2838 - HISTÓRIA DA CARROÇA

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Carroças e charretes na história de Londrina
12/05/2010

Foto: Studio Milton Dória
Antigamente era comum ver pontos de carroças e charretes espalhados pela cidade como hoje se vê pontos de automóveis e camionetes de aluguel
Hoje é difícil vê-las circulando pela área central da cidade, mas, num tempo em que a indústria automobilística não existia no País e ter veículo importado para passeio ou transporte de pessoas ou de cargas era um privilégio de poucos, as carroças e as charretes tinham presença acentuada no cenário urbano da Londrina dos anos 30, 40, 50 e 60 - sem contar que eram os únicos veículos que não atolavam no lamaçal que, nos dias de chuva, tomava conta da maioria das nossas ruas ainda sem calçamento ou asfalto.

Antigamente era comum ver pontos de carroças e charretes espalhados pela cidade como hoje se vê pontos de automóveis e camionetes de aluguel. Aliás, antes da entrada dos “Biribas” - apelido que o londrinense colocou nos carros ingleses da “Morris” que tomaram conta da praça - e dos jipes na história local e da chegada dos veículos a motores para o transporte de passageiros e mercadorias, eram as charretes e as carroças que faziam tal serviço.

Numa época em que a zona do meretrício ocupava toda aquela área do Terminal Rodoviário e era a principal atração noturna da cidade, ir lá em dia de chuva só de charrete e, mais tarde, de jipe. Aliás, os charreteiros do ponto da zona eram muito disputados pelos homens, na hora de voltar para casa de manhã, depois de trabalhar ou se divertir nas dezenas de boates, e pelas mulheres, à tarde, quando saiam para passear.

Quem é mais antigo por certo há de se lembrar das filas de charretes que, vez ou outra, invadiam a cidade durante o dia carregando prostitutas da zona para fazer compras na cidade - cena que escandalizava os puritanos e assanhava os salientes, especialmente os vendedores das lojas que se esmeravam nas gentilezas.

E as carroças, então! Pela manhã, o trote dos cavalos e o barulho da campainha, pendurada no pescoço do animal, anunciavam a chegada do padeiro; também o leiteiro vinha de carroça logo cedo, assim como o “bucheiro!”, com seu grito inconfundível se sobrepondo ao galopar. Comprar uma carroça de lenha pro fogão era outro costume da época em que o veículo era uma mão na roda para os pioneiros.

Quando o trem chegava, enquanto as charretes aguardavam as famílias na área de passageiros da estação ferroviária - atual Museu Histórico Padre Carlos Weiss - as carroças, dezenas delas, já estavam esperando no pátio do lado de baixo, entrada pela rua Acre - atual avenida Leste Oeste - os vagões de carga para levar as mercadorias desembarcadas para todo canto da cidade.

Charrete em londrina hoje só no museu e olhe lá. Já a carroça, fora uma ou outra que se arrisca pelo centro, continua prestando seus serviços, principalmente nas periferias, atendendo a quem não pode pagar um frete mais caro. Com tal histórico, respeitá-las no trânsito, mais do que dever, é um reconhecimento ao trabalho dos carroceiros - esses profissionais que trabalham para a comunidade londrinense desde o tempo em que a cidade era uma clareira no meio da floresta.

Apolo Theodoro


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