sexta-feira, 9 de novembro de 2012

NAUFRÁGIOS

Navigator 10 Arqueologia Subaquática no sítio do naufrágio da Praia dos Ingleses 1, Ilha de Santa Catarina


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Arqueologia Subaquática no

sítio do naufrágio da Praia dos

Ingleses 1, Ilha de Santa Catarina:

contribuição à História Marítima

do Brasil1

Francisco Silva Noelli

Arqueólogo, historiador, mergulhador

Alexandre Viana

Arquiteto, mergulhador

Marcelo Lebarbenchon Moura

Geógrafo, mergulhador

RESUMO

O artigo apresenta resultados preliminares da

pesquisa de arqueologia subaquática realizada

em dois períodos: entre março de 2004 e fevereiro

de 2005, e entre fevereiro e maio de 2009,

no sítio Praia dos Ingleses 1, na Ilha de Santa

Catarina, Brasil.

PALAVRAS-CHAVE: Arqueologia Subaquática;

Arqueologia Histórica; História Colonial do Sul

do Brasil

ABSTRACT

This article presents the preliminary results of the

underwater archaeological research developed

between two periods: March 2004-February 2005,

and February-May 2009, at site Praia dos Ingleses,

Santa Catarina Island, Brazil.

KEY-WORDS: Underwater Archaeology; Historical

Archaeology; Southern Brazil Colonial

A construção da história marítima do Brasil vem de longa data, com diversos temas de

interesse militar e civil. A base de dados predominante é a fonte escrita e a cartografia e,

eventualmente, são usadas as próprias embarcações e as estruturas terrestres, como os livros

clássicos de Antônio Alves Câmara (1888), sobre as construções navais indígenas, e de

Juvenal Greenhalg (1951), sobre o arsenal do Rio de Janeiro. A Arqueologia oferece dados

decisivos à pesquisa histórica, especialmente por ter a cultura material como objeto princi-

1 PAS - Projeto de Arqueologia Subaquática. Financiado pela Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado de Santa

Catarina (Convênio n. 1/2004 e n. 18.350/2008-4); Autorizado pela Marinha do Brasil (Portaria n. 59/DPC, de 3/6/2003

- D.O.U. n. 11, seção 1, p. 7, de 16/1/2004). Contrato de Autorização (n. 52.000/2003-015/00 – DPC/Marinha do

Brasil), acordado no dia 16/12/2003, entre a autoridade naval, ministro da cultura e o PAS. Projeto desenvolvido

em convênio de colaboração científica com a Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI/SC e com o Museu Casa do

Homem do Mar/município de Bombas.

Francisco Silva Noelli, Alexandre Viana & Marcelo Lebarbenchon Moura

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pal de trabalho. A vocação interdisciplinar,

com abordagens que superam as limitações

da fonte escrita, oferece análises e explicações

que o historiador não obteria, pelo fato

de não

ter acesso às informações que um naufrágio

ou um sítio arqueológico terrestre oferecem.

Os resultados dos últimos 50 anos demonstram

que a Arqueologia veio para ampliar a

capacidade de gerar explicações sobre qualquer

tema da História Marítima.

O Brasil criou um cenário favorável à

História Marítima com participação integral

da Arqueologia. Existe o caminho

pavimentado para a efetiva preservação

do patrimônio cultural representado pelos

naufrágios, baseado nos tratados internacionais

que o Brasil é signatário, como a

Carta Internacional do ICOMOS para a Proteção

e Gestão do Patrimônio Cultural Subaquático.

Existe o entendimento das autoridades

navais e civis para regulamentar o

acesso e a preservação dos naufrágios com

mais de 50 anos, e a nova legislação (PLC

45/2008) encontra-se em sua etapa final de

discussão no Congresso Nacional. Os pesquisadores

deram contribuição relevante

neste cenário, sobretudo o setor da Sociedade

de Arqueologia Brasileira, dedicados

à arqueologia subaquática, liderados de

forma exemplar por Gilson Rambelli. Existe

a compreensão objetiva para fomentar a

História e a Arqueologia Marítima, começando

pelo reconhecimento da necessidade

de ampliar o número de profissionais

especializados, institucionalizar o campo

científico, criar cursos e linhas de pesquisa

para aumentar a qualidade e a quantidade

da produção acadêmica (Moitrel 2006:94).

Nesta direção, o Projeto de Arqueologia

Subaquática (PAS) pesquisa o sítio Praia

dos Ingleses 1. O objetivo é a pesquisa arqueológica

e histórica de embarcações naufragadas.

Os desdobramentos dessa atividade

são a curadoria, o estudo dos artefatos

e a criação de um museu local destinado a

incentivar a preservação do patrimônio cultural.

O desenvolvimento de estudos sobre

cultura material, conservação de artefatos,

tecnologia náutica, economia marítima,

história e cultura dos trabalhadores do mar

também integram a agenda do PAS (Viana,

Correa, Moura 2004).

Este artigo apresenta resultados parciais

da escavação realizada entre março

de 2004/abril de 2005 e fevereiro/maio de

2009. Ainda desconhecemos a data do

afundamento e a identidade do barco. Contudo,

os artefatos e a pesquisa histórica

indicam que o naufrágio ocorreu em 1687,

que o barco possui técnicas construtivas

espanholas e que, ademais, foi capturado

por piratas que saqueavam a costa noroeste

da América do Sul, do Panamá e Nicarágua.

Os restos do casco estão totalmente

enterrados e a pesquisa foi determinada

pelo ambiente de praia, cuja dinâmica inconstante

limita a área de escavação a 4m2,

excepcionalmente de 8 a 12m2, e dificulta

a visualização e o registro, atrasando a obtenção

de dados para responder perguntas

sobre: 1) formação do registro arqueológico;

2) causa do naufrágio; 3) classe de barco;

4) composição da carga; 5) tripulação

Figura l: Localização do Sítio Arqueológico Praia dos Ingleses 1

Navigator 10 Arqueologia Subaquática no sítio do naufrágio da Praia dos Ingleses 1, Ilha de Santa Catarina

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e passageiros; etc. Dividimos a escavação

em duas etapas: 1) registro e remoção de

elementos pequenos; 2) o registro e a remoção

dos elementos estruturais do casco.

Entre as duas etapas, recobrimos as

madeiras com sedimento para protegê-las

da fauna marinha, ressacas e antropia. A

camada arqueológica é difícil de escavar,

pois é composta por toneladas de seixos de

lastro cobertos por areia, biodetritos e lixo

(detalhes da metodologia de escavação em

Noelli, Viana e Moura 2009).

A POSIÇÃO DO SÍTIO ARQUEOLÓGICO

Está na enseada da Praia dos Ingleses,

Norte da Ilha de Santa Catarina, litoral

Sul do Brasil (Fig. 1), nas coordenadas

27°26’12”S e 48°22’35”W, com uma área

estimada de 600m2 sob uma coluna média

com 2m de água. A visibilidade varia de 0 a

6 metros, com média de 80cm. A temperatura

varia entre 13 e 27oC, com média de 18o.

A FORMAÇÃO DO REGISTRO ARQUEOLÓGICO

O naufrágio compreende o afundamento

e a deposição de artefatos e seres

vivos no leito subaquático. Considerando o

processo de formação do registro arqueológico

(Schiffer 1987), o naufrágio possui

uma etapa deposicional e outra pós-deposicional.

Primeiro, os artefatos e seres vivos

dentro de um sistema fechado, ordenado e

dinâmico (o barco), sofrem um colapso que

resulta na deposição no leito subaquático.

Depois, na etapa pós-deposicional, o barco

e seu lugar configuram o sítio arqueológico,

que entra em equilíbrio com o ambiente,

onde alguns artefatos ficam preservados

e outros desaparecem por processos químicos,

físicos e biológicos. As condições

ambientais mudam e pode haver desequilíbrio

e rápida deterioração de materiais que

sobreviveram por muitos anos (Delgado &

Staniford 2002). Muckelroy (1978:157-159)

estabeleceu os parâmetros para compreender

esse tipo de formação do registro

arqueológico, sugerindo variáveis deposicionais

e pós-deposicionais. Para ele, a

evolução do naufrágio possui as seguintes

variáveis (incluindo a perda de elementos

embarcados pela própria dinâmica do sinistro,

salvatagem, etc.): 1) processo de

afundamento (pessoas e materiais flutuam

e saem da embarcação); 2) operações de

salvatagem (resgate de corpos humanos e

materiais); 3) desintegração dos perecíveis;

4) movimento do leito marinho; 5) materiais

depositados posteriormente no naufrágio;

6) características da escavação arqueológica;

7) topografia do leito marinho. Os itens

1 e 2 integram a pesquisa quando há relatos

do afundamento. O item 3 é possível

quando compara-se o registro arqueológico

com o manifesto da carga, lista da matalotagem,

lista de passageiros e o memorial

descritivo do barco. Os itens 4 e 5 devemse

a aspectos ambientais levantados em

campo. Os itens 6 e 7 dependem da perícia

para escavar com baixo impacto. Muckelroy

(1978:161-165), sugeriu coletar dados do local

de inserção do sítio para: 1) avaliar a sobrevivência

arqueológica e os elementos ambientais;

2) estabelecer classes de naufrágios.

O tipo de sítio do naufrágio da Praia dos

Ingleses, conforme Muckelroy (1978:164-

165), pertence à classe 2 (com elementos

estruturais, elementos orgânicos, muitos

objetos, distribuição espalhada-ordenada).

Os restos da embarcação estão enterrados

e ligeiramente inclinados no sentido longitudinal

acompanhando o perfil do leito

marinho, com a área da popa no local mais

elevado e sensível aos fatores erosivos. Não

há mound e o terreno tem declive suave e

aplanado. Nas fases erosivas prolongadas

surgem evidências no campo de destroços

na direção da praia e do costão, onde é mais

raso. O pacote de sedimentos estéreis sobre a

camada arqueológica varia com a estação, até

2,5m. A escavação de 220m2 (Fig. 2), foi realizada

na área da popa e no campo de destroços

a ré e a boreste dos restos do casco e há evidências

que permitem uma hipótese sobre as

causas do naufrágio: 1) encalhe em condição

de ventos do setor noroeste; 2) ruptura do casco

após impacto no solo; 3) partes do lastro

e da carga foram para fora do barco; 4) finalmente,

casco adernou/desabou para boreste.

A parte final da quilha apresenta dois

cravos com 1,7 e 1,5m de comprimento, 14cm

de diâmetro, retorcidos para boreste, uma

prova do desabamento da estrutura de popa.

Francisco Silva Noelli, Alexandre Viana & Marcelo Lebarbenchon Moura

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Figura 2: Sítio Praia dos Ingleses 1 Figura 3: Sítio Praia dos Ingleses 1

Figura 4: Leme e quilha em suas posições

no casco. Os cravos da quilha estão torcidos

para boreste

Navigator 10 Arqueologia Subaquática no sítio do naufrágio da Praia dos Ingleses 1, Ilha de Santa Catarina

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Essa parte da quilha, de fato os últimos 3,58m

de comprimento, apresenta marcas do impacto,

pois ela está quebrada (a peça original deveria

ter ± 9m e integrava o final de três peças,

cf. Aispuru 2003). A quilha está alinhada para

noroeste, em local sujeito à exposição nas fases

erosivas. A superfície da quilha apresenta

danos das vezes que ficou sem cobertura sedimentar,

causada pela fauna e não localizamos

as peças que estavam firmemente afixadas

nela, como a curva coral, a sobrequilha, o cadaste

de popa e a falsa-quilha (provavelmente

foram degradadas). Não tocamos a área central

e a proa, que estão enterradas. As madeiras

do costado apresentam as extremidades

próximas da popa com marcas de que também

ficaram sem cobertura sedimentar (Fig.

3). A cerca de 80cm da quilha encontramos

o leme intacto, indicando o limite da área

onde o pacote sedimentar deixava de afinar

a ponto de expor o registro arqueológico (Fig.

4). Além da quilha, não localizamos, nenhuma

parte estrutural do casco. As madeiras do

costado estavam entre o lastro, e pertencem

à área de transição da popa para o terço

central do casco. O desenho da escavação

mostra o topo do contexto arqueológico.

FONTES ESCRITAS E A FORMAÇÃO DO

REGISTRO ARQUEOLÓGICO

A maioria dos barcos europeus das

companhias comerciais e do serviço estatal,

depois de 1500, deixou algum rastro

documental náutico, alfandegário, burocrático,

militar, contábil ou pessoal. Outra

parte não deixou rastros, geralmente participando

de operações especiais de Estado

ou para companhias privadas, como os

corsários. Outros barcos não contabilizados

seriam os capturados por piratas, grupos

fora da lei. Eventualmente, é possível

que existam registros diretos ou indiretos

das testemunhas ou sobreviventes do naufrágio

ou, ainda, das tradições orais. O fato

é que a análise da formação do registro arqueológico

de um naufrágio nem sempre

incluirá dados históricos específicos.

Nossa compreensão do processo de

formação do registro arqueológico do sítio

Praia dos Ingleses 1 ainda é limitada às evidências

da escavação. Não conseguimos

localizar os dados históricos específicos e

completos do barco, mas procuramos fontes

do período 1680-1730 na: 1) bibliografia

brasileira; 2) bibliografia internacional; 3)

documentos publicados; 4) documentos

inéditos em arquivos brasileiros e outros

países. Estendemos o período considerando

a possibilidade de encontrar informações

produzidas posteriormente a 1687.

O naufrágio insere-se em um contexto

histórico complexo, dentro de um leque de

múltiplas variáveis, pois o litoral catarinense

oferecia abrigo e abastecimento às rotas

marítimas. Apesar de as técnicas construtivas

do barco sugerirem origem espanhola,

ele poderia estar a serviço de portugueses,

holandeses, franceses, ingleses, dinamarqueses,

alemães ou ser “não contabilizado”.

Poderia tratar-se de barco: 1) em cabotagem

Brasil-Rio da Prata; 2) espanhol

(militar, aviso ou registro) para o Rio da Prata

ou Pacífico; 3) português na carreira das

Índias; 4) europeu militar, de companhia

comercial ou de armadores autônomos;

5) corsários; 6) piratas; 7) europeu isolado

em rota aleatória. É importante ressaltar a

contínua presença dos barcos do comércio

triangular atlântico, que arribavam ao Rio

da Prata e ao Brasil para contrabandear,

usando o pretexto de tempestades ou avarias

(cf. exemplos em Molina 1966).

Revisamos a bibliografia brasileira, especialmente

de Santa Catarina, sem achar

nenhum registro explícito sobre o sítio Praia

dos Ingleses 1. A única informação existente

foi publicada por Coelho (1856:184): “essa

praia é chamada dos Ingleses por haver ali,

em tempos remotos, naufragado um grande

navio inglês, e que alguns vestígios ou

mesmo destroços foram descobertos pelo

temporal de março de 1838”. Essa referência

nunca foi repetida na historiografia catarinense,

ficando esquecida até agora. O

levantamento arqueológico na enseada não

localizou outros barcos afundados no período

colonial, fator que relaciona o sítio Praia

dos Ingleses 1 aos destroços noticiados por

Coelho. Nem os mais velhos pescadores artesanais,

cujos antepassados chegaram ali

há mais de cem anos, sabiam do naufrágio.

A época do afundamento coincide com

o início do processo colonial português na

Francisco Silva Noelli, Alexandre Viana & Marcelo Lebarbenchon Moura

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região e com a fundação dos primeiros núcleos

costeiros. O assentamento da Nossa

Senhora do Desterro (atual Florianópolis)

desenvolveu-se após 1673 e estava consolidado

em 1678. Em 1689, depois de um

ataque pirata, parte dos povoadores abandonou

a área e a colonização só foi retomada

em 1711, quando a população alcançou

aproximadamente 150 “brancos” (sem contar

índios e negros). Os colonos produziram

poucas fontes escritas e a maior parte foi

perdida. Os documentos conhecidos foram

publicados na íntegra ou resumidamente e

acreditamos que os historiadores não encontraram

informações sobre o naufrágio

(Boiteux 1931; Almeida 1957; Domingues

1973; Cabral 1979; Piazza 1983).

Estamos levantando a bibliografia internacional

sobre naufrágios, rotas de navegação,

armadores autônomos, companhias

de comércio e suas diversas rotas,

tráfico de escravos e outras. Trata-se de um

conjunto vasto e heterogêneo de fontes a

partir do século XVI (Mauro 1980, 1997),

com roteiros de viagens, listas de embarcações,

rotas, tripulação, passageiros, carga

e a história de cada barco, cujo exemplo é o

estudo das viagens da holandesa Vereenigde

Oostindische Compagnie (Companhia

das Índias Orientais) VOC (Bruijin, Gaastra

e Schöffer 1979-1983). Outro exemplo, mas

centrado no levantamento sistemático dos

naufrágios, é o estudo sobre as perdas portuguesas

na carreira das Índias (Guinote et

al. 1998), bastante completo sobre o período

1500-1699. Existem duas sínteses que

definem o campo de estudos das navegações

no Atlântico Sul, Seville et l’Atlantique

(Chaunu Chaunu 1955-1960) e Portugal, o

Brasil e o Atlântico (Mauro 1997), mas são

lacunares para a região Sul. O mesmo se

aplica à História Naval Brasileira (Guedes

1975-1985), que pouco tratou da costa meridional.

Existem estudos específicos que

revelam o fluxo da navegação entre o Brasil

e o Rio da Prata no período 1580-1700, basicamente

restritos aos barcos portugueses e

espanhóis (Canabrava 1944; Molina 1966).

Parte da solução é pesquisar documentos

publicados ou inéditos. Contudo, para o

minucioso conhecimento da navegação na

costa brasileira e no Rio da Prata é necessário

pesquisar em bibliotecas e arquivos

espalhados por três continentes (Mauro

1997 2:297). Para iniciar, buscamos as

publicações de crônicas e documentos

completos ou resumidos do período

1680-1730, sobre o Brasil meridional e o

Rio da Prata (Noelli s.d.:1).

Algumas pesquisas revelam o grande

potencial das fontes. Um exemplo é o levantamento

das 35 mil viagens na era do tráfico

de escravos no Atlântico, registradas no livro/

CD-ROM The Trans-Atlantic Slave Trade e

no site homônimo (Eltis et al. 1999; lacunar

para o litoral Sul do Brasil e Rio da Prata).

Também é importante a história da VOC, que

entre 1602 e 1798 construiu 1.600 embarcações,

transportou 700 mil pessoas em 4.789

viagens e sofreu 105 naufrágios (Gawronski

2002:565). Outra instituição colonial holandesa

foi a West-Indische Compagnie WIC

(Companhia das Índias Ocidentais), que

atuou entre 1621 e 1791. Sua área de operações

concentrou-se da África Ocidental às

Américas, entre o Trópico de Capricórnio e

o Cabo da Boa Esperança. Seu objetivo era

eliminar a concorrência, tomar as possessões

portuguesas e suas atividades incluíam

o corso. Consta que entre 1700 e 1730,

a WIC teve uma frota que oscilava entre 490

e 520 barcos (Paesie 2008). Outro exemplo

é a inglesa Company of Royal Adventurers

Trading to Africa, criada em 1660 para traficar

escravos. Em 1672 ressurgiu como The

Royal African Company (RAC), armando

249 viagens à África e às Américas entre

1680 e 1686 (Davies 1999:206). No período

1698-1709, ocorreram 601 viagens entre a

Inglaterra e a África (Rawley 2003:39). Os

franceses também atuaram no Atlântico

Sul, com companhias comerciais e grupos

de corso, chegando a capturar 45 barcos da

RAC, entre 1688 e 1712 (Davies 1999:206).

Entre 1713 e 1744, partiram da França 937

barcos rumo à África, mantendo sua presença

no Atlântico Sul (Rawley; Behrendt

2005:118). Da Bahia à África zarparam

463 barcos portugueses entre 1680-1713

(Eltis 2000:301).

Os números mostram que o Atlântico

Sul não era um deserto entre 1680-1730 e

que a costa meridional do Brasil estaria na

rota sistemática ou aleatória de inúmeros

Navigator 10 Arqueologia Subaquática no sítio do naufrágio da Praia dos Ingleses 1, Ilha de Santa Catarina

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barcos. Nossa investigação em andamento,

de mais de três mil títulos de arqueologia,

história, crônicas de viagem e coleções

de documentos publicados, registrou 262

barcos que aportaram ou passaram ao largo

da Ilha de Santa Catarina neste período

(média de 5,22 barcos/ano). Há cinco notícias

de naufrágios entre o Paraná e Buenos

Aires no período citado, mas nenhum próximo

à Ilha de Santa Catarina.

Um barco sobressai como candidato

ao naufrágio da Praia dos Ingleses. O historiador

Amílcar D’Avila de Mello, um dos

maiores especialistas da história colonial

catarinense (Mello 2005), nos sugeriu a

hipótese de que seria o barco de Thomas

Frins, possivelmente afundado em 1687. A

principal fonte dessa informação2 é a Nobiliarquia

Paulistana, de Pedro Taques de Almeida

(1980:85-86), que resumiu/transcreveu

partes do inquérito de Frins que consta

do livro de registro n. 4 da Real Fazenda de

São Paulo, feito pela justiça portuguesa em

Santos no dia 26/2/1688 (o livro 4 desapareceu

do Arquivo Público de São Paulo). São

as seguintes informações:

1. Thomas Frins era um pirata inglês,

navegando com mais sete ingleses;

2. Frins liderava um patacho;

3. Foi da Inglaterra para Porto Belo, Panamá;

4. Pertencia a frota de navios pequenos

e 900 homens, comandados por “Samoloy” 3;

5. “Andaram como piratas”, saqueando

as terras da Coroa espanhola: Panamá,

Callao, “barra da Ponta” (50), Porto Santo (90);

6. O barco de Frins separou-se da frota

nas imediações de Callao;

7. Ficou “por seis meses” procurando o

resto da frota;

8. Guerrearam em Porto Santo, no Pacífico,

e “ficaram destruídos”, sobrevivendo

Frins e sete homens;

9. Necessitando de água e reparos, arribaram

à Ilha de Santa Catarina;

10. Foram aprisionados por Francisco

Dias Velho em 1687, que inventariou e confiscou

a carga, e prendeu a tripulação.

O relato de Taques não é explícito sobre

o destino do barco de Frins: informou

estar avariado e tripulado por número insuficiente,

navegando precariamente do

Pacífico até Santa Catarina. Porém, é possível

deduzir que afundou, pois aportou de

arribada para reparos e abastecimento. A

confirmação estará em outros documentos

portugueses ou ingleses? Por que o barco

de Frins não consta do inventário feito por

Dias Velho durante a captura? O barco que

chegou avariado teria afundado? Os testemunhos

arqueológicos da Praia dos Ingleses

servirão para confirmar definitivamente

que foi o barco de Frins?

Os fragmentos da narrativa de Frins e

sua cronologia coincidem com os registros

da frota pirata comandada pelo inglês

Edward Davis, por volta de 1687. Em junho

de 1685, uma força de 960 homens de Davis,

reuniu-se para saquear colônias espanholas

no Pacífico (Burney 1891:207). A

Esquadra pirata chegou a ter dez barcos, a

maioria tinha pouca tonelagem, dos quais

sete foram capturados dos espanhóis. Todos

os locais mencionados no relato de

Pedro Taques foram assaltados ou visitados

pelos piratas: Panamá, Callao, “barra

da Ponta”, situada em 50, e “Porto Santo”,

posicionado em 90 (trata-se de Santa, na

costa peruana).

A parte inglesa da força surgiu em 1683-

84, quando uma tripulação da Virgínia encontrou,

na costa chilena e equatoriana,

dois barcos que zarparam separados do

Tâmisa. Em 1684, este grupo atacou e saqueou

vários portos e barcos entre o Chile

e El Salvador. A parte francesa associou-se

posteriormente, em 1685. É com esse grupo

que Frins atravessou o Panamá desde

o Atlântico, com 80 ingleses liderados pelo

“capitão Townley”. É importante salientar

que a força contava com várias nacionalidades,

incluindo indígenas e escravos liber-

2 Vários pesquisadores trataram do tema (cf. Boiteux 1931), mas nenhum acrescentou dados aos de Taques. O

nome “ingleses” apareceu pela primeira vez em 1776, no mapa da Ilha de Santa Catarina, de José Custódio de Sá

e Faria.

3 Samoloy é uma evidente corruptela da forma original, feita na elaboração dos autos ou posteriormente. Só não

sabemos quando, embora tenhamos candidatos para autoria do erro: 1) Lourenço Pereira, “Veneziano”, intérprete

de Frins nos autos; 2) escrivão dos autos; 3) Pedro Taques; 4) editor do livro de Taques. Acreditamos que foi a compreensão

errônea, possivelmente, dos nomes Swan e Townley, que atuaram associados por vários meses.

Francisco Silva Noelli, Alexandre Viana & Marcelo Lebarbenchon Moura

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tos pelos piratas. A aliança anglo-francesa

acabou em poucos meses, após vários ataques

bem-sucedidos aos espanhóis, mas

continuaram separados as razias na costa

entre 1685/86 e reuniram-se mais uma vez

em 1687 (Burney 1891:224). Dois cronistas

dos piratas, William Dampier ([1697] 1702

p. ex.:199) e Raveneau de Lussan ([1689]

1856:334), ajudam a elucidar parte do caso

de Frins: a força aumentou capturando barcos

espanhóis, formando tripulações lideradas

por quartermasters (contramestres),

com postos chaves dominados por ingleses

e franceses, além de outros europeus,

entre os quais espanhóis renegados, mais

escravos libertos e indígenas. O próprio Davis

foi um quartermaster nomeado capitão

geral após seu comandante falecer. Lussan

dá o nome a seis dos dez comandantes.

Seria Frins um dos quatro desconhecidos

ou ele assumiu após seu líder morrer em

combate ou doente?

A data da separação do barco de Frins

do resto da frota é obscura no relato de

Taques, mas é contextualizada nas fontes

espanholas. Os piratas sofreram vários reveses

entre junho de 1686 e junho de 1687,

no Equador e no Peru. Taques escreveu

que o desgarramento foi nas imediações

de Callao, mas os combates navais ocorridos

naquela área (maio/junho de 1687 cf.

Zapata [1757] 2005:117), não fecham com

outra informação de Taques. Se Frins procurou

seus companheiros por seis meses,

desde junho de 1687, não poderia ancorar

na Ilha de Santa Catarina naquele mesmo

ano, pois a volta do Peru levava em média

dois meses. As fontes espanholas mostram

que os últimos combates na região entre

Santa e Pisco, onde os piratas perderam

vários combates e tiveram muitas baixas,

ocorreram até junho de 1686 (Zapata [1757]

2005:279). Santa, situada ao Sul de Callao,

relativamente próxima, foi onde o grupo de

Frins “ficou destruído”.

Essa conta é coerente com uma informação

de Lussan (1856:251), sobre o encontro

do grupo francês, em abril de 1687,

nas imediações de Santa Helena, com um

barco espanhol apresado pelo grupo de

Edward Davis. O barco fora capturado na

altura de Nazca, transportava vinho e milho,

procurava pelos demais ingleses e era

tripulado por oito ingleses que desembarcaram

(atacaram) em “Sagua” (Tacna), Pisco

e Arica. A ligação com Frins não é explícita,

mas as coincidências com o relato de

Taques são evidentes:

1) barco isolado tripulado por oito

ingleses;

2) procurava pelos demais barcos ingleses,

dos quais perdera-se na costa peruana;

3) barco era uma presa espanhola;

4) participou de ataques às cidades da

costa peruana;

5) carregava uma carga de vinho (certamente

em botijas de uma arroba);

6) pretendia voltar para o Mar do Norte

(Atlântico), via Estreito de Magalhães.

O relato de Lussan é muito compatível

com o relato de Pedro Taques, apesar de

nenhum deles serem diretos e objetivos

com relação ao barco da Praia dos Ingleses.

Ambos tratam de um barco com oito

ingleses que se perderam do grupo principal

na costa do Peru, após combaterem na

costa, ao Sul de Callao. As coincidências

das demais informações também fortalecem

o depoimento desses ingleses em

duas ocasiões separadas, para ouvintes

completamente distintos (piratas franceses

e oficiais da justiça portuguesa), permitindo

construir um relato com a mesma

estrutura narrativa. E, como mostraremos

abaixo, os depoimentos são coerentes

com as evidências arqueológicas da Praia

dos Ingleses.

Finalmente, mais duas coincidências com

o inquérito de Frins: 1) Lussan (1856:340) informou

que a força capturara um patacho

espanhol em 13/5/1685 (seria o mesmo patacho

descrito por Pedro Taques?); 2) o barco

de Davis, Bachelor’s Delight (Encanto

dos Solteiros), teve quase o mesmo rumo

de Frins na volta do Pacífico: parou para

abastecer em Punta del Este no final de

1687 e, depois, costeou o Brasil (segundo

outro cronista dos piratas, o cirurgião Lionel

Wafer [1699] 1903:197). Parece que Davis

passou ao largo de Santa Catarina um

ou dois meses após a prisão de Frins. Testemunhas

espanholas (Sotomayor [1688]

1901 a, b), declararam que barcos ingleses

Navigator 10 Arqueologia Subaquática no sítio do naufrágio da Praia dos Ingleses 1, Ilha de Santa Catarina

101

aportaram em Maldonado, atual Punta del

Este; e que um de 200 toneladas aportou

de arribada em Buenos Aires antes de

abril de 1688. Será que Frins também parou

no Rio da Prata?

ALGUNS ACHADOS NA PRAIA DOS INGLESES

E SUA RELAÇÃO COM O BARCO

DE FRINS

A escavação revelou provas materiais

que coincidem com o relato de Frins e que

nos autorizam a sustentar a hipótese de

que o naufrágio seria o barco espanhol

capturado no Pacífico. O metate é originário

da América Central, com forma retangular

(52,28 x 35,12cm), tetrápode, de rocha

calcárea, usado para moer vegetais,

especialmente grãos (Fig. 5).

Outros testemunhos da costa Noroeste

da América do Sul são fragmentos cerâmicos

de vasilhas indígenas (Fig. 6) com características

da Área Intermediária (Willey

1966:254), que no Pacífico abrange as costas

do Panamá, Colômbia e Equador.

Outra evidência do Pacífico: fragmentos

fósseis da concha de loco (Concholepas

concholepas Martyn), um molusco da

família Muricidae apreciado como alimento

do Sul do Peru ao Sul do Chile (Fig. 7).

Relógios de sol, instrumentos auxiliares

de navegação (Fig. 8).

Uma escala de Gunther para navegação,

com marca e ano de fabricação pirografados,

é outra coincidência relevante e

que ajuda na datação relativa da embarcação

(Fig. 9). O ano é 1683, justamente quando

os dois barcos saíram da Inglaterra, e o

nome da marca é tipicamente inglês. Prova-

Figura 5: Metate, plano de topo, base e vista lateral

Figura 6: Fragmentos cerâmicos

Figura 7: Fragmento da concha de loco

Figura 8: Relógios de sol

Francisco Silva Noelli, Alexandre Viana & Marcelo Lebarbenchon Moura

102

velmente, a escala foi levada para o barco

espanhol com os instrumentos de navegação

dos quartermasters.

Uma clara evidência de artefato inglês

é a tampa de pewter de um frasco de vidro,

decorado com a Rosa dos Tudor, emblema

heráldico dos reis ingleses à época do naufrágio

(Fig. 10).

Um tinteiro decorado com a águia bicéfala

dos Habsburgos é um artefato espanhol,

provavelmente roubado com o barco

ou nas cidades saqueadas pelos piratas

(Fig. 11).

Achamos mais de 11 mil fragmentos

de cerâmicas, basicamente de botijas

de uma arroba do tipo Forma 1 (James

1988), usadas para transportar e armazenar

vinho, azeite, água, grãos, etc. Localizamos

dez botijas inteiras e restauramos

oito (Fig. 12). Resgatamos cerca de 270

gargalos. As botijas eram produzidas artesanalmente

em grande escala e tem

forma padronizada, não eram exatamente

iguais (Avery 1997), contendo entre 16

e 22 litros, pesando entre oito e 11 quilos.

A análise visual da pasta, da espessura

das paredes e do tratamento de superfície,

indica que as vasilhas não são de um

único oleiro, nem de uma única jazida.

Tal diversidade coincide com as informações

de que a força pirata saqueou botijas

de vinho e água em vários locais e

barcos por onde passaram (Burney 1891)

Encontramos dezenas de pederneiras,

cuja matéria-prima e origem ainda não foram

determinadas (Fig. 13).

Figura 12: Exemplares restaurados de botija de uma

arroba

Figura 9: Escala de Gunther

Figura 10: Tampa de

pewter decorada com

Rosa dos Tudor

Figura 11: Vista frontal do tinteiro com a águia bicéfala

Navigator 10 Arqueologia Subaquática no sítio do naufrágio da Praia dos Ingleses 1, Ilha de Santa Catarina

103

Também encontramos centenas de

munições de chumbo para mosquete e

pistola (Fig. 14):

Um cabo de espada de madeira enrolada

com fios metálicos e rolo de fio metálico

(Fig: 15):

Encontramos diversas facas envolvidas

em concreções (Fig. 16):

Exemplar de moitão (Fig. 17):

Exemplar de carregador de falconete

(Fig. 18):

CONCLUSÃO

O objetivo do PAS é criar as bases necessárias

para a construção de um Museu

de Arqueologia, História e Cultura Marítima

de Santa Catarina, dedicado à pesquisa

e à preservação da cultura material e

das tradições locais. A tentativa de despertar

o interesse pela preservação, tanto

da população local, quanto dos inúmeros

Figura 13: Pederneiras

Figura 14: Munição de chumbo

Figura 15: Rolo de fio

metálico e cabo de espada

Figura 16: Exemplar de faca envolvida em concreção

Figura 17: Moitão

Figura 18: Carregador de falconete

Francisco Silva Noelli, Alexandre Viana & Marcelo Lebarbenchon Moura

104

turistas da Praia dos Ingleses, foram objetivos

desenvolvidos desde os primeiros

dias no centro de visitação4 aberto na base

de pesquisas na Praia dos Ingleses. Mesmo

sem propaganda, o PAS recebeu mais

de 20 mil visitantes na base de pesquisas

da Praia dos Ingleses, incluindo grupos

de alunos e professores de várias escolas,

oferecendo exposição guiada e apresentação

de vídeo. Também realizou exposição

itinerante em eventos acadêmicos, culturais

e turísticos; palestrou em escolas e

salões comunitários. O PAS também tem

por objetivo criar uma linha de publicações

nas temáticas do museu, dirigidas

ao meio acadêmico e à divulgação científica,

com trabalhos próprios ou apoiando a

iniciativa de pesquisadores do passado de

Santa Catarina e Brasil meridional.

Para consolidar essa conexão e confirmar

que se trata do barco de Thomas

Frins, é preciso ampliar a base de dados

do Sítio Arqueológico Praia dos Ingleses 1

e finalizar o levantamento das fontes escritas.

A conclusão da análise do lastro será

decisiva para traçar as rotas e paradas da

embarcação. O mesmo quanto às botijas,

cuja análise da pasta poderá auxiliar na

definição da região de origem, pelo menos

se eram europeias, americanas ou de ambos

os continentes. O estudo do casco e

dos seus componentes poderá indicar sua

data e local de construção, de reformas e

ampliar os elementos que demonstram a

tecnologia naval espanhola. A análise do

conjunto de artefatos também é importante,

tanto para o reconhecimento de

cada peça, quanto para auxiliar no estudo

das rotas percorridas pela embarcação.

As fontes escritas terão peso importante

nessa etapa. Será fundamental encontrar

as listas de tripulantes do Nicholas

e do Cygnet, que zarparam oficialmente

da Inglaterra em 1683 e que devem ter

deixado registros burocráticos. O mesmo

com os companheiros do capitão Tonwley

que atravessaram o Panamá em 1684-85.

As fontes espanholas, tanto em Sevilha,

quanto na América, poderão dar informações

sobre o barco, exatamente quando e

onde ele foi construído e, depois de capturado,

em quais ações piráticas tomou parte

na costa do antigo vice-reino do Peru e

do Atlântico.

AGRADECIMENTOS:

Ao Governo de Estado de Santa Catarina,

especialmente ao empenho do Governador

Luiz Henrique da Silveira. À FAPESC,

pelos recursos para o projeto. À Marinha

do Brasil, pelo apoio e avaliação rigorosa.

A Cyro Corrêa Lyra e aos demais servidores

do IPHAN, pelo apoio e fiscalização

em diversos momentos. Ao Laboratório de

Oceanografia Costeira da UFSC, pelo suporte

à pesquisa geológica do mestrado

de Maurício Marino. A Amílcar D´Avila de

Mello, pelas várias ideias e sugestões. A

Márcia Arcuri, Fabíola Silva e Lúcio M. Ferreira

pelas sugestões e revisão do texto.

Aos membros e voluntários da ONG PAS.

4 Inscrito no Cadastro Nacional de Museus/MinC (ofício CT/DEMU n. 669/06, 26/10/2006).

Navigator 10 Arqueologia Subaquática no sítio do naufrágio da Praia dos Ingleses 1, Ilha de Santa Catarina

105

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108   COPÝRIGHT A\UTOR DO TEXTO.

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