terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

9374 - HISTÓRIA DO TRANSPORTE DE TRAÇÃO ANIMAL NO BRASIL

Bonde



























Vamos conhecer um pouco da história deste meio de transporte que desapareceu há muito tempo, porém, vem ressuscitando devido a tendência da revitalização de transporte urbano com veículos silenciosos e menos poluentes

O primeiro bonde (veículo de transporte coletivo com tração elétrica) foi apresentado no ano de 1879, na Feira Comercial de Berlim, na Alemanha, por Werner Siemens (foto acima).

As primeiras linhas de bonde, com tração animal, foram instaladas nos Estados Unidos a partir do ano de 1832 e na França em 1838.

O primeiro bonde elétrico explorado comercialmente entrou em serviço em 1881, na cidade de Lichterfelde, na Alemanha.

A partir de 1920, os bondes elétricos quase monopolizaram o transporte urbano de passageiros nas grandes cidades.

O bonde sofreu uma grande concorrência com o metrô, trens metropolitanos e ônibus.



























O escritor Luiz Fernando Veríssimo, em artigo publicado em O Estado de São Paulo de 14/7/2000, dá como origem para a palavra bonde:

"Bonde, claro, vem de Bond & Share, o nome da companhia inglesa que explorava o serviço de transporte coletivo sobre trilhos - enfim, de bondes - no Brasil."

É verdade que bonde é trem? Segundo alguns, se corre por trilhos, é trem. Na verdade, bondes são automotrizes elétricas, mas que correm pelas ruas urbanas da cidade, muito embora em seu início tenham surgido com tração animal.































Contava o pesquisador Olao Rodrigues, em sua Cartilha da História de Santos (1980): "Através dos tempos, tivemos os mais primitivos, curiosos e sofisticados meios de transporte coletivo. Noutros tempos, o serviço de condução em Santos era feito por meio de cavalos, mulas, banguês, cadeirinhas, seges e até carros de bois. Em 1864, tivemos sistema de transportes mais aperfeiçoado para a época, ou seja, por gôndolas, por iniciativa de Luís Massoja, que colocou em tráfego serviço no gênero entre a Cidade e a Barra, inaugurando-o dia 23 de maio daquele longínquo ano. As partidas davam-se no Largo da Coroação, isso no Centro; na Barra (Praia), na Casa do Campo. Esse serviço de gôndolas deu prejuízo e durou menos de um ano, vendo-se Luís Massoja obrigado a fugir de Santos, das gôndolas e dos credores, já falido. Durante meses ficou o Município sem condução. No dia 14 de fevereiro de 1866, começou a circular serviço de diligência sob a responsabilidade de Diligência Guanabara, com linhas do Centro para a Barra. Havia serviço de diligência até para São Paulo, que foi obrigado a suspender a atividade devido ao advento do trem”.











































Bonde puxado por burros deixa a garagem da Cia. City na Vila Mathias, no início do século XX







A primeira linha de bondes puxados por burros foi inaugurada a 9 de outubro de 1872. O serviço de bondes movidos por eletricidade começou a funcionar no ano de 1909.



Bondes no Brasil

Durante várias décadas em muitas cidades brasileiras o bonde foi o principal sistema de transporte urbano existente. Muito mais do que isso, proporcionou à população a apreciação da cidade e a inter-relação entre pessoas que formavam a sociedade.

Era um sistema de transporte público extremamente interligado às vias que circulavam e as comunidades que serviam. Porém, num período de menos de 30 anos houve um desaparecimento abrupto desse tipo de transporte.

Também chamado de pré-metro de superfície, trafegava tanto em vias separadas como em vias de tráfego de veículos, compartilhando espaços com veículos rodoviários.

Surgiu para suprir a necessidade de uma população crescente em aglomerados urbanos que tinha sua locomoção realizada por carroças. O bonde, mesmo possuindo a tração animal era mais eficiente pois deslizava sobre os trilhos.

Uma cidade brasileira, que teve seu desenvolvimento urbano marcado pela presença do bonde foi Santos, litoral de São Paulo, o bonde chegou por lá por volta de 1900. Os primeiros bondes que chegaram à cidade funcionavam por tração animal, puxado por duas mulas. Quinze anos mais tarde, os bondes passaram a ter tração elétrica, houve modificações na malha ferroviária da cidade e também modificações na rede aérea de abastecimento energético do bonde.



Tipos de tração utilizados no bonde em ordem cronológica:



Tração Animal:

No início da utilização do bonde como transporte urbano, a principal força motriz utilizada era a animal, geralmente de eqüinos, mais comumente burros e raros casos com cavalos. Acreditava-se de por o bonde ter rodas que rodam sobre o trilho o esforço do animal era minimizado.



Tração a Vapor:

O bonde passou a possui caldeira e outros componentes mecânicos que o assemelhavam a um trem a vapor. Um bonde a vapor era considerado uma pequena locomotiva, era comum ver em centros urbanos um bonde puxando mais um ou dois carros reboques.



Tração Elétrica:

Os bondes captam a energia elétrica através de um coletor em contato com uma fonte que acompanha seu trajeto. A partir do coletor a corrente elétrica entra e ativa os componentes de tração dentro do motor, essa corrente vai para as rodas e nela passa pra Terra, aterrando dessa forma a corrente.



Tração a cabo:

O bonde não possui estrutura motora própria, ele depende de cabos que o puxam ao longo do seu trajeto, é mais eficiente que a tração animal, pois é composto por roldanas que geram a tração nos cabos. O bonde tem sob ele alguns dentes que o fazem prender nesse sistema de cabos que acabam por parecer um terceiro trilho. Porém o sistema para passar por desvios é manual, precisam-se tirar as “garras” de um cabo e encaixar as “garras” em outro cabo para assim continuar a viajem. Existiram cidades que não utilizaram esse sistema por completo, utilizando-o somente em vias de aclive, economizando energia nesses casos.



Tração a ar comprimido:

O ar comprimido era produzido nas centrais de abastecimento e era armazenado em reservatórios, que eram aclopados nos bondes quando estes já não pertenciam reservatório próprio. O princípio básico de funcionamento era o de compressão, injeção de ar e expansão.



No Brasil a utilização de bondes é rara, as necessidades que os bondes supriam foram substituídas por linhas de ônibus, por veículos automotores particulares e suas linhas foram sendo enterradas embaixo de grossas camadas de asfalto. Hoje temos acesso aos bondes apenas em museus, em algumas praças que conservam algumas unidades. Outro sistema de transporte urbano que passou a substituir o bonde foi o metrô, que possui uma capacidade muito maior de passageiros. Porém, muitas cidades estudam a possibilidade de trazer à tona a utilização dos bondes como meio para transportar passageiros.




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