrito o sujeito e a "situação" no sentido concreto e empírico do termo, quer dizer, o ambiente material e institucional, os papéis mais ou menos conscientemente colocados em jogo etc. "

Quando as condições de produção do discurso não são levadas em consideração, a análise não se mostra capaz de explicar o funcionamento discursivo, apontando para um discurso sem memória, em que a contradição entre as várias formações discursivas que ali se entrecruzam fica apagada.

Já em Cunha (1990)7 está posta em discussão "a leitura única e absoluta" do bibliotecário. Esta autora escreve que o bibliotecário, enquanto leitor para fins de análise documentária, tem uma visão ideológica, que se sobrepõe à linguagem-ideologia do texto/discurso que analisa; manifestando-se pela opção "ideológica" que faz em relação ao uso ou descarte de determinados conceitos/palavras-chave, mesmo que ele leve em conta as regras de objetividade e neutralidade inerentes à sua prática profissional.

Ela aponta para o "pré-conceito da neutralidade bibliotecária" como uma escamoteação dos problemas de análise, visto que qualquer discurso surge como um complexo de idéias e representações articuladas entre si, detectáveis na própria análise, cuja natureza é essencialmente política. Ao afirmar que se trata de escamoteação de problemas de análise, parece-nos que ela reafirma a eficiência das metodologias de leitura.

As palavras-chave atribuídas ao livro O que é isso companheiro de Fernando Gabeira, exemplificam o que acabamos de expor.

Indexador 1: Brasil-História-Revolução,1964
Brasil-Política e governo
Indexador 2: Conto brasileiro
Indexador 3: Política (Brasil)
Indexador 4: Refugiados políticos (Direito Internacional)
Indexador 5: Romance Brasileiro
Indexador 6: Biografia histórica
Indexador 7: Elbrick, C. Burke, 1908-
Guerrilhas - Brasil
Brasil- História -1964-1985
Indexador 8: Brasil - Política e governo - 1964-1974
Brasil-História-1964-(Revolução)-Relatos pessoais

Este livro trata da participação do jornalista Fernando Gabeira no seqüestro de um embaixador americano, para a libertação de prisioneiros da guerrilha urbana brasileira ¾ é um depoimento.

Os assuntos atribuídos pelos indexadores 2 e 5 estão incorretos, visto a obra de Fernando Gabeira não ser ficção, e sim um depoimento sobre um fato real, como indexados nos conjuntos 6 e 8. O cabeçalho de assunto selecionado pelo indexador 4 "refugiados políticos (direito internacional)" representa o livro de um ponto de vista bem específico, não dando entrada para o contexto histórico e político, também relevantes nesta obra.

O indexador 7, da Library of Congress (Washington, USA), ressaltou o nome do embaixador americano, e também incluiu o termo "guerrilha".

Guerrilha é uma palavra com forte sentido político, evitada pelos bibliotecários brasileiros. Os usuários que consultarem as bibliotecas da Rede Bibliodata/Calco (Catálogo Coletivo que reúne bibliotecas universitárias, de instituições de pesquisa) e a Base de Dados Unibibli (Bibliotecas da USP, Unesp e Unicamp) não recuperarão a obra deste autor se fizerem uma pesquisa pelo assunto "Guerrilha".

Por outro lado, sabemos que todo leitor tem sua história de leituras, e este conjunto de leituras feitas por um leitor específico é um aspecto relevante que configura a sua capacidade de compreensão e a sua capacidade de sugerir palavras que mobilizem ¾ no sentido de trabalhar ¾ a memória discursiva, as histórias de leitura do leitor. Toca-nos aqui, a capacidade de compreensão do bibliotecário, leitor multidisciplinar.

O método de leitura do bibliotecário, como demonstramos, não garante a equivalência de sentido entre o texto-fonte e a sua representação (os termos selecionados como assunto para a teoria da indexação). As operações de análise e síntese para fins de análise documentária estão sujeitas a muitos outros fatores para além daqueles que uma metodologia possa disciplinar, administrar, conter.

Ao atribuir ao texto interpretações outras que aquelas esperadas pelo autor, pela instituição, pelos leitores, estes funcionários da leitura, por paradoxal que pareça, escapam desses mecanismos de controle a eles impostos: metodologias de leitura, estratégias, terminologias que tentam controlar a ambigüidade dos sentidos.

Esta categoria de leitores pratica a sua interpretação e as suas várias posições de leitura podem representar diferentes formações discursivas no mesmo texto.

Orlandi (1988)15 afirma que "a relação entre as diferentes formações discursivas no texto podem ser de muitas e diferentes naturezas: de confronto, de sustentação mútua, de neutralidade aparente, de gradação etc." . O Bibliotecário pratica um discurso em que estão presentes essas relações de naturezas diferentes.



CONCLUSÃO

Neste trabalho detivemos o nosso olhar na teoria e na prática de leitura do bibliotecário para fins de indexação, o que resultou em algumas constatações:

- o discurso que descreve a leitura do bibliotecário procura caracterizá-la como científica, logo neutra e apolítica;

- a leitura do bibliotecário simula o modo de produção industrial, buscando produtividade, rapidez, não dando margem a reflexão e ao acúmulo de conhecimento por parte do bibliotecário;

- esta leitura deseja-se rigorosa, transparente; o sujeito leitor não deve interpretar; a leitura deve ser literal, apreendendo o conteúdo do texto e produzindo representações do mesmo, simulacros, dando-lhe unidade por meio de palavras-chave;

- a leitura deve ser eficaz, administrável, controlada por intermédio de treinamentos rigorosos, obedecendo sempre a regras de objetividade.

Apontamos no curso desta reflexão para a divisão do trabalho de leitura da Idade Média: aqueles indivíduos autorizados a ler, falar e escrever em seus nomes (os cientistas, os intelectuais, os críticos) e os outros (os classificadores, indexadores, codificadores) leitores anônimos, cujo trabalho visava a sustentar a leitura dos primeiros.

Verificamos como esta divisão social da leitura evoluiu na atividade dos Bibliotecários, e constatamos que eles também têm a sua leitura, mesmo que condicionada à instituição que os emprega (o Estado, a Universidade, a Igreja, a Empresa etc).

Fechando mais o espectro de nossa análise, observamos a leitura do bibliotecário em sua prática de indexação. Observamos de que lugar lê este leitor. Aí constatamos como o sujeito leitor emerge, apesar de sua leitura estar subsumida aos interesses da instituição, apesar das linguagens documentárias (controle de vocabulário, de terminologia), trazendo consigo suas histórias de leitura.

Nossa análise explicitou a variação dos sentidos nas diferentes leituras de um mesmo texto (leitura polissêmica), contrapondo-se à leitura parafrástica ( os sentidos já previstos nas linguagens documentárias). Observamos que o leitor escapa a todos estes mecanismos de controle de sua interpretação, mas não escapa de suas determinações históricas (sua formação discursiva).

Relevante também é, para nós, o que a define, o aspecto da capacidade de compreensão da leitura do bibliotecário ¾ e algumas de nossas análises estabelecem o limite entre aquilo que é o mínimo e o máximo que ele chegou a compreender, apontando para a contradição do modelo de leitura (teoricamente) desejado para o bibliotecário: se esta leitura se quer rápida, produtiva, ela sacrifica a reflexão, impossibilita a interpretação, sem a qual este leitor não consegue apreender os sentidos do documento e, por sua vez, encontrar os descritores que seriam as palavras indicadoras das múltiplas possibilidades de leitura.

As metodologias da teoria da indexação, quer sejam atreladas ao texto ou às tradicionais, baseadas no bom senso e na intuição, não podem dar conta deste sujeito intérprete que emerge a partir da leitura.

Do confronto entre as histórias de leitura de um leitor específico, a sedimentação histórica dos sentidos ¾ as linguagens documentárias ¾ e a interdiscursividade ¾ todo discurso têm relação com outro(s) discurso(s) necessariamente ausente(s) que o determina(m) ¾ , desse confronto, dizemos, resulta a pluralidade de leituras apontadas em nossas análises, mediante as quais o bibliotecário se constrói enquanto sujeito leitor.

A leitura do bibliotecário como desejada por Mario de Andrade ( ) deveria tornar o livro completo para o leitor, sendo uma leitura classificadora e desdobradora de ofertas. O trabalho de leitura para indexação, que resulta na representação pelos descritores nos fichários, nos catálogos em linha, deve ser enriquecedor, ampliador de possibilidades.

Esta leitura não visa à produção de conhecimentos, à crítica. Visa, sim, ao pré-tratamento dos documentos para os leitores das bibliotecas.

Concluimos que seria desejável que este leitor pudesse ler de um lugar menos determinado (pelas linguagens documentárias ou por suas histórias de leitura), permitindo assim a abertura para as outras leituras possíveis.

O reconhecimento por parte do bibliotecário de que são constitutivos de sua leitura as suas histórias de leitura as condições de produção e o interdiscurso que o afetam podem contribuir para que ele reconheça e elabore os seus gestos de leitura.

Desta perspectiva, ele poderá descobrir, desdobrar novas leituras do material que indexa; sendo que a sua memória (as suas histórias de leitura), suas condições de produção não são problema, e sim qualidades que enriquecem a sua prática de leitura como indexador. Este reconhecimento deve levá-lo a explicitação daquilo que determina suas leituras, e fazendo isso ele terá condições de elaborar o seu gesto de leitura, informado por um instrumental teórico e metodológico presente no discurso biblioteconômico.

Compreender que há processos pelos quais os sentidos se produzem e condições e mecanismos de interpretação que definem os gestos de leitura dos sujeitos leitores, pode ajudar o bibliotecário nessa sua prática.



RERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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15. ________. Discurso e leitura. São Paulo: Cortez/ Campinas:Editora da UNICAMP, 1988.





Library science: production and administration of interpretation

Abstract
The work considers librarian reading for puposes of indexing, and using Discourse Analysis concepts places the librarian within the social context of reading.
Comparing texts on the theory of inderfing (the librarians method for reading) with keywords and subject heading which result from said reading these emerges the subjectivity of the reader.
It is concluded that the processes which affect the librarians reading in his/her indexing, togheter with the methodology supporting it makes such reading more fruitful and productive of representations of texts in databases.
Keywords
Librarian; Reading Interpretation; Indexing





Clarinda Rodrigues Lucas
Doutora em lingüística pelo Instituto de Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Campinas; chefe da Seção de Referência da Diretoria de Serviços ao Público da Biblioteca Central da Unicamp.




*Este artigo é parte da tese de doutorado" Indexação: gesto de leitura do bibliotecário", defendida no Instituto de Estudos da Linguagem na Universidade Estadual de Campinas, em novembro de 1996.





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