sábado, 5 de junho de 2010

472 - OS ROMANOS

Corria o ano de 218 a. C. quando Cneio Cornélio Cipião desembarcou em Emporion à frente de um poderoso exército romano. No ano seguinte, o seu irmão Públio Cipião juntou-se-lhe para partilhar o comando das forças militares romanas na Península Ibérica. A chegada dos romanos não correspondeu, numa primeira fase, a uma intenção conquistadora, mas a uma manobra táctica no quadro da II Guerra Púnica, procurando atacar os cartagineses pela retaguarda e expulsá-los do território itálico.
Após a derrota de Aníbal, esta ocupação essencialmente militar e limitada ao sudeste da península começa a ceder lugar às primeiras tentativas de administração efectiva do território, acompanhadas da progressão para norte e ocidente. Registam-se então os primeiros confrontos entre romanos e lusitanos, estes comandado por Viriato, que opôs grande resistência ao todo-poderoso exército romano. A morte do carismático chefe lusitano abriu as portas à ocupação do extremo ocidental da Hispânia.


Paço de Ilhas
Ericeira
Mafra
Sto. André (Mafra)
S. Miguel de Alcainça
Mato Tapado
Peroleite
Cornadelas
Cortezia
Casal de Pianos
Castelo de Catribana
Ermidas
Areias
S. Miguel de Odrinhas
Funchal
Almorquim
Cheleiros
Lexim
Raimonda
Amoreira
S. João das Lampas
Faião
Rebanque
Armés
Montelavar
Granja dos Serrões
Casal do Silvério
Casal das Vivas
Aldeia Galega
Casal do Ulmeiro
Alto da Vigia
Janas
Morelinho
Sto. Amaro
Abóbadas
A dos Rolhados
Sacotes
S. Romão
Madre de Deus
Lugar do Marcador
Qta. da Areia
Mucifal
Sto. André (Almoçageme)
Colares
Galamares
Sta. Eufémia
Currais do Chão
Recoveiro
Azóia

A primeira grande campanha militar no que é actualmente o território português ocorreu no ano 138 a. C. e foi comandada por Décio Júnio Bruto. Sabemos por Estrabão que o general romano estabeleceu o seu quartel-general junto à cidade de Morón (local ainda não identificado, que se situaria a cerca de 100 km da foz do Tejo e que alguns julgam tratar-se de Santarém), no vale do Tejo, e fortificou Olissipo. A cidade que viria a tornar-se a capital de Portugal era de vital importância estratégica, controlando a entrada no Tejo e funcionando ainda como entreposto para abastecimento por via marítima dos exércitos em campanha.
Podemos pois com alguma certeza apontar o ano de 138 a. C. como o ano de chegada dos romanos à região de Sintra. Integrada no então denominado Município Olisiponense, a região sintrense ocuparia um território limitado a norte pela foz da Ribeira de Ilhas, a sul pelo Cabo da Roca e prolongando-se a leste por Almargem do Bispo e Negrais (ver mapa). É a região que Cardim Ribeiro, especialista em romanidade sintrense, denomina como zona W do Município Olisiponense.
Esta vasta região, que como podemos constatar ultrapassa os actuais limites do município sintrense, era, para os padrões da época, densamente povoada - são cerca de meia centena os locais até hoje descobertos com vestígios arqueológicos da época romana – e pautada por múltiplas villae de tipo latifundiário. A economia era essencialmente rural, revestido-se contudo de grande importância a exploração das ricas pedreiras de mármore que ainda hoje existem no concelho. Dada a primitiva navegabilidade do rio Lisandro, pelo menos até Cheleiros, que permitia a «exportação» do mármore via fluvial e marítima, as pedreiras contribuíram muito para o acentuado desenvolvimento sócio-económico da região.
Merece ainda uma especial menção a Serra de Sintra que, outrora como hoje, mais do que um mero acidente orográfico, se revestia de um profundo significado simbólico. É o Mons Sacer - Monte Sagrado - a que se refere Varrão, constituindo toda ela território sagrado. Aí os romanos ergueram diversos templos e santuários, de que hoje nos restam apenas memórias, consagrados ao Sol e à Lua, cultos que mais tarde seriam associados ao culto imperial.
De entre os numerosos vestígios romanos na região de Sintra, decidimos apresentar apenas aqueles que são potencialmente visitáveis e que poderão revestir-se de algum interesse para visitas de estudo. Incluímos um que, embora fora da denominada zona W do Município Olisiponense, faz hoje parte do concelho de Sintra: a Barragem de Belas. Lembramos ainda que qualquer abordagem da presença romana em Sintra passa obrigatoriamente pela visita ao Museu Regional de Sintra, onde se encontram expostos grande parte dos vestígios materiais da presença humana descobertos no concelho.



copyright ©: Carlos Pinheiro 1999

COPYRIGHT DEVIDO A CARLOS PINHEIRO.

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