sábado, 5 de junho de 2010

448 - OS ROMANOS

10.º Ano História
A cidade no mundo mediterrâneo antigo: espaço político e espaço cultural
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Subtema 1.3.2. Aspectos da cultura romana
A vida cultural romana, tal como todas as realizações romanas, pautou-se por um
sentido prático, realista, virado para o concreto. Não significa este pragmatismo
que os Romanos desprezassem as coisas do espírito, pelo contrário, cultivaram as
artes e as letras com entusiasmo. No entanto, também aqui se reflecte este
espírito prático: por exemplo, a História não serviu apenas para relatar os factos
passados mas será para os Romanos uma lição de conduta individual e colectiva,
glorificadora da grandeza da sua pátria. De facto, ao contrário dos Gregos para
quem todas as coisas tinham que ser belas, os Romanos sentiam que todas as
coisas tinham que ser úteis.
Uma segunda característica da cultura romana prende-se com o processo de
síntese que a enforma. O grande Império Romano contactou com uma enorme
variedade de povos e modos de vida, o que possibilitou que os Romanos
absorvessem, em cada um, o que mais os atraía, incorporando constantemente
novos elementos culturais. Deste processo de síntese (original) de que resultou a
cultura romana, deve salientar-se: a influência etrusca, que lhe legou os
fundamentos da vida urbana, da hierarquia social e das primeiras crenças; a
influência grega, que lhe forneceu modelos artísticos, literários, filosóficos e
religiosos, e a influência oriental, que lhe incutiu o gosto pela monumentalidade,
pelo conforto, pelo luxo e também pelo misticismo. Das três civilizações, a herança
grega foi a mais marcante.
Relativamente à literatura, a cultura romana atinge o seu apogeu com os poetas
Horácio, Ovídio e Virgílio (do qual se destaca a obra Eneida, um canto às origens
de Roma e uma glorificação do principado de Augusto). Tito Lívio foi, sem dúvida,
o historiador romano mais importante e o seu texto História de Roma é uma
importante obra de exaltação da glória romana. Quanto à filosofia, a corrente que
maior adesão teve em Roma foi o estoicismo, criada por Zenão cerca do ano 300
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a. C.. Os estóicos exaltavam a Natureza e consideravam que a a comunidade
humana deveria interessar-se pela política, de forma a garantir o respeito pelo
Direito Natural, isto é, pelas normas ditadas pela Natureza. Dois outros
pensadores romanos de relevância foram Séneca e Marco Aurélio.
No respeitante às manifestações artísticas, foi no campo da arquitectura que o
espírito pragmático dos Romanos encontrou a sua expressão artística mais forte. A
paz prolongada e a prosperidade económica permitiram uma grande actividade
construtiva, sobretudo no domínio das obras públicas, e assim Roma e as cidades
provinciais enriqueceram-se com novos fóruns, templos, aquedutos, teatros e
construções comemorativas. Por seu turno, é nas construções religiosas que mais
se manifesta a influência helénica, ainda que as grandes dimensões de alguns
templos subvertam o sentido de proporção que os Gregos tanto prezavam. Por
outro lado, os arquitectos latinos souberam tirar partido de diferentes técnicas e
materiais e o seu espírito prático fê-los adoptar a forma de construção que melhor
se adaptava ao espaço que pretendiam obter (daí o uso, por exemplo, das
cúpulas, arcos e abóbadas). Em síntese, o que mais se evidencia na arquitectura
romana é o seu carácter essencialmente urbano e utilitário, ainda que muitas
vezes o seu génio construtivo estivesse ao serviço dos deuses e do imperador.
Aliás, o próprio gigantismo de certos edifícios romanos (aquedutos, anfiteatros,
termas, bibliotecas...) tinha uma intenção propagandística, dado que espelhava a
grandeza de Roma e dos seus imperadores.
Em relação à escultura, os Romanos não mostraram a mesma capacidade
inovadora dos arquitectos, deixando que a actividade dos seus colegas helénicos
dominasse a produção de estatuária; no entanto, souberam tirar partido de outra
vertente da arte de esculpir: o relevo. Usaram-no profusamente como elemento
decorativo e deram-lhe outra função – a de narrar os grandes feitos do povo
romano e dos seus chefes. Quanto à pintura, o sentido fortemente individualista
dos Romanos impõe-se no retrato, dando origem a obras de notável realismo,
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dado que se pretendia deixar uma imagem para a posteridade. O retrato
apresenta-se, pois, como uma afirmação do indivíduo, ressaltando os traços que
definem a sua fisionomia e a tornam única.
Em jeito de conclusão: embora nem sempre original, a cultura romana foi rica e
diversificada; revestiu-se de uma feição essencialmente prática; apoiou o poder
político, servindo-lhe de cenário e propaganda; criou condições para a afirmação
do individualismo; constituiu um veículo de divulgação da cultura grega e foi
universalista, estendendo-se a todo o Império, que unificou num só espaço
cultural.
Adaptado de O Tempo da História, vol. 1, Porto Editora

COPYRIGHT DEVIDO A PORTO EDITORA.

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