quinta-feira, 5 de abril de 2012

FRANCIS CASTENAU

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EXPLORADORES FRANCESES NA AMAZÔNIA BRASILEIRA DURANTE O
SÉCULO XIX: BREVE BIOBIBLIOGRAFIA.
João Paulo Jeannine Andrade Carneiro
Doutorando em Geografia Humana
Universidade de São Paulo
joaojeannine@gmail.com
Resumo
No romper do século XIX as relações entre Brasil e França eram conflituosas. Em
1808 a colônia brasileira torna-se sede da coroa portuguesa em razão da invasão napoleônica
a seu país. Como resultado, a França é excluída de todos os primeiros acordos comerciais
entre o Brasil e as demais nações amigas. O Brasil e a França não terão mais relações
diplomáticas nem comerciais até 1814, quando foi assinado o tratado de Paris, que previa a
dissolução da questão guianense, iniciando um longo período de paz e intensas trocas entre os
dois países. A partir, notadamente, deste tratado iniciam-se diversas partidas de exploradores
franceses em direção ao Brasil. Neste artigo, iremos revelar uma breve biobibliografia desses
viajantes que passaram, especificamente, pela região da atual Amazônia Brasileira. Deste
modo, pensamos contribuir com a divulgação de exploradores e suas consequentes obras que
poderão auxiliar na compreensão do imaginário e da formação do território brasileiro.
Palavras-Chave: Explorador Francês, Amazônia Brasileira, Século XIX, Biobibliografia.
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Introdução
No romper do século XIX as relações entre Brasil e França eram conflituosas. Em
1808 a colônia brasileira torna-se sede da coroa portuguesa em razão da invasão napoleônica
a seu país. Como resultado, a França é excluída de todos os primeiros acordos comerciais
entre o Brasil e as demais nações amigas. No dia primeiro de maio, deste mesmo ano, o
príncipe regente do Brasil declara guerra ao império francês. O campo de batalha foi a Guiana
Francesa, seu governador, Victor Hugues, foi rendido pelos brasileiros em janeiro de 1809. O
Brasil e a França não terão mais relações diplomáticas nem comerciais até 1814, quando foi
assinado o tratado de Paris, que previa a dissolução da questão guianense, iniciando um longo
período de paz e intensas trocas entre os dois países (Potelet, 1993).
A partir, notadamente, deste tratado iniciam-se diversas partidas de
exploradores franceses em direção ao Brasil. Neste artigo, iremos revelar uma breve, un coup
d’oiel, biobibliografia desses viajantes que passaram, especificamente, pela região da atual
Amazônia Brasileira. Deste modo, pensamos contribuir com a divulgação de exploradores1 e
suas consequentes obras que poderão auxiliar na compreensão do imaginário e da formação
do território brasileiro.
No próximo tópico teremos, por ordem cronológica de viagens, um sucinto
relato biográfico sobre os caminhos desses exploradores na Amazônia brasileira e
adjacências, bem como, na medida do possível, a periodização dessas viagens. Ao final de
cada relato, compilamos suas principais obras sobre a região amazônica no decurso do século
XIX.
Biobibliografia
Hercule FLORENCE 1804-1879
1 No Brasil, muitas vezes, o termo explorador apresenta conotação pejorativa. Assim, muitos trabalhos utilizão a
expressão viajante no lugar de explorador. Não obstante, neste artigo, pensamos que o primeiro termo designa
melhor o conjunto de personagens brevemente analisados. Na medida em que, esses, desvendam e descobrem
para o Velho Mundo novos territórios, frequentemente, passíveis de exploração, seja científica, artística,
comercial ou política. Esta acepção não exclui, no entanto, utilizarmos, também, o termo viajante, em alguns
contextos, como sinônimo.
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Conhecido como o inventor da fotografia no Brasil2, Florence foi um autodidata em
desenho, matemática, botânica e fotografia. Em 1824 ele embarcou em um navio com destino
ao Brasil. No Rio de Janeiro, Florence é reconhecido como pintor paisagista e deste modo é
convidado pelo Barão de Langsdorff a participar de uma expedição pelo interior do Brasil.
Esta viagem teve inicio no Rio, em 3 de setembro de 1825, rumo à Santos. Em Jundiaí o
Barão decidiu navegar até Mato Grosso, via Tietê-Paraná. Após três anos de uma tumultuosa
excursão, os expedicionários chegaram ao interflúvio Paraguai-Amazonas. Pelo Tapajós eles
atingiram Santarém para, finalmente, chegar em Belém (BROC, 1999:145).
• Voyage fluvial du Tietê à l’Amazone par les provinces brésiliennes de
Saint Paul, Mato-Grosso et Grand-Para. In Revista da Sociedade Científica de São
Paulo, vol. 1 e 2, Junho e setembro de 1905, p. 3-16 e p. 99-112.
Adam de BAUVE
Agente do governo de Caiena, Adam de Bauve empreendeu em 1830 uma viagem para
o Alto Oiapoque, onde atingiu a região de suas nascentes. Ele permaneceu alguns meses nas
aldeias Waiãpi e com a ajuda desses penetrou nos rios Mapari, Yari e Araguari (antiga região
de litígio franco-brasileiro, atual Amapá). Em setembro de 1831, Bauve retorna para o alto
Oiapoque afim de atingir a ligação com a bacia do Amazonas. É o primeiro explorador
francês a encontrar esta conexão, tão procurada pelos franceses desde a época da colonização
no século XVII (HURALT, 1989:87; BROC, 1999:2 e 3). Em 1833, partindo de Gurupa
(atual estado do Pará), acompanhado do naturalista Brachet, ele sobe o Amazonas até o Rio
Negro, em 26 de maio de 1834. Segundo PREVOST e D’AMAT (1951:963), Bauve atingiu
as nascentes do Negro e, após, alcançou o alto Orenoco. Ao descer este rio as canoas se
quebraram. Desta feita, ele partiu a pé até o rio Avaris3, depois o rio Branco, o Essequibo que
o levou à Georgetown em fevereiro de 1835. Em 1836, acompanhado por sua família e
Brachet, eles atingem o monte Tumucumaque, onde morre Brachet e são abandonados pelos
guias indígenas. Ele chega em Gurupa depois de ter perdido suas coleções. Em Belém do
Pará, ele se prepara novamente para subir o Amazonas. Ele explora o rio Maués e o rio
2 Segundo Kossoy (2004), Hercule Florence descobriu a fotografia isoladamente no Brasil.
3 Nos Atlas consultados para esta pesquisa, não encontramos um rio chamado Avaris entre o Orenoco e o
Branco. Talvez, os autores tenham cometido um pequeno erro ortográfico e trocaram o ‘v’ pelo ‘u’, pois existe
entre as duas bacias o rio Auaris que deságua no rio Uraricoera.
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Trombetas em fevereiro de 1837. Chega à Manaus e segue pelo rio Negro, depois o rio
Branco até a serra de Pacaraima, onde acreditava-se encontrar o Eldorado (TERNAUXCOMPANS,
1843 :144; NOUVION, 1843 :375).
• Bulletin de la Société de Géographie XVIII, 1832; XIX e XX, 1833;
2ªsérie IV, 1835; V, 1836; VII, 1837 passim.
• Voyage dans l'intérieur de la Guyane. In Bulletin de la société de
Géographie. Paris. 1833, p. 201-227, p. 266-283 e 1834, p. 105-117, p. 165-178.
• Voyage dans l'intérieur de la Guyane de septembre 1831 à juin 1832. In
Bulletin de la société de Géographie. Paris. 1835, p. 21-40, p. 81-109.
Théodore de BAGOT
Bagot foi um comerciante itinerante que como um mascate percorria sistematicamente
a bacia do Oiapoque e do Araguari para fornecer bebidas alcoólicas e outros objetos aos
indígenas, em troca recebia produtos florestais. Ele testemunhou a destruição causada pelo
álcool aos povos indígenas, que já estavam fortemente fragilizados pelas doenças européias.
Suas explorações nesta região duraram de 1830 a 1834 (NOUVION, 1843 :325; BROC,
1999:16).
• Rapport de M. Bagot sur les Indiens de l'Oyapock et jusqu'à l'Amazone.
Arquivos Privados na França, 1840.
• Notice sur un voyage dans l’intérieur de la Guyane. In Bulletin de la
Société de Géographie. Paris, 1841.
M. REYNAUD
Oficial da Marinha francesa em Caiena, Reynaud foi encarregado de explorar, entre
1837 e 1838, a região situada entre o Oiapoque e o Amazonas. O explorador fez importantes
análises sobre a geografia física e humana deste território, sempre afirmando que não haviam
vestígios de brasileiros, apenas de indígenas que diziam amar os franceses (NOUVION,
1843 :392; BROC, 1999:281).
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• Mémoire sur la partie de la Guyane qui s’étend entre l’Oyapock et
l’Amazonie et sur la communication de l’Amazone au lac Mapa par la rivière Saint
Hilaire. In Bulletin de la Société de Géographie. Paris, 1838, I, p. 5-29.
Francis de la Porte CALSTELNAU 1810-1880
Apesar de não ter nascido na França, mas na Inglaterra, Calstenau fez grande parte de
seus estudos em Paris. Em 1837 realiza sua primeira viagem pelo Museu de História Natural,
como viajante-naturalista, para a América do Norte. Subvencionado pelo Ministério de
Instrução Pública e dos Assuntos exteriores da França, bem como pelos departamentos do
Interior e da Marinha francesa, Calstenau foi enviado à América do Sul, com diversos
especialistas em 1843. Os objetivos desta viagem, como relata BROC (1999:58), são muito
ambiciosos e extremamente vagos: 1. Reconhecer a geografia da parte central do continente.
2. Determinar o equador magnético. 3. Estudar os produtos dessas regiões. 4. Pesquisar sobre
a fisiologia do homem sul-americano, sobre suas tradições, sobre a astronomia e a
meteorologia e, finalmente, sobre a história natural. Calstelnau, entretanto, diz que o objetivo
principal de sua expedição é estudar, sob todas as relações, a vasta bacia do Amazonas que
representará um papel importante na história futura da América. A expedição termina em
Belém do Pará no final de 1846.
• Éxpedition dans les parties centrales de l'Amérique du Sud, de Rio de
Janeiro à Lima et de Lima au Para, executée par ordre du gouvernenement français
pendant les années 1843-1847 sous la direction de Francis de Castelnau, 1850-1859.
14 volumes. Edição P. Bertrand. Paris, 1850-1851.
Senhora LANGLET-DUFRESNOY
Casada, com apenas 16 anos, com um oficial de Melle (pequena cidade francesa) que
sonhava somente com viagens e aventuras. Madame Langlet-Dufresnoy seguiu, em 1837, seu
marido até o Brasil. Viveram no Rio de Janeiro, São Paulo e Mato Grosso. Com a morte de
seu marido, em abril de 1844, madame Langlet-Dufresnoy se encontra desamparada em
Cuiabá, onde passa mais 18 meses. Ela encontra lá o viajante-naturalista Francis Castelnau,
que lhe propõem, em vão, de juntar-se à sua missão. Em 1846, tendo perdido grande parte de
suas bagagens ela resolve deixar o Mato Grosso e se reuni à uma caravana de comerciantes de
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escravos que seguem para a Amazônia pelo rio Arinos (Mato Grosso) que aflui no tapajós.
Para finalmente chegar à Belém. Assim, ela será a primeira européia a descer o rio Arinos
(POTELET, 1993:49; BROC, 1999:187).
• Quinze ans au Brésil, ou excursion à la Diamantine de Mme L. D.
Edição impr. De G Chariol. Bordeaux, 1861. 99p.
Laurent de Saint-Cricq MARCOY 1815-1887
“Pintor humorista”, Marcoy embarcou para a América do Sul em 1846, onde
permaneceu por 15 anos. Instalado em Cuzco, no Peru, ele fez diversas viagens pelo
continente enquanto estudava ciências naturais e etnografia, além do desenho. Sua viagem
mais importante, que iria influenciar o escritor Julio Verne a escrever La Jangada: huit cents
lieues sur l’Amazone, foi a travessia do continente, do Pacífico até o Atlântico, passando pelo
rio das Amazonas. Infelizmente, nos seus relatos não constam datas, o que torna impossível o
estabelecimento de uma cronologia de suas viagens. Na bacia do Purus, Marcoy irá encontrar
o Conde de Castelnau. Durante alguns dias irão descer o rio em conjunto. O pintor humorista
passa quase um mês em Manaus e explora grande parte das cidades ribeirinhas do Amazonas
e seus afluentes. Em 1860, ele retorna à França com uma enorme documentação cientifica
(BROC, 1999:211).
• Voyage à travers l’Amérique du Sud de l’océan Pacifique à l’océan
Atlantique. 2 volumes. Edição L. Hachette. Paris, 1869.
Émile CARREY 1820-1880
Em 1852, o literato Francês, Carrey foi enviado ao Peru e à Amazônia, pelo ministério
dos Assuntos exteriores e da Marinha da França, para fornecer informações políticas e
comerciais (LARROUSE, 1867:451). Ele passa quase três anos no Peru e em 1855 desce o
Amazonas até Belém. Ele explora o delta do Amazonas e os territórios contestados entre a
França e o Brasil. A seringueira lhe desperta bastante interesse nesta região. Por meio de uma
canoa Carrey chega à Caiena (PREVOST e D’AMAT, 1956:1246; BROC, 1999: 58).
• L'Amazone: Huit jours sous l'Équateur. Edição M. Lévy frères. Paris,
1856.
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• L'Amazone II : Les métis de la Savane. Edição M. Lévy frères. Paris,
1857. 327p.
• L'Amazone III : Les révoltes du Para. Edição M. Lévy frères. Paris,
1857. 337p.
Auguste-François BIARD 1798-1882
Pintor e viajante, Biard foi o “Judeu errante da palheta” (LARROUSSE, 1867:673).
Viajou por inúmeros países como professor de desenho da marinha francesa. Em 1858, Biard
aceita o convite do cônsul de Taunay e é introduzido na corte brasileira. Desenvolve trabalhos
para a escola de Belas Artes do Rio de Janeiro, enquanto pinta retratos para o imperador dom
Pedro II. Em novembro, ele embarca para a região Amazônica, passando pelo Espírito Santo,
Bahia, Pernambuco e Ceará. Chega à Belém no dia 3 de julho de 1859. Ele sobe o Amazonas
até Manaus e decide visitar os indígenas da Amazônia. Utilizando uma piroga como
transporte ele chega à aldeia dos Munduruku, Cerano, Arara e Maués (PREVOST e
D’AMAT, 1954:388; BROC, 1999:28).
• Voyage au Brèsil. In Le tour de monde, 2° sem. de 1861. Paris. p.1-48 e
p.353-400.
• Deux années au Brèsil. Edição L. Hachette et Cie. Paris. 1862.
• Les Pèlerin de l’enfer vert: rio Amazonie 1858-1859. Edição Phébus.
Paris, 1995.
Aléxis de Cadoine GABRIAC 1820-1891
Agente do consulado Francês, Gabriac, ocupou diversos postos, sobretudo na América
do Sul. Em 1866, ele efetua uma grande viagem turística pela Colômbia, Equador, Peru e
Brasil. Neste último, ele conhece e escreve sobre Manaus, o rio Amazonas e Belém (BROC,
1999:148). Uma curiosidade é que em Manaus ele é recebido pelo mesmo brasileiro que
acolheu Calstenau, Marcoy e Biard.
• Promenade à travers l’Amérique du Sud. Nouvelle-Grenade, Équateur,
Pérou, Brésil. Edição Michel Levy freres. Paris, 1868. 304p.
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Edouard DURAND 1832-1881
O abade Durand foi missionário na África e no Brasil. Neste último país morou em
Minas Gerais e explorou o vale do rio Doce e a serra do Caraça. Ele morou também na região
amazônica. Quando retornou a França em 1867, o clérigo entra na Sociedade Geográfica de
Paris na qual se torna arquivista e bibliotecário em 1874. Escreveu diversos artigos sobre o
Brasil, falando, em especial, dos rios da bacia amazônica, dos quais desconfia-se se foi
realmente ele que viu e viveu ou se tomou emprestado de outros cronistas (D’AMAT, 1970:
652; BROC, 1999:133).
• Le rio Negro du Nord et son bassin. In Bulletin de la Société de
Géographie. Paris, 1872.
• Le Solimoes ou haut Amazone brésilien. In Bulletin de la Société de
Géographie. Paris, 1873.
• Le Madeira et son bassin, In Bulletin de la Société de Géographie.
Paris, 1875.
Jules CREVAUX 1847-1882
“Missionário do Progresso, Crevaux introduziu a ciência nos recônditos mais secretos
da Amazônia” (BROC, 1999:99). Formado em medicina e apaixonado pelas viagens, Crevaux
torna-se médico da Marinha francesa em 1873. No ano seguinte ele é nomeado para servir na
Guiana Francesa. Em 1876, os ministérios da Instrução pública e da Marinha francesa
escolhem Crevaux para descobrir um caminho entre Caiena e a Amazônia, passando pelo
monte Tumucumaque. Este mesmo trecho já havia sido tentado por alguns exploradores sem
sucesso4, do qual Crevaux sai vencedor na primeira tentativa. Em 1877, ele chega ao rio
Amazonas e alcança Belém do Pará no dia 30 de novembro, onde é recebido muito mal pela
população local. Numa segunda viagem, em 1878, partindo agora do rio Oiapoque à
montante, Crevaux atinge a bacia Amazônica em janeiro de 1879, sendo recebido, nesta
ocasião, calorosamente, pelos paraenses. Assim, Crevaux decide subir o Amazonas até os
4 Por exemplo: François Rene Mathias Leprieur (1799-1870) e G. E. Vidal.
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Andes, onde explora os rios Iça-Putumayo, Yapura entre outros. Ele retorna 6 meses depois e
recebe a medalha de ouro da Sociedade Geográfica de Paris. Decidi, então, empreender uma
nova viagem para a Amazônia, desta vez nas bacias do Orenoco e do rio Magdalena (atual
Venezuela e Colômbia). Em sua quarta e última viagem pela América do Sul, fim de 1881,
Crevaux resolve subir o Paraguai para atingir a bacia amazônica, todavia, toda a expedição é
massacrada, e especulá-se que devorada, pelos indígenas Tobias no rio Pilcomayo, atual
Bolívia (PREVOST, M. e D’AMAT, 1961:1243; LARROUSSE, 1982:943; BROC,
1999:103).
• De Cayenne aux Andes (1878-1879). In Le tour du monde, 2° sem. de
1880. Paris. p. 33-112.
• Exploration de l’Oyapock et du Parou. In Le tour du monde, 1° sem. de
1881. Paris. p. 113-144.
• Exploration de l’Ica et du Yapura. In Le tour du monde, 1° sem. de
1881. Paris. p. 145-176.
• Exploration dans l’intérieur des Guyanes (1876-1877). In Le tour du
monde, 1° sem. de 1879. Paris. p. 337-416.
• Voyage sur le rio Magdalena et l'Amazone (réception à la Sorbonne). In
Bulletin de la Société de Géographie. 1881
• Exploration des fleuves Yari, Parou, Iça et Yapura. In Bulletin de la
Société de Géographie, 1882.
• Fleuves de l'Amérique du Sud 1877-1879 (cartes dressées par J.
Hansen). Société de Géographie. Paris, 1883.
• Voyage dans l’Amérique du Sud. 2 vol. Hachette. Paris, 1883.
• Voyage dans la Guyane et le bassin de l’Amazone. Conférence faite à la
Société de Géographie de l’Est. Imp. Berger-Levrault. Nancy, 1880. 31p.
• Le mendiant de l’Eldorado – Des Cayenne aux Andes, 1876-1879,
d’Ailleurs Phébus, Paris, 1987.
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VERBRUGGHE (os irmãos Georges e Louis)
É difícil dissociar os nomes de Georges e Louis Verbrugghe, dois irmãos que viajaram
e escreveram seus livros juntos. Turistas e caçadores, eles percorreram grande parte das
Américas entre 1877 e 1878. Eles entraram no Brasil por Belém do Pará, onde tiveram as
piores impressões: “cidade suja e triste”. Eles sobem o Amazonas em direção à Manaus,
desbravando algumas ilhas e caçando jacarés e peixes-elétricos. Eles retornam pelo próprio
Amazonas e enfrentam a pororoca para chegar à São Luis do Maranhão (BROC, 1999:
333,334).
• Forêts vierges. Voyages dans l’Amérique du Sud et l’Amérique
Centrale. Edição C. Levy. Paris, 1880. 342p.
Charles WIENER 1851-1913
Arqueólogo, geógrafo e diplomata, Wiener é originário da Áustria, mas muito jovem
se naturalizou francês. Em 1875, ele é um dos primeiros a se beneficiar de uma missão
científica patrocinada pelo ministério da Educação pública da França para a América do Sul.
Ele permaneceu 2 anos viajando pela América espanhola e retornou à França com quase 4000
objetos etnográficos. Em 1879, ele é nomeado vice-consul da França em Guayaquil
(Equador), onde reencontrou sua vocação de explorador, tendo percorrido, durante 33 meses,
todo o país. Em 1880, Wiener é designado pelo ministério dos Assuntos exteriores da França
para encontrar uma via comercial de fácil acesso entre o Equador e a bacia Amazônica. No
dia 4 de agosto a expedição desce o rio Napo, sobre uma piroga. Na confluência do Napo-
Marañon, ele embarca num vapor para Tabatinga. Ele empreende, após, a longa descida do
Amazonas até Belém, para estabelecer um quadro de suas riquezas. Em Belém, ele obtém de
dom Pedro II uma barca de guerra para procurar seu companheiro Gunzburg, que ele crê ter se
perdido no alto Amazonas. De lá ele alcança Manaus e depois Letícia (Colômbia). Navegando
pelos rios e percorrendo grandes distancias, em mula e a pé, Wiener descobre no Chile que
seu companheiro já estava na França. Após 1884, Wiener seguiu uma vida de diplomata em
diversos países da América espanhola, ele parece ter sido o criador do termo americanismo.
Morreu no Rio de Janeiro em 1913 (BROC, 1999:345 e segs).
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• Expédition scientifique française au Pérou et en Bolivie (1875-1877). In
Le Tour du Monde. 1° sem. de 1878. Paris. p.1-32.
• Amazone et cordillères (1879-1882). In Le Tour du Monde. 2° sem. de
1883. p. 209-304 e 2° sem. de 1884. p. 337-416. Paris.
Olivier ORDINAIRE 1845-1914
Em 1882, Ordinaire, que conhece bem a Espanha e sua língua, é nomeado cônsul da
França em Callao (Peru). Descontente com a cidade, ele resolve viajar pelo Peru e se
embrenhar nos estudos geográficos, etnográficos e comerciais. Em 1885, o cônsul resolve
retornar à França via bacia amazônica. Ele deixa Lima em 25 de julho e no dia 12 de
dezembro ele atinge o rio Ucayali, após atravessar a cordilheira andina. Em Nauta (acima de
Iquitos) ele embarca num vapor brasileiro para descer o Amazonas até Belém.
• De Lima à Iquitos par le Palcazu. In Bulletin de la Société de
Géographie. Paris, 1890. p. 217.
• Du Pacifique à l’Atlantique par les Andes péruviennes et l’Amazone.
Edição Plon. Paris, 1892. 217p.
• Les antropophages du Pérou. Edição Plon. Paris, 1898.
Henri-Anatole COUDREAU 1859-1899
Coudreau, quando adolescente sonhava em percorrer o mundo, no entanto sua origem
humilde não lhe permitiu preparação para cursar a Escola naval. Assim, ele termina a Escola
normal de Cluny e obtém um posto como professor de história e geografia em Reims. Seu
principal objetivo como docente é conseguir permissões para participar de missões científicas.
Em 1881 ele é nomeado para o colégio de Caiena. Lá ele inicia suas explorações, seguindo os
caminhos de seu predecessor, Crevaux. Em 1883, Coudreau é enviado, pelo subsecretário das
Colônias (subordinado ao Ministério da Marinha Francesa) para estudar a região que se
estende entre o Oiapoque e o Amazonas e que era disputada entre a França e o Brasil. Os
resultados desta expedição trazem à tona o litígio entre os dois países, com a publicação de
diversos artigos inflamados na defesa de seus territórios. Não obstante, Coudreau recebe
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permissão para subir o rio Negro e o rio Branco até a serra da Lua (Roraima – Brasil). De lá,
segue para sudeste e reconhece os cursos dos rios Urubu e Trombetas na fronteira entre Brasil
e antiga Guiana Inglesa. Outro local bastante explorado por Coudreau, bem como por
Crevaux, é o monte Tumucumaque (atual fronteira tríplice entre Brasil, Guiana Francesa e
Suriname). Em 1895, com a publicação de seus livros, artigos e conferências sobre a
Amazônia, torna-se uma pessoa reconhecida no Brasil, onde é convidado, pelo Estado do
Pará, a reconhecer o curso de diversos rios da margem direita do Amazonas. Durante sua
segunda viagem, acompanhado de sua esposa, para o antigo rio das Trombetas, Coudreau
falece em 10 de novembro de 1899 (PREVOST, M. e D’AMAT, 1961:886; LARROUSSE,
1982:928; BROC, 1999:91 e segs; BENOIT, 2000).
• Aperçu générale des Tumucu-Humac. In Bulletin de la Société de
Géographie, Paris, 1893. p. 29-52.
• Chez nos Indiens ; quatre années dans la Guyane Française (1887-
1891). Paris, Hachette, 1893. 614 p.
• Dix ans de Guyane (1877). In Bulletin de la Société de Géographie.
Paris, nov. de 1897. p. 385-417.
• Etudes sur les Guyanes et l'Amazonie. Paris : Challamel, 1886.
• L’Amazonie. In Bulletin de la Société de Géographie Commerciale de
Paris. Paris, 1886. p. 122-159.
• La France Equinoxiale. Paris, 1887, 3vol.
• Le territoire contesté entre la France e le Brésil. Conférence faite à la
Société de Géographie de Lille, le 22 novenbre 1885. Lille, Imp. de L. Danel, 1885.
32p.
• Les Français en Amazonie. Paris, Alcide Picard et Kaan. 1887. 231p.
• Un hivernage sous l’Equateur, Guyane centrale, 1889-1891, cap VI. In
Journal des Voyages et des aventures de terre et de mer, n. 749, 15/11/1891.
• Voyage à Itaboca et à l’Itacayuna, 1er juillet 1897 – 11 octobre 1897.
Paris, A. Lahure, 1898. 158p.
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• Voyage au Rio Branco, aux montagnes de la Lune au haut Trombetta.
(Brésil), mai 1884-avril 1885. Rouen, Imp. E. Cagniard, 1886. 135 p.
• Voyage au Tapajoz, 28 juillet 1895 – 7 janvier 1896. Paris, A. Lahure,
1897. 213p.
• Voyage au Tocantins-Araguaya, 31 décembre 1896 – 23 mai 1897.
Paris, A. Lahure, 1897. 298p.
• Voyage au Xingú, 30 mai 1896 – 26 octobre 1896. Paris, A. Lahure,
1897. 230p.
• Voyage au Yamunda, 21 janvier 1899 – 27 juin 1899. Paris, A. Lahure,
1899. 163p.
• Voyage entre Tocantins et Xingu, 3 avril 1898 – 3 novembre 1898.
Paris, A. Lahure, 1899. 209p.
Georges BROUSSEAU
Explorador na Africa e na Guiana Francesa, além de poeta e romancista,
(DELAFOSSE,1925:6) Brousseau é encarregado, em 1989, de explorar o território situado
entre o Oiapoque e o Araguari, disputado entre o Brasil e a França. O explorador estima que
esta vasta região de savana e de floresta com um clima salutar e muitas riquezas naturais
deveria ser efetivamente prioridade da França. No entanto, o território contestado pelos
franceses foi atribuído ao Brasil em 1900 (BROC, 1999:54).
• Le territoire contesté franco-brésilien. In Le tour de monde, 1899, 588-
600.
• Les Richesses de la Guyane Française et l’ancien contesté francobrésilien,
onze ans d’exploration. Société d’editions scientifiques. Paris. 1901. 248p.
Paul LE COINTE 1870-
Engenheiro francês que se instalou em Óbidos (Pará) e desenvolveu diversas viagens
pelo baixo Amazonas. Entre 1892 e 1893 ajuda a estabelecer a linha telegráfica entre Belém14
Manaus. Ele explora, também, a bacia do Trombetas, visitada por Coudreau, onde desenvolve
trabalhos de agrimensura para os fazendeiros da região (BROC, 1999:192).
• Le bas Amazone. In Annales de géographie. Paris, 1903. p. 54-66.
• Le climat amazonien. In Annales de géographie. Paris, 1906. p. 449-
462.
• Notice sur la carte du cours de l’Amazone et de la Guyane brésilienne
depuis l’Océan jusqu’à Manaos. In Annales de géographie. Paris, 1907. p. 159-174.
• L’Amazonie brésilienne: Le pays, ses habitants, ses ressources, notes et
statistiques jusqu’en 1920. 2 volumes. Edição A. Challamel. Paris, 1922. 495p.
Albert VIEILLEROBE 1861-1900
Não se sabe quase nada deste viajante que foi enviado à América do Sul, afim de
estudar novos itinerários entre o Oceano Pacífico e a bacia Amazônica. Em 1896 ele parte do
Peru em direção ao rio Ucayali, atingi Iquitos e navega pelo Amazonas até Belém do Pará.
Em 1897 ele é encarregado de uma nova missão, subvencionada pelo ministério dos Assuntos
exteriores da França. Trata-se de pesquisar uma nova comunicação para introduzir produtos
europeus no norte da Bolívia, pois a rota do rio Madeira era muito perigosa. Todas suas
tentativas de buscar uma nova opção fracassam. Ele propõem, no entanto, a construção de
uma rede ferroviária entre as cabeceiras do rio Acre e o rio Orton, afluente do rio Beni (onde
hoje existe uma rodovia). Ele morre em Manaus, vítima de febre amarela (BROC, 1999:339).
• Hautes régions des Amazones. Mission A. Vieillerobe. In Bulletin de la
Société de Géographie. 1899, I, 176-183.
Auguste PLANE 1867-1929
No final do século XIX o engenheiro Plane é encarregado de uma missão comercial
(sem mencionar por quem) para estudar a exploração da hévea no oriente peruano e de estudar
melhores rotas para a exportação da borracha. Em janeiro de 1900, malgrado suas tentativas
de exploração no Peru, Plane decide explorar as regiões gomíferas no Brasil. Após 4000 km
pelos rios amazônicos, o explorador chega à Belém do Pará. No dia primeiro de julho de 1900
15
ele parti para Manaus onde mora por mais de 6 meses. De lá segue pelo rio Madeira, afim de
conhecer os seringais. Concluindo seu trabalho, Plane afirma que a Amazônia é o território
por excelência do látex no qual a hévea é a principal planta. O obstáculo maior para
valorização da região, segundo Plane, não é a distância, mas a insalubridade das áreas
gomíferas (BROC, 1999:262).
• À travers l’Amérique équatoriale. Vol. 1 Le Pérou e vol. 2 L’Amazonie.
Edição Plon-Nourrit et cie. Paris, 1903.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BENOIT, Sébastian. Henri Coudreau (1859-1899): Dernier explorateur français en Amazonie.
Edição L'Harmattan. Paris, 2000. 152p.
BROC, Numa. Dictionnaire illustré des explorateus et grand voyageurs français du XIX
siècle. Ed. CTHS, vol.3 Amérique. Paris. 1999. 363p.
D’AMAT, Roman. Dictionaire de Biographie française. Tomo XII, 1970. Librairie Letouzey
et Ané. Paris.
DELAFOSSE, Maurice. Préface in BROUSSEAU, Georges. Souvenirs de la mission
Savorgan de Brazza. Société d’éeditions géographiques, maritimes et coloniales. Paris, 1925.
HURALT, Jean. Français et Indiens en Guyane. Guyane Presses Diffusion, Cayenne, 1989
(1972).
KOSSOY, Boris. Hercule Florence : a descoberta isolada da fotografia no Brasil. Edusp. São
Paulo, 2006. 411p.
LAROUSSE, Pierre. Dictionnaire Universel du XIXe siècle. Tomo II, III. 1867. Tomo VI,
1982. Paris.
NOUVION, Victor de. Extraits des auteurs et voyageurs qui ont écrit sur la Guyane num. 4.
In Publications de la société d’études pour la colonisation de la Guyane Française. Edição F.
Didot fréres. Paris, 1843-1844.
16
POTELET, Jeanine. Le Brésil vu par les voyagers français, 1816-1840. Edição L’Harmattan.
Paris, 1993. 431p.
PREVOST, M. e D’AMAT, Roman. Dictionaire de Biographie française. Tomo V. 1951;
Tomo VI, 1954; Tomo VII, 1956; Tomo IX, 1961. Librairie Letouzey et Ané. Paris.
TERNAUX-COMPANS. Notice Historique sur la Guyane française. Edição F. Didot fréres.
Paris, 1843.

COPYRIGHT JOÃO PAULO JEANINE CARNEIRO

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