segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

8077 -CANAL DE SUEZ

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A ideia de ligar o Mar Vermelho ao Mediterrâneo já vem dos tempos do antigo Egipto. A solução encontrada na época foi a ligação do Mar Vermelho ao rio Nilo. Após a invasão do Egipto pelos Persas no séc VI aC, o rei Dário, completou a obra inacabada. O sistema estava dividido em duas partes. Um canal que ligava o golfo de Suez aos lagos Amargos e um outro que ligava os lagos ao Nilo. Depois da era ptolomaica o canal assoreou com as areias do deserto e tanto os romanos, no tempo de Trajano, como mais tarde os árabes, com através do califa Omar, reconstroem o canal sendo uma via vital de comunicações. Com o tempo, o deserto e as suas areias, voltaram a impôr a sua lei e a descoberta no séc.XV pelos portugueses da rota da Índia, através do cabo da Boa Esperança, votou o canal ao completo esquecimento.

Em 1541, D.João de Castro, no seu roteiro do Mar Roxo fala-nos deste canal. Os venezianos ao verem em perigo o seu comércio, por causa da nova rota das especiarias, tentam a reabertura do canal através de negociações com o Egipto. Devido à ocupação turca entre 1517 e 1805 esta possibilidade foi posta de lado. Em 1671 matemático Leibniz chega a propor a Luis XIV a abertura do istmo, ideia já avançada outrora por Alexandre. No início do séc.XVI, ao tomar conhecimento deste projecto, Afonso de Albuquerque, que tentava então ter o domínio do mar Vermelho, encara a hipótese de recrutar empreiteiros de aterros da Madeira, especialistas em escavar terra.

Durante a campanha do Egipto, Napoleão interessa-se pelo assunto e encarrega Charles Lepère de elaborar um estudo. Em 1832, um feliz acaso põe nas mãos de Ferdinand Lesseps, então vice-consul de França no Egipto, este estudo, que propõe seguir o antigo traçado faraónico. A ideia de unir directamente o Mar Vermelho ao Mediterrâneo é no entanto a opção de Lesseps. Só mais tarde, em 1854, quando Mohammed Saïd sobe ao poder por morte do vice-rei Abbas Pachá, é que Lesseps, graças à amizade que o une ao novo monarca, consegue fazer vingar o seu sonho. É então constituída a Compagnie Universelle du Canal Maritime du Suez de que Lesseps é naturalmente o administrador.


Ferdinand de Lesseps
Mohammed Saïd
Ismail Pacha Em 1859 começam as obras. As dificuldades foram imensas e o sucessor de Mohammed Saïd, Ismail Pachá, opôs-se ao sistema de recrutamento dos operários egípcios, que já na época foi descrito como de autêntica escravatura. Estimou-se a morte de mais de 120.000 operários durante a construção do canal!

A 15 de Agosto de 1869 as águas do Mar Vermelho entraram nos lagos Amargos que já recebiam as águas do Mediterrâneo através do lago Timsah. A inauguração, que realizou-se no dia 17 de Novembro de 1869 no meio de grandes e exuberantes festejos, foi presenciada por Eça de Queiroz que publicou no Diário de Notícias o relato do acontecimento com o título De Port-Said a Suez ou Carta sobre a inauguração do Canal de Suez inserida nas Notas Contemporâneas. O Cairo sofreu profundas alterações como uma ligação rodoviaria com Ismailia e a construção propositada de um teatro para que, durante a inauguração, pudesse ser representada a ópera Aida encomendada propositadamente a Verdi, que não chegou a acabá-la a tempo.

Inauguração do Canal de SuezForam convidados representantes da França, Inglaterra, Rússia e outras casas reais. Portugal não esteve oficialmente representado já que a corveta Estephânia desarvorou quando ia a caminho tendo regressado a Lisboa. O iate Aigle, com a imperatriz Eugénia e Lesseps a bordo, iniciou o cortejo que partiu de Port-Said. A intervalos de quarto de hora, seguiram o Greif com o imperador Francisco José, a fragata Herta do príncipe herdeiro da Prússia, o iate holandês com príncipe e a princesa dos Países-Baixos, o navio russo com o grão-duque Miguel e o general Ignatiev em representação do Csar, o Phyché com o embaixador da Grã-Bretanha em Constantinopla e cerca de mais 50 outros navios entre os quais o Fayoum que transportava o conde de Resende e Eça de Queiroz. As festas, que custaram ao kediva 37 milhões de francos, realizaram-se no dia seguinte em Ismailia. Partiram de novo no dia 19 e a 20 chegaram a Suez. Dez dias após a inauguração a barca Viajante acabou por ser o primeiro barco português a atravessar o canal.

Em 1875 o kediva estava em grandes dificuldades financeiras. A Grã-Bretanha, através do então primeiro ministro Disraeli, que assumiu toda responsabilidade do acto, comprou a totalidade das acções do kediva no valor de 4 milhões de libras, ficando assim com o controlo do canal, vital para a ligação com a Índia inglesa.

O facto de alguns países ocidentais, como a França, Inglaterra e os Estados Unidos, terem recusado um empréstimo para a construção da barragem de Assuão, fez com que o presidente egípcio Nasser, retaliasse com a nacionalização do canal em 1956. Os lucros obtidos através da companhia do canal de Suez ajudariam assim o projecto da barragem. Em 1967, durante a Guerra dos Seis Dias, Israel ocupou a penísula do Sinai, obrigando os egípcios a afundar 40 navios no canal de modo a encerrá-lo. Durante este periodo constroem-se os maiores petroleiros que voltaram a cruzar a velha rota do cabo. Só em 1975 Sadat obtém a paz com Israel reabrindo o canal ao tráfego.

Fonte: www.ancruzeiros.pt

Canal de Suez
No quadro dos acontecimentos do Egito, talvez seja interessante recordar um pouco a História do Canal de Suez, idealizado pela França, com operários egípcios, fator que era contra a vontade bem como a resistência tenaz por parte da Inglaterra, que nunca tinha desejado a construção desse caminho marítimo, a Inglaterra tentou bloquear o inicio da construção. Porém, por ironia do destino, mais tarde, a Inglaterra instalou-se no Canal de Suez chegando a estar diretamente envolvida na Administração da Companhia do Canal de Suez. A Inglaterra beneficiava-se dessa importante e grandiosa obra realizada por outros e que inicialmente não era desejada pela sua Majestade.

Os primeiros dados históricos sobre a tentativa de ligar o Mediterrâneo ao Mar Vermelho, na verdade, perde-se na lenda e na antigüidade.

Estrabão e Plínio atribuem ao faraó Sesostri a prioridade dessa idéia. Inscrições rupestres em Karna atestam que um Canal, permitia navegar pelo Mar Vermelho, até os Lagos Salgados, desde 1330 a.C.

Diz um historiador, conforme artigo publicado no Jornal Francês “Le Monde”, que os engenheiros franceses serviram-se desse antigo traçado, para executar a obra em 1859. A idéia teve seu desenvolvimento, quer entre os egípcios, quer entre outros povos que o dominaram.

Atribui-se na história que Trajano chegou a abrir um ramal do primeiro Canal, mas foi apenas em 1854, da era atual, que Ferdinand Lesseps – diplomata e engenheiro francês conseguiu recursos financeiros e apoio da família do Rei Egípcio “Mehmet Ali” para organizar a Companhia do Canal de Suez, iniciando, e logo após completando, a obra de abertura do Canal de Suez, apesar de tremenda oposição e tentativa de interferência da Inglaterra.

Em papéis de títulos representativos, no mercado de Ações de Valores, assim ficaram divididas as respectivas quotas , entre a França e o Egito:

França = 207.000 ações e;

Egito = 177.000 ações.

No dia 26 de novembro do ano de 1889 aconteceu, solenemente, a inauguração e abertura do Canal de Suez, para circulação dos navios, depois das lutas dramáticas de Ferdinand Lesseps, que não poderia ter realizado a sua grandiosa empreitada, sem o apoio pessoal de Napoleão III.

Durante os trabalhos da construção do Canal de Suez, ocorreu uma epidemia de cólera, ocasião em que morreram grande número de operários, então Lesseps teve que enfrentar uma séria crise que afinal acabou sendo contornada.

Quando Nasser anunciava a nacionalização da Companhia do Canal de Suez, em ato público na cidade de Alexandria, no discurso, o mandatário egípcio indicava que havia um registro no Cairo, dizendo que, uma cifra de aproximados 120.000 operários acabaram morrendo na crise da epidemia de cólera, sendo impossível controlar e saber a exatidão desses dados, muito embora aparente ser exagerada essa cifra estatística egípcia.

Perante a vitória da França, o Estado da Inglaterra, em pleno período imperialista e estendendo-se por toda África (na luta habilidosa, porém inútil, no Norte – contra a Espanha e França, para evitar no seu exclusivo interesse, o controle de Marrocos e Tunísia, assaltos a territórios portugueses, culminando no Ultimatum de 1890, na Guerra dos Boers, etc), resolveu interessar-se pelo assunto.

Porém um fato inusitado e “sui gêneris” havia acontecido em 1.875, quando o “Kediva” - Ismail do Egito, aceitou vender, tendo em vista uma séria crise financeira de origem obscura, as Ações Financeiras da Companhia do Canal de Suez, que o pobre Egito tinha em seu poder, e então o Inglês Disraeli, num golpe astuto e rápido, e “avisado” – comprou todas essas Ações Egípcias.

Esse acontecimento gerou um dos fatos mais curiosos e contundente dessa operação e transação financeira, que foi assinalada e divulgada por Leie Halevy ( “imperialismo and the rise of Labour”).

O que muito chamou a tenção, é que um artigo nesse novo contrato, estabelecia que por durante 19 anos, o Egito pagaria um juro de 5 % sobre o valor dessas ações vendidas à Inglaterra. Um absurdo!

E é o que se pode chamar de uma norma estranha (estranhíssima), a qual, nem Cristo, nem Maomé entenderiam muito bem. Mas enfim, a operação foi realizada, concretizada por Disraeli e pela Inglaterra, numa época passada, mas não de todo excepcional na sua história.

Outro acontecimento em 1876, quando a Inglaterra e a França estabeleceram, de fato, um Condomínio sobre o Egito ( cujo teor está contido no Livro de Jaques Pirene, intitulado – “Les Grands Ecourants de L’históire Universelle” à Pág. 476 – Volume V). - O “Khediva” egípcio querendo libertar-se da tutela de Londres e de Paris, na conformidade com o Acordo de Constantinopla, obrigaram-no a abdicar do seu trono, a favor de seu filho Tewfick. Daqui resultou um levante nacional contra a ocupação estrangeira, dirigida por Arabi, discípulo de Afghnani.

Tewfick – levado pelos acontecimentos, fez um apelo à população conclamando-a à “Guerra Santa”.

Os acordos firmados na Conferência de Constantinopla (1.882) vieram a provocar novos levantamentos populares, mostrando-nos que a luta pela libertação do Egito não é idéia de Nasser. Sendo mesmo lamentável que assumam, na pessoa do mandatário egípcio, uma tradição pobre e agora de aspectos antipáticos pela pessoa e métodos do ditador e demagogo líder egípcio – Nasser.

A França praticamente retirou-se dessa ocupação, e a Inglaterra não conformada, desembarcou tropas militares em Alexandria, as quais acabaram por destruir grande parte da cidade.

Paralelamente no Sudão acontecia um movimento insurrecional do antigo escravo Mohamed Bem Ahsmed, contra os ingleses, que tentavam apoderar-se do Alto Nilo. Em 1883, um exército da Inglaterra foi derrotado e depois de vários revezes Disraeli tentou novos entendimentos com a França. Havendo por parte da Inglaterra, a idéia de abandono parcial do Egito, mas vencido o movimento do Sudão e podendo exercer o domínio sozinho, resolveu ficar em condições juridicamente pouco claras à opinião pública mundial.

Uma nova Conferência em 1.888, fixaria as normas de como seria a Administração do Canal de Suez. O Canal de Suez ficaria sob a soberania teórica do Egito, que nunca teve a oportunidade de exerce-la, já que seu território estava ocupado pela Inglaterra. E para transformar-se em... digamos assim, uma situação de fato, uma situação de direito, no dia 12 de dezembro de 1.914, a Grã-Bretanha colocava o Egito em Regime de Protetorado.

Depois de muitas lutas, mais recentes e conhecidas, um Tratado de Londres no dia 26 de agosto de 1936, consagrava a independência do Egito. E há poucos dias – Nasser, por sua conduta e risco, nacionalizou a Companhia do Canal de Suez, cujo Contrato iria expirar no ano de 1968.

Deixando de lado a discussão sobre o direito de nacionalizar a Companhia do Canal de Suez, o que é evidente é o caráter de necessária internacionalização do Canal, conforme inscrito na Conferência de 1.888 e aceito no artigo 8, do Acordo de Suez, assinado em outubro de 1.954 pelo governo egípcio. Os EUA exerceram uma ação moderadora e noutra, desligando-se dos dois problemas, e, aceitara a internacionalização, garantindo a nacionalização do Canal com todas as vantagens para o Egito, é o único ponto de vista inteligente para Nasser, já que o direito absoluto sobre o Canal de Suez, no que concerne às retricidades da navegação, é inaceitável.

A Conferência que vai reunir-se sobre o Canal de Suez (bem como a própria ONU), estamos certos, encontrará a fórmula capaz de levar esta grave crise a uma solução pacífica. Garantir a liberdade dos mares é uma coisa, pretender impor à Companhia de Suez pelos canhões, é outra muito diferente.

A obra de Ferdinad Lesseps é imortal, e deverá servir ao mundo inteiro, que não imortalizou o golpe de Disraeli, levando em 1.875 o “Khediva” Ismail – do Egito, a vender-lhe ações e permitindo o domínio imperialista da Inglaterra de construir, intentou e mesmo assim não deixar construir.

Trecho da pesquisa dos arquivos do museu da cidade. O Artigo está publicado na terceira página do editorial do jornal “Diário dos Campos” de Ponta Grossa - Pr. do dia 7 de agosto 1956. - Theodoro Silva Junior

Fonte: www.batalhaosuez.com.br
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