domingo, 1 de abril de 2012

VIAJANTES E CIENTISTAS ESTRANGEIROS QUE PESQUISARAM A AMAZÔNIA

HISTÓRIA, para fazer!
"A história é um simples pedaço de papel impresso; o principal, ainda, é fazer história, e não escrevê-la." (Otto Von Bismarck)


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Revisão de Pontos de História da Amazônia
Com base na leitura da obra Pontos de História da Amazônia I, publicado pela editora Pakatatu, de Belém do Pará, sobre o trabalho escravo na Amazônia no Período Colonial, verifica-se que a organização do trabalho e as formas de produção adotadas na região, desde a colonização, sempre foram alicerçadas no serviço escravo e na manipulação do nativo. Conforme argumenta Armando Alves Filho (2001) “organizar a força de trabalho na Amazônia foi uma das mais difíceis tarefas do processo de colonização (...) “A economia extrativista e as condições geográficas e ambientais também contribuíram para a criação, na região, da própria mão-de-obra”.
Vê-se que, mesmo sendo introduzido o escravo negro na Amazônia, ainda parecia mais barato investir no trabalho indígena. Entretanto, com a criação da Companhia Geral do Grão Pará e Maranhão, no século XVIII, a entrada de escravos africanos reduziu a procura inicial, provocando um curto período de escravidão indígena. Nas capitanias do Grão Pará e Rio Negro, por exemplo, o fluxo de escravos negros teve pouca duração. No Maranhão, o comércio negreiro predominou por mais tempo em função da produção algodoeira que bancava a importação de africanos.
Segundo o autor citado, a Amazônia não revelava vocação para a plantation, por isso o governo português passou a incentivar o trabalho da catequese. Mas, para isso, era indispensável a marcante presença do missionário e, deste modo, a imposição da ideologia cristã, na colonização do Norte, destaca-se como instrumento de dominação da terra e das gentes. Assim, a Igreja católica passa a ser protagonista dessa colonização e as missões preparam o índio para inseri-lo nos moldes dos interesses e ambição dos colonizadores, porém, para isso era preciso desarticular as bases produtivas, deixando a alternativa de mercado de escravo, as “repartições” aos índios que eram explorados pelo colonizador.
O curioso é que os missionários tinham um duplo papel em sua “missão”: ao mesmo tempo que protegiam os indígenas contra a exploração do colonizador, também colaboravam na função de atraí-los para a “descida” em direção ao litoral para as missões, seduzindo-os através da música, do teatro , da pregação e do convencimento.Chegavam ao ponto de mandar o nativo destruir suas casas e roças para esquecer de vez da vida na aldeia. Alves Filho, ao tratar das estratégias pedagógicas dos jesuítas utilizadas para o convencimento dos índios apresenta uma citação de Maria Valéria Rezende: “Quando os índios aceitavam partir de suas terras para perto do mar, os missionários lhes davam roupas para que se vestissem e mandavam que queimassem as casas e roças de sua aldeia para que eles não tivessem a tentação de desistir e voltar para lá”.
Também as doenças adquiridas pelo índio (gripe, sarampo, cachumba, tuberculose, varíola) com o contato eram utilizadas como argumento para abandonarem a aldeia, de modo que a catequese passa a funcionar “como instrumento gerador de força de trabalho para sustentar a colonização” nas missões, onde os índios eram submetidos à aculturação por uma vida de “salvação e felicidade”,com a evangelização nos novos aldeamentos pela doutrinação (aprendizagem das orações), moralização (viver conforme a moral cristã portuguesa) e sacramentalização (preparação para o batismo, crisma, casamento e outros sacramentos da igreja).
Porém, essa aculturação não era facilmente assimilada pelos nativos, pois as fugas e confrontos com os colonos foram formas adotadas “de reação indígena em defesa de sua identidade, de seu território e de sua liberdade”,e, mesmo que a exploração indígena fosse uma constante no Período Colonial, por ambos os interessados, missionários e colonos,as práticas de “guerra justa” e de “resgate” ainda não foram suficientes para consolidar o trabalho escravo indígena em toda a Amazônia . Apesar disso, se em outras regiões do Brasil, no Período Colonial, foi o trabalho escravo do negro africano que sustentou a economia, na Amazônia, segundo Armando Alves Filho(2001), mesmo tendo a participação do negro, a relevância do trabalho forçado coube ao indígena, que interrompeu sua trajetória de povo livre para tornar-se objeto “a serviço do capital mercantil metropolitano”.
Ao usar este artigo, mantenha os links e faça referência ao autor:
O TRABALHO FORÇADO NA AMAZÔNIA COLONIAL publicado 24/04/2010 por Djalmira Sá Almeida em http://www.webartigos.com
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Djalmira Sá Almeida
Djalmira é pernambucana de Terra Nova- Pe. Aprendeu as primeiras letras na Fazenda Surubim. Estudou em Parnamirim - Pe de 1962 a 1972. Mudou-se para o Paraná aos 16 anos. Formou-se em Letras/Anglo em Cascavel-Pr. Possui Especialização, Mestrado e Doutorado em Filologia e Linguística de Língua Portuguesa. Aposentou-se como Professora da Universidade Estadual de Londrina - Paraná. Atualmente é Professora de Português e Inglês do IFPA-Campus de Itaituba -Pará. Escreve contos, artigos e poesias.


Fonte: http://www.webartigos.com/articles/36697/1/O-TRABALHO-FORCADO-NA-AMAZONIA-COLONIAL/pagina1.html#ixzz1IhaEV9fh

Nota sobre a arqueologia no Amazonas:
Com 57 sítios arqueológicos urbanos já catalogados pelo projeto Amazônia Central desde 1995, onde somente em um sítio descoberto no conjunto Nova Cidade foram identificadas cerca de 300 urnas funerárias com idade aproximada de 1.500 anos, significa dizer que o Amazonas possui um dos patrimônios arqueológicos mais ricos e diversificados do território brasileiro. As recentes descobertas do projeto Piatam também estão ajudando a mapear a Amazônia Ocidental, uma área ainda pouco conhecida na arqueologia brasileira. Existem perdas inevitáveis nos sítios, em função das características geológicas da região, como a erosão provocada pela ação do rio. Este é o cenário do sítio localizado em Lauro Sodré, comunidade do município de Coari, distante quase 400 km de Manaus. Ao todo, já foram identificados mais de 300 sítios arqueológicos no Estado, principalmente no baixo rio Negro.



Brevíssima cronologia da História do Amazonas



1539 – O navegador espanhol Francisco Orellana descobre (e batiza) o rio das Amazonas, depois de enfrentar uma tribo de mulheres guerreiras na foz do rio Nhamundá.


1637 – O navegante português Pedro Teixeira toma posse, em nome do governo português, de todo o atual estado do Amazonas, incorporando ao território brasileiro quase metade de sua área atual.

1669 – O capitão Francisco da Mota Falcão constrói um pequeno forte de pedra na margem esquerda do rio Negro, que depois daria origem à cidade de Manaus.

1727 – O militar Belchior Mendes da Costa aprisiona o tuchaua Ajuricaba, da tribo dos Manaós, colocando fim à grande revolta dos índios da região do rio Negro.

1775 – O governo português funda a Capitania de São José do Rio Negro, que daria origem ao estado do Amazonas.

1835 – Início da revolta popular conhecida como Cabanagem, que se espalhou por toda a Amazônia.

1902 – Início da revolução acreana que, pela força das armas, incorporou ao Amazonas o território do Acre, até então pertencente à Bolívia.

1910 – Início da produção de borracha na Malásia, que conquistaria rapidamente o mercado mundial e levaria à bancarrota financeira os produtores amazonenses.

1942 – Cerca de 60 mil nordestinos são enviados ao Amazonas e Acre para produzir borracha para os países aliados, em um formidável esforço de guerra.

1967 – É implantada a Zona Franca de Manaus, que daria origem ao Pólo Industrial de Manaus e se transformaria na mais bem sucedida iniciativa de preservação da floresta amazônica em nosso território.



1 - Conheça o Super Rio Amazonas!



2 - Um resumo esquemático da Pré-História da Amazônia


Extraído de
http://www.colegioweb.com.br/historia-brasil/a-ocupacao-da-amazonica.html



A ocupação pré-histórica da Amazônia



I – Um novo olhar sobre a Amazônia

Visão negativa – Até pouco tempo, havia uma visão negativa sobre o meio ambiente amazônico, principalmente por falta de pesquisas científicas. Acreditava-se que, durante a Pré-História, a Amazônia não foi capaz de desenvolver uma cultura complexa, a exemplo dos Andes e da Mesoamérica. Divulgava-se a idéia de que a Região era um vazio demográfico devido à enorme acidez do solo que, por sua vez, não permitia uma grande produtividade agrícola. Acreditava-se, ainda, que todos os artefatos de civilizações pré-históricas encontrados eram oriundos de outras regiões em função das constantes imigrações, comuns nessa fase da história da humanidade já que as populações eram nômades.

Século X a.C. – Os registros de pesquisas nas áreas da Antropologia, Arqueologia e Etno-História desenvolvidas desde o século XIX, na América e na Amazônia, permitem-nos afirmar que as civilizações complexas mais antigas, da Pré-História, surgiram entre os séculos XXV a.C. e X a.C. nas regiões Andinas e Mesoaméricas. Com relação à Amazônia, as civilizações complexas só surgiram por volta do século X a.C.

Era comum, ainda, afirmar que, devido ao surgimento tardio das civilizações complexas na Amazônia, a sua ocupação pré-histórica ocorreu do Oeste para o Leste Amazônico, e o desenvolvimento dos cacicados complexos teriam sido originado nos Andes. Mas, graças às pesquisas feitas por Domingos Ferreira Pena, João Barbosa Rodrigues, Charles Hart, Eduardo Góes Neves, Betty Megers, Anna Roosevelt, André Prous, Pedro Ignácio Schmits, a orientação leva-nos para outra direção: a ocupação pré-histórica da Amazônia originou-se do Leste para o Oeste, e os cacicados complexos surgiram nas antigas sociedades ceramistas do Oriente Amazônico (ou Marajoara).

II – A ocupação pré-histórica da Amazônia Brasileira

Não existe um quadro consensual, entre os pesquisadores antropólogos e arqueólogos, sobre a periodização da ocupação pré-histórica da Amazônia. Isso em função das poucas pesquisas realizadas nessas primeiras fases de ocupação humana da Região. Por isso, os cientistas fizeram uma periodização provisória, assim organizada:

a) Primeira fase: Paleoindígena.

b) Segunda fase: Arcaica.

c) Terceira fase: Pré-história Tardia.

AS FASES DA OCUPAÇÃO DA AMAZÔNIA

a) Paleoindígena
Foi o período em que a humanidade, na América do Norte, vivia imigrando em busca de alimentos, coletando frutos nas árvores e caçando animais da chamada megafauna (mastrodontes, bisontentes, cervídeos e camelídeos, antigos cavalos, elefantes, preguiças, tatus gigantes, antas, tigre-dente-de-sabre, etc). Esse período teria ocorrido por volta de 11.000 a.C. a 8.500 a.C. Nessa fase, essa população já estava altamente adaptada ao meio ambiente de clima temperado.
Hábitos culturais e econômicos – As populações paleoindígenas da América do Sul tinham hábitos culturais e econômicos diferenciados dos povos da América do Norte, pois viviam quase exclusivamente da coleta de moluscos, de plantas e da caça de pequenos animais da fauna Amazônica. Esses nômades paleoindígenas habitavam grutas e cavernas.

Esses fatos podem ser comprovados a partir das descobertas arqueológicas feitas em Monte Alegre, no Pará (pontas de lanças encontradas na caverna de Pedra Pintada).

b) Arcaica

Mil anos – Há um período de mil anos de transição da fase Paleoindígena para a Arcaica. A Arqueologia mostra-nos que essa fase foi a de descoberta das técnicas de cultivo da agricultura, principalmente na várzea amazônica.

Agricultura e sedenterização – Já no período Arcaico, as populações buscavam novos meios de subsistência, e a caça não era considerada a principal fonte alimentar. Com a descoberta da agricultura, ocorreu a sedentarização e, como conseqüência, surgiram diversificações no modo de produção dos meios de sobrevivência, assim como foram elaboradas novas condições materiais de existência tais como: organização política, religiosa, social e econômica.

A comprovação de tudo isso foi feita por pesquisadores no Baixo Amazonas, costa da Guiana, Orenoco e Tapeirinha (Pará) com a identificação de sambaquis (depósitos de conchas enterrados nas margens dos rios).

c) Pré-história Tardia
É considerado o apogeu da cultura pré-histórica na Amazônia. Esse período teve início por volta de 1000 a.C. e se estendeu até 1000 d.C.

Cacicados complexos – Nesse período, desenvolveu-se uma civilização complexa, cuja produção de cerâmica, organização política, religiosa e produção econômica foram significativas. Essa complexa civilização ficou conhecida, pelos arqueólogos, como cacicados complexos.

Origem dos cacicados – Os cacicados complexos teriam surgido no delta amazônico e se estendendido por todo o rio Amazonas, afluentes até chegar ao ocidente andino.

Sociedade complexa – As sociedades dos cacicados complexos viviam da produção agrícola em larga escala, pois desenvolveram uma técnica de produção avançada tais como: terraplenagem, atividade pesqueira, habitações, transportes e defesa. O processo de armazenamento da produção era feito em grandes jarras.

Millho – Em várias regiões de várzea, o principal produto cultivado era o milho, mas havia outras sementes que eram cultivadas como as do feijão e as da abóbora.


Comércio – Havia, também, um comércio intertribal de artefatos manufaturados, produzidos em grande proporção: tecidos de algodão, cerâmicas decoradas, utensílios domésticos e alimentos excedentes. Alguns objetos, como contas de disco, eram usados como moedas.

Hierarquia – Os cacícados complexos desenvolveram um sistema de hierarquia sociopolítica. No topo dela, estavam os chefes supremos; depois, numa classe intermediária, estavam os nobres; por ultimo, os plebeus. Abaixo desses anteriores estavam os servos e escravos, conquistados por meio de guerras.

Poder divino – A autoridade dos chefes supremos era exercida por meio de uma crença no poder de origem divina. Os chefes dominavam extensos territórios. Os plebeus e servos que habitavam essas áreas pagavam tributos.

Fim dos cacicados – Os cacicados complexos, ligados aos marajoaras, foram extintos antes da chegada dos europeus. Mas, no ocidente amazônico, os cacicados não resistiram à colonização européia dos séculos XVI e XVII.

A DEMOGRAFIA DA AMAZÔNIA

O levantamento demográfico da Amazônia pré-histórica foi motivo de várias pesquisas.

Área lingüística – Os pesquisadores na área da lingüística, como Cestmir Loukotka, classificaram 718 línguas faladas na Amazônia, elas foram agrupadas nos troncos: Tupi, Caribe, Aruaque, Pano, Ge, Tucano e outras línguas isoladas não catalogadas.

Terra firme e várzea – O etno-historiador Willian Denevan (1977), reconhecendo a importância histórica do processo de despovoamento, fez um levantamento demográfico da Amazônia, levando em consideração a distinção entre os dois maiores ecossistemas: terra firme e várzea.

Terra firme – Ele estabeleceu para a terra firme 98% do território amazônico, atribuindo 0,2% hab/km², o que corresponde à cifra de um milhão de habitantes.

Várzea – Para a várzea, reconheceu a alta concentração de recursos naturais explorados pela tecnologia indígena. Por isso, sugeriu uma densidade de 14,6% hab/km², correspondente a novecentos e cinqüenta mil habitantes para os 65 mil km². Isso, em números redondos, somam dois milhões de habitantes só para a Amazônia brasileira.

Nesse sentido, podemos afirmar que, no século XVI, a Amazônia, era densamente povoada e que a várzea detinha uma maior concentração demográfica em relação à terra firme que, por sua vez, tinha uma população mais rarefeita.

OS POVOS DO SÉCULO XVI
Os Omáguas – Governavam as suas principais aldeias por meio de uma província, onde o seu governante era um principal ao qual todos obedeciam. Em época de guerras intertribais, eles matavam, entre os cativos, os chefes e os muito valentes, para prevenir insurreições; os demais eram incorporados à comunidade, onde cada chefe de família tinha um ou mais escravos domésticos. O algodão era cultivado, fiado e tecido entre os Omáguas, no Alto Amazonas, para a fabricação de roupas, onde as índias usavam botas de borracha e meias mangas de algodão.

3 - Arte pré-lusitana na Amazônia


exemplar de cerâmica produzida pelas sociedades complexas do Pará em Santarém. Este vaso Tapajó é denominado “Vaso de Cariátides”.



Cerâmica Marajoara

A cerâmica Marajoara é considerada uma das mais bonitas e sofisticadas das Américas. Seus desenhos labirínticos e repetitivos podem ser entendidos como uma linguagem iconográfica, que comunicava sobre a ordem das coisas, das relações entre humanos e animais e sobre papéis sociais, gênero e status.

Conheça mais sobre a cultura Marajoara nos links abaixo:• Museu Paraense Emílio Goeldi - http://www.museu-goeldi.br%20/
• Museu do Marajó - www.museudomarajo.com.br• Arqueologia e História Pré-Colonial da Ilha de Marajó - www.marajoara.com/index_portuguese.html


4 - Breve comentário sobre as Amazonas:
Extraído de:

http://www.neomondo.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=283:amazonas-do-mito-greco-romano-as-lendas-do-novo-mundo&catid=87:artigos&Itemid=89



O relato do Frei Gaspar de Carvajal sobre a aparição das Amazonas em terras brasileiras, ao tempo das Grandes Navegações, mexeu com a imaginação do colonizador europeu, afeito à tradição clássica: “Essas mulheres são muito brancas e altas, têm cabelo muito comprido, entrançado e enrolado na cabeça, são muito robustas e andam nuas em pêlo, tapadas as vergonhas, com seus arcos e flechas nas mãos, fazendo tanta guerra como dez índios; e, em verdade, houve uma delas que encravou um palmo de flecha num dos bergantins, e outras pouco menos, de modo que nossos barcos pareciam porcoespinho” – registrou em seu diário o Frei, que na aventura teve um olho vazado por uma flecha. Nesse mesmo escrito, Carvajal informa que eram dez ou doze as Amazonas que por eles foram vistas, sendo que sete ou oito delas foram mortas na batalha. E acrescenta detalhes a respeito de seus costumes, que teriam sido fornecidos por um índio então capturado. O capitão Orellana lhe perguntava que mulheres eram aquelas, e o índio ia dizendo que e am mulheres que moravam terra adentro, a sete jornadas da costa. Eram casadas? O índio disse que não. E como viviam? Recebendo tributos de muitas províncias vizinhas, que a elas estavam sujeitas. Eram muitas? Sim, e contavam, segundo sabia, setenta povos. Povos de palha?
Não, mas de pedra e com portas; e estavam ligados uns aos outros por caminhos bem guardados, de modo que ninguém pudesse entrar em seu território sem lhes pagar direitos; e pariam, pois se uniam aos índios de tempos em tempos, e se tinham filhos, lhes matavam, e se filhas, lhes criavam nas coisas da guerra; tinham uma rainha chamada Conhori, e muita riqueza em ouro e prata; e templos adornados, onde adoravam o Sol; e andavam vestidas com roupas de lã muito fina; e possuíam animais como camelos e outros do tamanho de cavalos; e tinham nessa terra duas lagoas de onde tiravam sal; e uma lei que, ao pôr-do-sol, não havia de quedar-se índio macho em suas cidades...Um índio decerto bem falador esse que era interrogado pelo capitão.

Mesmo na época houve quem considerasse um disparate o que disse Frei Gaspar sobre a existência de Amazonas naquele rio. E, hoje, os mais céticos acreditam que a expedição foi atacada por índios de cabelos compridos, cuja aparência fez supor aos forasteiros que se tratava de uma tribo de mulheres guerreiras. Mas o fato é que a lenda se espalhou e aquele que era chamado o “Mar Doce”, passou a ser conhecido como o rio das Amazonas, derivando-se daí não só o nome da floresta como o de toda a região.

Em 26 de agosto de 1542, aproximadamente um mês depois do incidente fabuloso que marcou a travessia completa do Amazonas, Orellana e mais quarenta e oito sobreviventes atingiam afinal a foz do imenso rio, adentrando no Atlântico pelo Pará. Há quem queira imaginar que Orellana não fechou de mãos vazias a aventura. Embora sem ouro e sem canela, haveria de ter levado consigo um Muiraquitã, a pedra verde da felicidade que, segundo a lenda, as Amazonas entregavam àquele que, a cada ano, com elas tinham parte, ficando assim protegido de todo malefício.

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