terça-feira, 8 de junho de 2010

672 - QUEDA DO IMPÉRIO ROMANO

skip to main | skip to sidebar

Friday, February 24, 2006
Declínio e Queda do Império Romano - Sintomas atuais...
Esse deve ser meu último post até a quarta-feira de cinzas. Amanhã devo estar em Guarapari - ES. A verdade é que eu não gostaria de viajar. A viagem é longa e só vou usufruir 3 dias de praia. Mas, preciso sair com a patroa. Sabem como é.
Levarei para a viagem o livro "Declínio e queda do Império Romano" de Edward Gibbon. Comecei a lê-lo na semana passada e estou gostando. Gibbon, britânico, historiador que viveu no século XVIII, gostava das histórias relacionadas ao "fenômeno" Império Romano. O cara teve uma vida pessoal algo triste: Morreu antes dos 60 e por questões financeiras ele teve de abandonar seu grande amor. A história da vida pessoal dele já daria um livro ou um bom filme, mas não é o que interessa. O que interessa é que boa parte de sua obra não é datada. O que é incrível, afinal o cara escreveu a história do Império Romano no século XVIII. Muita coisa foi descoberta pela arqueologia de lá para cá que mudou o que se pensava e o que se ensinava como fato sobre os antigos Romanos.
O livro dele - Declínio e queda do Império Romano. Série "Companhia de bolso". Editora Companhia das Letras. R$ 27 – foi "enxugado" por um tal Charles Alexander Robinson Jr. O sujeitoa é fã de Gibbon e na década de 1950 adaptou o livro fazendo cortes na partes datadas e provadas erradas após a publicação do original. Como ele mesmo diz o livro é 96% Gibbon.
O início do livro é um pouco tedioso. Mas, isso não me incomoda. Minha teoria é que o autor tem 100 páginas para me convencer a continuar lendo-o. Se ele resistir a minha leitura de 100 páginas eu continuo, se não abandono. Resultado: raramente abandono um livro cuja leitura eu tenha iniciado.
Como o tema já indica, ele fala do declínio e queda. Ou seja, nada de origem do Império, primeiro e segundo triunvirato, "Et tu, Brute" etc.
Após uma descrição tediosa dos limites geográficos no auge do Império Romano : Ia desde atual Grã-Bretanha, passando pela atual Espanha e todo o norte da África até a Índia. Todo o mundo civilizado estava debaixo do Império.
Segundo Gibbon, o auge do Império foi na era dos Antoninos, por volta do fim do primeiro e todo o segundo século de nossa era.
Enquanto narra os aspectos relevantes da história, Gibbon pinça a narrativa com umas frases e observações que revelam seu pensamento. É interessante, pois a os livros de história de hoje tentam ser isentos (não conseguem, claro, mas tentam) e na verdade acabam "puxando a sardinha" para uma ou outra ideologia que o historiador simpatiza. Gibbon deixava claro seu pensamento a medida que narrava a história. Percebe-se que ele é liberal e tem um certo distanciamento crítico da religião.
Abre parêntesis: O cara ainda jovem, estudava a história de Roma e se converteu ao catolicismo. Seu pai, inglês e calvinista, mandou-o estudar com um clérigo calvinista para tirar o catolicismo da cabeça dele. Resultado: Gibbon desistiu da religião. Fecha parêntesis.
Ele tem umas frases ótimas (e só cheguei hoje ao terceiro capítulo do livro):

Frase de místico cético: "A predição contribui para seu próprio cumprimento."
Frase de pacifista: "Enquanto a humanidade continuar a prodigalizar mais aplausos a seus destruidores do que a seus benfeitores, a sede de glória militar continuará a ser sempre o vício das personalidades mais enaltecidas."
Sacaneando os franceses (é só trocar "gregos" por "franceses" e "romanos" por "americanos" e você atualiza Gibbon com perfeição): "[Os gregos] de há muito que se haviam civilizado e corrompido. Tinham bom gosto demais para renunciar a sua língua e demasiada vaidade para adotar quaisquer instituições estrangeiras. Conservando ainda os preconceitos de seus antepassados depois de lhes terem perdido as virtudes, afetavam desprezar as maneiras impolidas dos conquistadores romanos, enquanto estes se viam compelidos a respeitar-lhes a superioridade do saber e da capacidade. Creio que de Dionísio a Libânio, não há um só crítico grego que mencione Virgílio ou Horácio. Parecem ignorar que os romanos possuíam bons escritores."
Contra a igualdade (yeah!) ou Eu quero é luxo: "Refinamentos que tais, sob o odioso nome de luxo, têm sido severamente censurados pelos moralistas de todas as épocas, e talvez conviesse mais à virtude, tanto quanto à felicidade da humanidade que todos possuíssem só as coisas necessárias, não as supérfluas, da vida. Mas na atual condição imperfeita da sociedade, o luxo, conquanto possa advir do vício ou da estultícia, parece ser o único meio capaz de corrigir a desigual distribuição da propriedade."
"Não é tarefa fácil confinar o luxo aos limites de um império."

Tem outras que não lembrei de marcar. Mas ainda vou demorar um pouco até concluir o livro e certamente escreverei mais sobre o assunto.
Mas, o que me chamou mesmo a atenção foi quê coisas Gibbon já começa a destacar como os fatores que levaram ao declínio vagaroso de mais de mil anos (entre o segundo século até o século XIV) de Roma. Ele diz que no auge do império existia uma relativa paz nas províncias, as fronteiras estavam seguras. Então ele escreve:
"- Essa longa paz e o governo uniforme dos romanos instilaram um lento e secreto veneno nos órgãos vitais do Império. A mente dos homens aos poucos se reduziu ao mesmo nível, a chama do gênio morreu e até mesmo o espírito militar se evaporou."
E acrescenta: "- Uma nuvem de críticos, compiladores e comentadores escurecia a face do saber, e ao declínio do gênio seguiu-se em breve a corrupção do gosto."
Isso é só o começo das observações do cara.

Pensei muito na decadência do Brasil como nação. É impressionante como o diagnóstico da queda de uma civilização como a civilização Romana seja identificada tão de perto em muitos - talvez todos - os países do Ocidente.
Bom feriadão, Galera!
Posted by Blogildo at 1:22 PM
Labels: Edward Gibbon, Guarapari, Ocidente, Roma
3 comments:
SoL said...
Boa Viagem! Boa Leitura! E Bom Feriado para vc também! Aproveite! BjoKas na Gil!

3:31 AM
João Batista said...
Gostaria de saber mais sobre o anti-Cristianismo do autor e que grau de desonestidade ele é capaz de alcançar para super-estender o advento do Cristianismo como causa do fim do Império.

2:25 PM
Anonymous said...
necessario verificar:)

10:19 PM
Post a Comment

Newer Post Older Post Home
Subscribe to: Post Comments (Atom) Subscribe Now: google


Na mosca!

Adeus, Lênin!


Blog Archive
► 2010 (11)
► May (1)
O Grito!
► April (1)
Logorama.
► March (6)
Vascooooo!
Glasnot
Welcome to the jungle.
P@%$~!a, Maurício!
Por que não sou ecologicamente correto.
Mordóvia.
► February (2)
Melampo
Montes Urais.
► January (1)
Só na Austrália mesmo.
► 2009 (193)
► December (8)
Medo!
Personality goes a long way.
Humor involuntário.
AVATAR.
Que é isso?
É o bonde do Tigrão.
Da patetice.
Rio 2016.
► November (6)
Crepúsculo.
Berlusconi Rocks!
Pork's
"Isso é demais pra você?"
Fim do Mundo! De novo!
Fim do mundo! De novo?
► October (8)
Ateísmo e o campo da moral.
Barak Blogildo
Irmã!
Que preguiça!
I'm late!
We have found a witch!
Dia do orgulho ateu.
Cadê o mé?
► September (9)
Só me acordem depois que acabar! Que mês!
O Rio precisa de polícia!
A piada mortal.
Nova Iorque?
"Harder to get into than China".
'Acho que vou espirrar!'
Fala sério!!
Um mundo perfeito.
Liberals - Ann Coulter.
► August (14)
Batman III.
Yes We Can!
“Do lado do cipreste branco, à esquerda da entrada...
The Birthers.
13.
Ooops! She did it again!
Tales from the CryPT 2
Tales from the CryPT.
► July (32)
► June (15)
► May (12)
► April (20)
► March (24)
► February (25)
► January (20)
► 2008 (239)
► December (12)
► November (11)
► October (27)
► September (15)
► August (21)
► July (13)
► June (19)
► May (16)
► April (16)
► March (19)
► February (33)
► January (37)
► 2007 (375)
► December (30)
► November (31)
► October (47)
► September (34)
► August (44)
► July (20)
► June (36)
► May (32)
► April (24)
► March (31)
► February (14)
► January (32)
▼ 2006 (232)
► December (30)
► November (30)
► October (23)
► September (16)
► August (26)
► July (29)
► June (21)
► May (19)
► April (13)
► March (15)
▼ February (10)
Declínio e Queda do Império Romano - Sintomas atua...
Don’t follow me. I’m LOST too.
Bono Vox se esforça para angariar minha antipatia....
As mentiras que o Veríssimo conta - O Globo 16/02/...
Horário de Verão
Mini Ensaio sobre a breguice ou Bono Vox é brega!
O mito do Superman - Final
O mito do Superman - parte 2
O mito do Superman - parte 1
O Fim da AOL
Jurássico
Ana Maria Bahiana
Ann Coulter
Daily Mail
Dicitionary & Thesaurus
Dictionary
Diário do Comércio
Estadão
HowJsay
Joelmir Beting
Luciano Trigo
Merriam-Webster Online
Miami Herald
Mídia Sem Máscara
O Globo On Line
Olavo de Carvalho
Spectator
Veja On Line
Washington Post
Agora é Rock!
Alexandre Core
Amar-Ela
Amenidades & Bobajadas - Daniel F.Silva
Angelo da Cia.
Apaniguado
Atlântico
Avesso do Avesso
Blogue da Magui
Cantinho do Jota
Contatos Imediatos
Da Indignação
Daniela Vetro
Defensor - o maldito
Donald Soffritti
Epa!
Esboço de Palavras
Esquadrinhando
Esteticar
Estou de Olho
Fábio Mayer
Interzonne - Ollie McGee.
Itens Compartilhados - William
João Batista
Jus Indignatus
Kafé Roceiro
Labirinto do Sol e da Lua
Lumières
Lutinhas
Marcos Castelo
Marianita
Música - Livros
Nemerson Lavoura
O Direitista
Oliver Pry
OPINIÃO POPULAR
Opiniões do Aprendiz - Renato
OUTRAS LETRAS
Passos Urbanos - Márcia
Paulo Polzonoff Jr.
Pennsylvania 65000
Playground da Luc
Polegar Opositor
Pura Goiaba
Reinaldo Azevedo
Ricardo Soares - Rolling Stone
Riffs & Solos - Diego Matias
Rosa
Serjão
Suzy Tude
T.M.Q.C
Tambosi
Vaca Atolada
Blogs que acompanho.

About Me

Blogildo
O. Santos.
View my complete profile

Subscribe in a reader



COPYRIGHT A BLOGILDO O. SANTOS.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Contador de visitas