terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

9378 - HISTÓRIA DO TRANSPORTE DE TRAÇÃO ANIMAL NO BRASIL

Cooperativa Agricola Mista de Adamantina Terça-feira, 22 de Fevereiro de 2011
Carroça é opção interessante para a propriedade rural

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Carroças de tração animal são uma interessante opção para transporte de cargas leves em praticamente qualquer tipo de propriedade rural.
Muita gente se surpreende em saber que, apesar das estradas de que dispomos hoje, da grande oferta de modernas (e caras) picapes e ainda, das práticas carretas de trator, as carroças puxadas por eqüídeos (cavalos, burros, mulas) ainda registram boa demanda para o meio rural. Interessante registrar: não apenas boa, como também crescente. De certa forma é uma espécie de retorna às origens, como veremos neste esboço de histórico do transporte a tração animal no meio rural.
Um pouco de história

Historicamente, as carroças, em seus vários tipos, derivam dos primitivos, lentos e gemedores carros de boi, ainda do período colonial. Estes também, por sua vez ainda hoje, sobrevivem em muitas regiões mais remotas do país e em hotéis-fazendas, como atração turística.

A carroça pesada, de quatro rodas de madeira e ferro e puxada por burros ou cavalos já foi uma opção melhor que o carro de boi para transporte mais ágil e mais rápido no campo. Esse tipo de carroça foi importante na época do tropeirismo, em que a totalidade das mercadorias viajava dessa forma no sentido litoral-interior do país, com a tropa de mulas para revezamento e reserva, em jornadas cheias de peripécias e que duravam meses, quando tudo corria bem.

Esse tipo de carroça de dois eixos, que foi também muito comum na região Sul, é o mais próximo que podemos ter para comparar com os famosos “carroções” das cavernas de pioneiros que desbravaram o Oeste americano, e tão bem retratados nos filmes de faroeste.

Carroças leves

O estágio seguinte foi o das carroças de tração leve, com um eixo, mas ainda de rodas duras (raios grandes de madeixa e aro externo de ferro). Esse tipo teve grande participação na agricultura paulista e em suas áreas de expansão, como o norte do Paraná, onde imperava a colonização de novas terras para a cafeicultura. Esse “reinado” da carroça começou a declinar a partir dos 60 e praticamente terminou nos 70, com a extinção da cafeicultura nas regiões antes tradicionais, e da mudança na estrutura fundiária (extinção dos minifúndios em muitas regiões e o início das grandes áreas de canaviais e de soja/milho). Também influi no declínio do uso de carroças, o crescimento da mecanização agrícola a partir dos anos 70/80, com o aumento de oferta de tratores e implementos na indústria nacional.

Carroça ou carrinho?

O estágio seguinte foi a carroça leve, construída de madeira e de um eixo com rodado de pneus, também chamada de “carrinho”, para tração por um animal, com carga máxima de até 600 kg. Os carrinhos ganharam espaço pela agilidade, baixo preço durabilidade e versatilidade de uso, tanto na área rural como urbana. Ainda hoje, não há cidade que não tenha o seu ponto de carrinhos de aluguel para pequenas cargas. Interessante notar que em muitas cidades, incluindo grandes capitais, existem até movimentos para “profissionalizar” as carroças ou carrinhos que passam a ter placas com registro nos Detrans e cujos donos recebem treinamento básico sobre leis do trânsito. Também já existem até iniciativas organizadas e ONG’s de orientação e treinamento voltados para um manejo mais humanitário e respeitoso aos animais, por exemplo, respeitando limites de carga e de pausa para descanso, conduzindo sem brutalidade, oferecendo boa alimentação etc.

Cultivo com tração animal e transporte interno

Com as pequenas propriedades familiares novamente valorizadas pelas políticas oficiais, incluindo programas específicos de financiamento à agricultura familiar, tem havido aumento de demanda por carrinhos de tração animal. No mercado é boa a oferta de bons implementos para arar, capinar, semear e outras práticas exercidas com tração animal. E o transporte interno a carrinho nessas propriedades, na verdade, passa a ser uma conseqüência. Essa situação vem sendo observada nitidamente nos projetos de assentamento de reforma agrária. Outro detalhe interessante, ligado ao revigoramento do mercado de carrinhos é o mercado de burros e mulas.

“Páreo duro”

É fato conhecido que dois burros bem manejados são potencialmente capazes de fazer o trabalho de um trator de 50 HP. Enquanto este custa uma média de R$ 70.000,00, um burro ou mula nova, mansa, saudável e treinada em puxar carrinho e arado, tem seu preço na faixa de R$ 1.200,00. Com melhor adaptação e agilidade que o trator em minifúndios com topografia montanhosa, o burro dispensa diesel, pneus, oficina, peças de reposição e mão-de-obra especializada, que é o tratorista. Tudo isso com um pequeno consumo diário de capim e algum concentrado, como rolão de milho produzido na propriedade, e durante uma vida útil de 20 ou mais anos, se for bem tratado. A tração animal na lida agrícola e o transporte a carrinho pode se ajustar bem para famílias recomeçando a vida em assentamentos, e para pequenas propriedades rurais. E mesmo para chácaras de lazer, sítios e fazendas com muita diversificação, o transporte interno dos mais variados itens pode encontrar no carrinho de tração animal uma alternativa prática e de baixo custo. A começar pelo seu preço, pouco maior do que um burro, comentado acima. Outra vantagem é a facilidade de condução, que pode ser feita até por uma criança. A combinação de todos esses fatores consegue explicar porque a procura por carrinhos de qualidade hoje em dia está em crescimento.










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