terça-feira, 13 de julho de 2010

1515 - HISTÓRIA DAS BIBLIOTECAS

APRESENTAÇÃO APRESENTAÇÃO HISTÓRICO HISTÓRICO OBJETIVOS OBJETIVOS DOCUMENTOS HISTÓRICOS DOCUMENTOS HISTÓRICOS INICIAL | A BIBLIOTECA | NOTÍCIAS | ARTIGOS | FALE CONOSCO Notícias



20/03/2009
História da biblioteconomia


Fonte: Biblioteca Virtual do Governo do Estado de São Paulo

A história da biblioteca e do bibliotecário no mundo

A história das bibliotecas, no mundo, acompanha a própria história da escrita e das formas de registro do conhecimento humano. Há relatos de bibliotecas na Antigüidade que já reuniam milhares de tábuas de argila. Mais tarde, surgiram as coleções de papiros e pergaminhos. A mais famosa biblioteca da Antigüidade foi a de Alexandria no Egito, criada no século III a.C., e que chegou a reunir cerca de 700 mil volumes de manuscritos. Ela compreendia dez grandes salas e quartos separados para os consulentes. A Biblioteca de Alexandria foi o grande marco da história das bibliotecas da Antigüidade e foi destruída por um grande incêndio provocado pelos árabes em 646 da Era Cristã.

Na Idade Média, existiam três tipos de bibliotecas: as bibliotecas dos mosteiros (lembradas por Umberto Eco, em seu livro “O Nome da Rosa”) e de ordens religiosas diversas, as bibliotecas das universidades e as bibliotecas particulares, quase sempre pertencentes aos reis, nobres ou grandes senhores. Estas últimas constituem a origem das bibliotecas nacionais.

Desde o surgimento das bibliotecas até o período da Renascença os guardiões dos livros não tinham uma existência social como os bibliotecários que conhecemos hoje; eram sempre eruditos (sacerdotes ou figuras da elite) que viviam reclusos em suas bibliotecas e preocupados em salvaguardar e copiar as obras dos acervos. As bibliotecas da Antigüidade e da Idade Média não tinham como objetivo dar acesso ao grande público, pelo contrário, eram símbolos de poder e acúmulo de conhecimento para os poucos que tinham o privilégio de consultá-las. Tanto que nas invasões e guerras, as bibliotecas não eram poupadas da destruição do inimigo, dada a importância simbólica que exibiam. Dizimar os símbolos do saber acumulado de um povo era, também, dizimá-lo da História.

Quando a tipografia foi criada na Renascença, o livro ganhou uma maior visibilidade e veiculação, tornando a biblioteca e, conseqüentemente o bibliotecário, mais populares. Mas o bibliotecário, nesse período, ainda era um erudito ou um escritor que cuidava dos acervos, à procura de paz para idealizar e escrever sua obra. Cabe dizer, também, que até a Idade Moderna as bibliotecas, arquivos e museus eram uma só entidade, onde eram guardados todos os tipos de documentos.

Com o surgimento do livro impresso, a biblioteca também ganha uma existência própria. A partir do século XVII, surgiram as primeiras bibliotecas públicas, patrocinadas por mecenas (pessoas que patrocinavam artistas e escritores para obter prestígio). A abertura maciça das instituições, até então restritas ao grande público, como museus e bibliotecas, deu-se a partir da Revolução Francesa, que também foi o estopim para os ideais de uma educação pública laica e gratuita. A figura do bibliotecário começou a ganhar uma visibilidade social e a biblioteca passou a não ser mais o local do saber e conhecimento restrito, mas sim o local que deveria ser organizado de modo que todos pudessem ter acesso aos conteúdos que ela disponibilizasse.

A partir de meados do século XIX, sentiu-se a necessidade de haver um profissional com formação especializada e técnica, pois se reconheceu que era uma profissão socialmente indispensável.

Foram desenvolvidas efetivamente, a partir dessa época, práticas e técnicas bibliotecárias a fim de sistematizar as informações existentes nos acervos das bibliotecas. Em 1876, por exemplo, Melvil Dewey publicou nos Estados Unidos a primeira edição de sua Classificação Decimal (para classificar assuntos) ou simplesmente CDD, primeiro sistema do gênero a ser amplamente adotado nas bibliotecas, inclusive até os dias de hoje. Embora desde a Antigüidade tenha-se pensado em formas para classificar as áreas do conhecimento humano, foi a partir deste momento que se pensou em criar sistemas de classificação bibliográfica universal com o objetivo de organizar os acervos de bibliotecas e facilitar o acesso dos usuários às suas informações. Outros códigos de classificação também foram sendo criados e utilizados ao longo do tempo.

Em relação à formação do bibliotecário, viu-se, a partir do século XIX, o desenvolvimento de dois modelos distintos de ensino e formação em Biblioteconomia: o francês (mais humanístico) e o norte-americano (mais pragmático e tecnicista).

O ícone do modelo francês foi a Ecole de Chartres, escola de nível superior que formou bibliotecários durante todo o século XIX, passando pela mesma formação reservada aos arquivistas - paleógrafos e arqueólogos; acentuando a sua base na cultura geral.

Nos Estados Unidos, já havia movimentos, desde 1876, em direção a um reforço maior na formação técnica dos bibliotecários, como publicações voltadas para bibliotecários e articulação para a criação de cursos de formação. Neste ano, aliás, a American Library Association é fundada. Melvil Dewey consegue formar, em 1887, a primeira turma de sua School of Library Economy, dentro da Columbia University, onde todas as técnicas profissionais eram ensinadas em apenas quatro meses.

Curiosamente, nessa mesma época, percebeu-se uma grande procura das mulheres pela profissão. Ainda era forte a resistência à entrada de mulheres no mercado de trabalho e nas universidades. Jeannette Kremer conta a seguinte história ocorrida com Melvil Dewey sobre a entrada de mulheres em seu curso: “Contra as ordens expressas dos curadores da Columbia University, ele [Dewey] abriu as portas às mulheres, que já somavam dezessete dos vinte alunos da primeira turma. Foi por esse motivo demitido da universidade, pouco depois. Em 1889 mudou a sua escola para a University of the State of New York em Albany, com um curso de dois anos em nível de graduação”.

Mais tarde foram criados, em todo o mundo, mais cursos de bacharelado e de pós-graduação em Biblioteconomia. Nas últimas décadas do século XX, a Biblioteconomia já tinha um caráter bem diferente do seu início, trabalhando com questões interdisciplinares como Análise Documentária, Lingüística, Lógica, Terminologia e Organização do Conhecimento.



A história da biblioteca e do bibliotecário no Brasil

A primeira biblioteca pública oficial do Brasil foi a Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, cujo acervo original foi trazido com a família real e a corte portuguesa, em 1808, quando Portugal foi invadido pelas tropas de Napoleão. Até então, durante todo o período colonial brasileiro, havia somente bibliotecas particulares e de conventos, destinadas a poucos e usuários.

O núcleo deste acervo (hoje incalculável pelo seu valor histórico) tem origem na antiga Real Biblioteca ou Livraria Real, criada no reinado de D.José I (1750 – 1777). Na verdade, esta Real Biblioteca substituía a anterior, muito mais antiga (iniciada por D. João I, que reinou de 1385 -1433) e que havia sido totalmente destruída pelo terremoto e pelo incêndio que ocorreram em Lisboa no dia 1º de novembro de 1755. Esta biblioteca era constituída pela Livraria Real (biblioteca privativa dos monarcas) e a do Infantado (biblioteca destinada aos infantes, filhos dos soberanos portugueses). A história desta biblioteca, que resulta na Biblioteca Nacional brasileira, perpassa boa parte da história de Portugal e faz parte do término do período colonial no Brasil, e cujas aventuras e desventuras são contadas no livro “A longa viagem da biblioteca dos reis: do terremoto de Lisboa à Independência do Brasil” de Lilia Moritz Schwarcz.

A fundação da Biblioteca Nacional ocorreu oficialmente em 29/10/1810, mas até 1814 quando foi franqueada ao público, ela era restrita apenas à família real e a poucos estudiosos, sendo que estes tinham de pedir autorização para consultá-la. A segunda biblioteca pública brasileira foi inaugurada na cidade de Salvador em 1811, por iniciativa particular (portanto, não governamental) de Pedro Gomes Ferrão Castelo Branco, com contribuições dos seus sócios. Alguns consideram, porém, que esta é a primeira biblioteca pública, pois a Biblioteca Nacional só foi aberta ao público em 1814. Em São Paulo, a Biblioteca Mário de Andrade (considerada a segunda maior biblioteca brasileira, depois da Biblioteca Nacional), foi criada em 1926, resultando da absorção, por parte da antiga Biblioteca Pública Municipal, de diversos acervos particulares e da Biblioteca Pública do Estado. Ganhou o nome Mário de Andrade em 1960.

O primeiro curso de Biblioteconomia no Brasil só teve início em 1915 (tendo sido criado quatro anos antes) na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, tendo cinco disciplinas e quatro cadeiras: bibliografia, paleografia e diplomática, iconografia e numismática. Este curso era baseado no modelo da Ecole de Chartres, com acento profundamente humanístico. Em 1922 foi extinto, mas foi reestabelecido logo em seguida (1933). O curso tinha duração de dois anos.

Os concursos visando a admissão de bibliotecários, promovidos pela Biblioteca Nacional, já ocorriam antes mesmo da realização do primeiro curso. Eram considerados rigorosos, tanto que o primeiro lugar do concurso de 1879 foi de Capistrano de Abreu, um dos primeiros grandes historiadores brasileiros. Porém, o cargo tinha o nome de “oficial” e não de “bibliotecário”. Em 1915 Manuel Bastos Tigre passa em primeiro lugar no concurso para bibliotecário do Museu Nacional, com tese sobre a Classificação Decimal (chegou a conhecer Dewey pessoalmente), tornando-se o primeiro bibliotecário por concurso no Brasil.

Em São Paulo, surge um curso elementar de Biblioteconomia instalado no Mackenzie College (atual Instituto Presbiteriano Mackenzie) em 1929, voltado para a preparação técnica dos funcionários da biblioteca da instituição. Este curso era orientado por Dorothy M. Geddes Gropp, uma bibliotecária norte-americana que tinha como função auxiliar e orientar a organização da biblioteca, além de substituir temporariamente a diretora Adelpha Silva Rodrigues de Figueiredo, que se ausentou para fazer um curso de Biblioteconomia nos EUA. O curioso é que a vinda de Dorothy suscitava comentários do tipo: “Será que para se colocarem livros nas prateleiras há necessidade de se importar uma técnica americana?”.

Porém, este ainda não poder ser considerado como o primeiro curso de Biblioteconomia de São Paulo, pois tinha um caráter de sanar necessidades práticas do exercício profissional dentro da instituição. Mas foi, sem dúvida, um primeiro passo para a formalização de um curso voltado à formação superior de bibliotecários em São Paulo.

Adelpha Rodrigues, diretora da biblioteca do Mackenzie College, desde 1926, ausentou-se de seu cargo de 1930 a 1931 para estudar Biblioteconomia na School of Library Science of Columbia University (a primeira escola na área, fundada por Dewey). Era a única aluna, dentre os 160 alunos de sua turma, vinda da América do Sul e a primeira brasileira a freqüentar o curso. Ela foi, dessa forma, a primeira bibliotecária brasileira a ter uma formação superior para essa área.

O primeiro curso regular de Biblioteconomia em São Paulo (e segundo no Brasil), de fato, surgiu em 1936, promovido pelo Departamento de Cultura da Prefeitura Municipal de São Paulo; e que teve como professores e coordenadores a própria Adelpha Figueiredo e outro renomado bibliotecário, Rubens Borba de Moraes. A Biblioteca Municipal de São Paulo serviu de laboratório prático para muitos futuros bibliotecários. Apesar dos altos números de matrículas, o curso teve a subvenção cancelada pela Prefeitura em 1939, pelo então novo prefeito Prestes Maia; sendo extinto neste ano. Porém, o curso ressurge em 1940, desta vez, incorporado à Escola de Sociologia e Política de São Paulo (atual Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo), que existe até hoje.

Pelo seu histórico, São Paulo desenvolveu um perfil mais “norte-americano” em seu modelo de ensino de Biblioteconomia. Esse perfil chegou a influenciar também os cursos do Rio de Janeiro e até mesmo da Biblioteca Nacional. Em 1940, o Departamento Administrativo do Serviço Público do Rio de Janeiro criou um curso intensivo de biblioteconomia, que funcionou até 1944, dentro dos “moldes norte-americanos” adotado em São Paulo, constituindo-o das seguintes matérias: catalogação, classificação, bibliografia e referência, organização e administração de biblioteca.

Outros Cursos de Biblioteconomia surgiram no país, e como não havia normas que disciplinassem o assunto, verificou-se uma variedade na duração dos cursos e na composição de seu elenco de matérias. Dessa forma, a Federação Brasileira de Associações de Bibliotecários - FEBAB, criada em 1959, empenhou-se na normalização dos cursos, obtida através da Resolução de 16/11/1962, do Conselho Federal de Educação, fixando o currículo mínimo e determinando a duração dos cursos de Biblioteconomia no Brasil.

Os cursos de pós-graduação na área da Biblioteconomia surgiram, relativamente, rápido. Em 1954 o IBBD (Instituto Brasileiro de Bibliografia e Documentação, que depois se transformou em IBCT, Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia) criou cursos de especialização. O primeiro curso de mestrado surgiu em 1970 na Universidade Federal de Minas Gerais. Muitos outros programas de pós-graduação em Biblioteconomia, Documentação e Ciência da Informação foram sendo criados. Por exemplo, mais recentemente o programa de pós-graduação em Ciência da Informação da Escola de Comunicações e Artes começou a funcionar de modo autônomo em 2006, para os níveis de Mestrado e Doutorado (até então, funcionava junto ao programa de pós-graduação em Ciências da Comunicação).

Após todo esse longo percurso sobre a história das bibliotecas e dos bibliotecários, também podemos entender melhor a origem de determinados estereótipos que acompanham a profissão; mas, sobretudo, podemos observar o quanto essa profissão, e conseqüentemente a formação voltada para ela, desenvolveu-se e transformou-se de um simples conjunto de práticas a uma ciência humana aplicada que relaciona-se com diversas disciplinas do conhecimento humano em prol da democracia da informação.

Fonte: Conselho Regional de Biblioteconomia 12 Região - http://www.crb12.org.br







Voltar | Topo | Imprimir Maceió, 13 de Julho de 2010. Pesquise em nosso acervo digitando aqui o que precisa ou realize uma pesquisa avançada.



Título:

Acervo:
Imagens Livros Mídias Periódicos Recortes Jornais Recortes Sites Teses











Perspectivas profissionais e educacionais em biblioteconomia e ciência da informação



Autor: Ricardo Rodrigues Barbosa









Preencha os campos abaixo e envie-nos dúvidas, críticas ou sugestões.



Nome:
E-mail:
Assunto:

Estado de Alagoas
Secretaria Executiva de Planejamento e Orçamento - SEPLAN
R. Dr. Cincinato Pinto, 503 - Centro - Maceió-Alagoas-Brasil - CEP.: 57020-050 - Fone: (82)3315-1533 - Fax: (82)3315-1524
E-mail: biblioteca@seplan.al.gov.br


COPYRIGHT SEPLAN

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Contador de visitas