segunda-feira, 7 de junho de 2010

619 - IMPÉRIO ROMANO

GE051007
A CRISE ROMANA 2
Frente: 01 Aula: 28
Fale conosco www.portalimpacto.com.br
PROFº: RAMIRO
O Declínio do Império Romano
Texto I
O Campo e a Escravidão no contexto de
crise do Império Romano
“Por uns dois séculos, a tranqüila magnificência da
civilização urbana do Império Romano escondeu os
limites subjacentes e as pressões da base produtiva
sobre a qual repousava. Ao contrário da economia feudal
que o seguiu, o modo de produção escravo da
Antiguidade não tinha um mecanismo interno natural de
auto-reprodução, porque sua força de trabalho nunca
poderia ser uniformemente estabilizada dentro do
sistema. Tradicionalmente, o suprimento de escravos
dependia muito das conquistas estrangeiras, já que os
prisioneiros de guerra provavelmente sempre haviam
proporcionado a principal fonte de trabalho escravo na
Antiguidade. A República saqueara todo o Mediterrâneo
para obter sua mão-de-obra, para instalar o sistema
imperial romano. O Principado deteve uma expansão
maior nos três setores remanescentes disponíveis para
um possível avanço – a Germânia, a Dácia e a
Mesopotâmia. Com o encerramento final das fronteiras
imperiais depois de Trajano, o poço de cativos de guerra
inevitavelmente secou.
A escravidão esteve no centro da crise do Império
Romano.
Já o negócio de escravos a nível comercial não
podia compensar as deficiências que disto resultaram,
pois sempre fora amplamente parasitário das operações
militares para a formação de seus estoques. A periferia
bárbara junto ao império continuou a fornecer escravos,
comprados por mercadores nas fronteiras, mas não em
número suficiente para resolver o problema do
abastecimento em condições de paz. Como resultado os
preços começaram a subir muito; nos séculos I e II d.c
estavam oito ou dez vezes acima dos níveis dos séculos I
e II a.c. Essa íngreme subida dos custos expôs as
contradições e os riscos do trabalho escravo para seus
proprietários. Cada escravo adulto representava um
investimento perecível para o seu proprietário e que era
perdido com a morte do escravo, de maneira que a
renovação do trabalho forçado(ao contrário do
assalariado) requeria um desembolso pesado naquilo que
se tornara um mercado cada vez mais restrito. Além do
mais, é claro, a manutenção da prole escrava era uma
carga financeira improdutiva para o proprietário, que
inevitavelmente tendia a ser minimizada ou negligenciada.
Os escravos agrícolas era abrigados em ergástulas que
eram uma espécie de galpões, em condições
aproximadas a de prisões rurais. As mulheres escravas
eram poucas, por serem normalmente inaproveitáveis a
seus proprietários a não ser para as tarefas domésticas,
porque havia uma falta de empregos adequados para
elas. Portanto, a composição sexual da população
escrava rural era, em sua maioria, masculina. O resultado
deve ter sido um costumeiro baixo índice de reprodução,
que diminuiria a extensão da força de trabalho de geração
para geração. Para contrabalancear esta queda, a
procriação de escravos parece ter sido cada vez mais
praticada pelos proprietários de terra no último
Principado, que dava prêmios as escravas que tinham
filhos. Embora haja pouca evidência sobre a procriação
de escravos no Império, pode ter sido este recurso o que
por algum tempo mitigou ou diminuiu os efeitos da crise
em todo o modo de produção depois do fechamento das
fronteras: mas isto não poderia proporcionar uma solução
a longo prazo. E, entretanto, nem a população rural livre
aumentava para compensar as perdas no setor escravo.”
Texto de Perry Anderson:
Os problemas no campo aceleraram a crise
econômica do Império Romano.
Fale conosco www.portalimpacto.com.br
Texto II:
A Crise Sócio-econômica
A retração das guerras de conquista desde o
início do Império fez com que o número de escravos
diminuísse constantemente, afetando a produção. No
entanto essa diminuição foi lenta e, em um primeiro
momento, não trouxe graves problemas, pois a
exploração das províncias aumentava, reforçando as
finanças do Estado.
No século III a crise econômica atingiu seu
apogeu, as moedas perderam valor e os salários e os
preços elevaram-se, provocando o aumento da população
marginalizada e maior exploração da mão-de-obra
escrava, responsáveis por revoltas sociais, exigindo a
constante intervenção militar. Reforçado o papel do
exército para a manutenção da ordem social,
contraditoriamente essa instituição desenvolveu um
processo de crise interna, denominada "Anarquia Militar".
A disputa entre generais por maior influência política,
principalmente entre os anos de 235 e 268, refletia a
própria desorganização sócio-econômica do Império, que
tendeu a agravar-se com o início das migrações
bárbaras.No final do século III o Império passou a
apresentar novas características, em grande parte reflexo
da crise do período anterior: O Imperador Diocleciano
dividiu o Império em duas e depois em quatro partes,
dando origem à Tetrarquia, numa tentativa de fortalecer a
organização política sobre as várias províncias que
compunham o império e aumentar o controle sobre os
exércitos, porém na prática essa divisão serviu para
demonstrar e acentuar a regionalização que já vinha
ocorrendo.
As migrações bárbaras foram outro fator que
contribuiu para agravar a crise do Império, processo
complexo que envolveu povos e circunstâncias diferentes.
Alguns povos fixaram-se em terras do Império e foram
fitos aliados, que a incumbência de defender as fronteiras
e em parte acabara incorporados ao exército; outros
ultrapassaram as fronteiras romanas derrotando as
legiões e saquearam as cidades.
A Desagregação:
Apesar desse conjunto de medidas, a crise
econômica aprofundava-se, assim como a presença de
povos bárbaros aumentava, estimulando a fragmentação
territorial e a ruralização, pois o desenvolvimento das
Villae estimulava uma economia cada vez mais voltada
para a autosuficiência. Esse fenômeno era
particularmente forte na parte ocidental do Império, onde
a presença bárbara foi muito maior e onde a decadência
do comércio foi mais acentuada. A divisão do Império em
duas partes no final do século IV também contribuiu para
esse processo: O Império Romano do Oriente, com
capital em Constantinpla ainda conseguiu manter uma
atividade comercial com outras regiões do Oriente,
enquanto que o Império Romano do Ocidente, com capital
em Milão, vivenciou o aprofundamento constante da crise.
Podemos perceber que nesse período de agonia final do
Império Romano do Ocidente, características que irão
sobreviver e que estarão presentes na Idade Média,
fazendo parte da estrutura feudal, como o trabalho do
colono e a organização das Villae, que servirão de
modelo para o trabalho servil e para a organização do
Feudo; assim como o cristianismo.
Na imagem acima, um retrato das inúmeras Invasões Bárbaras.
COMENTÁIROS:



COPYRIGHT DEVIDO AO AUTOR DO TEXTO.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Contador de visitas