quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

8137 - GUERRA DO CONTESTADO

A GUERRA DO CONTESTADO
Área conflagrada: 15.000 km²
População da época envolvida na área de conflito: aproximadamente 40.000 habitantes.
Municípios do Paraná, na época: Rio Negro, Itaiópolis, Timbó, Três Barras, União da Vitória e Palmas.
Municípios de Santa Catarina, na época: Lages, Curitibanos, Campos Novos e Canoinhas.
Início da Guerra: Dezembro de 1913, em Taquaruçu.
Tempo da Guerra: 26 meses.
Auge da Guerra: Março-abril de 1915, em Santa Maria, na Serra do Espigão.
Final da Guerra: Janeiro de 1916, em Perdizinhas.
Combatentes militares no auge da Guerra: 8.000 homens, sendo 7.000 soldados do Exército Brasileiro,
do Regimento de Segurança do Paraná, do Regimento de Segurança de Santa Catarina, mais 1.000 civis
contratados.
Exército Encantado de São Sebastião: 10.000 combatentes envolvidos durante a Guerra.
Baixas nos efetivos legalistas militares e civis: de 800 a 1.000, entre mortos, feridos e desertores.
Baixas na população civil revoltada: de 5.000 a 8.000, entre mortos, feridos e desaparecidos
Custo da Guerra para a União: cerca de 3.000:000$000, mais soldos militares
Algumas Conseqüências Imediatas:
?? 20/10/1916: Assinatura do Acordo de Limites Paraná-Santa Catarina, no Rio de Janeiro;
?? 07/11/1916: Manifestações nos municípios do Contestado-Paranaense contra o acordo;
?? De maio a agosto de 1917: Sublevação popular no Contestado-Paranaense, pró Estado das
Missões;
?? Maio e junho de 1917: Ascensão e assassinato do monge Jesus Nazareno;
?? 03/08/1917: Homologação final do Acordo de Limites;
?? Setembro de 1917: Instalação dos municípios de Mafra, Cruzeiro e de Porto União;
?? 1918: Reinício da colonização no Centro-Oeste Catarinense, por empresas particulares;
?? Janeiro e maio de 1920: Revolta política em Erval e Cruzeiro;
?? Março de 1921: Revolta de caboclos contra medição de terras, entre Catanduvas e Capinzal.
Alguns Antecedentes e Precedentes:
?? Ação judicial de Santa Catarina contra o Paraná em 1900, por limites.
?? Decisões judiciais do STF pró-Santa Catarina em 1904, 1909 e 1910.
?? Revolta do ex-maragato Demétrio Ramos na zona do Timbó, em 1905 e 1906.
?? Construção da Estrada de Ferro São Paulo - Rio Grande, de 1908 a 1910.
?? Criação dos Municípios de Canoinhas (SC) e de Itaiópolis, de Três Barras e de Timbó (PR).
?? Instalação da Southern Brazil Lumber & Colonization em Calmon (1908) e em Três Barras (1912).
?? Construção do Ramal de São Francisco, a partir de 1911.
?? 1911: Revolta do ex-maragato Aleixo Gonçalves de Lima em Canoinhas.
?? 1910-1912: Questão de terras da Fazenda Irani e da Cia. Frigorífica e Pastoril.
?? Combate no Banhado Grande, em Irani, em outubro de 1912.
?? 1911: Escrituração de glebas de terras devolutas do Contestado para a EFSPRG.
?? Disputas pela exploração dos ervais - concessões de Estados e Municípios.
?? Vendas suspeitas de terras no Contestado, do Estado para especuladores– “bendegós”.
?? Disputas eleitorais entre os coronéis da região pelos domínios políticos nos municípios.
?? Espírito guerreiro do Caboclo Pardo (Revolução Farroupilha e Revolução Federalista).
?? Religiosidade: Messianismo, misticismo e fanatismo da população cabocla.
?? Ideologia Nacionalista – Civilismo na República – Reestruturação do Exército.
Mapa que mostra onde ocorreram os combates.
Civis Armados, que integravam os vários piquetes contratados pelo Exército Brasileiro para auxiliá-lo nas
investidas contra os caboclos na Guerra do Contestado, de 1913 a 1916. Estes civis eram peões das
grandes fazendas da região, recrutados pelos fazendeiros – coronéis (da Guarda Nacional). No detalhe, os
facões, tipo “lapeano” ou “paraguaio” com uma lâmina de aço de 50 cm., muito usados pelos ervateiros
daquela época para o corte da ilex paraguaiensis nos ervais nativos, que também eram a principal arma
dos sertanejos revoltados.
Com a Região do Contestado cercada por mais de 8.000 soldados do Exército, do Regimento de
Segurança do Paraná e de esquadrões civis da Guarda Nacional, os caboclos catarinenses ficaram meses
seguidos sediados em seus redutos, tomados pela fome e pelo frio e, acometidos por tifo. Se mais
condições de resistência e de sobrevivência nas matas, muitos se renderam aos militares, na esperança de
obterem a liberdade e de serem instalados nas terras devolutas. Aqui, um grupo que se apresentou em
Canoinhas, saboreando um churrasco, sob o olhar de Henrique Wolland, o “alemãozinho” (que foi o
chefe de reduto e depois traiu os caboclos, passando a apoiar o Exército), ladeado por meninas “virgens”
e por curiosos soldados.
Grupo de Caboclos, após rendição em Canoinhas.
Marchando no campo de futebol da Vila Canoinhas, o 56º Batalhão de Infantaria, do Exército Brasileiro,
comandado pelo Coronel Onofre Ribeiro. A este destacamento coube a operação de guerra Linha Norte,
para proteger a Lumber, as fazendas, vilas e povoados nos vales dos Rios Canoinhas, Paciência e Timbó,
ao Sul dos rios Negro e Iguaçu, na Região do Contestado, inclusive na Linha Leste, na área entre Rio
Negro (Mafra), Papanduva e Itaiópolois. Para a sua Campanha do Contestado, o Exército trouxe à região
mais de 6.500 soldados, das armas da Infantaria, Cavalaria e Artilharia, das unidades do Rio de janeiro,
Bahia, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul, equipadas com fuzis, canhões, obuseiros e metralhadoras.
Logo depois do Combate do Irani (22 de outubro de 1912) – um ano antes da grande ofensiva militar
contra Taquaruçu, na deflagração da Guerra do Contestado (em dezembro de 1913) – forças do Exército
Brasileiro e do Regimento de Segurança da Paraná, oriundas de Ponta Grossa e Curitiba, que formaram a
“Coluna Pyrrho” atravessam a vila de União da Vitória, e direção à Fazenda Horizonte, marchando pela
Estrada Estratégia até a vila Palmas e o povoado de São João do Irani, com a missão de perseguir
sobreviventes do grupo que lutou ao lado monge João Maria, no combate em que foi morto também o
capitão João Gualberto, comandante da força paranaense, e também para patrulhar os trilhos da estradade-
ferro no Vale do Rio do Peixe.
Forças da Infantaria do Exército Brasileiro entrincheiradas ao redor da serraria da Southem Brazil
Lumber & Colonization Company, em Três Barras. As trincheiras eram construídas utilizados dormentes
da imbuia da Estrada de Ferro. Foto de junho de 1914 quando o exército enviou os regimentos para
proteger a sede da empresa norte-americana, ameaçada de destruição pelos rebeldes do Contestado. A 5
de setembro de 1914, os caboclos conseguiram incendiar totalmente a serraria e os depósitos de madeira
serrada da Lumber em Calmon.
O General Setembrino de Carvalho (o quarto da direita para a esquerda), Comandante do Quartel General
das Forças em Operação de Guerra no Contestado, em visita de inspeção à vila de Porto União da Vitória,
em janeiro de 1915. Para combater os caboclos, o Exército Brasileiro convocou batalhões de todo país e
também comissionou o Regimento de Segurança do Estado do Paraná, que cedeu 500 policiais militares
para apoiá-los nas ações bélicas na Região do Contestado, em Santa Catarina. Com o restabelecimento do
tráfego de trens pela Ferrovia São Paulo - Rio Grande na Linha que margeia o Rio do Peixe, as
composições eram usadas para o transporte de tropas, víveres e munições, entre os rios Iguaçu e Uruguai.
Acampamentos militares das forças de um Pelotão de Trem do Exército, na Fazenda São Roque, em
março de 1915, protegendo a reconstrução da sede (escritório) da serraria da Lumber em Calmon, que
havia sido Incendiada a 6 de setembro de 1914 pelos piquetes dos “fanáticos” (sic) catarinenses. Sob os
olhares complacentes das autoridades federais e estaduais, a Lumber estava devastando a rica Floresta da
Araucária, na parte setentrional da Região do Contestado, extraindo e serrando milhares de pinheiros e
imbuia, ao mesmo tempo em que impedia os sertanejos de extraírem erva-mate e colher pinhão, e os
expulsava das terras, que estavam sendo demarcadas para venda a imigrantes europeus.
Em fins de 1914, uma Companhia do 2º Batalhão do Exército Brasileiro, auxiliada por civis cedidos por
fazendeiros e trabalhadores da EFSPRG, faz o restabelecimento da linha telegráfica da Estrada de Ferro
São Paulo – Rio Grande entre Rio Negro e Canoinhas, considerada necessária para as comunicações entre
os oficiais das colunas militares, na área em conflito da margem esquerda dos rios Negro e Iguaçu. A
linha havia sido destruída pelos caboclos da Guerra do Contestado, no final do inverno. Nesta Campanha
pela primeira vez o Exército utilizou telefones, substituindo telégrafo, usando linha de fios erguida entre a
estação de Rio Caçador e povoado de Perdizes (hoje a vila de São Sebastião do Sul).

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