quinta-feira, 3 de junho de 2010

152 - CIVILIZAÇÃO INDIANA

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Cultura e Religião


Uma das civilizações mais antigas do nosso planeta, a Índia é um país de contrastes. A diversidade de línguas, hábitos e modo de vida não impedem que haja uma grande unidade na cultura do país.Ao mesmo tempo que cada estado tem seu próprio modo de expressão, como na arte, música, linguagem ou culinária, o indiano é profundamente arraigado ao sentimento de amor à sua nação e tem orgulho de sua civilização ancestral, o que mantém vivas até hoje muitas tradições.

Talvez pela profusão de deuses adorados por diferentes segmentos da sociedade, a tolerância religiosa é algo inerente aos indianos acostumados a conviver com a diversidade, como as línguas diferentes faladas muitas vezes por vizinhos. Nos dias de hoje ocorrem conflitos religiosos, mas isso não pode ser considerado característico.

Muita coisa causa estranheza no ocidente, pois são muitos símbolos, muitas deidades, muitos rituais. A maioria é relativo ao Hinduísmo, que ainda é a religião com mais seguidores na Índia, seguido pelo Islamismo e o Budismo. O Hinduísmo é tão antigo quanto a civilização da Índia, tanto que a palavra "hindu"é erroneamente usada para dizer " indiano", e toda a simbologia é vista pelos outros países como se representasse a própria Índia.

"Por quê Ganesha tem cabeça de elefante? Como o ratinho tão minúsculo pode ser o seu veículo? Porque algumas pinturas mostram os deuses e deusas com tantos braços? "Não podemos entender a Índia sem entender o significado de símbolos como o Om , a swastika, o lotus que revelam fatos sobre a cultura do país, desenvolvidos por centenas de milhares de anos. Apenas aqueles que estudaram a cultura intensamente podem entender o significado intrínseco desses símbolos, mas é uma obrigação moral de todo indiano se dedicar ao conhecimento da simbologia cultural da Índia.


SÍMBOLOS

A principal mensagem dessa cultura é a aquisição de conhecimento e a remoção da ignorância. Enquanto a ignorância é como a escuridão, o conhecimento é como a luz.
A lamparina, chamada de deepak tem muita importância como símbolo pois, tradicionalmente feita de cerâmica, representa o corpo humano porque assim como o barro, também viemos da terra. O óleo é queimado nela como um símbolo do poder da vida. Uma simples lamparina quando imbuída desta simbologia chama-se deepak e nos dá a mensagem de que toda e qualquer pessoa no mundo deve remover a escuridão da ignorância fazendo o seu próprio trabalho.Nos templos, sempre se oferece uma chama, significando que tudo que fizermos é para agradar a Deus.

Outro símbolo que causa curiosidade para os ocidentais é o Om, que representa o poder de Deus, pois é o som da criação, o princípio universal, entoado começando todos os mantras. Diz-se que os primeiros yoguis o ouviram em meditação, e esse som permeia o cosmos. É o número um do alfabeto, é o zero que dá valor aos números, é o som da meditação.

A flor de lótus, presente em muitas imagens, devido ao fato de crescer na água pantanosa e não ser afetada por ela representa que devemos ficar acima do mundo material apesar de viver nele. As centenas de pétalas do lótus representam a cultura da "unidade na diversidade".

A swastica, que causa estranheza quando é vista, pois para o ocidente é relacionada com o nazismo, é na verdade um símbolo de auspiciosidade, bem estar e prosperidade.Acima de tudo é uma bênção.

As divindades, com seus muitos braços, cada um deles carregando objetos ou armas, símbolos em si, como o lotus, livro, indicam as direções, a maioria representa os quatro pontos cardeais: norte, sul, leste e oeste. Qualquer poder do espírito supremo é chamado deus ou deusa, apesar de Deus ser Uno e Absoluto. Por isso são tantos, pois são muitas as manifestações de Deus.


RELIGIÃO

Outra coisa que é absolutamente importante para entendermos a cultura indiana é a crença na reencarnação, que para os hinduístas, assim como para muitas outras religiões, é um preceito básico e incontestável. Sómente considerando isso é que um ocidental pode entender o sistema de castas. Na filosofia indiana a vida é um eterno retorno , que gravita em ciclos concêntricos terminando no ceu centro, coisa que os iluminados atingem. Os percalços do caminho não são motivo de raiva , assim como os erros não são uma questão de pecado , mas sim uma questão de imaturidade da alma.. O ciclo completo da vida deve ser percorrido e a posição da pessoa em cada vida é transitória. Essa hierarquia implica em que quanto mais alto se chega na escala maiores são as obrigações. A roda da vida cobra mais de quem é mais capaz. Um Brâmane, por exemplo, que é da casta superior, dos filósofos e educadores, tem uma vida dedicada aos estudos e tem obrigações com a sociedade. As outras castas são: Kshatriya, administradores e soldados, Vaishya , comerciantes e pastores e Sudras , artesãos e trabalhadores braçais. Antigamente esse sistema de castas era seguido como lei, mas depois que Mahatma Gandhi, o grande personagem da libertação da India, contestou isso em nome dos direitos humanos, hoje na India a mobilidade social já se faz presente.

Mas nem tudo é hinduísmo na India. O seu maior cartão postal, o Taj Mahal, é uma construção muçulmana, um monumento ao amor, pois foi construido pelo rei para sua amada que morreu prematuramente. É uma das maravilhas do mundo, feito com mármore branco e ricamente decorado com pedras preciosas.

O Islamismo é fundamentado sobre a crença de que a existência humana é submissão (Islãm) e devoção a Allah, Deus onipotente. Para os muçulmanos, a sociedade humana não tem valor em si, mas o valor dado por Deus. A vida não é uma ilusão, e sim uma oportunidade de bênção ou penitência. Para guiar a humanidadde, Deus deu aos homens o Corão, livro revelado através do Anjo Gabriel, ao seu mensageiro, o Profeta Maomé, por volta do ano 610 DC. Um século depois, houve a grande invasão a Sind, que hoje está fora da India, na região do Paquistão, onde a língua Urdu , introduzida naquela época na região, permanece até hoje .Devido a fatores políticos, o Islamismo se espalhou pelo norte e hoje temos um grande crescimento dos seguidores do Islãm por toda a India.

Por volta do século XV o Islam estava dominando o norte da India e se tornou muito intolerante, não admitindo a existência daqueles que não acreditavam na sua religião. Os hindus estavam vivendo em condições desumanas, sendo reprimidos e até massacrados e as mulheres eram maltratadas. Por outro lado os hindus , com suas divisões de classes, suas superstições e parafernália de rituais, depois de séculos de invasões e dominação, passaram a ser humilhados em seu próprio país, proibidos de construir seus templos e até velar seus mortos. Nesse contexto surgiu o Guru Nanak , que mostrou que ambas as religiões estavam se distanciando dos princípios de Deus, de paz e amor na humanidade e inaugurou o Sikhismo, uma religião baseada em valores universais : amor, liberdade, dignidade, tolerãncia, harmonia, amizade, realização pessoal , auto confiança, serviço, caridade e sacrifício. Para um Sikh a geração de riqueza não é irreligioso, se for em benefício da sociedade e não apenas para si próprio. È uma fé baseada na realização de Deus dentro de cada um neste mundo e não depois da morte. .

O Budismo também se faz presente, já que a India é a terra onde nasceu Buda, e onde tudo começou. No tempo do Imperador Ashok, o grande rei unificador da Nação indiana, a maior parte se converteu ao Budismo, que alguns chamam de filosofia e não religião, pois não existe adoração a Deus e o ser humano é levado a conquistar a paz interior pelo caminho do meio, ou seja, o equilibrio. O sofrimento é causado pelo desejo e a prática da meditação é usada para aquietar a mente e procurar atingir o Nirvana, o estado de perfeita paz. As mais impressionantes representações do Budismo da época áurea se encontram nas cavernas de Ajanta e Ellora ,em Aurangabad. Esta última consiste em templos e monastérios erguidos pelos monges budistas , hinduístas e jainistas e contam a história das três religiões.

A vida do indiano é dividida em quatro fases, e essa divisão se chama Ashrama: a infãncia , a juventude, que é absolutamente devotada aos estudos, (não existe namoro nesta fase) , o tempo de se constituir familia, que é pela tradição arranjada pelos pais (este hábito está caindo em desuso com os tempos modernos) e na velhice a vida é dedicada à realização espiritual. Tal modo de vida mostra a grande importância dada ao conhecimento, e um grande número de indianos , apesar do alto índice populacional do país, e da pobreza que é conseqüencia disso, tem escolaridade e fala mais de uma língua.


CIÊNCIA E TECNOLOGIA

Quase tudo na India é espiritualidade, mas na verdade o grande propósito da cultura indiana é o conhecimento, e toda essa importância dada às religiôes se deve ao pricípio de que o propósito da vida na terra é sair da escuridão da ignorância e chegar à luz do conhecimento. O que muita gente não sabe é que o conceito do Zero nasceu na India, e também que a primeira Universidade , com o significado que a palavra deve ter, existiu em Nalanda, no estado de Bihar ,nos tempos ancestrais.

A matemática do modo como entendemos hoje em dia deve à India todo o seu fundamenrto,pois todo o sistema de numeração é indo-arábico, ou seja, os árabes buscaram na India e difundiram os algarismos que usamos até hoje. A fórmula de Bhaskara que foi criada na India é usada para resolver todas as equações de segundo grau.

A grande contribuição para o mundo além da filosofia , que faz parte da vida e todos os indianos, são os avanços na tecnologia da informação , pois a Índia hoje tem exportando Phd's na área de Softwares principalmente para a Europa e EUA. No Brasil, o Departamento de Microeletrõnica da Universidade de São Paulo, USP, o nosso Instituto de Pesquisas Espaciais, INPE, e o IPEN, Instituto de Pesquisas Nucleares contam com profissionais indianos em cargos importantes. No campo da pesquisa espacial, o telescópio Chandra, da NASA, que leva o nome do físico indiano, é superior em tecnologia ao Hubble, mais conhecido por ser responsável por telecomunicações.Outra área importante é a biotecnologia, campo que a India domina sobre muitos países.


ATUALIDADE

A contribuição da Inglaterra, país que colonizou a India, foi principalmente a introdução da lingua inglesa, que permite que haja uma língua comum falada em todos os estados, cada qual com sua lingua nativa. Mas, além disso, introduziram o sistema de trens , que cobre todo o país, o telégrafo e toda a modernização nas comunicações. A independência foi conquistada em 1947, após a célebre resistência pacífica liderada por Mahatma Gandhi, o grande personagem do século XX, que deu o exemplo para o mundo, ensinando que a paz é possível. Ele mobilizou a população a produzir os próprios tecidos, para mostrar que não precisavam depender da Inglaterra, por isso vemos sempre seu retrato com uma roca. Isso tornou-se um símbolo e hoje a produção e tecidos é um dos setores mais prósperos . A marcha do sal foi com a mesma intenção, provar que a India podia ser autosuficiente.

A auto-suficiência é uma realidade, principalmente com relação a alimentos. O fato de ter uma população em grande parte vegetariana, e mesmo os não vegetarianos não comerem carne de vaca porque ela é sagrada, faz com que os espaços não sejam ocupados com pasto, propiciando assim maior incentivo `a agricultura. Mesmo que muitas pessoas na India não tenham teto, talvez sapato, sempre existe comida fácil e barato, além da disposição de ajudar uns aos outros ser uma coisa natural no indiano.

Da mesma forma , a população cuida de sua própria segurança.É muito raro assaltos à mâo armada, situações de risco desta natureza, pois o povo religioso como todos sabem, tem uma atitude diferente da ocidental perante a miséria , talvez por ter uma cultura que não é baseda no "ter".Mas quando ocorre algo, os próprios cidadãos se encarregam de punir o delinqüente. Todos os templos exigem que se tirem os sapatos e estes são deixados do lado de fora. Mesmo com grande número de pessoas sem poder aquisitivo para comprar um sapato, estes não são roubados.

Outro aspecto da auto suficiência é o sistema de conselho municipal, chamado panchayati; cinco membros, geralmente mais idosos, portanto mais sábios, que cuidam dos assuntos da comunidade. Isso vem dos tempos ancestrais, decorrente dos clãs, que são chamados gotra, e foi caindo em desuso, mas a autoridade legal desses conselhos foi restaurada oficialmente em 1989 por Rajiv Gandhi. Não há melhor meio de se exercer uma educação em direitos democráticos do que a chance de exercitar eles mesmos. Dois milhões e meio de habitantes das vilas são eleitos para posições no panchayat e o governo exercido por pessoas comuns fazem da democracia um fenômeno genuínamente de massas

A democracia da India é a maior do mundo pela sua população, e o sistema político é parlamentar. Há duas câmaras, a câmara baixa ou "Câmara do Povo" (Lok Sabha) com 544 membros e a câmara alta ou "Conselho de Estados" (Rajya Sabha) co 245 membros . esta última não pode ser dissolvida. Há um Chefe de Estado e um Chefe de Governo, diversos partidos políticos e sindicatos.

CINEMA E ARTE

A Índia moderna, como todos os outros países, absorveu a cultura ocidental, mas talvez devido ao orgulho de sua identidade própria, sem perder as características culturais. Um grande exemplo é a indústria cinematográfica, que é a maior do mundo. O número de filmes feitos na India é maior que em qualquer outro país. A indústria cinematográfica surgiu em Bombay em 1913. Sete anos mais tarde produziu-se em Calcutá o primeiro filme em língua bengali e em 1934 foram inaugurados em Madras os estúdios destinadoss à produção de filmes em tâmil e telugo. Essa é a maior paixão do indiano. Os cinemas vivem lotados, eles adoram seus astros, e o estilo "bollywood" (Bombay é o pricipal centro cinematográfico) se faz presente nas ruas, com músicas que são presentes em alto e bom som em todos os lugares, o colorido que os indianos tanto gostam saindo dos saris, que ainda são uma constante, para as roupas ocidentalizadas, pelo menos nos grandes centros. Mas tudo tem a cara da India, não se vê uma invasão cultural como ocorre em outros países, que perdem a sua identidade em nome de serem modernos.

Esta diversidade colorida, esta mistura de línguas, religiões, saris e turbantes, além de arquiteturas diferentes, é o que o fazem da India este "Caldeirão Cultural".A princípio o ocidental acha que um sari é sempre igual ao outro, mas um olhar mais atento vai mostrar que conforme a região o modo de amarrar difere do outro, assim como dependendo da religião vemos os diferentes modos de se amarrar um turbante.

As religiões são o fator mais determinante nas expressões do povo, como podemos ver em todas as manifestações da arte. A literatura e a poesia nasceram como mais uma maneira de se conectar com o divino, assim como toda pintura ou escultura. Os poemas de Tagore e Kabir são lidos até hoje, e muitos quadros contemporâneos que podemos ver no Museu de Arte de Delhi fazem referência às tradições e mitos.

Apesar de tudo, quem imagina a India um país místico, com cheiro de insenso e cheio de guirlandas e santos vagando pelas ruas, deve saber que é tudo verdade, mas convivendo lado a lado com um povo extremamente progressista, que gosta da modernidade e com uma identidade cultural única no mundo.


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