sábado, 5 de junho de 2010

486 - IMPERADOR ROMANO

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11.1.2. Os Imperadores Romanos de 30 a.C. a 138 d.C.
A situação em Roma, cidade fundada, segundo a tradição, em 734 a.C., é a seguinte:

Otaviano, eliminados seus rivais, torna-se o único Imperador de Roma, sendo declarado vitalício em 29 a.C. e Augusto (= venerável), em 27 a.C. Otaviano, Augusto, ou César Augusto, governou de 30 a.C. a 14 d.C.

“Augusto era pessoa de grandes predicados pessoais: inteligente, diplomata, administrador eficientíssimo, e pessoa dotada de um grande encanto pessoal, mas firme e exigente no que se referia à execução dos seus planos. Soube cativar as várias categorias da população, desde as mais altas até as mais humildes, comenta Oliveira Leite Gonçalves[3]. Deixou fama de grande pacificador do mundo[4].

De Imperatoribus Romanis: Uma Enciclopédia Online de Imperadores Romanos


Tibério (14-37 d.C.), enteado de Augusto, é seu sucessor. Homem capacitado e bom administrador, mas que enfrenta grandes dificuldades no seu governo, criadas por seus colaboradores. Por isso, não pode evitar muitas crueldades surgidas na luta pelo poder. Além disso, é muito indeciso.

Quem o descreve impiedosamente é Suetônio, que viveu de aproximadamente 70 a 160 d.C[5].

Também Tácito (ca. 55-117 d.C.), apoiando o Senado, que não gosta do governo de Tibério, diz: “Na sua qualidade de Imperador, procurou simular um caráter virtuoso, enquanto Germânico e Druso viviam. Também enquanto sua mãe estava viva, sua vida foi uma mistura de bem e de mal. Embora sua crueldade fosse execrável, ele sabia esconder suas concupiscências, enquanto amava ou temia Sejano. Por último, pondo de lado o pejo e o temor, deixou-se levar pela loucura e devassidão, obedecendo tão somente aos seus instintos agora liberados”[6].

A Dinastia Júlio-Cláudia


Calígula (37-41 d.C.) deixou fama de cafajeste e monstro, um demente pródigo que dilapidou as riquezas acumuladas por Tibério e desonrou o cargo imperial. Morre assassinado por alguns conspiradores.

Cláudio (41-54 d.C.), o Imperador seguinte, é tio de Calígula, e é muito manobrado por Messalina e Agripina, duas mulheres terríveis. Agripina é a mãe de Nero, o tristemente famoso Nero.

Nero (54-68 d.C.), enteado de Cláudio, também deixou péssima fama, como dissoluto, frívolo e péssimo governante. Odiado pelo povo, acaba se suicidando, quando parte de suas legiões se rebela. É Nero quem incendeia Roma em agosto de 64 d.C. É também sob seu governo que explode a grande revolta na Judéia, para onde ele manda um grande exército, comandado pelo general Vespasiano e seu filho Tito.

Galba, Otônio e Vitélio são aclamados sucessivamente Imperadores, mas não se firmam no poder.

Galba dura seis meses e é assassinado.

Otônio fica três meses e se suicida.

Vitélio morre em luta contra Vespasiano.

Vespasiano (69-79 d.C.), aclamado Imperador pelas legiões de todo o Oriente, deixa seu filho Tito no comando da guerra contra os judeus e assume o poder. Deixou fama de ter sido um bom Imperador, pois, segundo os historiadores da época, governa com moderação e pacifica o império, pondo fim às várias lutas e intrigas.

Tito (79-81 d.C.) continua o governo do pai. É ele quem ataca Jerusalém na Páscoa de 70 d.C. com quatro legiões (cerca de 24 mil homens), conquistando-a totalmente até setembro. Seus habitantes são mortos, vendidos ou condenados a trabalhos públicos.

Domiciano (81-96 d.C.), irmão de Tito, tem apenas 28 anos quando é feito Imperador. Deixou fama de ser orgulhoso, antipático e autoritário. É assassinado.

Nerva (96-98 d.C.), um velho senador, é fraco no governo.

Trajano (98-117 d.C.), chamado de “Pai da Pátria”, é considerado ótimo Imperador.

Adriano (117-138 d.C.), seu sobrinho, ordenou a reconstrução de Jerusalém como cidade greco-romana e assim suscitou a insurreição chefiada por Bar Kokhba entre 131 e 135[7].

11.1.3. Os Herdeiros de Herodes Magno
O reino de Herodes Magno é assim dividido após a sua morte:

Arquelau ( 4 a.C.- 6 d.C.) é nomeado etnarca da Judéia, Samaria e Iduméia.

Herodes Antipas (4 a.C.- 39 d.C.) herdou, como tetrarca, a Galiléia e a Peréia.

Felipe (4 a.C.- 34 d.C.) recebeu como tetrarca, a Gaulanítide, Batanéia, Traconítide, Auranítide e Ituréia.

Vocabulário

Tetrarca: do grego téttara, téssara = quatro, e árcho = senhorio; portanto, tetrarca = senhor de um quarto (de território). Os romanos usavam o título mesmo quando o território era dividido em apenas duas ou três partes.

Gaulanítide: região da Transjordânia, assim chamada por causada cidade de Golan

Batanéia: região que ocupava parte da antiga Basan

Traconítide: região situada ao sul de Damasco, entre as montanhas do Antilíbano e a Batanéia. Significa “região pedregosa”

Auranítide: nome proveniente de uma antiga província assíria denominada Auran

Ituréia: região da Transjordânia, ocupada por uma tribo árabe aramaizada. Sua capital era Cálcis.



Arquelau é deposto por Augusto no ano 6 d.C., por causa das numerosas arbitrariedades que comete, entre elas a troca indevida de sumos sacerdotes. Uma delegação de judeus influentes vai a Roma falar com o Imperador e é atendida. A Judéia, a Samaria e a Iduméia passam, então, a ser governadas diretamente por procuradores romanos. A capital da província passa a ser Cesaréia.

Herodes Antipas constrói, no ano 17 d.C., a capital de sua tetrarquia às margens do lago de Genezaré e chama-a de Tiberíades, em homenagem ao Imperador Tibério. É muito amigo dos romanos e parecido com o pai. Casado com uma filha do rei nabateu Aretas IV, Herodes Antipas acaba por repudiá-la e casa-se com Herodíades, mulher de seu irmão Felipe. Isto lhe custa uma represália do rei nabateu Aretas IV, que, para vingar a filha, ataca Antipas, derrotando-o em 36 d.C.

João Batista paga com a vida a denúncia que faz desta união ilegítima. É preso e decapitado no começo do ano 29 d.C. Conhecemos deste episódio, em geral, a versão de Mc 6,17-29. Mas há também a de Flávio Josefo, que diz:

“Herodes o mandara executar, embora este fosse uma figura nobre, que exortava os judeus à busca da perfeição. Aconselhava-os a praticar a justiça uns para com os outros e, em seguida, a fazer-se batizar (...) Seus discursos possuíam extraordinária força de atração. Por isso, Herodes temia que o prestígio deste homem, cujos conselhos pareciam ser observados universalmente, levasse o povo à revolta. Por isso achou melhor eliminá-lo, enquanto ainda era tempo, do que, depois, cair sob a ameaça de mudanças da situação, e arrepender-se, quando já fosse demasiado tarde. Levado por esta suspeita, Herodes mandou prendê-lo e levá-lo para a fortaleza de Maqueronte (...) e aí executá-lo”[8].

É a Herodes Antipas que Pilatos manda o preso Jesus, segundo Lc 23,8-12.

Herodes Antipas é acusado por Herodes Agripa I, irmão de Herodíades, de preparar um golpe contra os romanos. O Imperador Calígula o depõe no ano 39 d.C. e o bane para a Gália. Sua tetrarquia passa para Herodes Agripa I.

Felipe é um bom governante. Transforma a aldeia de Betsaida em capital e lhe dá o nome de Julias, em homenagem à filha de Augusto. Reedifica Panéias e lhe dá o nome de Cesaréia (de Felipe) em honra de Augusto.

Morre sem herdeiros e sua tetrarquia é anexada à província da Síria. Felipe é casado com Salomé III, a de Mc 6,22-28.

Herodes Agripa I, amigo de juventude de Calígula (37-41 d.C.), recebe deste a tetrarquia de Felipe, com o título de rei (37-44 d.C.). Dois anos depois, ao ser desterrado Antipas, recebe sua tetrarquia e as terras de Abilene, tetrarquia de Lisânias. Em 41, quando Calígula é feito Imperador, Herodes Agripa I torna-se também rei da Judéia, Samaria e Iduméia. Torna-se, assim, rei de um território tão grande quanto o de seu avô, Herodes Magno.

É judeu observante e piedoso, amigo dos fariseus. Começa a construção da terceira muralha de Jerusalém, que tornaria a cidade simplesmente inexpugnável. Contudo, não pôde concluí-la, pois o Imperador, alertado pelo governador da Síria, proíbe-o de continuar a obra.

Morre repentinamente no ano 44 d.C., em Cesaréia.

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[3]. GONÇALVES, O. L., Cristo e a contestação política, Petrópolis, Vozes, 1974, p. 34.



[4]. Mas para uma avaliação a partir dos que “sofreram” a “pax romana”, leia-se WENGST, K., Pax Romana. Pretensão e Realidade, São Paulo, Paulus, 1991. O autor pergunta pelas conseqüências que a Pax Romana teve para os sem-nome, cujas lágrimas, sofrimentos e esperanças são apenas indiretamente testemunhadas.



[5]. Cf. SUETÔNIO, A Vida dos Doze Césares, Rio de Janeiro, Ediouro, s/d, pp. 127-169. Gaius Suetonius Tranquillus exerceu a advocacia nos tribunais de Roma e durante algum tempo foi um dos secretários imperiais sob Trajano. Neste função consultou os arquivos imperiais que estavam à sua disposição. Em seguida dedicou-se a estudos históricos e sobre a antigüidade. A obra A Vida dos Doze Césares (De Vita Caesarum), a mais importante das obras conservadas de Suetônio, contém as biografias de Júlio César e de onze Imperadores, de Augusto a Domiciano. “Essas Vidas mencionam a linhagem e a carreira de cada Imperador, mas consistem principalmente em anedotas, muitas delas baseadas em rumores ou simples boatos. Elas evidenciam pouco discernimento ou penetração histórica, porém incluem muitas alusões interessantes ou divertidas (...) Suetônio faz um relato interessante da estada de Tibério em Rodes, e reproduz as histórias escandalosas e talvez infundadas de sua vida mal vista em Capri”, comenta HARVEY, P., Dicionário Oxford de Literatura Clássica Grega e Latina, Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 1987, verbete Suetônio.



[6]. TACITO, Annali (texto latino a fronte), vol. I, Libro sesto LI, Milano, Rizzoli, 19873, p. 433. Publius (?) Cornelius Tacitus foi um tribuno militar, qüestor no reinado de Tito e pretor sob Domiciano. Prestou serviços no exterior, provavelmente como governador de uma província secundária. Suas obras históricas mostram-nos que Tácito foi um historiador com discernimento penetrante e um talento inigualável para uma apresentação incisiva dos fatos. Demonstra forte predisposição contra o caráter opressivo do sistema imperial. Em seu retrato de Tibério, o autor parece haver tratado sem espírito crítico a evidência relacionada com os vícios atribuídos ao Imperador, comenta HARVEY, P., o. c., verbete, Tácito.



[7]. Este provisório e simplificado quadro dos Imperadores, muito calcado sobre as avaliações pouco críticas dos autores antigos, pode ser corrigido com uma leitura de estudos criteriosos como os de PETIT, P., A Paz Romana, São Paulo, Edusp, 1989 ou ROSTOVTZEFF, M., Historia Social e Económica del Imperio Romano, 2 vols., Madrid, Espasa-Calpe, 1981.



[8]. JOSEFO, F., Antiquitates Iudaicae, 18, 117-119.




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