sábado, 5 de junho de 2010

411 - OS ROMANOS

MUSEU DE TOPOGRAFIA PROF. LAUREANO IBRAHIM CHAFFE
DEPARTAMENTO DE GEODÉSIA – UFRGS
CALENDÁRIOS ROMANOS
Texto original:
http://www.calendario.cnt.br/calendarios.htm
Ampliação e ilustração de autoria de;
Iran Carlos Stalliviere Corrêa
Museu de Topografia Prof. Laureano Ibrahim Chaffe
1- CALENDÁRIO ROMANO PRIMITIVO (RÔMULO)
1- 1 - FUNDAMENTOS
Para compreendermos bem o atual calendário, o gregoriano, o
acompanhamento "pari-passu" da evolução dos chamados calendários
romanos, desde o primitivo de Rômulo até o Juliano, é de
transcendental importância.
Mesmo através de uma seqüência de fatos, "pincelados" e
narrados sinteticamente, poderemos avaliar o quanto se desviou de
uma metodologia realmente sistêmica, para um processo de
conveniência, primeiro política, depois religiosa.
Constatar que a base do calendário atual, como veremos
oportunamente, é praticamente a mesma de 2.000 anos atrás é, para
todos nós que gostamos de uma sistemática eficiente, no mínimo
constrangedora.
Na época da fundação de Roma, 753 a.C., havia enorme
divergência entre os calendários utilizados pelos habitantes do Lácio;
atribui-se a Rômulo, o fundador lendário de Roma, a introdução do
primeiro calendário romano.
Para uma nação emergente, sem estudos próprios dos fenômenos
celestes, natural seria socorrerem-se de outros povos mais evoluídos e,
foi o que fizeram; basearam-se no calendário dos etruscos, povo que
habitava a região da atual Toscana, provavelmente quando Roma
estava sob o seu jugo.
O mais curioso era que, a cidade que praticamente dominou o
mundo antigo, no período da monarquia, mostrava-se débil.
1.2- SISTEMA OPERACIONAL
O ano tinha 304 dias com 10 meses lunares; sendo 6 meses de 30
dias e 4 meses de 31.
Martius - 31 dias - dedicado a Marte
Aprilis - 30 dias - dedicado a Apolo
Maius - 31 dias - dedicado a Júpiter
Junius - 30 dias - dedicado a Juno
Quintilis - 31 dias - significa quinto
Sextilis - 30 dias - significa sexto
September - 30 dias - significa sétimo
October - 31 dias - significa oitavo
November – 30 dias - significa nono
December - 30 dias - significa décimo
Constata-se de forma bem simples, uma diferença de 2 meses no
ano. Por mais desconhecedores dos estudos celestes, os primitivos
romanos não cometeriam tal erro. A explicação mais convincente se
aproxima do seguinte:
"Era usual, nas cercanias e em países de clima semelhante,
durante um período aproximado de dois meses, um inverno rigoroso;
rotulavam esse período de "estação morta", pois pouco ou nada se
fazia, principalmente em regiões aonde a principal atividade econômica
era a agricultura. Para que então, manter esses dias no calendário?
Seria perda de objetividade."
O início do ano correspondia ao nosso mês de março. Os quatro
primeiros meses receberam nomes de divindades romanas; os
restantes, apenas números ordinais.
Também, encontram-se registros que estipulam ao calendário
primitivo romano como sendo de 300 dias, ou 10 meses de 30 dias.
Vários historiadores sustentam essa tese, justificando o porquê.
Ano calendário 300 dias
10 lunações 29,5 dias 295 dias
diferença 5 dias
Desde os primórdios, 6 dias antes do término do calendário
normal, as pessoas em geral, com grandes festas, comemoravam o
encerramento do ano lunar. Esse dia especial recebia o nome de
Terminália, em homenagem ao Deus Termo, um dos seus deuses
mitológicos.
Termo era o protetor dos limites; indicava também os limites de
um território e, em certos pontos, indicava as milhas itinerárias.
RESSALVAS
Na verdade, o que se divulga como procedimentos relativos aos
calendários primitivos romanos, devem-se a duas personalidades:
Públio Ovídio Nasão e Plutarco
Todavia, há divergências entre os dois no que diz respeito aos
meses; vejamos um comentário em italiano extraído do site
1.3- CONCLUSÃO
Rômulo fez o ano de 304 dias repartidos por 10 meses, o que não
se harmonizava com as revoluções da Lua, nem com a do Sol.
Nas Saturnais, MACRÓBIO diz que, quando os frios caíam no
estio e os calores no inverno, se procurava acomodar o tempo à
estação deixando passar dias sem contar mês algum.
2 – O CALENDÁRIO DE NUMA POMPÍLIO
Numa Pompílio, que por tradição foi o segundo Rei de Roma
(715-673 a.C.), discípulo de Pitágoras, instituiu um calendário com
base astronômica solar, composto de 355 dias distribuídos por 12
meses.
Supersticioso, considerava os dias pares "azarados". Por isso,
diminuiu um dia a cada um dos seis meses de 30 dias. A estes 6 dias
juntou mais 50, formando dois novos meses, Januarius e Februarius.
Januarius, com 29 dias, é colocado sob a proteção de Janus, o
deus da mudança (dos começos e dos fins), com duas faces, olhando
em direções opostas, uma para a guerra outra para a paz, uma para o
passado (fim do ano) outra para o futuro (ano novo).
Februarius, com 27 dias, "azarado" por ser número par, é
dedicado ao deus da purificação dos mortos, Februa, a quem os
romanos ofereciam sacrifícios para expiar as faltas cometidas durante
todo o ano. Por esse motivo passou a ser o último mês.
Como nestas condições o ano tivesse 354 dias, número par e
portanto "azarado" segundo Numa Pompílio, ao mês de Fevereiro
acrescentou mais um dia, ou seja, Fevereiro com 28 dias.
Portanto o mês de Fevereiro passou a ser um mês "azarado".
Januarius (29 dias)
Martius (31 dias)
Aprilis (29 dias)
Maius (31 dias)
Junius (29 dias)
Quintilis (31 dias)
Sextilis (29 dias)
September (29 dias)
October (31 dias)
November (29 dias)
December (29 dias)
Februarius (28 dias)
Logo, no total o ano tinha 355 dias.
3 – O CALENDÁRIO JULIANO
Entretanto, os romanos sentiram a necessidade de coordenar o
seu ano lunar com o ciclo das estações e seguindo, de certo modo, o
exemplo dos gregos, estabeleceram um sistema solar-lunar
rudimentar, introduzindo no seu calendário, de dois em dois anos, um
novo mês, Mercedonius, assim chamado por estas intercalações
serem feitas na época em que os senhores outorgavam as suas mercês
aos escravos (uma espécie de gratificações voluntárias pelos serviços
prestados).
Mercedonius foi também conhecido por Mercedinus e Mensis
Intercalaris.
O Mercedonius, cuja duração alternava de 22 ou 23 dias,
intercalava-se entre 23 e 24 de Februarius, que se interrompia,
completando-se depois na mesma.
Quando isso acontecia, o ano tinha portanto a duração de 377 ou
378 dias.
Logo, e considerando o ciclo repetido de quatro anos consecutivos,
o ano assim formado tinha, em média, 366,25 dias:
(355 + 377 +355 + 378) : 4 = 366,25
Portanto, mais um dia do que o ciclo das estações.
Foram estabelecidas várias normas para atender a esse aspecto
que na prática não resultaram, pois as intercalações passaram a ser
feitas de acordo com interesses particulares ou políticos: os Pontífices
alongavam ou encurtavam o ano conforme os seus amigos estavam ou
não no poder.
A desordem atingiu tal ponto que o começo do ano já estava
adiantado de três meses em relação ao ciclo das estações.
Foi esta desordem que Júlio César encontrou ao chegar ao Poder.
Decidido a acabar com os abusos dos Pontífices, chamou a Roma o
astrônomo grego Sosígenes, da escola de Alexandria, para que
examinasse a situação e o aconselhasse nas medidas que deveriam ser
adotadas.
Estudado o problema, Sosígenes observou que o Calendário
Romano estava adiantado 67 dias em relação ao ano natural ou ciclo
das estações.
Para desfazer essa diferença, Júlio César ordenou que naquele
ano (708 de Roma, ou 46 a.C.), além do Mercedonius de 23 dias que
correspondia intercalar naquele ano, fossem adicionados mais dois
meses, um de 33 dias e outro de 34 dias, entre os meses de November
e December.
Resultou assim um ano civil de 445 dias, o maior de todos os
tempos, único na história do calendário e conhecido pelo nome de Ano
da Confusão, pois, devido à grande extensão dos domínios de Roma e
à lentidão dos meios de comunicação de então, em algumas Regiões a
ordem foi recebida com tal atraso que já havia começado um novo ano.
Foi então abolido o calendário lunar dos Decênviros
(Magistrados da República Romana) e adotou-se o calendário solar,
conhecido por Juliano, de Júlio César, que começou a vigorar no ano
709 de Roma (45 a.C.), mediante um sistema que devia desenrolar-se
por ciclos de quatro anos, com três comuns de 365 dias e um bissexto
de 366 dias, a fim de compensar as quase seis horas que havia de
diferença para o ano trópico.
Suprimiu-se o Mercedonius, e Februarius passou a ser o
segundo mês do ano.
Conseqüentemente, os restantes meses atrasaram uma posição,
além da que já haviam atrasado na primeira reforma de Numa, com a
conseqüente falta de sentido dos meses com a designação ordinal.
O valor médio do ano passou a ser de 365,25 dias e o equinócio
da primavera deveria ocorrer por volta de 25 de Março (para o
hemisfério norte).
Era a seguinte a ordenação e duração dos meses no primitivo
Calendário Juliano:
1.º - Januarius - 31 dias
2.º - Februarius - 29 ou 30 dias
3.º - Martius - 31dias
4.º - Aprilis - 30 dias
5.º - Maius - 31 dias
6.º - Junius - 30 dias
7.º - Quintilis - 31 dias
8.º - Sextilis - 30 dias
9.º - September - 31 dias
10.º - October - 30 dias
11.º - November - 31 dias
12.º - December - 30 dias
Como se pode observar, a distribuição dos dias do ano fez-se
alternando os meses de 30 e 31 dias, consoante fosse par ou ímpar a
sua ordem no calendário nos anos bissextos, ficando Februarius com
29 dias nos anos comuns.
Assim, por disposição de Júlio César, os romanos tiveram de
abolir a sua prevenção contra os meses de dias pares, que sempre
haviam considerado nefastos ou de mau agoiro.
Durante o Consulado de Marco Antônio, reconhecendo-se a
importância da reforma introduzida no calendário romano por Júlio
César, foi decidido prestar-lhe homenagem, perpetuando o seu nome
no Calendário, de maneira que o sétimo mês, Quintilis, passou a
chamar-se Julius.
4 – O CALENDÁRIO DE AUGUSTO CÉSAR
No ano 730 de Roma, o Senado romano decretou que o oitavo
mês, Sextilis, passasse a chamar-se Augustus, porque durante este
mês começou o imperador César Augusto o seu primeiro consulado e
pôs fim à guerra civil que desolava o povo romano.
Refere-se que os anos no Calendário Romano eram chamados de
a.u.c. (ab urbe condita), a partir da fundação da cidade de Roma.
Assim, por exemplo o dia 11 de Janeiro de 2000 marcou o Ano Novo do
2753 a.u.c.
E para que o mês dedicado a César Augusto não tivesse menos
dias do que o dedicado a Júlio César, o mês de Augustus passou a
ter 31 dias.
Este dia "saiu" do mês de Februarius, que ficou com 28 dias nos
anos comuns e 29 nos bissextos.
Também para que não houvesse tantos meses seguidos com 31
dias, reduziram-se para 30 dias os meses de September e
November, passando a ter 31 dias os de October e December.
Assim se chegou a uma distribuição, sem lógica, dos dias pelos
meses, que ainda hoje perdura, e que se transcreve com os nomes
atuais em língua portuguesa:
1.º - Janeiro - 31 dias
2.º - Fevereiro - 28 ou 29 dias
3.º - Março - 31 dias
4.º - Abril - 30 dias
5.º - Maio - 31 dias
6.º - Junho - 30 dias
7.º - Julho - 31 dias
8.º - Agosto - 31 dias
9.º - Setembro - 30 dias
10.º - Outubro - 31 dias
11.º - Novembro - 30 dias
12.º - Dezembro - 31 dias
Quando Februarius passou a ter 28 dias nos anos comuns, o seu
23.º dia era o 6.º antes das calendas de Março. Portanto, o dia
seguinte, que era intercalado de 4 em 4 anos, passou a designar-se por
bissextocalendas (ou bissextus dies ante calendas Martii). Daí o
nome de dia bissexto e, por arrastamento, de ano bissexto que hoje se
dá aos anos em que o mês de Fevereiro tem 29 dias.
Mas o ciclo de 4 anos de Sosígenes começou por ser mal aplicado,
pois em vez de se contarem 3 anos comuns e um bissexto, como de
fato recomendava aquele astrônomo, os Pontífices romanos falsearam a
contagem 3-4, ou a interpretaram mal (ainda que isso não parecesse
muito provável dada a sua simplicidade 3-4), e intercalaram um ano
bissexto de 3 em 3 anos. Assim, durante os primeiros 36 anos de
vigência do Calendário Juliano, foram intercalados 12 bissextos em
vez de 9.
Para remediar este erro, e como 12 bissextos correspondiam a 48
anos, César Augusto suspendeu as intercalações durante 12 anos,
começando então a ser feita de 4 em 4 anos, como era correto.
Em geral, não é referido este fato e admite-se que o Calendário
Juliano seguiu corretamente desde o princípio.
Convém salientar que o ano de 365,25 dias do Calendário
Juliano é cerca de 11m 14s mais longo do que o ano trópico.
A acumulação desta diferença ao longo dos anos representa um dia em
128 anos e cerca de três dias em 400 anos. Assim, o equinócio da
primavera que no tempo de Sosígenes ocorria por volta de 25 de
Março, ao realizar-se o concílio de Nicéia, quase quatro séculos depois,
teve lugar a 21 de Março.
Referência Histórica: Origem e evolução do nosso Calendário
Engenheiro Geógrafo Manuel Nunes Marques

COPYRIGHT A MANUEL NUNES MARQUES.

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