sexta-feira, 19 de novembro de 2010

6198 - HISTÓRIA DO URUGUAI



Wiki: História do Uruguai (1/3)
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O registo da história do Uruguai se inicia com a chegada dos primeiros europeus à área no início do século XVI. Tanto a Espanha como Portugal procuraram colonizar o futuro Uruguai. Portugal tinha por base a Colônia do Sacramento (na margem oposta a Buenos Aires, no rio da Prata), enquanto a Espanha ocupava Montevidéu, fundada no século XVIII e que veio a se tornar a capital do futuro país.



Índios do Rio da Prata segundo o diário de viagem de Hendrick Ottsen, 1603.
O início do século XIX viu o surgimento de movimentos de independência por toda a América do Sul, incluindo o Uruguai, cujo território constituiu parte da Banda Oriental do Uruguai (isto é, "faixa a leste do rio Uruguai"), cujo território foi disputado pelos estados nascentes do Brasil, herdeiro de Portugal, e das Províncias Unidas do Rio da Prata, atualmente República Argentina, com capital em Buenos Aires, herdeira do Vice-reinado do Prata da Espanha.

O Brasil sob domínio de Portugal, havia ocupado a área em 1811 e a anexado em 1821 (ler Incorporação da Cisplatina em História do Brasil). Mas uma nova revolta iniciou-se a 25 de Agosto de 1825. O Uruguai se tornou uma nação independente com o Tratado de Montevidéu, de 1828. As negociações para a independência tiveram o auxílio de George Canning, então chefe do Foreign Office ou Ministério do Exterior britânico, para consolidar a livre navegação do rio da Prata. Foi José Artigas, entretanto, a pessoa capaz de aglutinar internamente as expectativas uruguaias de independência, cabendo-lhe o mérito da independência.

A partir daí, o país experimentou uma série de presidentes eleitos e nomeados e entrou em conflitos com estados vizinhos, flutuações e modernizações políticas e econômicas e grandes fluxos de imigrantes, provenientes especialmente da Europa. Os militares tomaram o controle da administração em 1973 e o governo civil só regressou em 1985, um ano depois de vastos e violentos protestos contra os regimes militares na América do Sul, inclusive no Uruguai.



Bandeira do Uruguai.

Índice:
1. Período pré-descobrimento
2. Descobrimento
3. Colonização
4. República
5. Referências
6. Ligações externas


1. Período pré-descobrimento


Mapa com as diferentes etnias indígenas que habitavam a região do Rio da Prata antes da chegada dos colonizadores europeus.
O Uruguai é, atualmente, o único país da América do Sul que não apresenta população indígena sobrevivente. Entretanto, o primeiro registro arqueológico de evidência humana na região do atual território uruguaio data de 8.000 anos atrás. Estes povos antigos caçavam animais e coletavam plantas para sobreviver, desenvolvendo ferramentas de pedra mais sofisticadas entre 4.000 e 8.000 anos atrás. Neste período, também desenvolveram o uso do arco e flechas.[1]

Os principais vestígios das civilizações pré-históricas uruguaias são os chamados cerritos de indios, montes de terra e pedras existentes próximos da fronteira com o Brasil, desde La Coronilla, no departamento de Rocha, até as margens do Negro, em Tacuarembó e Cerro Largo. Apesar de descobertos no século XIX, a investigação minuciosa dos cerritos de indios começou somente em 1986, por três equipes formadas pelo Ministerio de Educación y Cultura e docentes, e alunos da Facultad de Humanidades y Ciencia de la Educación.[2]

Atualmente, sabe-se que as mais antigas destas construções foram erguidas em 3000 a.C. e as mais recentes datam de meados do século XVIII. Estima-se que existem mais de mil cerritos de indios no território uruguaio. Provavelmente tais construções eram utilizadas em rituais fúnebres, já que, em seu interior, foram encontrados esqueletos e crânios apresentando marcas que sugerem a retirada do couro cabeludo. Perto de alguns esqueletos, foram encontradas boleadeiras, punções feitas de osso de lobo-marinho, pedras de quartzo, esqueletos de cães e mandíbulas de raposas. As dimensões dos cerritos variam de meio metro a 7 m de altura e chegam a ter 35 metros de circunferência na base. Atualmente, credita-se estas construções à tribo dos guenoas.[2]

Outras etnias indígenas também habitaram o Uruguai ao longo dos tempos, como os arechanes, os guaianases, os yaros, os mboanes, os chanás, os tapes, os mbiás, os minuanos, os guaranis e os charruas. Os arechanes ocupavam a região dos atuais departamentos de Rocha, Treinta y Tres e Cerro Largo e muito provavelmente se estenderam até parte de Rivera e Tacuarembó, em sua parte oriental. Os guaianases se assentaram na margem esquerda do Rio Uruguai, em Artigas e Salto, e provavelmente em Paysandú e Río Negro, além de parte de Rivera e Tacuarembó. Alguns restos arqueológicos permitem localizá-los em San José e até o arroio Solís Grande. Os yaros ocupavam a margem esquerda do Rio Uruguai, entre os rios Negro e San Salvador, mas também ao norte, chegando à região do Salto.[3]

Os mboanes habitavam a costa oriental do Uruguai, ao norte do Rio Negro, na região dos departamentos de Paysandú e Salto. Foram absorvidos pelos charruas no começo do século XVIII. Os chanás localizavam-se desde o norte de Salto Grande até a costa do atual departamento de Colonia. Os minuanos, nativos das planíces do norte do Rio Paraná e Entre Ríos, atravessaram a margem oriental do Rio Uruguai por volta de 1630, onde se uniram aos charruas. Em sua extensão, chegaram às lagoas Mirim e dos Patos.[3]

Os guaranis eram antropófagos e estavam situados no litoral e em ilhas do estuário do Prata. Ao que parece, seu território estendia-se até as proximidades do arroio San Juan, toda a margem esquerda do Rio Uruguai e a boca do arroio Santa Lucía. Os tapes ocupavam a região ao leste da Coxilha de Sant'Ana, limite natural entre Brasil e Uruguai, de onde invadiram o solo uruguaio pelo noroeste. Pertenciam ao grupo guarani, eram semi-sedentários e cultivavam a terra, ainda que também praticassem a caça e a pesca.[3]

Os charruas eram a principal etnia indígena do território uruguaio e a que mais ofereceu resistência aos europeus. Consistiam em uma pequena tribo nômade caçadora-coletora que ocupava uma área ao norte do Rio da Prata, entre os rios Uruguai, Ibicuí e Negro. Foram encaminhados para o sul pelos guaranis do Paraguai. Eram uma tribo guerreira extremamente feroz, que tinha o hábito de atacar os povos pacíficos das planícies, queimando suas casas e matando seus habitantes.[4]

2. Descobrimento


Baía de Montevideu.
O primeiro europeu a ter alcançado a região do Rio da Prata teria sido o italiano Américo Vespúcio em 1501, a bordo de um navio português,[5] embora alguns autores contestem esta hipótese. Vespúcio estava convencido da existência de um estreito ao sul do recém-descoberto continente americano, possibilitando a passagem para o Oriente.

2. 1. Descoberta do Rio da Prata
Ao tomar conhecimento da descoberta do "Mar do Sul" por Vasco Núñez de Balboa em 1513, o rei português D. Manuel envia a expedição comandada por Estevão Fróis e João de Lisboa para verificar onde terminava a parte sul do continente americano, além de averiguar a existência do suposto estreito que conduziria ao oceano recém-descoberto pelos espanhóis.

No início de 1514, Estevão Fróis e João de Lisboa partiram de Portugal com duas caravelas e uma tripulação de setenta homens. Ultrapassando os limites do domínio português no continente, determinado pelo Tratado de Tordesilhas, e entrando em terras espanholas, chegaram ao local que parecia ser a boca do tão procurado estreito. Avistaram um cabo e batizaram-no de Cabo de Santa Maria, situado próximo à atual Punta del Este. A expedição havia descoberto a foz do Rio da Prata.[6]

Estevão Fróis e João de Lisboa foram também os primeiros europeus a terem contato com os charruas, os quais apresentaram vários objetos de metal e um machado de prata aos exploradores. O machado foi levado à Portugal e oferecido a D. Manuel como prova da existência de metais preciosos naquela região inexplorada. Ainda em 1514, houve a incursão de D. Nuno Manoel e Cristóvão de Haro na região.[7]

2. 2. Expedição de Juan Díaz de Solís
Tratando de reivindicar as terras que julgava ser suas por direito, a coroa espanhola enviou o navegador Juan Díaz de Solís para localizar o estreito anunciado pelos portugueses. Solís é oficalmente reconhecido como o descobridor do Uruguai.[8]

Nascido em Lebrija, província de Sevilha (algumas fontes afirmam que Solís nascera em Portugal e posteriormente naturalizara-se castelhano), tornou-se piloto-mor da Casa de Contratação das Índias após a morte de Vespúcio. Em 8 de outubro de 1515, partiu de Sanlúcar de Barrameda, à frente de três caravelas, com uma tripulação de sessenta homens. Após breve escala na ilha de Tenerife, seguiu o contorno da América do Sul e, em 2 de fevereiro de 1516, chegou a uma península, no atual departamento de Maldonado, que fora por ele batizada de Puerto de Nuestra Señora de la Candelaria. O porto natural recebeu este nome em virtude da data comemorativa à Nossa Senhora da Candelária.[9] Solís também descobriu a Isla de Lobos, nomeando-a San Sebastián de Cádiz.[10]

Ainda em fevereiro, a tripulação chegou ao estuário do Rio da Prata. Confundindo com um braço de mar de baixa salinidade, batizou-o com o nome de Mar Dulce (mar doce).[11] A expedição fez escala na ilha Martín García, que fora assim denominada em homenagem de Solís ao tripulante de mesmo nome que falecera à bordo, o qual foi sepultado na ilha.[12]

Rumando em direção à margem oriental do Rio Uruguai, as caravelas permaneceram ancoradas próximo à costa, enquanto Solís embarcava em um pequeno bote com alguns de seus homens: o contador Pedro de Alarcón, o feitor Francisco de Marquina e mais seis marinheiros. Ao desembarcar pela primeira vez em solo uruguaio, em uma região atualmente conhecida como Punta Gorda, no departamento de Colonia, Solís e seu grupo foram atacados por indígenas, sendo mortos e devorados. A tripulação que permaneceu nos navios decidiu retornar imediatamente à Espanha. Francisco de Torres, cunhado de Solís, assumiu o comando, rebatizou o Rio da Prata de Rio de Solís e regressou ao seu país-natal com duas das embarcações no dia 4 de setembro de 1516.[13] A caravela restante naufragou próximo à Ilha de Santa Catarina durante o retorno, tendo sobrevivido onze tripulantes, dentre os quais, o português Aleixo Garcia, futuro descobridor do Paraguai.[14]

Em sua rota de circunavegação do globo, o capitão português Fernão de Magalhães chega à costa uruguaia em janeiro de 1520, contornando o Cabo de Santa Maria. No dia 10 do mesmo mês, avistou uma colina, a qual batizou de Montevidi, lugar onde seria fundada a cidade de Montevidéu.[15] Sua expedição descobre as terras do atual departamento de Soriano.[16]

2. 3. Expedição de Sebastião Caboto
A segunda expedição de Cristóvão Jacques no continente penetrou o estuário do Rio da Prata em 1521, descobrindo o Rio Paraná.[17] Entretanto, foi Sebastião Caboto o primeiro europeu a explorar os rios Paraná e Uruguai, em 1527.[18] A viagem de Caboto, que partira da Europa em 1526 originalmente em direção às Ilhas Molucas, foi alterada quando encontrou os náufragos da expedição de Juan Díaz de Solís em sua passagem pela Ilha de Santa Catarina. Tomando conhecimento da riqueza do rei do Império Inca e da aventura de Aleixo Garcia, Sebastião Caboto decidiu subir o Prata e entrar pelo rio Paraná adentro. Fundou, ainda em 1526, o primeiro estabelecimento espanhol em solo uruguaio: o Forte de San Salvador, na confluência dos rios Uruguai e San Salvador, destruído pelos charruas em 1529.[19] Na região, Caboto encontrou um grumete sobrevivente do massacre que culminou com a morte de Solís, dez anos antes: Francisco del Puerto. Em 1528, a armada de Diego García de Moguer penetra o Rio da Prata e une-se a Caboto no Rio Paraguai. A hostilidade crescente dos nativos impulsionou a desistência de ambos em chegar ao reino inca. Decidiram então retornar à Espanha.

Em 3 de dezembro de 1530, a frota de Martim Afonso de Sousa é enviada para explorar a região do Prata, [20] partindo de Lisboa com um galeão, duas naus, duas caravelas e 400 homens a bordo. Após meses no Brasil, Martim Afonso seguiu em direção ao sul, naufragando na entrada do estuário do Rio da Prata em 21 de outubro de 1531.

Em 1538, a frota de Alonso Cabrera tentou por diversas vezes entrar pelo Rio da Prata; porém, fortes ventos então ocorridos acabaram por arrastar as naus para o litoral sul de Santa Catarina, onde atracaram no porto de São Francisco (atual Laguna). Quatro meses depois, Alonso Cabrera rumou novamente em direção do Rio da Prata, deixando dois dos missionários no Brasil.[21]

3. Colonização
3. 1. Primeiras vilas
A feroz resistência por parte dos índios, em combinação com a escassez de ouro e prata, limitaram a colonização do território uruguaio, então conhecido como Banda Oriental, durante os séculos XVI e XVII. Em 1552, o governador-geral do Rio da Prata Domingo Martínez de Irala enviou um grupo de colonos e 120 soldados comandados pelo capitão Juan Romero com a missão de estabelecer um porto para os navios que navegavam pelo estuário. Romero desembarcou na costa oriental, atual departamento de Colonia, e estabeleceu um povoado na desembocadura do arroio San Juan, que foi batizado de Villa de San Juan, próximo da Ilha de São Gabriel. Contudo, o povoado foi constantemente atacado pelos charruas, o que levou ao seu abandono pelos colonos dois anos após a fundação.

Em outubro de 1572, o adelantado Juan Ortiz de Zárate partiu de San Lúcar de Barrameda com cinco navios, 200 soldados, 300 colonos, 4000 vacas e igual número de ovelhas, 500 cabras e 300 equinos, com os quais fundaria uma cidade e povoaria as terras conquistadas. Chegou ao Rio da Prata em novembro de 1573, desembarcando no Porto de São Gabriel, onde foi construído um forte. A relação com os indígenas, inicialmente amistosa, foi abalada quando Zárate tentou subjugá-lo, originando um ataque dos charruas, liderados por Zapicán. Diante do cerco dos nativos, os espanhóis solicitaram o auxílio do capitão Rui Díaz de Melgarejo, vindo do Brasil, e de Juan de Garay, que se encontrava na recém-fundada cidade de Santa Fé (hoje Argentina).[22] Garay desembarca no local com 22 soldados de infantaria e 12 ginetes.

Em 1574, os espanhóis dizimaram os indígenas no Combate de San Salvador, nas proximidades das ruínas onde estava anteriormente localizado o forte de mesmo nome. Neste combate, lutaram cerca de mil indígenas e morreram 200, incluindo os caciques Zapicán, Abayubá, Tabobá, Magalona e Yandinoca. Foi a primeira vitória militar dos espanhóis sobre os nativos uruguaios. No local, correspondente à atual cidade de Dolores, no departamento de Soriano, foi fundada a primeira vila do Uruguai, batizada como Zaratina del San Salvador, capital da província de Nueva Vizcaya,[22] território atualmente formado por Argentina, Paraguai, Uruguai e pelo estado do Rio Grande do Sul (Brasil). O assentamento de Zaratina foi abandonado en 1576, sucumbindo pelas sucessivas emboscadas dos indígenas.

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