segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

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Piotr I. Tchaikovsky
Russo sofre preconceito e desilusão
Colaboração para a Folha Online

"Nunca estou longe do piano, me alegra quando estou triste", disse Piotr Il'yitch Tchaikovsky, o compositor russo mais conhecido do planeta. Homossexual, sofreu com o preconceito de contemporâneos e com inúmeras desilusões amorosas. A difícil experiência de vida foi a grande responsável por sua música, altamente emotiva, dramática e carregada de sentimentos.

Tchaikovsky nasceu em 1840, na cidade russa de Votkinsk. Um dos seis filhos de uma família de classe média russa, segundo suas próprias palavras, teve as primeiras impressões musicais com as canções populares cantadas pela mãe. Aos cinco anos, aprendeu a tocar piano.

Desde pequeno apresentava personalidade frágil e por qualquer motivo caía aos prantos. "Uma criança de vidro", sintetizou a governanta que o educou. A paixão que nutria pela mãe talvez explique a idealização da figura feminina e a recusa em ver qualquer mulher como uma amante.

Em 1850, a família decidiu que ele deveria tornar-se um advogado e o matriculou na Escola de Direito de São Petersburgo, onde estudou até 1859. Neste período, quando tinha 14 anos, ocorreu um dos piores episódios de sua vida: a morte da mãe, que desencadeou no adolescente uma profunda depressão, seguida por fortes crises de nervos.

Ao encerrar os estudos, Tchaikovsky começou a trabalhar no Ministério da Justiça. Ele era um péssimo funcionário e sentia-se desprezado por todos. "Fizeram de mim um funcionário, ademais um mau funcionário", dizia.

Nesta época, passou um longo período gozando dos prazeres dos salões mundanos. Diversas vezes acreditou ter achado a mulher de seus sonhos, mas nunca o levavam a sério. Em uma carta a uma amiga, Tchaikovsky fez algumas definições em relação ao amor: "Você pergunta se eu conheci outro amor que não o platônico. Sim e não. Se a questão me tivesse sido colocada de outra forma: 'Você experimentou a felicidade de um amor completo?', minha resposta seria: não, não e não! Mas pergunte-me se sou capaz de compreender a força imensa do amor, e eu lhe direi: sim, sim e sim!".

Com pouco mais de 20 anos, mesmo "velho" para estudar música, ingressou no Conservatório de São Petersburgo. Lá, ele seguiu os cursos de composição, piano e flauta, além de adquirir noções de órgão. Meses depois, abandonou o Ministério da Justiça.

Um grande esforço fez com que ele progredisse rapidamente. Em 1866 foi convidado para ser professor do Conservatório de Moscou. Neste período, compôs as primeiras obras sérias, em especial, a Primeira sinfonia, "Sonhos de Inverno". O trabalho quase o levou à loucura, causando-lhe angustias, alucinações, complicações intestinais, enxaqueca, todos os sintomas de neurastenia aguda.

"Tenho os nervos completamente em frangalhos. Minha sinfonia não progride. [...] Vou morrer logo, bem o sei, antes mesmo de acabar minha sinfonia. [...] Odeio a humanidade e desejo me retirar para um deserto", afirmou.

Logo depois, realizou uma série de concertos internacionais e sua obra foi aclamada em diversas capitais européias. Apesar do sucesso crescente, a vida solitária, o temperamento amargurado e a extrema timidez o mantinham sempre à beira de um colapso nervoso.

Com a esperança de resolver alguns de seus problemas, como a questão relacionada à sexualidade, contraiu um desastroso casamento --que não chegou sequer a se consumar. Separou-se em pouco tempo.

Ele morreu em 6 de novembro de 1893, aos 53 anos, ao contrair cólera depois de beber um copo de água não fervido.

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