sábado, 5 de novembro de 2011

11612 - O TYERREMOT DE LISBOA DE 1755

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História - Cultura e Pensamento


CULTURA E PENSAMENTO

Voltaire indignou-se com os padres

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O terremoto do Lisboa:
» O tremor e o temor
» Voltaire indignou-se com os padres


Que Ser Superior era aquele, tido por Benfeitor Universal, que se comprazia em dizimar uma população quase que inteira, metendo numa mesma embrulhada de castigos os idosos, as mulheres e as crianças, que seguramente não tinham a menor idéia do que poderia vir a ser um pecado?
Não só os esmagou, como os afogou e os queimou em massa, sim porque em seguida ao estrondoso abalo, uma onda formidável vinda do oceano invadiu a cidade, seguida de infernal incêndio. Fogo este alimentado por milhares de velas acesas, nas casas e nos altares das igrejas, visto que era o Dia de Todos os Santos e as naves estavam repletas de fiéis. E logo onde! Logo em Lisboa, a mais carola de todas as capitais da cristandade, lugar em que se encontrava um benzedeiro em cada esquina e não havia santo que não fosse homenageado ou lembrado.

Desde então, o filósofo tornou-se inimigo da religião organizada, visto que entendeu a pregação dos padres como um insulto da superstição aos milhares de mortos e mutilados pelo terremoto.

No Poème sur le dèsastre de Lisbone (Poema sobre o Desastre de Lisboa), de 1756, Voltaire aproveitou-se da oportunidade para atacar por igual o excessivo otimismo de pensadores como G.M. Leibniz, falecido em 1716 , que assegurava que “ vivíamos no melhor dos mundos possíveis”. Idéia esta difundida no poema-ensaio de Alexander Pope, intitulado “Essay on Man”, o Ensaio do Homem, tido como um dos manifestos do iluminismo, escrito entre 1732 e 1744.

Havia, isto sim, um descaso da filosofia em relação ao Mal, entendendo-o como acidental e sem maiores significações. Como podiam alardear a idéia de que tudo andava bem, inquiriu Voltaire frente ao triste episódio, dizer que a Providência Divina tratava tudo a contento e que a nós apenas cabia bater palmas por estarmos vivos e felizes? Sobre esta atitude ele ponderou “Un jour tout sera bien, violà notre espérance/ Tout est bien aujourd´hui, violà l´illusion” (Dizer que algum dia tudo ficará bem – é nossa esperança. Tudo vai bem hoje, eis a ilusão)


A natureza não segue as leis do homens





J.J.Rousseau (1717-1778), que não culpassem a natureza
Rousseau respondeu-lhe que não cabia a nós, humanos, querer dar ordens à natureza ou fazer com que ela se submetesse às nossas leis. Seria como determinar ao mundo que ele seguisse “ os nossos caprichos”. Pouco servia também polemizar sobre a Providência Divina: para os devotos ela sempre esta certa, conquanto que aos filósofos ela parece ser sempre injusta. Era um debate de surdos. Reconheceu, todavia, que o tremor de Lisboa, podia provocar nas gentes um temor: o temor de desesperançar-se na existência de uma outra vida, o temor de abalar a crença na imortalidade da alma, o temor da perda da fé na Providência.

No parágrafo final da sua carta ele ironizou Voltaire mostrando o paradoxo do grande escritor, que tinha tudo na vida - dinheiro, fama e prestígio, além de ser amigo do Dr. Tronchin, um célebre médico da época que poderia mantê-lo sempre com saúde e em condições de tranqüilamente meditar sobre a natureza da alma - , deixar-se vencer pelo pessimismo, enquanto que ele, Rousseau, escritor pobre e sem fama, sofrendo de um mal incurável, concluía em seu modesto retiro que, afinal, tudo ai bem.

Entrementes, o filósofo Emanuel Kant, morando em Königsberg, nos confins da Alemanha do Leste, tratou da questão por outros caminhos. Procurou, nos seus Schriften über das Erdbeben von Lissabon, de 1756, registrar a História e a fisiologia do terremoto, determinar as causas físicas do trágico sismo, afastando-se da querela filosófico-religiosa. A natureza, constatou, não age por motivação moral. Ela nem sabe o que é isto. Como então registrara o poeta Holmes - "That was the year when Lisbon town/Saw the earth open and gulp her down." (Foi o ano em que a cidade de Lisboa/Viu a terra abrir-se e engoli-la)

Obras de consulta
Kant, Immanuel - Schriften über das Erdbeben von Lissabon 1755, de 1756.
Pope, Alexander - Essay on Man, 1732-1744.
Rousseau, J,J, - Lettre a Voltaire (18 auôt 1756), in Ouevres Complètes, vol. 2. pag. 316 e segs.
Voltaire - Poème sur le dèsastre de Lisbone, 1756























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