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A importância da literatura e dos
cadernos culturais para a história do
jornalismo brasileiro
Ivana Barreto
Na história da imprensa no Brasil, os suplementos e cadernos culturais dos
veículos impressos sempre representaram o espaço da ousadia gráfica e
da experimentação da linguagem, como foi o caso do Caderno B. Muito
embora, ao longo do tempo, tenham se afastado, uns mais, outros menos, destes
aspectos, considerando-se a inserção da cultura na denominada sociedade do espetáculo,
do consumo imediato, da superficialidade das abordagens, os cadernos culturais
quase sempre estiveram ligados à difusão da cultura consagrada e em processo de
consagração. Quanto à sociedade do espetáculo, cumpre, antes de avançar no tema
central deste texto, remeter à Guy Debord, em A sociedade do espetáculo, já que suas
características acabam influenciando o que se produz, há algum tempo, em todas
as áreas do jornalismo:
A construção de um presente onde mesmo a moda, do vestuário aos cantores,
se imobilizou, que quer esquecer o passado e que já não dá a impressão de
acreditar num futuro, é obtida pela incessante passagem circular da informação,
girando continuamente sobre uma lista muito sucinta das mesmas banalidades,
anunciadas apaixonadamente como importantes descobertas; enquanto
só muito raramente, e por sacudidelas, passam as notícias verdadeiramente
importantes sobre aquilo que efetivamente muda (Debord, 2003: 13).
E, mais especificamente, considerando a condição atual da notícia como espetáculo,
para Arbex Jr. (2001) a diferença fundamental que deveria existir entre mídia
e imprensa quase desapareceu. O entretenimento e a ficção vêm comprometendo o
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jornalismo que deveria estar compromissado somente com fatos e idéias. Por isso,
não raro, a imprensa distorce e banaliza. E os cadernos culturais, hoje, não são todos
(pelo contrário) uma exceção à regra.
Fazendo uma digressão histórica, um marco na história da imprensa e dos
cadernos de cultura foi a criação do Caderno B. Depois do pioneirismo do Jornal
do Brasil, os cadernos culturais foram se transformando em objeto de desejo da
maioria dos periódicos brasileiros. O artista plástico Amílcar de Castro foi convidado
por Odylo Costa Filho para reformular visualmente o Jornal, no final dos anos
1950, e encontrou tarefa difícil pela frente. Entre outras barreiras, precisou eliminar
resistências em diversos setores do próprio JB, ainda apegado às antigas fórmulas
de se fazer jornal. E tanto foi difícil que somente dois anos depois a nova primeira
página foi para as ruas.
O Caderno B surgiu com a proposta de tratar de cultura e para ser, mais do
que isso, um produto cultural, sempre apresentando textos criativos e uma diagramação
arrojada para a época. Aqui, remetemos a Arthur Dapieve, em “Jornalismo
Cultural”, um dos textos reunidos no livro Deu no jornal: o jornalismo impresso na era
da internet, organizado por Álvaro Caldas:
Parte do hábito de se embaralhar jornalismo de arte com arte do jornalismo vem,
por conseguinte, dessa concepção de suplemento, suplemento anteriormente
relacionado como “feminino” ou de “variedades”. O velho B podia se dar a este
luxo: contava em seus quadros, por exemplo, com o designer Reinaldo Jardim
e com o poeta Ferreira Gullar. Ambos, e outros tantos, eram representantes de
um tempo pré-regulamentação da profissão de jornalista (ocorrida pelo decretolei
no 972, de 17 de outubro de 1969), na qual escrever bem literariamente se
confundia com escrever bem jornalisticamente. Graças a essa confusão, é bom
ressaltar, os jornais brasileiros foram enriquecidos por, entre tantos outros,
Graciliano Ramos e Nelson Rodrigues. Quase todo escritor nativo de antes dos
anos 1970 pisou numa redação. A língua agradece (Dapieve, 2002: 95).
Clarice Lispector e Carlos Drummond de Andrade, apenas para citar dois
grandes nomes da nossa literatura, foram alguns dos que contribuíram para o suplemento
de cultura e, sem dúvida, o “escrever bem literariamente” era o que prevalecia
nos textos produzidos para o Caderno B. Dois anos antes da regulamentação da
profissão de jornalista, Clarice, por exemplo, começou a publicar semanalmente sua
coluna no JB. O conjunto dos textos publicados de 1967 a 1973 poderiam mesmo
ser caracterizados como um diário que a autora abria, uma vez por semana, para o
seu leitor. Como colunista que era, tinha o máximo de liberdade dentro do jornal,
tanto em termos de forma como de conteúdo – como têm, ou deveriam ter, todos
aqueles que desempenham esta função na mídia.
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Quanto à Clarice Lispector, embora assinasse uma coluna, se afastava da
figura clássica do cronista, como o mestre Rubem Braga, alguém que trafega entre
o jornalismo e a literatura:
Um indivíduo ao qual é permitido o leva-e-traz entre a literatura e o jornalismo.
Nesse trajeto, se se mantiver dentro dos limites éticos, ele pode expor
opiniões diferentes e até antagônicas às do veículo para o qual escreve. Nesse
caso, ele se transforma num monumento vivo à liberdade de expressão. E,
assim, até numa poderosa peça de marketing: poucas coisas conferem mais
prestígio à imprensa democrática do que manter um elenco variado e respeitado
de colunistas, gente que assume a primeira pessoa do singular para poder
falar mais de perto ao leitor (Dapieve, 2002: 100).
Depois da experiência pioneira do Jornal do Brasil, com o Caderno B, quase
todos os principais jornais criaram ou recriaram seus suplementos: Caderno H
(Zero Hora); Dia D (de O Dia); Tribuna Bis (da Tribuna da Imprensa); Caderno
2 (de O Estado de S. Paulo). E, desse modo, os cadernos culturais alcançaram uma
particularidade: transformaram-se em suplementos diários de cultura com reportagens,
resenhas críticas, colunas assinadas e o serviço (tijolinhos-notas com o roteiro
de cinemas, teatros, casas de shows, endereços, horários), aspectos que não existem
nem na América do Norte nem na Europa, uma vez que o jornalismo cultural se
resume a um caderno semanal nos grandes diários ou a revistas especializadas,
independentes.
E qual o papel tão inovador desempenhado pelo jornalismo cultural nas décadas
de 1960 e 70? Ele atendia às expectativas de leitores exigentes, em um momento
da história do Brasil marcado pela repressão e pela censura. Em 1967, tendo como
editor-chefe Alberto Dines, o Caderno B publicava matérias que, na grande maioria
das vezes, traziam o aprofundamento e a contextualização dos temas abordados. E,
aqui, cabe a indagação, mesmo considerando a importância de não generalizar e,
sim, sempre relativizar questões: hoje, quantos suplementos culturais apresentam
a citada contextualização e aprofundamento?
Os suplementos e cadernos culturais dos veículos impressos tinham como
principal mérito a capacidade de estabelecer um vínculo afetivo com os leitores, que
dialogavam com os colunistas. Aqui, convém ressaltar que o texto da literatura no
livro é mais elitista, enquanto as crônicas ou os textos “viajam sozinhos” e chegam
mais “distraidamente” ao leitor, quando publicados nos impressos. É notável a importância
que os periódicos tiveram na aquisição do conhecimento e, consequentemente,
na aproximação com o público.
Por isso, nesse momento, esse estudo aproveita as contribuições de Peter
Burke que, em Uma história social do conhecimento: de Gutenberg a Diderot, analisa o
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caminho percorrido pelo conhecimento humano desde a invenção da prensa tipográfica
(1450) até a publicação da Enciclopédia francesa, de 1750 em diante, adotando
uma abordagem sócio-cultural. A partir de textos escritos entre os séculos XVI e
XVIII, o autor estudou as transformações pelas quais passou a organização do saber
na Europa no início da era moderna. Ao tratar da aquisição do conhecimento por
meio da leitura de livros e periódicos, ele destaca que estes últimos facilitaram o
aprendizado, merecendo atenção especial:
Como o filósofo italiano Cesare Beccaria certa vez observou – nas páginas da
revista Il Caffé – os periódicos difundiam o conhecimento mais amplamente
que os livros, da mesma forma que os livros o difundiam mais amplamente
que os manuscritos. Alguns leitores se sentiam intimidados pelos livros e
preferiam não mantê-los em casa. O periódico, porém, era mais amigável.
Apresenta-se como um amigo que só quer soprar uma palavra em seu ouvido
(Burke, 2003: 160).
Burke também salienta que a história da leitura mereceu bastante atenção nas
duas últimas décadas, quando foram gerados muitos debates, ao contrário da história
das maneiras de ouvir e das maneiras de ver, que não foram estudadas profundamente.
Entre estes debates, segundo ele, um merece destaque, e refere-se ao debate sobre
o surgimento do que é conhecido como “leitura extensiva”. Por leitura extensiva,
o autor considera a prática de folhear, passar os olhos, consultar. Burke lembra que
existem duas hipóteses: a primeira, de que uma revolução da leitura ocorreu na Alemanha
no final do século XVIII, quando houve uma mudança da leitura intensiva
para a leitura extensiva. A segunda descreve uma passagem mais gradual da leitura
intensiva e reverente para um tipo de leitura mais extensiva e independente, conseqüência,
primeiro, da proliferação e, depois, da dessacralização do livro:
Mas a leitura extensiva não foi uma descoberta nova. Na Roma antiga, o
filósofo Sêneca, em sua segunda carta a Ducílio, já aconselhava o discípulo a
não folhear os livros, o que comparava a brincar com a comida. Francis Bacon
desenvolveu a mesma comparação entre ler e comer em seu ensaio “Dos
estudos” ao distinguir três maneiras de usar os livros: “alguns livros são para
provar, outros para engolir, e uns poucos para mastigar e digerir”. O conselho
de Bacon sugere que era perfeitamente possível que a mesma pessoa praticasse
diferentes estilos de leitura, no século XVII, exatamente como muitos de nós
fazemos até hoje” (Burke, 2003:161).
Uma vez que falamos do jornalismo cultural e do papel que cumpria de
atender a leitores exigentes, e dos tipos de leitura (e leitores), cremos ser pertinen-
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te promover um breve debate entre o discurso literário e o discurso jornalístico,
convergências e divergências. Se, por um lado, é inegável a influência de modelos
literários na construção de certos discursos jornalísticos, não é menor a presença do
jornalismo (seus temas, técnicas, procedimentos) na criação de textos literários, em
especial no século XX. Além disso, não podemos esquecer que as figuras do escritor
e do jornalista (sobretudo de opinião) às vezes podem coincidir na mesma pessoa.
Para citar um exemplo, o denominado “articulismo criativo” (elaboração de artigos
criativos) e outras formas da segunda metade do século XX, inseridos no cenário
dos “novos jornalismos”, representam um inegável território intermediário.
As relações entre literatura e jornalismo, entre criação literária e exercício
jornalístico, têm sido problemáticas desde sempre, segundo Manuel Angel Vázquez
Medel, em “Discurso literário e discurso jornalístico: convergências e divergências”,
um dos textos reunidos no livro Jornalismo e literatura: a sedução da palavra, organizado
por Gustavo de Castro e Alex Galeno:
Parece que aquela, sem abandonar a dimensão lúdica e fruitiva deve encaminhar-
se para o essencial humano, bem que encarnado nas inevitáveis coordenadas
espaço-temporais que nos constituem. A atividade informativa, ao
contrário, aponta mais para o efêmero, passageiro, circunstancial (e sabemos
até que ponto a vertigem informativa devora a estabilidade e permanência dos
acontecimentos. Simplificando muito, parece que a literatura se orienta para
o importante e a informação jornalística para o urgente (Medel, 2002: 18).
Contudo, o autor lembra a existência de um jornalismo e de uma falsa retórica
da objetividade. Jornalismo (e jornalistas) que não percebeu que a verdade não existe
e resulta da parcialidade e subjetividade daquele que informa. Convém registrar
que em muito contribuíram para a quebra dos tabus que envolvem o jornalismo e
a literatura as crises ocorridas nos anos 1960, que cederam lugar a formas do “novo
jornalismo” nos Estados Unidos, em toda América Latina e Europa. Estas crises são
um exemplo inconteste de como a quebra de fronteiras gerou (e sempre pode gerar)
a criatividade informativa na esfera jornalística (especialmente em gêneros como o
artigo de opinião, a crônica, a reportagem e a entrevista), possibilitando um impulso
às formas de escrita literária que adotam a retórica do jornalismo.
Já que nesse momento esse texto ressalta a questão da criatividade, voltamos a
citar o grande poeta Drummond, segundo o qual algumas páginas de jornais estavam
entre as mais bem escritas de toda a língua. Contudo, dos anos 1960/70 até hoje, a
situação mudou consideravelmente. Se antes os autores encaravam a oportunidade
de escrever para a imprensa como uma forma de praticar uma literatura mais veloz,
agora a realidade é outra. Se antes o jornalismo era um teste de fogo para os escritores
(Gonçalves Dias, Machado de Assis, entre outros, passaram por redação), hoje
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a atividade dos jornalistas não está diretamente ligada ao sonho de ser ficcionista. E
qual seria, então, a razão do pouco teor literário nos jornais atualmente? Recorremos
a Daniel Piza, em “Jornalismo e literatura: dois gêneros separados pela mesma
língua”, texto também reunido em Jornalismo e literatura - a sedução da palavra:
Aqui entramos na questão das mudanças do próprio jornalismo. Alguém
poderia atribuir a ausência de teor literário nos jornais de hoje ao processo de
modernização da linguagem jornalística promovido no Brasil desde os anos
60. O jornalismo nacional até então era retórico, verborrágico, personalista,
apesar de trabalhos de síntese e clareza como os de Rubem Braga e Joel Silveira.
Mas, inspirados na escola americana, os reformadores dos jornais nos anos
60 começaram a exigir uma abordagem mais objetiva, menos participante,
concentrada em contar histórias sem editorializá-las. Até aí, ótimo. Mas nos
anos 80 veio uma nova onda de “modernização”, que nos anos 90 consolidaria
uma triste realidade: textos relatoriais, burocráticos, com pobreza de palavras
e recursos, tanto mais tendenciosos quanto mais se pretendem “neutros”
(Piza, 2002: 134-135).
Piza lembra que o problema não está na exigência da objetividade e homogeneidade
dos textos, mas na escrita rudimentar e reducionista:
Sim, o público que se informa pela TV e por agências de notícias – pílulas
informativas, quanto menores melhor – pode ser ainda mais afastado por
literatice, mas há que enriquecer os tratamentos dados pelos jornais, da notícia
mais rápida e enxuta – nem por isso mal pensada e mal escrita – os textos
mais longos, analíticos ou descritivos, normalmente reservados para o fim de
semana (Piza, 2002: 135).
Quanto à crônica, ainda sobrevive, porém é raro observarmos um colunista
descrevendo o seu dia-a-dia, dividindo fatos de sua rotina com o leitor, como fazia
Rubem Braga e Clarice Lispector. Por fim, todo o quadro exposto, de empobrecimento
do jornalismo cultural no Brasil, é agravado pelo reduzido número de
revistas, tablóides voltados à cultura (sem esquecer do espaço menor destinado a ela
nos grandes jornais). Na virada dos anos 1950 para 60, a revista Senhor, apenas para
citar um exemplo, publicou contos que fizeram história, de autores como Clarice
Lispector, Guimarães Rosa e Jorge Amado.
No tocante à realidade do jornalismo cultural hoje, infelizmente, existem alguns
riscos e barreiras. Para começar, como a arte, frequentemente, é encarada como
mercadoria, os jornais tão somente divulgam a informação, dando maior atenção a
circuitos mais restritos, deixando, com isso, de ampliar a visão cultural do público
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brasileiro para outras formas de cultura. Além disso, o profissional do jornalismo
pode (não quer dizer que este fato ocorra com constância) ser cooptado pelo marketing
da indústria cultural, das grandes editoras, gravadoras e TVs. Nesse sentido, deve
estar atento à pressão a que é submetido, que envolve um sem-número de CDs,
livros e releases. Por último, o perigo de ceder a um certo “populismo cultural”,
no sentido de reproduzir o discurso já formatado (e muito bem formatado), que
insiste em afirmar, genericamente, abrindo pouquíssimas exceções, que a produção
cultural brasileira é melhor que “os lixos produzidos lá fora”. Por isso, deve ser
eliminado o pensamento reducionista de que “tudo o que é nacional é melhor do
que o norte-americano”.
Para terminar essa discussão com um tom otimista, importa lembrar a qualidade
de dois cadernos de cultura, como o Folha Ilustrada, da Folha de S. Paulo, e o
Segundo Caderno, de O Globo. Foram citados esses dois por serem publicados no
Rio de Janeiro, com circulação nacional, no caso de O Globo, e em São Paulo, no
caso da Folha. Com isso, acabam sendo os mais lidos, obviamente atingindo maior
número de leitores. Todavia, em outros estados brasileiros, tentativas (algumas bem
sucedidas) de realizar jornalismo cultural de qualidade, a partir de bons suplementos
de cultura, são realizadas, por equipes de qualidade, incluindo bons jornalistas e
renomados escritores.
Ivana Barreto
Professora da PUC-Rio
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Resumo
O diálogo entre a literatura e o jornalismo, o papel inovador do Caderno B do Jornal do
Brasil, a contribuição de importantes escritores para este suplemento, como Clarice Lispector
e Carlos Drummond de Andrade, e os caminhos do jornalismo cultural são os objetos de
análise deste texto. Além da consideração da importância que os periódicos tiveram na
aquisição do conhecimento e do contexto atual dos suplementos culturais.
Palavras-chave
Jornalismo; Literatura; Cadernos culturais.
Abstract
The dialogue between literature and journalism, the role of innovative Caderno B of Jornal
do Brasil, the contribution of important writers in this supplement, as Clarice Lispector and
Carlos Drummond de Andrade, and cultural ways of journalism are the objects of analysis
of this text, as well consideration of the importance of the journals were the acquisition of
knowledge and the context of current cultural supplements.
Keywords
Journalism; Literature; Cultural supplements.
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COPYRIGHT ARTIGO 7 BARRETO
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