terça-feira, 30 de novembro de 2010

6276 - LÍNGUAS DA GUIANA FRANCESA

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A Língua Crioula da Guiana Francesa Uma Relidade Tradutória
Por Elizangela Quintela Miranda Costa Publicado 13/09/2010 Linguistica Avaliação: Sem nota
A LÍNGUA CRIOULA DA GUIANA FRANCESA UMA REALIDADE TRADUTÓRIA
Elizangela Quintela Miranda Costa
alegna.quint@yahoo.com.br

Resumo: A colonização francesa na Guiana iniciou com a vinda de alguns colonos em 1504, onde os povos ameríndios eram os habitantes, neste período foram enviadas expedições de colonos franceses para povoar este território além de outros habitantes. A presença dessas culturas e línguas proporcionou a formação de um complexo quadro etinolinguístico que originaram o Crioulo. Tal compreensão pretende discutir o importante papel de outras culturas na formação do Crioulo e retratar o multiculturalismo e o multilinguísmo através do processo de crioulização pelo qual passou a Língua Crioula.

Palavras–chave: Crioulo; Etinolinolinguístico; Multiculturalismo; Multilinguísmo; Crioulização.

O Crioulo não tem sua origem etimológica fundamentada no processo de escravidão como muitos pensam, mas no contato com outras línguas, assim ”as línguas crioulas são de fato múltiplas e se desenvolveram nas diversas zonas geográficas que não tiveram muitos contatos mútuos.” (MASSIEUX, 2002. p. 63). O processo de colonização da região francesa se deu em função da expansão dos grandes centros metropolitanos facilitando a evolução entre os locutores difundindo-os em várias zonas regionais em que houve o processo coloniativo
A Guiana recebeu habitantes tais como: os hindustan, canadenses, brasileiros, haitienses, martiniquenses, guadalupenses, os ameríndios, chineses, que influenciaram a formação lingüística do Crioulo. Ao considerar-se a visão de Maria Cecília Mollica e Luíza Braga, ao dizerem que ”(...) As variantes tanto lingüísticas quanto não lingüísticas, não agem isoladamente, mas operam num conjunto complexo de correlações que inibem ou favorecem o emprego de formas variantes semanticamente equivalentes.” (2004, p. 27).
O Crioulo é a expressão da fala usada atualmente na Guiana, mas a elaboração de sua escrita devido a existência de diversos Crioulos e a ausência de um sistema gráfico oficial encontra muitas dificuldades. Em relação ao plano de funcionamento da sintaxe entre o Crioulo e o Francês, Robert Damoiseau escreveu:

“(...) no plano do funcionamento das unidades lexicais, quer dizer no plano sintático, se constata indiscutivelmente entre o francês e o crioulo um certo número de analogias, é igualmente verdade que sobre inúmeros pontos essenciais (por exemplo a determinação nominal, a pluralização, o funcionamento do número do núcleo da fase e expressão do tempo e aspecto, as conexões interfásicas, os procedimentos de ênfases...) o fazemos com tratos específicos que fundamentam a existência de dois sistemas.” ( 2003, p.11)

A teoria que se dá mais suporte é a teoria aspectual baseada nos fundamentos de Damoiseau, pois para ele o Crioulo tem pagado um preço muito alto por ter raízes no Francês, assim como ele mesmo diz: “Na realidade a percepção de coexistência do crioulo e do francês correspondem ainda e, eles mesmos, compreendem a casa dos crioulofones, a um esquema de redução do Crioulo. De outra maneira, crioulo continua a pagar o tributo de seu parentesco lexical com o francês.” (2003, p.11)

As raízes históricas

Durante a alta Idade Média, começaram a evoluir duas línguas diferentes: a Língua d’Oïl, ao norte do rio Loire, e a Língua d’Oc, ao sul. De cada uma delas originam-se vários dialetos. Os principais dialetos de Língua d’Oc são: o provençal, gascão, o languedociano, o auvernês, o lemosino e o beanês. A Língua d’Oc era utilizada por uma importante escola de poetas e trovadores, foi também chamada de Provençal.
Os dialetos da Língua d’Oïl receberam o nome das províncias setentrionais nas quais eram falados; frâncio, île-de-France, região de Paris, normando, picardo (picardia), pictavino (Poitou) e borgonês. O Francês Moderno é a forma derivada diretamente do dialeto da île-de-France. Historicamente, ao longo de quase 300 anos, o Francês foi a língua das classes dirigentes e do comércio da Inglaterra desde o tempo da Conquista Normanda até 1362, quando o uso do Inglês foi retomado. Eram faladas muitas línguas e dialetos.
Os dialetos da língua d’Oïl eram o Picardiano e o Valão entre outros; dialetos occitanos como o gascão e o provençal, o bretão, o basco, o catalão e o baixo alemão. Mas com o tempo, o dialeto da îl-de-France, região localizada em torno de Paris. O Franciano suplantou os outros dialetos e transformou-se na base para a Língua Francesa Oficial.
O Francês abrange várias ramificações lingüísticas, tal como a família: Indo-Europeu, Itálico, Romântico, Ítalo-Ocidental, Galo-Ibérico, Galo-Romântico, Galo-Rético, Oïl e o Francês que é a Língua Oficial da França e de mais 24 países e é regulada pela Academia Francesa e é Língua Oficial nos seguintes países, regulada pelo seu Estatuto Oficial. Dados de 1999 mostram o quantitativo de falantes do Francês que é falado atualmente na França e em 53 outros países somando 77 milhões de falantes.
O Francês apresenta algumas variações chamadas de Dialetos que são o francês belga, o francês suíço, o francês quebequense, o francês acadiano, o francês cajun, o francês parisiense e o francês marselhês. Na capital da Guiana Francesa, Caiena, existe uma numerosa população de miscigenações em sua maioria estão os guianenses, entre outros grupos, além do grupo minoritário que são os franceses, os portugueses, os hindustan, chineses hakka, taki-taki e as línguas ameridianas conhecidas como arawak, emerillon, kalihna, palikour, wayampi,wayana e hmong.

O escravismo

No Brasil e todos os países que foram colonizados o tráfico negreiro e escravo foram usados durante séculos na economia das regiões do Caribe e da América do Sul. No séc. XVI, os colonos espanhóis haviam obrigado as populações ameridianas a trabalharem na terra. Estas populações indígenas não sobreviviam às condições impostas pelo trabalho escravo, por isso os espanhóis importavam os africanos e colocavam-nos para trabalhar nas colônias por suportarem melhor o trabalho escravo.

Depois da descoberta do ouro pelos conquistadores no México e no Peru, os europeus se renderam ao continente latino-americano. No entanto, em razão da natureza continental da colônia, as evasões dos negros Marrons na floresta guianense se multiplicaram. De 1709 à 1730, os jesuítas, sob a direção do padre Lombaerd, tentam reagrupar os indianos com fins evangelísticos e coloniativos. Queriam usar a população local, os indianos, para suprir a insuficiência de escravos e a falta de motivação existente. Ao contrário do que imaginavam os padres, as tentativas se mostraram nefastas para a população Ameridiana, pois eles foram expostos e contraíram as epidemias dos brancos: a rubéola, a coriza, o paludismo e as demais doenças importadas da Europa. (cf. CART-TANNEUR, 1998, p. 55-56)

A Língua Crioula

A “Língua Crioula” é considerada por muito como u m Pidgin como um Dialeto ou Língua Exótica, outros a vêem como uma Variação e há aqueles que a consideram um Idioma em ascensão por causa de seu pouco prestígio diante dos Idiomas Oficiais como a Língua Francesa.

“A origem da palavra “crioulo”, é há muito tempo controversa, é ainda por vezes objeto de discussões inúteis depois que a história do termo foi reconstituída, em todos os detalhes, por R. Arveiller. Demonstrou que sua primeira atestação em francês remonta o fim do XVIº século, na tradução da Historie natural y moral de Acosta, porém que se trata de uma citação do espanhol (“crioullos”) que poderia ele mesmo ter sido empregado a palavra em português (“crioullo”)...”(CHAUDENSON, 1979, p. 09)


Este fenômeno resulta na existência de muitos crioulos por vezes considerados “línguas mistas”. Sua formação data dos séculos XVI e XVII em favor da classe dos Negros organizados pelos poderes coloniais da época: Grã-Bretanha, França, Portugal, Espanha, os Países-Baixos e mais tarde os Estados Unidos, assim, como a Suécia e a Dinamarca. A significação do Crioulo mudou com o tempo assim como registra História Geral das Viagens, IX ”(...) Pela palavra Crioulo, é preciso entender não como pessoas disformes de nenhuma natureza nem como homens para os quais as mulheres se acham muito bonitas e bem feitas. A cor de sua pele é um pouco morena, mas não tão escura.” (CHAUDENSON, 1979, p. 10.)
O termo Crioulo procede de duas etmologias, na portuguesa crioulo e outra espanhola criollo, que vem da mesma palavra latina criare, significando alimentar, sustentar ou mais precisamente servidor alimentado em casa. A crioulística aproximou do sentido original da palavra crioullo. Através de seu significado em espanhol crioullo era o Branco nascido nas colônias hispano-americanas em oposição aos nascidos na Europa, significando nascido no lugar. Como a evolução semântica o qualificativo nascido no lugar passou a ser empregado também para animais e depois para seres humanos. (cf.CHAUDENSON, 1995, p.14, 17)
Segundo Robert Chaudenson, créole qualifica um animal nascido no país como um cavalo crioulo ou um boi crioulo. A explicação do processo pelo qual se chega ao Crioulo é contraverso, mas acredita-se que o termo seria usado inicialmente para denominar os animais nascidos e criados na cãs de seu dono, ne entanto, a etimologia mais aceita para i termo tem sua origem em cria, substantivo derivado do verbo criar. A palavra crioulo no Brasil, designa qualquer indivíduo de cor negra e tem sentido pejorativo, como preto, em oposição à negro, usado como termo mais neutro menos marcado por conotações negativas.
A palavra crioulo designava alguém que é do país, logo uma criança branca nascida nas colônias européias, tais como: Martinique, Guadalupe, Reunião, Louisiana, Guiana Francesa, chamada de crioulo independente de sua etnia. Só depois é que seu emprego foi usado para designar a população negra crioulo de cor, estendendo-se aos animais, objetos e consequentemente à língua desta população: o Crioulo. Em relação a palavra Crioulo, pode-se dizer que “... Ela é mesmo em Bourbon onde, desde 1725, no recenciamento dos escravos, a menção “de Mascarim” foi substituída por “créole”, palavra que designa todo indivíduo nascido na ilha sem importar a cor de sua pele.”(cf. CHAUDENSON, 1979, p. 10)
Os Crioulos não foram formados pela aparição do escravismo, mas um pouco mais tarde com o desenvolvimento da agricultura e a necessidade de mão-de-obra servil que Robert Chaudenson denomina de “sociedade de habitação”(1989, p.74) em oposição ao que deveria ser chamado de “sociedade de plantação” (1989, p. 74)

“...a sociedade “de habitação” onde a colônia em um período de implantação e de estabilização se esforça de assegurar antes de tudo sua própria subsistência, em condições por vezes precárias. A população branca é mais numerosa e o porte das “habitações “ reduzidos e o número de escravos em cada uma delas era limitado...”(CHAUDENSON,1989, p. 74)


Segundo Chaudenson (1995, p. 18), foi tardio e muitas palavras foram usadas como adjetivos, pois língua falada pelos escravos não eram vistas como sistemas lingüísticos autônomos e eram descritas como aproximações do Francês que eram consideradas Jargões. Estas variedades lingüísticas muito próximas do Francês são existentes na França e fazem relação entre o Francês e o Patois. Na guiana a sociedade é por excelência pluriétnica, grande parte da população da Língua Materna a outros que usam o Francês que é a Língua Oficial da região.
A língua Crioula e a língua Francesa são as mais usadas na Guiana e completadas ou substituídas em certos lugares pela Língua dos Americanos: o galibi ou kalina, o arawak, a wayana e pelas línguas dos negros marrons, o taki-taki e o nengue tango. Dentre dialetos falados na Guiana tem-se o galibi ou kalina. Um dialeto americano, porém este dialeto se tornou indispensável para os habitantes da Guiana como meio de disponibilizar a comunicação de uma Língua Veicular falada por todos.
Dessa forma nasceu pela miscigenação e transformação das Línguas Maternas dos escravos e depois dos imigrantes, junto com a língua dos colonizadores franceses, ingleses e holandeses as línguas crioulas e consequentemente o atual Crioulo guianense, chamado originalmente de Patois. O Crioulo tornou-se a Língua Regional. (CART-TANNEUR, 1998, p.09) A escrita do Crioulo progrediu nas últimas décadas ao contrário do que se diz Chaudenson ao afirmar que ”... O desaparecimento do crioulo seria o prolongamento da radicalização de um francesismo progressivo do falar que se acompanharia de uma redução de suas funções de uma extensão destas do Francês regional no qual o crioulo terminaria por desaparecer...” (1979, p. 144)
Como influência do Francês é presente no Crioulo da Guiana somente um estudo aprofundado demonstrará se a descrioulização regional do Crioulo da Guiana é possível. Para Valdemant (CHAUDENSON 1979, p) “Designa-se tradicionalmente sobre o termo de crioulo francês um conjunto de falares que dizemos ser mutuamente inteligíveis...” As Línguas Crioulas possuem as seguintes características: sintaxe SVO (Sujeito, Verbo, Objetivo): preferência pela estrutura silábica canônica CVCV (consoante-vogal-consoante-vogal): ausência de flexões verbais; marcação de tempo, modo e aspecto através de morfemas geralmente livres e antepostos ao verbo; uso de item lexical semanticamente associado ao corpo humano, ou partes do corpo, para assinalar a reflexividade; forma lexical para o pronome recíproco; um único morfema relativo; morfemas interrogativos bimorfêmicos; produtividade da reduplicação; produtividade da derivação imprópria; sistema vocálico simples; distinção entre verbos estativos e não estativos; produtividade do morfema zero.
O Crioulo se distingue devido a três características: o seu processo de formação, a sua relação com uma Língua de prestígio e algumas particularidades gramaticais. No entanto, apesar da Língua Crioula derivar de um pidgin isto não significa que ela seja um sistema de comunicação rudimentar ou que não tenha gramática. A possibilidade de Crioulos ser considerado um Pidgin ou dialeto é quase nula. A Língua Crioula, nasceu no contexto de uma comunidade que se tornou tão culturalmente diversificada e que não é possível adotar para o conjunto dessa comunidade nenhuma das várias línguas naturais faladas por cada falante resultado no etnolinguismo e no multiculturalismo lingüístico.
Quando um Pidgin se estabelece numa comunidade multilingüe é porque já foi completado por um vocábulo amplo e um rico sistema gramatical. Essa nova Língua Natural é o Crioulo e as crianças que o criaram são os primeiros falantes nativos desse Crioulo e este processo no qual se transforma um Pidgin num Crioulo é a Crioulização. As Línguas Crioulas são línguas originárias da necessidade de comunicação forçada entre povos falantes de duas ou mais línguas diferentes e é uma Língua formada a partir de uma base pré-existente e unhe-se a Língua de maior prestígio social com uma estrutura simples, adaptada às necessidades de comunicação entre esses povos.
A tendência desses falantes, com o estabelecimento das comunidades na região, leva a duas possibilidades:
A – Substituição do substrato misto e do Pidgin, resultantes do contato lingüístico, por uma Língua com força sócio-econômica para impor-se. É o caso, por exemplo, das línguas européias na maior parte dos países das Américas.
B – Atuação reduzida da Língua de maior prestígio e conseqüente cristalização do pidgin, tornando-se Língua Materna de um determinado grupo social. A partir daí, inicia-se a criação da chamada Língua Crioula.
Levando-se me conta a possibilidade B, a Língua daí resultante geralmente tem um vocábulo de base com alto percentual de palavras de uma só língua e uma gramática com elementos de amais de uma das línguas envolvidas no processo lingüístico. Em Fracês a palavra arbre que em Crioulo se escreve pyébwa ou ainda pwabalé, os signos que constituem a Língua obedecem a padrões determinados de organização. O conhecimento de uma Língua engloba não apenas a identificação de seus signos, mas também o uso adequado de suas regras combinatórias, pois ”Concerne não somente os Crioulos, mas também as formas regionais do Francês (em particular no plano lexical), pois uma pedagogia adaptada do Francês deverá necessariamente legitimar o uso de termos regionais próprios a favorizar a expressão-narrativa em particular – das crianças...” (CHAUDENSON, 1989, p. 192).
As formas de combinação dos signos lingüísticos devem ser conhecidas e atacadas pelos membros da comunidade que os emprega. Individualmente para que cada pessoa possa utilizar a língua de seu grupo social de uma maneira particular, no entanto, sua deve estar contida no conjunto mais amplo que é a língua caso contrário, estará se deixando de empregar a Língua a dificultará sua compreensão. Os aspectos geográficos influenciam as variações existentes nas formas que a língua francesa se apresenta nas regiões em que é falada é evidente as diferenças entre o modo de falar de um parisiense d e um guianense ou expressão de alguém nascido em Saint Laurent du Maroni em contraste com um nascido em Saint Georges.
Essas variações regionais constituem os falares e os dialetos, pois “A variação dialetal nos crioulos é esta data, um campo de estudo pouco explorado, porém sua importância não deve ser substituída subestimada, não no ponto de vista científico ( é uma evidência ) mas político... O sistema atual em uso suscitará as mesmas reações de rejeição por parte de alguns crioulofones da zona urbana...”(CHAUDENSON, 1979, p. 150). No caso dos aspectos sociais, o Francês empregado pelas pessoas que têm acesso à escola e aos meios de instrução difere do Francês empregado pelas pessoas privadas de escolaridade. Na escola aprende-se uma modalidade de norma culta, que deve ser adquirida durante a vida escolar e cujo domínio é solicitado como forma de ascensão profissional e social.

O Idioma é um instrumento de dominação e discriminação social e são socialmente condicionadas às formas de língua que alguns grupos desenvolvem a fim de evitar a compreensão por parte daquele s que não fazem parte deste grupo. Segundo Chaudenson (1979, p.135), “a estrutura do francês se caracteriza por uma sorte de contaminação “estrutural” proveniente da manifestação de suas “analogias” funcionais e estruturais...” Em relação aos aspectos profissionais o exercício de algumas atividades requer o domínio de certas formas de língua chamadas Línguas Técnicas. Abundante em termos específicos, essas variantes têm seu uso praticamente restrito ao intercambio técnico de engenheiros, médicos, químicos, lingüistas e outros especialistas.
Já os aspectos situacionais ocorrem em diferentes situações comunicativas, um mesmo indivíduo emprega diferentes formas de língua. As atitudes que assumimos em situações formais como: um discurso, uma solenidade de formatura e em situações informais ou até mesmo numa conversa descontraída com amigos são exemplo. Para uma integração lingüística à grafia do Crioulo, deve-se escolher um sistema gráfico que atenda às necessidades dos crioulofones ao invés de debates descentralizados. A questão principal nunca é fundamentada nem esclarecida e a questão principal não é como escrever o Crioulo, mas por que escrevê-lo. Tome-se por base a história proporcionando o desenvolvimento e a integração sociologística e psicologística, além de fatores extralingüísticos. (CHAUDENSON, 1989, p.169-196).
O parentesco lingüístico que o Crioulo tem com o Francês permite as fundamentações de hipóteses científicas concernentes a aparição e evolução dos falares esclarecendo os processos de desculturalização e de aculturalização inerentes à sociedade de plantação. Esta aproximação lingüística permite as condições e modos de uso de línguas que se definem por caracteres tipológicos e lingüísticos, (CHAUDENSON, 1979, p. 109). O crioulo, apesar de alguns lingüistas como Max Muller ser “taxativo em sua afirmação de que não podem haver línguas mistas” ( apud Rajagopalan, 2003, p.62), não é um pidgin e nem tão pouco um dialeto, mas uma Língua que tem sua fundamentação no Francês e que começa a se estruturalizar devido ao processo de crioulização. Assim como ocorre até mesmo no Português de existirem traços resultantes de emprésimos do próprio Francês, como no caso da palavra: “champagne”, “choffeur” e “garçon”.
A “estratégia” de alfabetização é igualmente um fator importante para se levar em conta. Em certos países, não há dúvidas que a alfabetização em crioulo não encontrava nos adultos apenas um sucesso limitado por evidentes razões econômicas e sociolingüísticas.” (CHAUDENSON, 1979, p. 154). A Língua Crioula não é um aleijão ou de línguas perfeitas, como criam e queriam os colonizadores. Pelo contrário, são interessantes par a teoria lingüística porque aquelas tendências gerais que se manifestam aqui e ali em diferentes línguas afloram de concentrada. Portanto, se é que se pode falar em perfeição de línguas, são as línguas crioulas que seriam mais “perfeitas” do que a slínguas não crioulas. As apresentações tradicionais do processo histórico de formação da Gramática Crioula dão a entender que se trata de algo simples e direto.
Na verdade, o modelo “clássico” para explicar esse processo, chamado de ciclo vital é bastante complexo. Segundo Derek Bickerton (1984, p. 173) “um crioulo surge quando crianças adquirem um pidgin como sua língua nativa”. O pidgin “é uma língua auxiliar que surge quando falantes de diversas línguas mutuamente ininteligíveis entram em contato estreito”. O Crioulo surge quando o Pidgin estável é adquirido como Língua Materna por crianças da comunidade emergente. Portanto, por definição, Crioulo é um pidgin nativizado, ou seja, todo Crioulo é um ex-pidgin. Esse processo recebe o nome de crioulização. Por fim, após formado e até mesmo durante o processo de sua formação, este processo é conhecido como descrioulização. Um bom exemplo de Crioulo em fase adiantada de descrioulização é o jamaicano.
A evolução estrutural do Crioulo tem mostrado que o princípio da diglossia fez existir duas variedades de uma mesma Língua; da Francesa. O ponto fundamental segundo Ferguson, postula que o Crioulo do Haiti é uma variedade do Francês assim como o Crioulo da Guiana, no entanto sua estrutura gramatical demonstra a presença de diglossia de língua não aparentadas. Deduz-se que ocorre um processo de descrioulização quando este passa a ter status de Língua (CHAUDENSON, 1995, 97,98)
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA


BARBOSA, Heloísa Gonçalves. Procedimentos Técnicos da Tradução Uma Nova Proposta. 2ª edição. Pontes. São Paulo: 2004, p. 22, 23, 34

BARTHÈLEMI, Georges. Dictionnaire Créole Guyanais-Français. Ibis Rouge Editions. Matouri-Guyane: 2007, p. 16, 18

BLOOFIELD, Leonard. Language. Holt, Rinert & Winston. New York: 1933, s.p.

BICKERTON, Derek. The language Biogram Hypotesis. The Biaviral and Brain Science. New York: 1984, p. 173, 174

CART-TANNEUR, Philippe. Enciclopédie de La Guyane, Tome 1: A à Cypisnagra. Edistrib. Paris: 1998, p. 55, 56, 258

CHAUDENSON, Robert. Créoles et Enseignement du Français. L’ Harmattan. Paris: 1989, p. 150, 162, 166, 192

_______________ Les Créoles Français Langue en Question. Fernand Nathan. France. 1979, p. 58,71, 109, 144, 154

_______________Les Créoles que Je-Sais? 1ª edição. Presse Universitaires de France. Paris: 1995, p. 15, 18, 97, 98

COUTINHO, Ismael de Lima. Gramática Histórica. Ao Livro Técnico. Rio de Janeiro: 1996, p. 21

DAMOISEAU, Robert. Èlements de Grammaire Comparée Français-Créole. Ibis. Rouge Éditions. Guadaloupe; Guiyane; Martinique; Réunion; Paris: 1999, p. 11

MASSIEUX, Marie Christine Hazaël. Écrire em Créole. L’ Harmattan. Paris: 1993-2002, p. 63, 86

MOLLICA, Maria Cecília; BRAGA, Maria Luíza. Introdução à Sociolingüística o Tratamento da Variação. Contexto. São Paulo: 2004, p. 09, 27

MUSSALIM, Fernanda; BENTES, Anna Christina. Introdução à Linguística Domínios sem Fronteiras. 2ª edição. Cortez. São Paulo: 2001, p. 27, 32

RAJAGOPALAN, Kanavillil. Por uma Linguistica Crítica: Linguagem, Identidede e a Questão Ética. Parábola. São Paulo: 2003, p. 62

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A Língua Crioula da Guiana Francesa Uma Relidade Tradutória publicado 13/09/2010 por Elizangela Quintela Miranda Costa em http://www.webartigos.com

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Elizangela Quintela Miranda Costa

Sou Bacharela em Letras Tradutor Francês Português, professora da rede pública do Estado do Amapá, cursando Pedagogia pela Universidade estadual do Amapá e Especialista em Língua Portuguesa e Estrangeira pelo Instituto Brasileiro de Pós Graduação-IBPEX, além de estar cursando pela mesma instituição o Curso de Metodologia da Língua Francesa.

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1 Comentário em "A Língua Crioula da Guiana Francesa Uma Relidade Tradutória"
maria trindade at 25 Nov 2010 5:12:38 PM BRST maria trindade Avaliação: Sem nota ( Autor)

comentou em 25 Nov 2010 5:12:38 PM BRST
não sei muito sobre vc,porém,admiro. pois
o artigo é ótimo
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