terça-feira, 17 de abril de 2012

CABEÇA DE VACA: TRAVESSIA DO PANTANAL DE MATO GROSSO

Pantanal - 2º Bloco












Trabalho e Pesquisa de Carlos Leite Ribeiro



Formatação: Iara Melo









O Mágico Pantanal Mato-Grossense





Também conhecido só por Pantanal, é uma grande planície a Sudoeste do Estado de Mato Grosso e a Oeste do Estado de Mato Grosso do Sul, com altitudes entre os 100 e 200 metros, com 600 Km de extensão no sentido Norte/ Sul, por 200 Km de largura em alguns trechos. Limitam-na ao Sul, Leste e Norte, encosta e escarpas que formam a borda do Planalto Central. A Oeste, em território paraguaio, encontram-se elevações pertencentes ao sistema andino. É uma região de rochas cristalinas, cobertas por delgada camada de sedimentos quaternários, de que emergem algumas elevações, entre as quais o maciço de Urucum. A denominação dá a falsa impressão de uma área permanentemente alagada e pantanosa. Na realidade, a região é apenas inundada pelas cheias de Verão do rio Paraguai e seus afluentes. O rio Paraguai é o maior rio do Pantanal, e tem grandes afluentes como os rios, Jauru, Cabaçal, Cuiabá, São Lourenço, Miranda, Aquidauana e Taquiri, que marcam o ciclo das águas da região porque, nesse período, transformam drasticamente a paisagem do lugar ao longo do curso de cada um deles. Com a chegada do chamado “tempo das chuvas”, que ocorre de dezembro a março, formam-se nesse território imensas lagoas que cobrem os pastos, obrigando os fazendeiros a transferir o gado para áreas secas situadas, muitas vezes, em lugares distantes. Durante o período seco, de Julho a Novembro, a pastagem natural brota com vigor, e dela se aproveitam os fazendeiros locais para transformar a criação de bovinos que é maior actividade económica da região. Apesar dos períodos em que o excesso de chuva ou estiagem prejudica os criadores, porque interfere directamente na qualidade e quantidade da pastagem aproveitada para alimentar os rebanhos, a área pantaneira é considerada ideal para esse tipo de exploração, tanto que se tornou comum dizer que “no Pantanal, não é o fazendeiro quem cria o gado, mas sim o gado que cria o fazendeiro”. Na época de cheias, quando os rios transbordam em consequência do grande volume de água despejada pelas chuvas, e os animais buscam as áreas mais elevadas para sobreviver, o Pantanal apresenta seus vastos campos totalmente alagados, mas exibindo a plenitude de sua flora. Na época da seca, período em que as águas retornam ao leito natural dos rios e córregos e deixam os campos secos, o único vestígio das enchentes são as pequenas lagoas formadas em depressões do terreno, nas quais uma grande concentração de animais (répteis, aves e mamíferos) se alimenta e reproduz, transformando-se, também, em verdadeiro paraíso para observadores, biólogos, fotógrafos, turistas e outros tantos interessados na apreciação da natureza. Devido à pequena inclinação desta planície, a água que cai nas cabeceiras do rio Paraguai demora quatro meses, ou até mais, para atravessar todo o Pantanal.


Os ecossistemas são caracterizados por cerrados e cerradões sem alagamento periódico, campos inundáveis e ambientes aquáticos, como lagoas de água doce ou salobra, rios, e vazantes por onde se esgotam para os rios ás águas que se acumulam nos brejos ou nos campos, ou que transbordam das lagoas. O clima é quente e húmido, no verão, e frio e seco, no inverno. Os solos do Pantanal, na sua maior parte, é arenoso, suportando pastagens naturais da região que servem de alimento aos herbívoros nativos e ao gado bovino ali introduzido pelos criadores locais.


O rio Paraguai e seus afluentes correm através dele formando extensas áreas inundadas que servem de abrigo a grande variedade de peixes e inúmeros animais, como os jacarés, as capivaras e ariranhas, entre outras espécies. Muitos delas correm o risco de extinção em outras partes do Brasil, mas na região pantaneira ainda possuem populações numerosas e vigorosas, como exemplos maiores o cervo-do-pantanal, a capivara, o tuiuiú e o jacaré. Nesta região são encontradas cerca de 230 espécies de peixes, dentro das quais se destacam a piranha, o pintado, o pacu, o curimbatá e o dourado. Hoje em dia a protecção a esses peixes constitui um grande desafio para as autoridades, especialmente na época da desova, época em que as fêmeas de muitas espécies avançam contra a corrente da água em direcção às cabeceiras. É o chamado espectáculo da piracema, que impressiona a qualquer um que o assista pela beleza com que a natureza actua para garantir a reprodução das espécies: os peixes que sobem os afluentes do rio Paraguai em cardumes enormes, com seus dorsos dourados ou prateados sulcando a superfície das águas.



Para Leste, longe do leito do rio Paraguai, limitam-se a porções deprimidas do terreno, conhecidas como baías. O solo é argiloso ou arenoso; seco quando livre das inundações, revestindo-se de um tapete de gramíneas que constituem excelentes pastagens. Os campos, na sua maior parte, são do tipo cerrado, mas encontram-se também campos limpos; matas, capões e um tipo de vegetação de arbustos denominada bosque encharcado. É uma das principais regiões de criação extensiva do Brasil.



A origem do Pantanal é resultado da separação do oceano há milhões de anos. Animais que estão presentes no mar também existem no pantanal, formando o que se pode chamar de mar interior. Atraído pela existência de pedras e metais preciosos que eram usados por indígenas, que já povoavam a região, como adornos, entre eles o ouro. O português Aleixo Garcia, em 1524, acabou sendo o primeiro a visitar o território, que alcançou o rio Paraguai através do rio Miranda, atingindo a região onde hoje está a cidade de Corumbá. Nos anos de 1537 e 1538, o espanhol Juan Ayolas e seu acompanhante Domingos Martínez de Irala seguiram pelo rio Paraguai e denominaram Puerto de los Reyes à lagoa Gayva. Por volta de 1542-1543, o aventureiro espanhol, Álvaro Nunes Cabeza de Vaca também passou por aqui para seguir para o Peru. Entre 1878 e 1930, a cidade de Corumbá (situada dentro do Pantanal) torna-se o principal eixo comercial e fluvial do estado de Mato Grosso, depois acaba perdendo sua importância para as cidades de Cuiabá e Campo Grande, iniciando assim um período de decadência económica. O incentivo dado pelos governos a partir da década de 1960 para desenvolver a região Centro-Oeste através da implantação de projectos agro-pecuários trouxe muitas alterações nos ambientes do cerrado, ameaçando a sua biodiversidade. Preocupada com a conservação do Pantanal, a Embrapa instalou, em 1975, em Corumbá, uma unidade de pesquisa para a região, com o objectivo de adaptar, desenvolver e transferir tecnologias para o uso sustentado dos seus recursos naturais. As pesquisas se iniciaram com a pecuária bovina, principal actividade económica, e hoje, além da pecuária, abrange as mais diversas áreas, como recursos vegetais, pesqueiros, faunísticos, hídricos, climatologia, solos, avaliação dos impactos causados pelas actividades humanas e sócio-economica. Nos últimos anos houve investimentos maciços no sector do ecoturismo, com diversas pousadas pantaneiras praticando esta modalidade de turismo sustentável.



Fonte: Ministério dos Transportes do Brasil (Informações detalhadas sobre o Rio Paraguai



O Rio Paraguai, principal do Pantanal, nasce na Chapada dos Parecis, no interior do estado do Mato Grosso, numa área de grande importância na hidrografia sul-americana, pois reúne as nascentes do Paraguai e tributários do Amazonas. Seus primeiros 50 Km na direcção sul com o nome de Paraguaisinho, partindo de uma altitude de cerca de 400 m.
No seu curso total o Paraguai tem uma extensão de 2.621 Km até sua foz, no rio Paraná; o trecho brasileiro, aqui considerado, percorre, aproximadamente 1693 Km das nascentes à desembocadura do rio Apa. O trecho de Corumbá a Cáceres, com uma extensão de 720 quilómetros, é de grande importância, pois os demais meios de transporte que tem acesso à região de Cáceres não podem competir com a navegação, apesar das dificuldades que esta encontra ao longo da via fluvial.
Os factores meteorológicos por si só não explicam a grande diferença que se observa no regime do rio Paraguai e de alguns afluentes, conforme se trate da parte superior de seus cursos ou daqueles que se desenvolvem através do Pantanal.
Assim é que tanto em Corumbá como em Cáceres e Cuiabá, a estação chuvosa tem início em Setembro - Outubro e se estende até Março - Abril, ocorrendo o máximo de precipitações, no período Dezembro - Janeiro. Entretanto, em Cáceres e Cuiabá as cheias tem lugar de Dezembro a Janeiro a Março (verão), com o nível máximo das águas em Fevereiro e o mínimo em Julho, e em Corumbá as cheias se verificam no Outono, com o nível máximo das águas em Maio - Junho e o mínimo em Dezembro - Janeiro.


O rio Paraguai, em estado natural pode ser considerado como bastante satisfatório para a navegação, necessitando, todavia, ser melhorado em alguns trechos para ter condições óptimas de navegabilidade. Dentro do território brasileiro, estas condições se dão a partir da foz do rio Apa a Cáceres, numa extensão total de 1.323 Km.


Da foz do rio Apa a Corumbá, numa extensão de 603 Km, temos o melhor estirão, do ponto de vista da navegabilidade. Neste trecho se faz navegação internacional, porquanto o rio sirva de fronteira, em longo percurso, do Brasil com a Bolívia e com o Paraguai.


Os pontos mais rasos se dão no passo Piúva (Km 1.338 a 1.343),passo Coimbra (Km 1.322) e passo Santa Fé (Km 1.285). O que causa maior empecilho à navegação é o Piúva, que chega a atingir menos de 0,90 m de profundidade nas fortes estiagens.


Existem diversos meandros com raios de curvatura pequenos que impedem a passagem de grandes comboios de empurra, sem desmembrar.
O trecho do rio Paraguai, de Corumbá a Cáceres é constituído de material facilmente erodível, há sensíveis mudanças de canais e profundidades de ano para ano. Estima-se, porém, em um ano hidrológico médio, estejam sempre acima de 1 m (pouco mais que 0,90 m) permitindo o tráfego em qualquer época do ano de embarcações com 0,90 m de calado e em 85% com 1,22 m de calado. Entre Descalvado e Cáceres, as profundidades mínimas podem cair até a 0,60 m (2 pés) só permitindo então a passagem de pequenas embarcações. Em um ano hidrológico médio, embarcações com 0,45 m (um pé e meio) de calado podem fazer o tráfego com segurança todo o ano e embarcações com 0,60 m de calado cerca de 90% do tempo.


No trecho Descalvado-Cáceres há diversos bancos de areia muito rasos e curvas extremamente pronunciadas, muitas com raio de curvatura inferior a 60 m. Alguns travessões rochosos e pedrosos tornam a navegação perigosa.
As restrições de profundidades encontradas à montante da foz do rio Apa indicam os passos do Conselho (Km 1.369) e Caraguatá (Km 1.421) como os mais críticos, além do passo Piúva inferior. Na verdade tem-se uma variação na posição dos trechos mais rasos, porém tem sido observado que as profundidades mínimas disponíveis serão sempre da mesma ordem de grandeza, qualquer que seja o passo de areia crítico.


Nas curvas muito acentuadas, com canais estreitos, pode haver limitação de comprimento para a inscrição das embarcações, o que obriga o desmembramento dos grandes comboios. Nos passos de areia de um modo geral, as curvas bruscas no canal de navegação só aparecem em níveis d'água muito baixos, quando as profundidades por si já impedem o tráfego das embarcações maiores.


Há certas curvas que devido aos raios de curvatura e pequenas larguras, impedem o cruzamento de dois comboios com 36 m de boca. Destas, as mais críticas são: Vuelta do Formigueiro (Km 1.481), Vuelta Rebojo (Km 1.303), Vuelta Rápida (Km 1.184) e Vuelta Batinha (Km 1.097). Mesmo nestas, porém, não há normalmente necessidade de desmembramentos sistemáticos dos comboios com 210 m de comprimento e 36 m de boca. Estima-se que, em média, em 25% do tempo (91 dias por ano) esses comboios devem ser desmembrados em duas curvas.


Além das restrições referidas, o trecho considerado apresenta outras dificuldades menores para a navegação tais como: margens baixas e alagadiças que levam à perda do canal em águas altas; vegetação e troncos flutuantes, que podem causar, nas cheias, avarias às embarcações (especialmente ao sistema de propulsão); dificuldades de encontrar o canal navegável à noite, etc. Devido a essas e outras dificuldades, a navegação é interrompida à noite no trecho entre os quilómetros 1.422 e 1.330, em águas baixas, durante 25% do tempo (91 dias).


Pode-se citar a ponte ferroviária Barão do Rio Branco, situada pouco a montante de porto Esperança, como sendo o único obstáculo artificial de relevo no trecho a montante da foz do Apa que causa dificuldades à navegação.


Esta ponte apresenta restrições tanto à altura quanto à largura. O único vão de navegação da ponte situa-se sobre o canal do rio que se apresenta no local sob a forma de curva de grande raio. A distância entre os pilares é de 90 m, o que já impede os cruzamentos de comboios no local. Além disso, a forma de arco do vão faz com que as alturas livres variem ao longo da secção.


Junto ao pilar esquerdo existe um banco de areia que limita a 80 m a largura útil em águas baixas.


Verifica-se uma forte correnteza com direcção ligeiramente oblíqua ao canal (no sentido da margem direita para a esquerda) que, ligada à restrição de largura obriga ao desmembramento sistemático dos comboios para passagem no local, na descida.


O balizamento implantado pela Marinha do Brasil é da melhor qualidade e impecavelmente mantido. As únicas recomendações para a sua melhoria são no sentido de aumentar a densidade dos sinais e balizas luminosas e adaptá-las mais prontamente às mudanças do leito do rio.


As balizas são constituídas de madeira pintada em xadrez, com 1,30 m de altura por 1,60 m de comprimento, em forma de losango, pintadas de branco e faroletes eléctricos, alimentados por baterias especiais; todos instalados nas margens.


A manutenção do balizamento é feita pelo serviço de balizamento náutico do rio Paraguai, com sede em Ladário, que conta com todo o equipamento necessário e uma embarcação balizadora especialmente adaptada ao serviço.


Nos períodos de enchente, embarcações com mais de 100 toneladas atingem facilmente São Luís de Cáceres. Nas épocas de estiagem, porém, é necessário efectuar em Descalvados, o alívio das embarcações, ou fazer o transbordo de cargas para outros barcos menores.


A frota que faz o tráfego pelo rio Paraguai acima de 50 TPB, é composta de 54 chatas, 1 autropropelido, 6 empurradores e 10 rebocadores, sendo que a maior parte desta frota pertence ao Serviço de Navegação da Bacia do Prata S.A., significando 80% do total das embarcações.














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