terça-feira, 8 de junho de 2010

661- QUEDA DO IMPÉRIO ROMANO

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Império Romano: a agonia de um gigante
Há pelo menos 200 anos germinava a crise política e social que levaria o Império Romano à ruína no ano 476. Até os soldados abandonaram seus postos, deixando a capital à mercê dos povos bárbaros
por Tâmis Parron
O Império Romano desmoronou melancolicamente em 476, quando o último imperador do Ocidente perdeu sua coroa. Cercado pelos bárbaros, o maior domínio político da Antiguidade estava numa situação tão desesperadora que um autor anônimo registrou, já no século 4, a sensação de encurralamento vivida pelo mundo civilizado: “É preciso que se saiba que o império contém por toda parte a fúria das nações que uivam à sua volta, e que a pérfida barbárie cobiça de todos os lados as nossas fronteiras”.

Os povos germânicos sempre tinham tentado, de fato, entrar no império, mas não de maneira tão violenta e aflita. É que desta vez eles estavam sendo expulsos de seus territórios por uma nação ainda mais atroz, os hunos, que vinham assolando tudo o que encontravam pela frente desde a Mongólia, sua terra natal, até o norte da Europa. E pior: Roma não era mais capaz de manter o exército imbatível de seus tempos áureos. Em meio a uma crise política e social, o império assistiu à deserção em massa de seus soldados cansados e famintos.

O teatro do triste fim do Império Romano já começava a ser montado no século 2. Naquela época, os romanos tinham estabelecido um enorme domínio com 3.700 km de norte a sul e 4.000 km de leste a oeste. Porém, o maior trunfo do império – seu tamanho – constituiu seu maior defeito: a comunicação entre centro e periferia se tornou escassa e deu margem a regionalismos. Tão distantes da capital, os generais das legiões que defendiam as zonas fronteiriças passaram a gozar de maior prestígio entre a soldadesca do que os próprios imperadores, enfurnados em Roma. Desse modo, após a morte do imperador Alexandre Severo, em 235, as legiões mais poderosas se sentiram à vontade para proclamar seus respectivos generais como sucessores. Em apenas 50 anos, 43 homens – quase todos generais – foram proclamados imperadores. Mas a disputa era letal: 37 deles pereceram de morte violenta.

Dividir para dominar

Para pôr ordem na casa, era preciso centralizar o comando do exército e abafar o regionalismo. No final do século 3, os imperadores criaram, então, uma guarda pessoal a fim de amedrontar os usurpadores do trono e também dobraram o tamanho do exército, que saltou de 300 mil para 600 mil homens. Diocleciano ainda instituiu a figura do segundo imperador e Constantino fundou, em 330, uma nova Roma em Constantinopla, plantando o embrião da futura divisão do império em duas bandas, a oriental e a ocidental. Com essas reformas, os governantes conseguiram assegurar o comando do exército e marcar presença nos remotos confins romanos, intimidando as pretensões de generais ambiciosos. Mas tudo isso custava muito dinheiro e exigia arrocho fiscal. E quem pagou o pato? O povo, claro. O efeito dos impostos foi arrasador. Os trabalhadores rurais fugiram dos cobradores, procurando abrigo clandestino junto a poderosos latifundiários. Era o prenúncio do regime de servidão da Idade Média. A debandada camponesa arruinou plantações e a falta de produtos no mercado provocou uma inflação galopante nas cidades.

Roma montava, assim, um exército gigante com pés de barro. Afinal, a crise econômica do século 4 minou as próprias legiões imperiais. Os soldados viviam em situação precária – sem comida e sem armamento suficientes – e, para piorar, sem receber o precioso soldo. Por falta de pagamento, as deserções tornaram-se alarmantes, obrigando os generais a preencher suas fileiras com brutamontes recrutados entre os povos germânicos. Mas a presença bárbara era uma faca de dois gumes. Por um lado provocou o êxodo urbano de pessoas temerosas de ataques traiçoeiros. Por outro, ajudou nas últimas lutas contra os inimigos. “A participação das tropas ‘bárbaras’, em que pesem seus problemas, foi importante em momentos cruciais, como na batalha de Châlons, quando os exércitos de Átila, o rei dos hunos, foram derrotados por uma coalizão de romanos e bárbaros”, diz Marcelo Cândido, professor de História Medieval da Universidade de São Paulo (USP).

Seja como for, o fato é que o império, minado por dentro, não conseguia oferecer eterna resistência aos novos invasores. Em 410 Roma foi saqueada pela primeira vez. Após o episódio, o poeta Namaciano tentou ignorar o óbvio e exortar as últimas forças da cidade: “Roma, você tem o hábito de acreditar na vitória no momento exato da derrota. Até Aníbal chorou, perante você, os triunfos que tinha alcançado. Você cresce nas desgraças: elas preparam a sua ressurreição”. Mas um anônimo, muito mais realista, diria algumas décadas depois: “A situação é clara. O Ocidente sucumbiu e o Oriente permanece intacto”. A História só viria a confirmar sua opinião.



Em tempos de crise, a fé floresce
Enquanto Roma, a “cidade dos homens”, chafurdava numa crise irreversível, o cristianismo consolidava a sua “cidade de Deus”. Aos poucos a nova crença ganhou apoio até dos imperadores: em 313, Constantino, já convertido, legalizou o culto de Cristo. Em 356, Constâncio empastelou templos pagãos e proibiu as antigas idolatrias. Em 380, finalmente, Teodósio tornou o cristianismo a religião oficial do Estado romano. Muitos historiadores interpretaram esse avanço como as causas do declínio de Roma. Na verdade, confundiram os sintomas com a doença: não foi a religião que debilitou o império. Foi a crise romana que obrigou os chefes de Estado a procurar no cristianismo um meio de estabilizar seus governos. “É preciso avaliar o problema sem paixão. A aliança com a nova fé em expansão propiciou ao império uma nova fonte de legitimidade. Um bom exemplo disso é o desenvolvimento de textos laudatórios que aproximavam os imperadores cristãos de Deus. O bispo Eusébio de Cesaréia, por exemplo, designava Constantino como o ‘amigo de Deus’, o ‘décimo terceiro apóstolo’ ”, esclarece o professor de história Marcelo Cândido, da USP.
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