segunda-feira, 30 de agosto de 2010

2848 - HISTÓRIA DA BOMBA ATÔMICA

Reportagem

edição 59 - Setembro 2008


A corrida pela bomba atômica
Nos bastidores da Segunda Guerra Mundial, físicos nucleares a serviço dos Aliados e dos nazistas travaram uma das maiores batalhas científicas da história: a busca pela arma definitiva
por François Kersaudy
© UNIVERSITY OF CHICAGO/AMERICAN INSTITUTE OF PHYSICS/SPL/LATINSTOCK

Enrico Fermi, um dos pais da bomba atômica americana, em seu laboratório na Universidade de Chicago

No início do século XX, a pesquisa atômica era uma aventura emocionante, cuja única finalidade era desvendar os grandes segredos da matéria. Essa nova ciência tinha seus templos e papas: Ernest Rutherford em Cambridge, Niels Bohr em Copenhague, Max Born e Jacob Franck em Göttingen, Marie Curie em Paris e Albert Einstein em Berlim. Seus discípulos constituíam uma espécie de fraternidade poliglota de jovens superdotados: os ingleses John Cockcroft e Ernest Walton; os russos Georgi Gamow e Piotr Kapitza; os alemães Carl Friedrich von Weiszäcker, Otto Hahn e Werner Heisenberg; os austríacos Fritz Houtermans e Lise Meitner; os americanos Linus Pauling e Robert Oppenheimer; os italianos Enrico Fermi e Emilio Segrè, os húngaros Leo Szilard, Edward Teller e Eugene Wigner e os franceses Irene Curie e Frédéric Joliot.

Os pesquisadores mais experientes e ilustres, como Marie Curie, Ernest Rutherford, Niels Bohr e Albert Einstein, haviam aberto o caminho no início do século com a descoberta da radioatividade do rádio, a descrição do núcleo do átomo e do elétron e, evidentemente, a teoria da relatividade. Seus discípulos dariam continuidade aos trabalhos: em 1932, o inglês James Chadwick comprovou a existência do nêutron. Dois anos depois, Frédéric e Irène Joliot-Curie geraram radioatividade artificial bombardeando átomos de alumínio com partículas alfa (ver glossário), enquanto o italiano Enrico Fermi utilizaria os nêutrons descobertos por Chadwick para bombardear o urânio, desencadeando assim uma emissão de energia. Em 1938, os alemães Otto Hahn e Fritz Strassman, com base na experiência de Fermi, provocariam a cisão do núcleo de urânio em duas partes, como conseqüência da emissão de nêutrons desacelerados. Caberia, enfim, à austríaca Lise Meitner e a seu sobrinho Otto Frisch medir a intensidade da energia assim emitida, e dar ao fenômeno um nome: a fissão.

Tudo isso só foi possível graças a uma colaboração exemplar entre os centros de pesquisa do mundo inteiro. Porém, a partir dos anos 30, essa cooperação internacional não conseguiria resistir ao nacional-socialismo. Na Alemanha de Hitler, a economia, a indústria e a pesquisa militarizaram-se progressivamente, isolando-se do mundo exterior.
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François Kersaudy é professor da Universidade Paris I, especialista em história contemporânea e autor de Stalin pela coleção “2 euros” do Memorial de Caen


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