domingo, 29 de abril de 2012
EXPEDIÇÃO LANGSDORF
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História
CulturaReportagens
Cultura, ciências e estudos sobre o Brasil
Expedição Langsdorff
Fascinado por viagens e conhecimentos científicos, o barão Langsdorff conseguiu patrocínio do czar russo Alexandre I para organizar uma grande expedição de reconhecimento no interior do Brasil, em 1821. Entre os integrantes estavam artistas, botânicos, naturalistas e cientistas.
A cidade do Rio de Janeiro, sede do governo português no Brasil, foi o ponto de partida para o grupo de exploradores, que percorreria cerca de 17 mil quilômetros entre os anos de 1822 e 1829. Primeiramente, os estudiosos exploraram a região do Rio de Janeiro. No ano de 1824, partiram rumo à província de Minas Gerais. No mesmo ano, ainda em território mineiro, o artista austríaco Rugendas deixou a expedição, após uma série de desentendimentos com Langsdorff, e retornou ao Rio de Janeiro. Rugendas foi substituído por Aimé-Adrien Taunay, jovem desenhista filho de Nicolas Taunay — integrante da Missão Artística Francesa.
A partir de 1825, a expedição seguiu viagem pelas províncias de São Paulo, Mato Grosso e Amazonas, analisando os aspectos naturais, sociais, etnológicos e lingüísticos brasileiros.
A fantástica trajetória desses estudiosos — os primeiros a estudar certos aspectos da flora, fauna e povos indígenas brasileiros —, também apresentou momentos ruins, pois muitos sofreram com doenças tropicais, sobretudo, malária. O próprio barão Langsdorff perdeu a memória em 1828, após contrair febre tropical, da qual nunca se recuperou. Colocando em números, dos 39 integrantes da expedição, somente 12 sobreviveram.
Todo o material coletado — amostras minerais, animais e vegetais —, os desenhos e os manuscritos foram enviados à Rússia, permanecendo no esquecimento em caixas lacradas no Jardim Botânico de São Petersburgo até 1930, quando foram encontrados ocasionalmente em função de uma reforma. Mesmo com as dificuldades enfrentadas pela Rússia durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e a Guerra Fria (1945-1989), pesquisadores conseguiram estudar e divulgar boa parte da coleção enviada pela expedição um século antes.
Atualmente, o professor Boris Komissarov, da Universidade de São Petersburgo, é considerado o maior especialista no estudo do material coletado pela Expedição Langsdorff, além de ser presidente da Associação Internacional de Estudos Langsdorff, fundada em Brasília no ano de 1990.
Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos. Extraído de Girafamania
selo Langsdorff
Biografias
Georg Heinrich von Langsdorff (Alemanha, 1774 –1852)
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Físico e naturalista alemão, Langsdorff descendia de uma família ilustre da Alemanha, cuja origem data do século XIII. Estudou na Universidade de Göttingen, com o antropólogo Johann Friedrich Blumenbach.
Quando teve conhecimento da pretensão do czar Alexandre I em patrocinar expedições naturalistas, Langsdorff partiu para São Petersburgo, na Rússia, e se tornou membro da Academia Imperial de Ciências. Na Rússia, modificou seu nome para Grigori Ivanovichi Langsdorff. Entre os anos de 1803 e 1808, participou de uma expedição russa que visitou a Ilha de Santa Catarina, na costa brasileira. Retornou ao Brasil em 1813, como Cônsul Geral da Rússia, função exercida na cidade do Rio de Janeiro.
Em 1821, voltou para a Rússia e conseguiu apoio do czar Alexandre I para organizar uma expedição ao interior do Brasil. Assim, nesse mesmo ano, teve início a Expedição Langsdorff, que terminou em 1829.
Durante a viagem, o barão Langsdorff perdeu a memória no Amazonas, em virtude de uma febre tropical. Morreu em Freiburg, anos depois, sem ter se recuperado.
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Johann Moritz Rugendas (Áustria, 1802–1859)
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Pintor e desenhista austríaco, Rugendas era de uma família de artistas. Estudou no Estúdio Albrecht Adam, da Academia de Artes em Munique, onde foi aluno de Lorenzo Quaglio, um professor de pintura de paisagem. Os relatos de viagens de Spix e Martius pelo interior brasileiro fizeram Rugendas se inspirar para vir ao Brasil. A exposição de Thomas Ender (em Viena) sobre sua estada no Brasil também o influenciou.
Rugendas chegou ao Rio de Janeiro em março de 1822 e viajou para Minas Gerais com Langsdorff, Riedel, Rubtsov e Ménétries. Porém, durante a viagem, desentendeu-se com Langsdorff e abandonou a expedição. Depois, retornou à Europa em 1825, onde encontrou Alexander von Humboldt, que o apresentou a Engelmann, o proprietário de uma famosa editora em Paris. O editor comprometeu-se em publicar seu diário de bordo em uma versão bilíngüe em 1835. Rugendas retornou à América entre os anos de 1831 e 1846, tendo visitado Haiti, México, Chile, Peru, Bolívia, Uruguai e Brasil. Como artista da expedição Langsdorff, ele retratou inúmeras cidades de Minas Gerais e a prática do trabalho escravo na região.
Foi altamente requisitado pela corte real portuguesa, pintou retratos da Família Imperial e de outras personalidades brasileiras, bem como paisagens e florestas.
Rugendas publicou Viagem pitoresca ao Brasil em 1835.
Conheça algumas obras de Rugendas
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Antoine Hercule Romuald Florence (Nice, França, 1804–Brasil, 1879)
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Ilustrador, pintor, litógrafo, fotógrafo e tipógrafo francês, Florence chegou ao Brasil em 1824, como oficial da Real Marinha Francesa. Antes de ingressar na Expedição Langsdorff, trabalhou em lojas de roupas e em uma gráfica.
Como ilustrador, Florence viajou entre os anos de 1825 e 1829 na expedição para São Paulo, Mato Grosso, Amazonas e Pará. Também dedicou-se a recordar os cantos dos pássaros que conheceu durante a expedição e inventou um método chamado zoofonia. Seu diário de bordo foi publicado em duas partes: Esboço da viagem feita pelo Sr. Langsdorff pelo interior do Brasil, de setembro de 1825 à março de 1829 e De Porto Feliz à Cuiabá (1826-1827): Diário de viagem de um naturalista da expedição do barão Langsdorff. Em 1941, houve a reedição da segunda parte do diário de bordo com o título Viagem fluvial do Tietê ao Amazonas, de 1825 a 1829.
Depois da expedição, Florence mudou-se para Campinas e tornou-se fazendeiro. Como proprietário de uma gráfica, fundou o primeiro jornal publicado no interior de São Paulo, chamado “O Paulista”.
Dedicou-se a uma série de invenções e métodos para reproduzir imagens, de poligrafia (gráfica) para um método que utilizava luz solar (em 1833), que depois ficou conhecido como fotografia.
Conheça alguns trabalhos de Hercule Florence
O Paulista
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Aimé-Adrien Taunay (França, 1803 – Brasil, 1828)
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Pintor e desenhista francês filho de Nicolas Antoine Taunay, membro da Missão Artística Francesa que chegou ao Brasil em 1816.
Em 1818, ingressou em um grupo que viajou para conhecer a costa da Austrália e arquipélagos do Pacífico. Em 1824, substituiu o pintor Rugendas na Expedição Langsdorff, viajando por São Paulo, Mato Grosso e Pará.
Em determinado momento, o barão Langsdorff dividiu a expedição em dois grupos. Adrien e o botânico Riedel seguiram viagem pelos rios Guaporé (Mato Grosso) e Madeira (Amazonas). Em dezembro de 1827, chegaram em Vila Bela de Mato Grosso, onde se desencontraram. Perdido na mata, Adrien morreu ao tentar atravessar o Rio Guaporé a nado.
Adrien Taunay foi o maior contribuinte para a formação do arquivo iconográfico da Expedição Langsdorff.
Conheça a obra de Adrien Taunay.
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Bibliografia
BELLUZZO, Ana Maria de Moraes. The voyager’s Brazil, São Paulo: Metalivros, 1995. vol. 2.
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