Suzana Funk
Especialista em Design Gráfico e Estratégia Corporativa (UNIVALI)
suzanadesign@gmail.com
Ana Paula dos Santos
Especialista em Design Gráfico e Estratégia Corporativa (UNIVALI)
anapaulawebdesigner@yahoo.com.br
Resumo
Este trabalho pretende estudar a história da tipografia e os seus aspectos técnicos quando
aplicada em um projeto gráfico. Primeiramente aborda os fatos históricos que mostram a
importante função social da tipografia que contribuiu para difundir a informação e o
conseqüente desenvolvimento intelectual humano. Apresenta também os aspectos técnicos
da tipografia considerando a sua aplicação no projeto gráfico impresso e digital. A escolha
da tipografia para um projeto gráfico tem fundamental importância, para isso, devem ser
considerados aspectos como históricos, técnicos e conceituais, relacionando estes com as
características próprias de cada projeto, como o público, os objetivos e também a relação da
tipografia com os outros componentes do projeto, como as imagens e outras fontes. O
importante é que todos os elementos estejam em harmonia, para que a mensagem possa ser
comunicada claramente, com um visual agradável e dessa forma poder alcançar o objetivo
que foi planejado.
Palavras-Chave: Tipografia, História, Projeto Gráfico, Comunicação.
1 Introdução
A temática deste estudo é a tipografia, que segundo Ribeiro (1998) é definida como "a arte
de produzir textos em tipos, isto é, caracteres. Ou ainda a arte de compor e imprimir em
tipos".
Este trabalho apresenta um estudo sobre a tipografia, abordando a sua história, mostrando
seu importante legado que veio contribuir para difundir a informação e o conseqüente
desenvolvimento intelectual humano. Desde os tipos móveis até as telas da web, a
tipografia atravessa os séculos com presença marcante entre os meios de comunicação,
sendo um elemento de grande importância, sem o qual é praticamente impossível transmitir
mensagens e trocar informações escritas.
A escolha da fonte dentro de um projeto gráfico é de fundamental importância. Não existe
uma indicação exata, quando se deseja escolher as fontes para um determinado tipo de
trabalho, mas alguns cuidados devem ser tomados, levando em conta aspectos importantes
como históricos, técnicos e conceituais, relacionando estes mesmos com as características
próprias de cada projeto específico, como o público-alvo que se pretende atingir e os
objetivos almejados e até a relação da fonte com os outros componentes do projeto, como
imagens e outras fontes. O importante é que todos os elementos estejam em harmonia para
que a mensagem possa ser passada de forma clara, com um visual agradável e dessa forma
poder alcançar o objetivo que foi planejado no projeto gráfico.
2 Breve história da tipografia
O homem primitivo começou a fazer os primeiros ensaios sobre tipografia, por meio de
desenhos feitos com paus e pedras, assim montava palavras ou frases para expressar
acontecimentos de seu cotidiano. Se quisesse demonstrar, por exemplo, a palavra “caça”
desenhava homens com lanças e vários animais. De acordo com Ribeiro (1998), a escrita
feita com desenhos rudimentares chama-se pictografia do grego “pictus” significa pintado
e “grafe” significa descrição (Ribeiro, 1998).
Antes da tecnologia impressa, os livros eram produzidos por escribas. O processo da escrita
de um livro era manual, muito trabalhoso e demorado. O alemão Johann Gutenberg criou o
primeiro processo de impressão, usando tipos móveis em letras de madeira e mais tarde de
metal. O primeiro livro produzido em massa foi A Bíblia de Gutenberg em 1454, conhecida
como a “Bíblia de quarenta e duas linhas”. O processo básico de Gutenberg era um
perfurador feito do aço, com uma imagem espelhada da letra a qual era pressionada em um
metal e formava uma forma da letra. Nesta “forma” era derramado um metal derretido, o
que dava origem ao tipo. Depois cada tipo era posto em uma matriz para dar forma à página
do texto, esta formava uma espécie de carimbo, que pressionado no papel resultava na
impressão. Dentro de algumas décadas essa tecnologia se espalhou pela Europa. (Phinney,
2004).
Segundo Ribeiro (1998), na época de Gutenberg os tipos móveis já não eram mais
novidade. Em 1041, os chineses já conheciam e empregavam tal processo, mais de quatro
séculos antes dos europeus. Há quem afirme que o primeiro livro impresso com tipo móvel
no ocidente, foi o “Horarium”, pelo holandês Lorenço Janszoon, apelidado de Coster por
ter sido sacristão, em 1430. Seu segredo profissional foi roubado e levado para Maiança,
cidade onde nasceu Gutenberg.
Sendo responsáveis pela maior criação de seu século, fica claro que esses homens deixaram
um grande legado à humanidade, seja inventando ou aperfeiçoando as técnicas de
impressão tipográficas. Sua invenção não parou de evoluir, sempre contribuindo para elevar
o nível intelectual da humanidade, através da disseminação da informação e servindo como
base para novas evoluções tanto humanas como tecnológicas.
A reforma protestante aconteceu, devido à possibilidade em se criar milhares das cópias de
Luther para distribuição. Muitos grupos procuraram controlar esta nova tecnologia. Os
copistas lutaram contra a implantação da impressão, porque poderia lhes custar seus meios
de subsistência, e as autoridades religiosas, procuraram controlar o que era impresso.
Durante séculos em alguns países europeus, os livros poderiam somente ser impressos por
impressoras autorizadas pelo governo, e nada poderia ser impresso sem a aprovação da
igreja. (Phinney, 2004).
Os copistas bem como os calígrafos e os miniaturistas se opuseram seriamente ao processo
de reprodução de livros que surgia. Porém mais tarde perceberam que teriam que continuar
contribuindo com seu trabalho mesmo que de outra maneira, desenhando as letras iniciais,
criando novos tipos e até ilustrando os livros para os impressores (Ribeiro, 1998).
A imprensa criada por Johann Gutemberg não foi uma invenção pacífica. Muitos temiam
que um livro que não era saído da tinta de um monge copista seria uma força perturbadora,
capaz de abalar a fé e comprometer as autoridades. De modo positivo, os temores tinham
fundamento, liberdade, entre outras coisas, presume acesso irrestrito à informação,
multiplicá-la, portanto, foi uma das bases da disseminação da democracia (Phinney, 2004).
No início do século XIX a revolução industrial trouxe inovações importantes na tecnologia
impressa. As prensas giratórias a vapor substituíram a operação manual, fazendo o mesmo
trabalho em 16% do tempo. Neste mesmo século foi inventada a máquina de linotipo, que
permitiu a composição mecânica dos caracteres. A fotocomposição surge no século XX,
que consiste na preparação dos caracteres sobre papel vegetal ou filme fotossensível, que
vão para uma montagem final, da qual se originam as chapas para a impressão. Na segunda
metade do século XX nasce a composição controlada por computador, através de
montagens virtuais, que resultam na chapa para impressão, com a vantagem de eliminar a
etapa das montagens em filme. No início deste século XXI, já existe a impressão digital que
elimina a etapa das montagens em filme e também as chapas de alumínio, a impressão é
feita diretamente do computador. É uma tecnologia que ainda é cara e poucas gráficas
dispõem da mesma (Ministério da Ciência e Tecnologia, 2006).
2.1 Histórico do desenho das letras
Couto (1969) e Ribeiro (1998) abordam alguns pontos da história tipográfica, quanto ao
desenho e das formas das letras, bem como sua origem e como foram utilizadas.
No século VII a.C. o alfabeto utilizado pelos romanos foi adaptado das letras maiúsculas
gregas, sendo modificados e adicionados posteriormente novos sinais. Primeiramente as
palavras não eram separadas e não existia pontuação. Depois de 500 anos da fundação de
Roma o alfabeto começou a evoluir, as palavras passaram a ser separadas inicialmente com
ponto, surgiram também novas letras, completando-se o alfabeto latino usado até hoje em
todo o mundo (Ribeiro, 1998). As letras romanas caixa baixa, foram redesenhadas em
1470, vinte anos depois dos primeiros tipos de Gutemberg, pelo impressor da renascença
Nicolas Jensen. (Couto, 1969).
A escrita gótica predominou durante quase três séculos até o séc. XVI, nos paises do
ocidente europeu. Com a abundância crescente dos textos, os copistas apertavam seus
escritos para melhor aproveitar os espaços, foi assim que surgiu este estilo (Ribeiro, 1998).
De acordo com Couto (1969), a escrita gótica teve origem com os escribas dos monastérios.
Possui as seguintes formas:
• Uncial: para ser usada somente como inicial: A forma uncial foi utilizada na
decadência do império romano, é a primeira transfiguração das letras romanas, sua
designação é atribuída a palavra “uncia”, medida equivalente a polegada, ou então
por sua forma arredondada semelhante a unha. Muito utilizada nos textos de livros
por seu traçado contínuo ideal para a escrita manual (Ribeiro, 1998);
• Semi-uncial: é semelhante a uncial, porém é composta por letras minúsculas. Era
freqüentemente usada para preencher diplomas, contas e documentos em geral. Foi
mais utilizada em trabalhos e documentos que exigiam clareza e perfeição.
(Ribeiro, 1998).
As letras do tipo itálico surgiram com o famoso impressor de Veneza Aldus Manutius, em
1501. Tornaram a escrita mais livre e cursível.
As letras caligráficas apareceram no século XVII, se desenvolveram com a caligrafia (arte
de escrever bonito). Originaram-se da prática dos escritores profissionais, que faziam
floreados para servirem de iniciais.
No século XX apareceram estilos neo-clássicos, sem serifas ou enfeites. Surgiram também
formas re-estilizadas do romano, formas excêntricas e combinações sem respeitar tradições
e contrastes.
3 Tipografia: Aspectos estruturais
Segundo Farias (1998), a tipografia funcionalista do século XX buscou criar formas mais
legíveis, universais que seriam definitivas. Muitos acreditavam que seria estabelecido o tipo
mais lógico e legível, não haveria mais necessidade de voltar às incertezas da
experimentação.
Nos primórdios desenvolver uma família tipográfica era um processo que exigia um
detalhamento meticuloso para garantir a qualidade e legibilidade, pos seu sucesso está nos
detalhes e na perfeição. No século XXI que se inicia, a tecnologia facilita a criação de
fontes, com ótima estética e fácil compreensão. Dessa forma existem inúmeros tipos de
fontes, e muitas ainda estão sendo criadas e aperfeiçoadas para os diferentes tipos de
projeto gráfico.
Tipografia do grego typos (forma) e graphein (escrita) é a composição de um texto, tanto de
forma física ou digital. Segundo Perrota (2005), tipografia não é somente o desenho da
forma das letras, mas também a sua organização no espaço. Não é somente desenvolver
uma fonte, mas também fazer o bom uso dela. De acordo com Tschichold apud (Routila,
2002), uma palavra bem ajustada é o ponto inicial de toda tipografia.
3.1 Fonte, estilo e família
Fonte é um conjunto de caracteres em um único estilo. Nos primórdios, na tipografia dos
tipos móveis, mesmo que fosse do mesmo estilo, cada tamanho era considerado uma fonte
diferente, isso porque era necessário, para cada um destes conjuntos, cortar e fundir
matrizes diferentes. Na tipografia digital, uma fonte é uma “matriz” virtual que pode ser
atualizada em qualquer corpo de forma automática. E por isso pode ser definida por suas
características visuais. Família é formada por todas as variações de uma fonte, por exemplo,
normal, bold, itálico, light, etc.
3.2 Legibilidade
Vários são os fatores que influenciam na legibilidade de um tipo, como espaçamento,
contraste, tamanho, formas, cor dos caracteres, cor do fundo, tipo do papel, tipo da
impressão, entre outros.
3.2.1 Espaços brancos, transparência e legibilidade
É necessário ter equilíbrio de espaços entre letras, palavras, linhas, quando os textos são
próprios para leitura. De acordo com Rocha (2002), o espaço entre as letras dever ser
eqüidistante. As letras não devem ficar muito perto, nem tão longe que as palavras deixem
de ser percebidas como palavras. Quando os espaçamentos estiverem adequados, este se
tornará invisível ou transparente, dessa forma o leitor poderá se concentrar com mais
facilidade e rapidez no significado das palavras e nem perceber sua existência. Apenas deve
perceber o espaço entre as palavras e linhas. Por isso que o espaçamento tem um importante
significado na legibilidade. Hoje em dia, o controle de espaçamentos (kerning) é um
recurso que faz parte de softwares de criação, muitas vezes não é usado, por cauda da falta
de conhecimento.
De acordo com Couto (1969), o espaçamento é a alma do desenho de letras. Bom
espaçamento não significa distância igual, mas sim áreas proporcionais de espaço em
branco que ficam entre uma letra e outra. Também é importante, que os espaços dentro da
letra, sejam uniformes, sem precisar ser necessariamente iguais.
3.2.2 Legibilidade dos caracteres
Para serem identificados com maior facilidade, os caracteres devem estar legíveis. Os
seguintes itens contribuem para a legibilidade dos caracteres:
• Força: representa a espessura e o espaço entre cada letra, palavra ou linha;
• Orientação: Quanto mais inclinada à palavra ou a frase em relação à horizontal,
menos legível se apresenta. É preferível evitar a direção inclinada, a não ser que se
justifique o uso pelo benefício;
• Harmonia: Quanto ao uso de letras deve se observar a harmonia ao destacar os
caracteres das palavras ou grupo de palavras em relação a tamanho (corpo),
espessura (negrito) e orientação (itálico);
• Tipos simples: Caracteres mais simples, sem enfeites ou serifas são os mais
legíveis. Ex: Com Serifa. Sem Serifa. (DUL e WEERDMEESTER, 1998).
• Texto em Itálico: Textos compostos exclusivamente em letras itálicas podem
diminuir de forma significativa o ritmo de leitura. (MORAES, 1996);
• Letras minúsculas e maiúsculas: Em um texto contínuo em caixa alta e baixa, a
leitura é facilitada quando a primeira letra é maiúscula e as demais minúsculas. As
letras maiúsculas devem ser preferencialmente utilizadas para títulos e nomes
próprios e para abreviações familiares ao usuário. (DUL E WEERDMEESTER,
1998);
3.2.3 Serifas
As fontes serifadas caracterizam-se pela presença de arremates nas partes superiores e
inferiores das letras. Serifas são pequenos traços aplicados às extremidades das letras. É um
recurso antigo, nascido da escrita manual, um luxo que se perdeu no tempo e na correria da
modernidade (DAMASCENO, 2003).
Além do caráter ornamental, a serifa tem aspectos funcionais importantes. Primeiro, ela
guia os olhos do leitor de uma letra para outra. Isso acontece devido à linha imaginária
criada pelos achatamentos que existem nas extremidades inferiores dos tipos, ou seja, nos
pés das letras, que permite uma leitura mais fluente. Por esses aspectos funcionais, as letras
serifadas são muito usadas em grandes volumes de texto, como nos livros.
4 A importância da tipografia no projeto gráfico
O projeto gráfico contempla várias etapas e metodologias tais como a seleção do público a
ser atingido, planejamento, criação, escolha da tecnologia, etc. A tipografia é peça-chave
dentro do contexto de um projeto, pois ela contribui para delinear a personalidade de todo o
conjunto dos elementos que o formam. Sendo fundamental em um sistema de comunicação,
a tipografia torna-se um emissor que transmite mensagens, que serão recebidas pelo
receptor. Ela “fala” pelo projeto gráfico e tem tom e forma própria de se comunicar. A
interpretação da fonte depende de fatores como cultural, psicológicos, sociais de cada
indivíduo.
Cada projeto é único, possui sua própria característica. Cabe ao designer escolher os
componentes ideais de um layout, sendo de fundamental importância a escolha da
tipografia. Para poder, dessa forma, permitir que emissor, mensagem e receptor estejam em
sintonia e a mensagem possa ser transmitida claramente e com um visual agradável para o
meio de comunicação. Segundo Farias (2006), são aspectos a serem considerados na
seleção da fonte:
a) aspectos históricos
o Autor, ano e lugar da criação;
o Situação em que foi mais utilizada.
b) aspectos técnicos
o Legibilidade e usabilidade: design das letras, espaçamento, resolução, tamanho;
o Completude e coerência: presença de caracteres básicos, presença de acentos e
outros sinais necessários, relação entre caracteres;
o Elegância computacional: definição de contornos;
o Forma: presença ou não de serifas, terminais, curvas, ângulos, peso, contraste;
o Estrutura: esqueleto da letra, proporções, eixo de inclinação.
c) aspectos conceituais
o Relação com o projeto;
o Relação com imagens utilizadas no projeto;
o Relação com outras fontes utilizadas no mesmo projeto.
5 A tipografia no papel e na tela
A leitura de um texto é diferente quando é feita no papel ou na tela, por isso que as
especificações da fonte em ambos os casos também deve ser diferenciada.
Na tela do computador a leitura é mais cansativa do que no papel, geralmente é feita de
forma rápida pela maioria dos usuários. Um outro fator importante que deve ser
considerado na web é em relação a disponibilidade das fontes nos computadores dos
usuários, que pode ser limitada, podendo gerar inconsistências entre o resultado final visto
pelo usuário e o que foi planejado, como é explicado no item 5.1 Tipografia na web.
Segundo Wolfgang Weingart apud Farias (2006), a legibilidade depende de cada trabalho.
Em um aeroporto o arranjo tipográfico deve ser claramente legível, mesmo a grande
distância. Já um pôster pode ser lido a uma distância de 20 centímetros, isso também é
legibilidade. Não se pode, por exemplo, fazer um livro com centenas de páginas onde os
tipos estejam apertados, porque ninguém conseguirá lê-lo. A interpretação clássica da
tipografia é que ela é feita com tipos e esses devem ser transportadores da informação. É
muito importante, portanto que os tipos sejam legíveis (FARIAS,1998).
Quando a leitura é feita no papel, dependendo do veículo, a abordagem da tipografia
também deve ser diferenciada, porque o tipo de leitura também vai ser diferente em cada
caso, alguns fatores devem ser considerados, dentre eles pode-se citar:
• Distância do observador em relação ao que está escrito. Por exemplo, se for um
cartaz, um pôster, um outdoor, um mural, uma placa de sinalização, são formas onde
a distância do observador difere, logo a tipografia a ser escolhida também deve
diferir;
• Tempo de permanência do usuário frente ao que está escrito. Se estiver passando a
pé, de carro, parado na sinaleira, ou então se a leitura for em um livro de um
romance, seu tempo de permanecia naquela leitura vai ser diferente do que seria em
uma revista dividida em vários artigos, ou então em um dicionário no qual
geralmente o usuário irá apenas consultar uma palavra;
• O objetivo da leitura. Pode interferir no tempo de permanência do usuário. Pode-se
ler para estudar, pesquisar, informar-se ou até para descansar e descontrair;
• Se o usuário possui algum tipo de necessidade especial: Caso o público-alvo seja o
idoso, provavelmente as pessoas terão dificuldades de visão.
5.1 Tipografia na web
Quando se pensa em web deve-se analisar não apenas a mensagem a ser transmitida e seu
veículo transmissor, mas tudo que limita o bom entendimento do que for escrito. Na web, a
fonte também vai depender do tipo de projeto que será desenvolvido, bem como outros
fatores, dentre eles abaixo são citados alguns como:
a) Público-alvo (usuários);
o Faixa etária;
o Nível cultural e de conhecimento;
o Nível de compreensão;
o Fatores psicológicos e sociais;
o Existência ou não de necessidades especiais;
b) Onde a fonte será empregada;
o Título;
o Subtítulo;
o Corpo de texto;
o Legenda;
o Gráfico;
c) Como a fonte será empregada;
o Tamanho;
o Cor;
o Contraste;
o Contorno;
o Tipo, estilo, família;
o Legibilidade;
o Alinhamento;
d) Objetivos do website;
o O objetivo do site está de acordo com o que o usuário espera encontrar;
o A interface está fácil de ser entendida e usada;
Na web a leitura geralmente é mais rápida, dessa forma os textos devem ser escritos de
maneira clara e da forma mais simplificada possível, já que a leitura de itens na tela do
computador é mais cansativa do que no papel (DAMASCENO, 2003).
De acordo com Damasceno (2003), principalmente em textos longos, para garantir que a
palavra seja bem transmitida, é preferível usar fontes não serifadas, com estrutura simples,
formato facilmente adaptável a qualquer estrutura de layout e o conteúdo direcionado ao
público alvo. Boas fontes para texto na web são Arial, Helvetica e Verdana.
O alinhamento do texto é um outro fator de importância que favorecerá a leitura. O texto
deve ser natural e linear. O alinhamento justificado faz o balanceamento do layout, porém
estende a visão tornando-se desconfortável. O alinhamento a esquerda forma um bloco
consistente e facilita a leitura do começo ao fim do parágrafo (LENT, 2006).
Existe uma grande variedade de fontes disponíveis na Internet, muitas até de forma gratuita.
Porém somente as fontes comuns podem ser adotadas como forma de texto nas webpages,
isso porque a maioria dos computadores possui instalação limitada de fontes. Segundo
Damasceno (2003) as fontes definidas em um código HTML de uma página Web são
exibidas de acordo com a hierarquia de fontes disponíveis no próprio computador do
usuário. Por exemplo, quando o texto de uma página web for formatado como Comic Sans
no editor de HTML, é definido no código-fonte, que ela deverá ser exibida como tal nos
computadores que tiverem a fonte instalada. Um usuário que não tiver a Comic Sans em
seu computador, o código vai procurar outra fonte para substituir, ou ainda substituir por
quadradinhos o que torna o resultado ainda pior, assim o trabalho terá um resultado
diferente do esperado.
Para evitar eventuais inconveniências o designer precisa conhecer as fontes mais comuns
que estão presentes na maioria dos computadores. A fontes padrão do Windows são Arial,
Comic Sans, Courier, Geórgia, Microsoft Sans Serif, Times New Roman, Verdana. A fonte
Verdana foi otimizada para ser usada na tela do computador, com o navegador Internet
Explorer é compatível em todas as plataformas, por esse motivo que é uma das fontes mais
usadas para texto na Internet.
Como nem todos os usuários possuem determinadas fontes instaladas em seus
computadores, existem algumas formas para evitar que aconteçam imprevistos indesejados.
Fontes não convencionais podem ser utilizadas em um texto no formato de imagem, que
pode ser criada, por exemplo, no photoshop, entretanto existe o inconveniente de tornar o
site mais lento para carregar.
Outra forma que poderia amenizar essa limitação seria o uso de um código de programação
específico chamado “scripts server”, que gera uma imagem a partir da fonte original
instalada no servidor do website, caso detectar que o usuário não dispõe da instalação da
mesma, assim a fonte é visualizada pelo usuário da maneira planejada.
O ideal é que sejam feitos testes com o layout em várias resoluções de tela, tamanhos de
monitor e plataformas diferentes, para verificar seu comportamento. Este cuidado garante
qualidade estendendo ao máximo de usuários uma visualização do resultado final conforme
foi planejado.
6 Considerações finais
A tipografia de alguma forma já estava sendo ensaiada na pré-história, quando os homens
primitivos esculpiam os caracteres nas paredes das cavernas em forma de desenho, para
representar as tarefas do seu cotidiano.
Os livros que antes eram apenas produzidos de forma manual pelos copistas eram muito
caros e raros, pois demorava muito tempo para terminá-los, logo poucas pessoas tinham
acesso. Quando a tipografia surgiu como sinônimo de impressão, foi uma grande invenção
que viria a contribuir de forma significativa para a evolução intelectual da humanidade. Foi
uma forma de disseminar a informação para todos, acontecimento que foi muito temido
pela igreja e pelo governo, sendo que o impresso que não era saído das mãos dos monges
copistas, precisava ser autorizado por ambos antes de ser publicado, pois eles temiam que
seriam meios por onde as pessoas perderiam a fé e se perdesse a autoridade sobre elas. A
disseminação da informação foi o fato mais importante nesse processo, com a sua evolução
cada vez mais, contribuiu para a democracia e a liberdade do povo.
Com o tempo o significado da tipografia foi se transformando, evoluindo como método de
impressão e com o design dos tipos, estando hoje inserida como um dos elementos mais
importantes na comunicação dos projetos gráficos de design.
Na tela, no papel ou em outro meio, cada projeto gráfico deve ser considerado de forma
particular, logo a tipografia que ele deve conter também é própria em cada caso,
dependendo de seus objetivos específicos, de seu público-alvo e de outros fatores
tipográficos importantes como históricos, técnicos e conceituais.
7 Referências
COUTO, José F. Manual de Desenho de Letras. Rio de Janeiro: Ediouro. 1969.
DAMASCENO, Anielle. Webdesign: Teoria e Prática. Florianópolis: Visual Books,
2003.
DUL, J.; WEERDMEEESTER, B. Ergonomia Prática. São Paulo: Edgard Blücher, 1998.
FARIAS, Priscila L. Tipografia Digital: O Impacto das Novas Tecnologias. Rio de
Janeiro: 2AB, 1998.
LENT, Michael. Tipografia a voz em forma de imagem. Revista webdesign. Fevereiro de
2006, ano3, n°26. Rio de Janeiro: Editora Artecom, 2006.
MINISTÉRIO DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA. Tipografia. Disponível em:
Acessado em Outubro de 2006.
MORAES, A.; Balster, M.; Herzog, P. Legibilidade das famílias tipográficas. In: P & D
Design estudos em design,1996, Rio de Janeiro. Anais: Rio de Janeiro: Associação de
Ensino de Design do Brasil, p.7-21.
PERROTTA, Isabella. Tipos e grafias. Rio de Janeiro: Senac, 2005.
PHINNEY, Thomas W. A Brief History of Type. Disponível em:
RIBEIRO, Milton. Planejamento Visual Gráfico. 7.ed. Brasília: Linha Gráfica Editora,
1998.
ROCHA, C. Projeto Tipográfico: Análise e produção de fontes digitais. São Paulo:
Edições Rosari. 2002.
ROUTILA, S. Form and counterform in graphic design: a phenomenological
approach. In: “Issues confronting the post-european world”, Prague: The organization
of phenomenologial organizations. 2002.
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