quinta-feira, 26 de abril de 2012

Empreendedorismo Empreendedorismo em Economias Emergentes: Criação e Desenvolvimento de Novas Empresas na América Latina e no Leste Asiático BANCO INTERAMERICANO DE DESENVOLVIMENTO América Latina Leste Asiático Masahiko Ishida Masahiko Komori Japan Economic Research Institute Development Bank of Japan Hugo Kantis Instituto de Industria Universidad Nacional de General Sarmiento resumo EMPREENDEDORISMO EM ECONOMIAS EMERGENTES: Criação e Desenvolvimento de Novas Empresas na América Latina e no Leste Asiático RESUMO Hugo Kantis Masahiko Ishida Masahiko Komori Instituto de Industria Japan Economic Research Institute Universidad Nacional de General Sarmiento Development Bank of Japan Development Bank of Japan Banco Interamericano de Desenvolvimento Departamento de Desenvolvimento Sustentável Subdepartamento de Empresa Privada e Mercados Financeiros Divisão de Micro, Pequena e Média Empresa Cataloging-in-Publication data provided by: Inter-American Development Bank Felipe Herrera Library Kantis, Hugo. Empreendedorismo em economias emergentes: criação e desenvolvimento de novas empresas na América Latina e no Leste Asiático: resumo / Hugo Kantis, Masahiko Ishida, Masahiko Komori. p.cm. 1. New business enterprises—Latin America. 2. New business enterprises—East Asia. 3. Small business—Latin America. 4. Small business—East Asia. 5. Entrepreneurship—Latin America. 6. Entrepreneurship—East Asia. I. Ishida, Masahiko. II. Komori, Masahiko. III. Inter-American Development Bank. Sustainable Development Dept. Micro, Small and Medium Enterprise Division. IV. Title. 658.114 K285—dc21 Março 2002 Para obter maiores informações sobre esta pesquisa, consulte o seguinte endereço eletrônico: http://www.iadb.org/sds/sme ou http://www.iadb.org/sds/ifm_s.htm. PRÓLOGO Tanto nos países-membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômicos (OCDE) como nos países em desenvolvimento, o empreendedorismo é um dos temas que têm recebido maior atenção nos círculos políticos e universitários. Empresas dinâmicas recém-fundadas têm contribuído para o desenvolvimento econômico de três formas distintas: como um canal de conversão de idéias inovadoras em oportunidades econômicas; estimulando a competitividade pela renovação da cadeia produtiva; e como uma das formas de aumentar a produtividade e a oferta de novos postos de trabalho. As últimas pesquisas enfocam mais detalhadamente o processo de criação de novas empresas, abrangendo desde a primeira motivação e processo de gestação até a sua constituição e desenvolvimento inicial. Tais pesquisas, no entanto, não conseguiram ainda identificar os fatores mais significativos que incentivam ou limitam a entrada e o aperfeiçoamento dos empresários nesse processo, dentro dos distintos contextos locais. Este estudo tenta responder a essas indagações, tão importantes como práticas, mediante a análise dos dados proporcionados por mais de 1.200 novos empresários pesquisados na América Latina e no Leste Asiático. Nos últimos cinco anos, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) apoiou um número considerável de programas orientados a promover a abertura de novas empresas, envolvendo uma gama variada de operações que incluem a criação de incubadoras de empresas, a capacitação de empreendedores, a criação de fundos de investimentos, a simplificação de normas burocráticas para a formalização de novas empresas e assistência técnica aos que desejam iniciar uma carreira empresarial. Futuramente, dada a importância que a entrada de novas empresas tem na promoção do desenvolvimento econômico de países e de regiões macroeconômicas específicas, o Banco poderia incrementar sua participação nesses programas, levando em consideração o resultado deste estudo e suas implicações para a definição de políticas de desenvolvimento empresarial. Apresentamos nossos sinceros agradecimentos ao Governo do Japão, cujo contínuo apoio através do Fundo Fiduciário Japonês para Serviços de Consultoria e do Programa Japonês tornou possível a realização e publicação desta pesquisa. Estendemos nossos agradecimentos à direção do Banco Interamericano de Desenvolvimento e às equipes de pesquisadores radicadas em nove países, que trabalharam sob a coordenação de três acadêmicos. O resultado final desse esforço é a publicação de um estudo e deste informe compilando os seus principais pontos e os dos trabalhos desenvolvidos em cada um dos nove países incluídos na pesquisa. Esperamos que este informe sirva de referência básica para o desenvolvimento de políticas destinadas à criação e ao desenvolvimento de novas empresas, e que os resultados da pesquisa inspirem mais inovações nos programas voltados à promoção do empreendedorismo. Antonio Vives Subgerente Subdepartamento de Empresa Privada e Mercados Financeiros Departamento de Desenvolvimento Sustentável ÍNDICE I. Empreendedorismo e desenvolvimento ................................................................................................................................1 II. Comparação do processo de criação de empresas .........................................................................................................2 1. Fase de gestação da empresa...........................................................................................................................................3 2. Fase de constituição da empresa ...................................................................................................................................4 3. Fase de desenvolvimento inicial da empresa ..........................................................................................................5 III. Implicações e recomendações de políticas........................................................................................................................6 1. Implicações e recomendações globais........................................................................................................................7 2. Implicações e recomendações específicas ...............................................................................................................8 Integrantes da Pesquisa INSTITUIÇÃO INTEGRANTES Assessor Sênior Kobe University Akio Hosono Equipe de Supervisão Banco Interamericano de Desenvolvimento Keisuke Nakamura Juan Jose Llisterri Hideki Kagohashi Pablo Angelelli Equipe de Coordenação América Latina Instituto de Industria Hugo Kantis (Coordenador) Universidad Nacional de General Sarmiento Rodrigo Rabetino Javier Babino Francisco Gatto Mercedes Cano Juan Federico Leste Asiático Japan Economic Research Institute Masahiko Ishida (Coordenador) Development Bank of Japan Masahiko Komori (Coordenador) Nao Ushiyama Equipes nos Países (A primeira pessoa em cada equipe de país é o coordenador da equipe de estudo nacional) Argentina Instituto de Industria Hugo Kantis Universidad Nacional de General Sarmiento Juan Pablo Ventura Rodrigo Rabetino Francisco Gatto Brasil Universidade de Campinas Miguel Juan Bacic José Newton Carpintéro Luiz Antônio T. Vasconcelos Maria Carolina A. F. de Souza José Walter Martinez Daniela Gorayeb Costa Rica Universidad Nacional de General Sarmiento Juan Carlos Leiva Bonilla Japão Japan Economic Research Institute Masahiko Ishida Development Bank of Japan Masahiko Komori Hideshi Emoto Nao Ushiyama Coréia Korea Institute for Industrial Economics and Trade Nakki Baek Wonchan Ra México Universidad Autónoma Nacional de México Clemente Ruíz Duran Brettzel Altamirano Joel Vargas Laura López Peru SASE Consultores Fernando Villarán Juan Julio Gutierrez Singapura National University of Singapore Chee Leong Chong Kwan Kee Ng Dawn Tan Taiwan National Taiwan University Chen-en Ko Jennifer H.J. Chen • 1 EMPREENDEDORISMO EM ECONOMIAS EMERGENTES: Criação e Desenvolvimento de Novas Empresas na América Latina e no Leste Asiático I. EMPREENDEDORISMO E DESENVOLVIMENTO Novas empresas contribuem de forma significativa para o desenvolvimento econômico, mormente nos países em desenvolvimento. Ao ter sucesso, os novos empresários criam empregos, expandem segmentos de mercado, aumentam a produção de bens e serviços e dinamizam a economia das comunidades onde operam. Este estudo demonstra que um grande número de microempresas se converte em pequenas e médias empresas (PMEs) em um período de três anos, e que existe uma relação positiva entre o número de novas empresas e o crescimento econômico e entre a geração de empregos para jovens e a modernização da estrutura empresarial. Este estudo apresenta novos elementos sobre a capacidade dos empresários de gerar empregos e de contribuir para o dinamismo da economia interna. Os resultados encontrados revelam, também, contrastes interessantes entre a América Latina e o Leste Asiático. Neste último, as novas empresas crescem mais rapidamente; tornam-se mais produtivas do que as da América Latina; o número de empreendedores que criam novas empresas é maior; e contam com o apoio de parcerias para superar os problemas ocasionados pela falta de financiamento. No Leste Asiático, os novos empresários lançam-se em empreendimentos intensivos no uso de tecnologia, e um grande número de empresas está envolvido com exportação mais intensamente do que na América Latina. Estas tendências sugerem um alto potencial das novas firmas para contribuir na modernização da economia da região. Aproximadamente dois terços das novas firmas do Leste Asiático operam no setor tecnológico, contra apenas um terço nesse tipo de empreendimento na América Latina. Os empresários asiáticos demostram maior mobilidade social do que os latino-americanos: cerca de 48% das empresas dinâmicas nessa região da Ásia foram fundadas por integrantes das classes média e baixa, enquanto na América Latina esta percentagem é de somente 28,6%. O número de pessoas que abre uma empresa pela primeira vez é muito mais alto no Leste Asiático do que na América Latina, indicando um ambiente mais favorável ao lançamento de uma primeira empresa. Os novos empresários latinoamericanos precisam de um maior período de tempo para desenvolver o processo de criação de suas empresas do que os empresários do Leste Asiático. Nessas duas regiões, as novas empresas contribuem para o crescimento econômico, embora a expansão dessas empresas seja mais rápida no Leste Asiático. Observa-se isso pela evolução do faturamento: as firmas asiáticas têm vendas mais elevadas desde o seu primeiro ano de existência e crescem em ritmo muito mais intenso do que as latino-americanas. Embora, em ambas as regiões, a entrada de recursos nas novas empresas seja inicialmente baixa, o volume do faturamento no Leste Asiático é duas vezes àquele da América Latina. Com o passar do tempo, esta diferença se acentua: após três anos de operação, as firmas do Leste Asiático vendem cinco vezes mais do que as latino-americanas, chegando a maioria delas a vender cerca de US$2 milhões anualmente. Somente algumas poucas empresas latino-americanas alcançam esse volume de vendas. A expansão da força de trabalho, entretanto, é similar nas duas regiões. No primeiro ano, as firmas do Leste Asiático empregam em média 12 trabalhadores enquanto as latino-americanas empregam 15. No terceiro ano de operação as firmas do Leste Asiático ascendem a 30 trabalhadores e as latino-americanas a 26 trabalhadores. Em conseqüência, as vendas por empregado no terceiro ano são em média de US$ 141.000,00 no Leste Asiático e de apenas US$ 33.000,00 na América Latina. Esta disparidade está provavelmente explicada por uma maior terceirização e por uma maior proporção de empresas no setor tecnológico no Leste Asiático. O objetivo desta pesquisa foi identificar os principais fatores que influenciam o processo de abertura de empresas dinâmicas, para priorizar e destacar as ações que os governos < US$ 500 1 ano 3 ano ano 2000 1 ano 3 ano ano 2000 0 25 50 75 100% U$S 500-2.000 > US$ 2.000 (em US$ 1.000) o o o o Leste Asiático América Latina % de empresas GRÁFICO 1: Crescimento das vendas das novas empresas no Leste Asiático e na América Latina • 2 EMPREENDEDORISMO EM ECONOMIAS EMERGENTES: Criação e Desenvolvimento de Novas Empresas na América Latina e no Leste Asiático ◗ Amostra da pesquisa: entrevistados 1.271 novos empresários, sendo 582 no Leste Asiático e 689 na América Latina. ◗ Período da pesquisa: entrevistas pessoais realizadas entre novembro de 2000 e fevereiro de 2001. ◗ Amostras em cada de país: mais de 100 novas empresas dinâmicas e mínimo de 30 menos dinâmicas (grupo de controle) em cada país estudado. ◗ Países: Japão, Coréia, Singapura, Taiwan, Argentina, Brasil, Costa Rica, México, Peru. ◗ Áreas metropolitanas estudadas: Tóquio, Kanagawa, Saitama, Chiba, Osaka, Hyogo, Kyoto, Aichi (Japão); Seoul, Inchon, Pusan, Taegu, Kwangju, Taejon (Coréia); Taipei, Kaoshung (Taiwan); Singapura (Singapura); Buenos Aires (Argentina); São Paulo, Campinas (Brasil); San José, Alajuela, Cartago, Heredia (Costa Rica); Cidade do México, Guadalajara (México); Lima (Peru). ◗ Áreas locais*: Kanazawa, Suwa (Japão); Ansan, Shihung, Anyang Bucheon (Coréia); TaiChung-Xian, TaiPei-Xian, Cidade De XienZhu (Taiwan); Rafaela, Mar del Plata (Argentina); Americana (Brasil); Jalisco, León, Guanajuato, Puebla, Taxco, Guerrero (México); Trujillo (Peru). ◗ Localização das empresas por áreas estudadas: áreas metropolitanas: 76% no Leste Asiático e 72% na América Latina; áreas locais: 24% no Leste Asiático e 28% na América Latina. ◗ Setores: manufatura convencional: 46,6% no Leste Asiático e 67,7% na América Latina; intensivos em tecnologia: 53,4% no Leste Asiático e 32,3% na América Latina. ◗ Legalização todas as firmas estão devidamente registradas, não foram incluídas microempresas informais. ◗ Destino das vendas: mercado doméstico: 62% no Leste Asiático e 82,7% na América Latina; exportação:15% das vendas totais, 26% no Leste Asiático e 8,3% na América Latina. ◗ Validação dos questionários: mais de 90% das perguntas deviam estar respondidas. (*) Áreas locais são cidades ou municípios fora das zonas metropolitanas que têm grande número de pequenas e médias empresas na estrutura empresarial. QUADRO 1: CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS DO ESTUDO devem considerar no incentivo ao empreendedorismo. Para conhecerem-se os fatores que podem afetar o bom desempenho das novas empresas e determinar como os empreendedores latino-americanos podem conceber e desenvolver negócios bem-sucedidos, entrevistaram-se mais de 1.220 empresários dos setores manufatureiros tradicionais e de tecnologia intensiva1 em empresas recém-criadas no Leste Asiático e na América Latina. A comparação entre essas duas regiões permitiu chegar-se a conclusões sobre o processo de criação de empresas em diferentes contextos socioeconômicos. O desenvolvimento de novas empresas foi concebido e analisado como um processo que é influenciado por distintos fatores em seus diferentes estágios, desde a gestação até sua constituição e funcionamento inicial. A definição de empreendimento dinâmico é baseada na capacidade das novas empresas de expandir sua força de trabalho. Assim, aquelas consideradas como mais dinâmicas são as que aumentam sua força de trabalho de 15 a 300 empregados. A análise dos resultados da pesquisa, em que se baseou o estudo, concentrou-se principalmente nas empresas dinâmicas ou bem-sucedidas, por oferecerem lições mais relevantes para promover o empreendedorismo. II. COMPARAÇÃO DO PROCESSO DE CRIAÇÃO DE EMPRESAS O estudo analisou três fases críticas do processo de criação de novas empresas: gestação; constituição; e desenvolvimento inicial. Os processos motivacionais e de 1 Os empreendimentos intensivos em tecnologia correspondem aos que atuam nos setores de software, telemática e Internet. • 3 EMPREENDEDORISMO EM ECONOMIAS EMERGENTES: Criação e Desenvolvimento de Novas Empresas na América Latina e no Leste Asiático tomada de decisões, a busca por oportunidades, a mobilização de recursos e os principais problemas de cada fase são descritos a seguir. A primeira fase, a fase de gestação da empresa, é relativamente longa, indo do momento em que o empreendedor tem a idéia, identifica o nicho de mercado e concebe a empresa até o momento de fazer planos concretos para colocar a idéia em prática. A segunda fase, a de constituição, vai do momento que o empreendedor decide criar a empresa até quando reúne todos os meios para inaugurá-la. A terceira e última fase, a de desenvolvimento inicial, é a que cobre o período dos três primeiros anos de funcionamento, críticos para a sobrevivência da empresa. 1. Fase de gestação da empresa As pessoas pesquisadas informaram que desde o momento em que sentem o desejo de abrir uma nova empresa até àquele em que identificam a oportunidade de negócios decorrem em média de dois a três anos na região do Leste Asiático e de quatro a cinco anos na América Latina. As motivações que geram novos empreendimentos incluem tanto objetivos estritamente econômicos como de desenvolvimento pessoal. No Leste Asiático como na América Latina a “realização pessoal” é a principal motivação para criar um novo negócio, sendo o “aumento da renda” um objetivo econômico. Em ambas as regiões, a segunda motivação não-econômica de maior importância é a de “contribuir para a sociedade”. O apoio familiar é um dos principais fatores que contribui para a motivação dos novos empresários. A grande maioria deles foi apoiada por seu núcleo familiar e grupo social mais próximo. Somente 10% dos empresários latinoamericanos e 20% dos do Leste Asiático encontraram alguma oposição por parte de suas famílias quando demonstraram a intenção de abrir um negócio. A experiência profissional é a fonte de mobilização e de geração de capacidade empresarial mais importante para os empresários de ambas as regiões. Os modelos utilizados por empresários exemplares (paradigmáticos) são fatores de motivação para abertura de novas empresas no Leste Asiático, onde os meios de comunicação têm importante papel em sua divulgação. A educação universitária, ainda que proporcione conhecimento tecnológico aos empresários em potencial, tem papel limitado na motivação e no desenvolvimento da capacidade empresarial. O principal nicho de mercado para abertura de novos empreendimentos encontra-se na venda de produtos ou serviços para outras companhias, particularmente para as PMEs. Um número significativo de novos empreendimentos fornece bens e serviços tecnológicos, incluindo-se software, telemática e serviços relacionados à Internet. Principalmente no caso asiático, a terceirização e a subcontratação também Realização pessoal Contribuir para a sociedade Aumentar a renda Tornar-se rico Ser seu próprio chefe Tornar-se admirado na imprensa 0 20 40 60 80 100% Leste Asiático América Latina % de empresas GRÁFICO 2: Principal motivação para iniciar um negócio Trabalho prévio Diálogo com outros empresários Artigos de revistas Artigos de jornais Feiras de comércio Internet Pesquisas acadêmicas TV, Rádio 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90% América Latina % de empresas Leste Asiático GRÁFICO 3: Fontes para identificar oportunidades • 4 EMPREENDEDORISMO EM ECONOMIAS EMERGENTES: Criação e Desenvolvimento de Novas Empresas na América Latina e no Leste Asiático são importantes oportunidades de negócios. Em ambas as regiões, os empreendimentos mais dinâmicos posicionamse melhor em mercados com demanda crescente. A grande maioria das novas firmas fornece para o mercado interno, embora depois de uma década aproximadamente 40% das empresas do Leste Asiático estejam exportando. As Aumentar a renda Tamanho e crescimento do mercado Expectativa de crescimento Número e dimensão dos concorrentes Recursos/ renda familiar Tornar-se rico 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90% Leste Asiático América Latina % de empresas Disponibilidade financeira GRÁFICO 4: Principais motivos econômicos para iniciar o próprio negócio atividades de inovação também são mais difundidas entre as novas empresas dessa região, onde são mais numerosas não só aquelas de cunho tecnológico, mas também as que produzem manufaturados e oferecem serviços baseados em idéias inovadoras. As redes — os contatos e relacionamentos do empreendedor e seus sócios — são um dos dois fatores mais vitais para o desenvolvimento de novas empresas. Em ambas as regiões, mais de 70% dos empresários informaram que a chave para identificar as oportunidades de negócios é a “interação com as pessoas” e a “experiência profissional prévia”. Em geral, as empresas mais dinâmicas possuem um número maior de contatos pessoais e comerciais (por exemplo, com executivos de grandes, médias e pequenas empresas) e os utilizam com maior freqüência do que as menos dinâmicas. Na América Latina, a rede de contatos pessoais é maior para as firmas dinâmicas, mas a rede de contatos comerciais específicos (com fornecedores e clientes) é mais restrita do que nas empresas do Leste Asiático. Na América Latina, no entanto, há um maior apoio através de contatos sociais próximos, incluindo amigos e parentes. Os novos empresários, aí considerados os sócios das empresas mais dinâmicas, não se engajam majoritariamente em atividades de planejamento convencionais. A maioria procura informações técnicas e de mercado antes do lançamento da empresa, mas esta atividade não influi no alcance de um maior dinamismo empresarial. De acordo com a pesquisa, os empresários não se engajam sistematicamente na elaboração de um plano de negócios. No Leste Asiático, apenas 60% das empresas dinâmicas contam com um plano quando começam o negócio, enquanto na América Latina apenas cerca de 50% de todas as empresas abertas os tem. Apenas uma minoria dos novos empresários entrevistados calcula o custo de oportunidade de seu projeto empresarial antes de iniciá-lo, não sendo, também, prática generalizada a elaboração de um fluxo de caixa comparando as entradas atual e projetada do novo empreendimento. 2. Fase de constituição da empresa A decisão do empreendedor de abrir um novo negócio é fortemente influenciada por motivações econômicas e Realização pessoal Enfrentar desafíos contínuos Contribuir para a sociedade Ser seu próprio chefe Ser uma pessoa admirada Ter influência na comunidade Obter respeito social Estava desempregado % de empresas Leste Asiático América Latina 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100% GRÁFICO 5: Principais fatores não-econômicos que influenciam a decisão de iniciar o próprio negócio • 5 EMPREENDEDORISMO EM ECONOMIAS EMERGENTES: Criação e Desenvolvimento de Novas Empresas na América Latina e no Leste Asiático não-econômicas similares às da fase de gestação. As motivações pessoais mais importantes são “a auto-realização”, o “desafio de enfrentar mudanças contínuas” e o de “contribuir para a sociedade”. Esta motivações prevalecem em ambas as regiões. Fatores do tipo econômico como o tamanho e a expectativa de crescimento do mercado, o número e a dimensão dos concorrentes influem mais nas decisões dos empresários do Leste Asiático do que nos da América Latina. A disponibilidade de financiamento, ainda que seja um fator importante na decisão de lançar uma empresa, não tem tanta relevância quanto os fatores motivacionais descritos anteriormente. Mesmo que o financiamento externo seja escasso, os empreendedores encontram mecanismos criativos e alternativas para desenvolver seus projetos. A habilidade para alavancar recursos financeiros é essencial para o negócio ter uma boa garantia de sucesso. A experiência profissional anterior e as redes de contato ajudam a abrir as portas aos recursos necessários para iniciar as operações de uma nova empresa. Em ambas as regiões, mais de 80% dos empreendedores disseram que a experiência em trabalhos anteriores lhes ajudou a obter tecnologia e outros recursos não-financeiros, incluindo informações, matérias-primas, equipamentos e instalações. Também, em ambas as regiões, as empresas mais dinâmicas tiram maior proveito e vantagem de suas redes de contatos, para ter acesso aos recursos não-financeiros. Os negócios dinâmicos possuem redes maiores e mais heterogêneas do que os menos dinâmicos. Além disso, no Leste Asiático, os empresários bem-sucedidos contam com contatos mais estáveis durante o processo, contatos estes que podem passar a ser clientes ou sócios da nova empresa. O uso de redes de contatos pessoais, como meio para chegar às fontes de recursos, é mais freqüente em áreas locais com alta presença de PMEs do que nas áreas metropolitanas pesquisadas. Nas cidades com maior concentração de pequenas e médias empresas, os vínculos interempresariais e sociais tendem a ser mais fortes. O acesso aos recursos financeiros é uma verdadeira “prova de fogo” para a constituição e desenvolvimento inicial das empresas. Em ambas as regiões, a poupança pessoal dos novos empresários é a principal fonte de recursos financeiros para o lançamento do seu empreendimento. Setenta por cento dos empreendedores lançam seus negócios com recursos financeiros próprios, enquanto outros 20% utilizam recursos de amigos e de parentes. As fontes de financiamentos externas, como empréstimos bancários e investidores privados informais, estão mais disponíveis no Leste Asiático do que na América Latina, onde a falta de financiamento é um dos maiores obstáculos para os empreendedores. Os latino-americanos utilizam-se mais de fontes alternativas de financiamento e de mecanismos que possam reduzir ao mínimo a necessidade de tomar empréstimos de terceiros. Entre esses mecanismos estão: i) créditos de fornecedores; ii) adiantamentos de clientes; iii) atraso no pagamento do pessoal, serviços públicos e impostos; iv) compra de equipamentos de segunda-mão. 3. Fase de desenvolvimento inicial da empresa Nesta fase — referente aos três primeiros anos do empreendimento — as empresas dinâmicas de ambas as regiões dizem enfrentar competição em igual intensidade. Poupança dos sócios Empréstimos bancários Parentes e amigos Instituções públicas nacionais Créditos comerciais Investidores privados Governos locais Empreendimentos de capital Adiantamento de clientes Uso até seu limite do cheque especial Atraso no pagamento de impostos 0 10 20 30 40 50 60 70% Leste Asiático América Latina % de empresas Comprar equipamentos de segunda-mão GRÁFICO 6: Onde conseguir financiamento no estágio inicial do negócio • 6 EMPREENDEDORISMO EM ECONOMIAS EMERGENTES: Criação e Desenvolvimento de Novas Empresas na América Latina e no Leste Asiático A estratégia empresarial dominante consiste em penetrar em um nicho de mercado com demanda crescente, com concorrentes que são outras PMEs, e oferecer produtos diferenciados, com base na qualidade e no serviço. Geralmente, os empreendimentos mais dinâmicos não competem através da fixação de preços mais baixos que os de seus concorrentes. As firmas menos dinâmicas, no entanto, participam de mercados onde existe menor presença de grandes concorrentes. Ainda nesta fase, os novos empresários têm acesso a uma escala maior de fontes de financiamento e as empresas começam a obtê-los de seus fornecedores. Um número maior de novas empresas do Leste Asiático recorre mais a créditos bancários (tanto comerciais como provenientes de instituições públicas) do que suas similares na América Latina. Nessa última região, na fase de desenvolvimento inicial das novas empresas, o uso de crédito bancário ou público é marginal. Ainda que a presença de investidores privados informais decresça em ambas as regiões, à medida que as empresas vão envelhecendo, no Leste Asiático a participação de capital de risco em tais empreendimentos tende a aumentar, enquanto a tendência na América Latina é oposta. Entre os empreendedores latino-americanos, o uso de técnicas de bootstrapping (alternativas para reduzir as necessidades de inversão) tende a aumentar conforme a empresa cresce. Este fato se deve, provavelmente, à escassez de recursos próprios, de crédito bancário e de capital de risco. A capacidade de resolver problemas é fundamental na fase de desenvolvimento inicial das empresas mais dinâmicas. Em ambas as regiões, elas compartilham do mesmo tipo de problemas nesta fase: encontrar clientes; contratar trabalhadores qualificados; e ter um fluxo de caixa equilibrado. Entretanto, há contrastes entre essas regiões. Os empreendedores latinoamericanos têm maiores dificuldades para financiar o fluxo de caixa e identificar fornecedores apropriados. No Leste Asiático, o problema principal é contratar pessoas com as qualificações necessárias para gerenciar, contatar e se relacionar com as grandes empresas. As empresas mais dinâmicas na América Latina informaram ter dificuldades em selecionar pessoas qualificadas para gerenciar. Nesta fase, as redes de contatos possuem, novamente, um papel fundamental, pois servem de canal de comunicação entre os novos empresários, no diálogo sobre como resolver seus problemas comuns. O relacionamento comercial se torna mais importante do que o social, pois nesta fase do processo, os novos empresários necessitam de conhecimentos mais específicos para solução de seus problemas, o que amigos e parentes em geral não dispõem. Em ambas as regiões, mais de 85% dos empreendedores declararam que as instituições formais existentes — governo, associações comerciais, universidades, agências de pesquisa, etc. — não foram capazes de proporcionar um assessoramento adequado para resolver os problemas que surgiram no desenvolvimento inicial de seus negócios. III. IMPLICAÇÕES E RECOMENDAÇÕES DE POLÍTICAS Desta pesquisa, pode-se destacar as principais áreas que requerem uma política para promover o empreendedorismo na América Latina. Por sua vez, as especificidades do processo de empreendedorismo em cada país, apresentadas no relatório principal, permitem uma reflexão mais adequada das políticas e programas necessários para cada um. Poder-se-ia, também, aplicar Conseguir clientes Contratar gerentes Contratar trabalhadores qualificados Conseguir equipamentos adequados Conseguir fornecedores adequados Adaptar o produto Financiamentos 0 10 20 30 40 50 60 70 80% Leste Asiático América Latina % de empresas GRÁFICO 7: Principais problemas dos primeiros três anos • 7 EMPREENDEDORISMO EM ECONOMIAS EMERGENTES: Criação e Desenvolvimento de Novas Empresas na América Latina e no Leste Asiático uma metodologia similar à empregada nesta pesquisa em áreas subnacionais para desenvolver políticas e programas dirigidos à problemática regional. Seguem-se dois tipos de recomendações: uma, de caráter global, sobre os objetivos, fatores críticos a considerar, temporalidade e importância estratégica das políticas de apoio ao empreendedorismo na América Latina; outra, de caráter mais específico, sobre como promover a abertura de novas empresas na região. 1. Implicações e recomendações globais (a) Aumentar o número de empresas e melhorar as condições comerciais para criá-las O estudo identifica a presença de uma nova geração de empreendedores e empresas dinâmicas nos países latino-americanos. Em um contexto de mudança estrutural, os novos empresários tiveram êxito na criação e no crescimento de seus negócios. Na América Latina os empresários geralmente são oriundos de 1. Empreendedores: os empreendedores são predominantemente do sexo masculino, com graduação universitária ou pós-graduados, idade média de 40 anos; abriram suas empresas quando tinham entre 30 e 35 anos e usaram recursos próprios para financiar o empreendimento. 2. Experiência profissional: os empreendedores tiraram da própria experiência profissional a motivação, idéia, habilidade empresarial e os contatos profissionais para embasar a criação de seus empreendimentos. 3. Redes: as empresas mais dinâmicas fazem maior uso de suas redes de contatos sociais com clientes, fornecedores e profissionais. 4. Trabalho em equipe: a maioria das firmas dinâmicas é fundada por uma equipe de novos empresários com qualificações complementares. 5. Ganhar dinheiro não é o único objetivo: as motivações dos empreendedores incluem o desejo de realização pessoal, contribuição à sociedade e, também, o aumento da renda. 6. Um proporção preocupante dos empreendedores dizem que a instrução formal não tem um papel decisivo e não estimula a criação de novos empreendimentos, embora reconheçam que os estudos universitários fornecem o conhecimento técnico necessário para tal. 7. As firmas mais dinâmicas têm estratégias de negócio similares: entram em nichos de mercado com demanda crescente; seus competidores são outras PMEs; e seus produtos são diferenciados pela qualidade e serviço. 8. Na fase de gestação, o capital vem, geralmente, da poupança pessoal do empreendedor, de seus amigos e parentes. Durante a fase inicial de desenvolvimento, a tendência é utilizar fontes de financiamentos externas, tais como empréstimos de bancos e instituições financeiras. 9. A economia latino-americana é menos atrativa para novos empreendimentos que a do Leste Asiático, em razão da escassez do financiamento, da burocracia intensa e dos impostos e custos gerados pelos governos serem elevados. No Leste Asiático, os financiamentos são mais fáceis e a terceirização é um nicho de mercado bastante utilizado. 10. As novas empresas do Leste Asiático crescem mais rapidamente e se tornam maiores do que os empreendimentos latino-americanos. Contam, também, com redes de contatos mais variadas e mais estáveis. 11. A proporção de empreendimentos intensivos em tecnologia e de firmas exportadoras é mais elevada no Leste Asiático do que na América Latina. 12. Os empreendedores do Leste Asiático são mais influenciados por modelos empresariais apresentados pela mídia do que os latino-americanos e, após se tornarem empresários, encontram mais oportunidades de uma mobilidade social mais efetiva. QUADRO 2: PRINCIPAIS RESULTADOS DA PESQUISA • 8 EMPREENDEDORISMO EM ECONOMIAS EMERGENTES: Criação e Desenvolvimento de Novas Empresas na América Latina e no Leste Asiático faixas restritas da sociedade — classes sociais média e alta com elevado nível educacional —, o que sugere acesso geral mais limitado ao empreendedorismo nessa região do que no Leste Asiático. Esse fato limitaria o aproveitamento de capacidades empresariais da população e, conseqüentemente, a geração de riqueza. Pela mesma razão, a contribuição dos empreendedores à mobilidade social é menor nos países latinoamericanos. Adicionalmente, o número de empresários que abre seu próprio negócio é muito menor do que no Leste Asiático, o que restringe ainda mais o empreendedorismo. Deve-se mencionar, ainda, que na América Latina as empresas dinâmicas não crescem tanto quanto suas similares do Leste Asiático. Assim, uma política de incentivo ao empreendedorismo deverá contemplar um aumento da base social, para facilitar que novos empresários venham também das classes menos favorecidas, com correspondente receptividade no ambiente comercial onde possam estabelecer e fazer prosperar seus novos negócios. (b) Promover uma estratégia integrada voltada ao empreendedorismo e apoiada por um conjunto de instituições nacionais e subnacionais Estimular o empreendedorismo e melhorar os ambientes de negócios onde surgem e se desenvolvem novas empresas é um processo complexo e multidimensional. Uma política que inclua ações isoladas e desarticuladas tem menor probabilidade de ter um resultado positivo do que uma política abrangente. Uma estratégia integrada deve contemplar programas que atendam a cada um dos fatores que incidem sobre as diferentes fases do empreendedorismo. Uma estratégia integrada de apoio ao empreendedorismo requer coordenação eficaz entre os programas que a compõem e as diferentes agências e instituições que participam em sua execução. É de suma importância que sejam incluídas agências e instituições locais, para que possam contribuir para o desenvolvimento econômico de diferentes áreas das regiões e países da América Latina. Os principais fatores que afetam o processo de criação de empresas, identificados nesta pesquisa, podem e devem ser utilizados como ferramentas para diagnosticar as necessidades e condições das cidades e regiões selecionadas para iniciar o programa estratégico de apoio ao empreendedorismo. (c) Uma estratégia de médio e longo prazo As iniciativas para promover o empreendedorismo requerem horizontes e compromissos políticos, econômicos e sociais de longo prazo, já que o processo de identificar uma oportunidade empresarial e de desenvolver o projeto toma alguns anos. A educação de potenciais empreendedores é um processo longo que começa durante os primeiros ciclos da formação escolar e se estende até os primeiros anos de trabalho. Para uma sociedade, ter empreendedores bem-sucedidos é tão importante quanto ter uma infra-estrutura adequada. Os empreendedores devem ser considerados como “recursos humanos estratégicos”. Alguns programas que promovem o empreendedorismo exigirão esforços com impacto de longo prazo. Isto é particularmente verdadeiro para programas focalizados nos fatoreschaves, tais como o estímulo motivacional, importante no estágio inicial. Outros programas mostrarão resultados em períodos de tempo mais curtos. Por exemplo, esforços para apoiar os potenciais empreendedores que já têm seu projeto de negócio elaborado ou já estão operando um empreendimento novo. 2. Implicações e recomendações específicas O planejamento de propostas e programas específicos vai além desta pesquisa, e para esse fim seria necessário levar em consideração o contexto de cada região ou país, os tipos de medidas que se desejam implantar e as experiências anteriores. Todavia, com os resultados obtidos pela pesquisa, pode-se recomendar atenção especial a cinco temas ou áreas de grande importância, quais sejam: a) o estímulo à motivacão e ao empreededorismo; b) o desenvolvimento de redes e equipes de empresários; c) a redução do período de gestação de novas empresas; d) a eliminação de barreiras ao empreendedorismo; e) o fortalecimento institucional. (a) Ampliação da base de empreendedores potenciais: estímulo motivacional e capacidade empresarial A motivação para estabelecer seu próprio negócio começa cedo na vida de quem futuramente será um empresário. Geralmente, essas pessoas são oriundas de famílias de classe média. A maioria dos empresários latino-americanos entrevistados nesta pesquisa começou a pensar em montar seu próprio negócio quando tinha por volta de 25 anos e abriu sua primeira empresa aos 30 anos. Portanto, para apoiar • 9 EMPREENDEDORISMO EM ECONOMIAS EMERGENTES: Criação e Desenvolvimento de Novas Empresas na América Latina e no Leste Asiático o empreendedorismo, é necessário uma definição criteriosa das características demográficas e profissionais do grupo alvo, devotando-se atenção especial ao grupo mais jovem da população. A disseminação de modelos de empresários exemplares e a introdução de inovações no sistema educacional podem contribuir para estimular e motivar os jovens da América Latina a iniciar novas empresas. i) Disseminação de modelos de empresários exemplares para motivar jovens empreendedores No Leste Asiático, os meios de comunicação desempenham um papel importante na difusão de casos de empresas e empresários bem-sucedidos. Estes exemplos servem de estímulo e inspiração para aqueles que desejam abrir o seu primeiro negócio. Esta divulgação, no entanto, não acontece nos países latino-americanos, nos quais se poderia realizar um esforço junto aos meios de comunicação para que divulguem o paradigma empresarial, com completa combinação de objetivos que despertem o espírito empreendedor e inspirem os futuros empresários. Alguns países fizeram progressos nesta área projetando campanhas informativas que apresentam claros e positivos exemplos de empresários-modelos que contribuem para o desenvolvimento de suas comunidades. Essas campanhas informativas servem, também, para aumentar o interesse no empreendedorismo, como uma carreira atrativa e com benefícios do ponto de vista das realizações pessoais e pecuniárias. O planejamento de uma campanha deste tipo, na América Latina, deve reunir líderes empresariais de diferentes setores e classes sociais, assessorando os meios de comunicação na produção do material de divulgação necessário e que apresente modelos de negócios de sucesso. ii) Desenvolvimento de programas educativos para despertar a vocação empresarial A pesquisa mostrou que o sistema educacional formal das regiões pesquisadas — instituições secundárias, universidades e institutos técnicos — não estimula em seus estudantes o interesse no empreendedorismo. O sistema deveria tomar medidas para fomentar tal interesse nos negócios. Por exemplo, a escola secundária poderia ensinar valores e qualidades empresariais; os institutos de treinamento especializados e as universidades poderiam assessorar os estudantes interessados em abrir algum tipo de negócio. Para dar impulso à carreira de empresário, é necessário ir além de cursos de planejamento e contabilidade. É necessário estimular habilidades de importância crítica para o sucesso empresarial como: capacidade analítica e criatividade para a solução de problemas; disposição para assumir riscos e incertezas; e qualidades para o trabalho em equipe, tais como criatividade, diplomacia, capacidade de negociação e desenvolvimento de habilidades interpessoais. A educação do futuro empresário requer, também, experiência prática. Isto significa que o sistema educacional deve estabelecer vínculos concretos com o meio empresarial. Uma maneira de atingir esse objetivo é colocar à disposição estágios que exponham os estudantes ao ambiente empresarial. Para maior efetividade, esses programas devem ser planejados com a cooperação e participação do setor empresarial. (b) Como incentivar e estabelecer redes de contatos empresariais e equipes de empresários, que são fatores chaves para o desenvolvimento do setor Um dos fatores mais importantes do desenvolvimento empresarial é a interação com outros empresários. Esta é a maneira mais simples de que se valem para resolver uma variedade de problemas que vão desde a identificação de novas oportunidades de negócios e contatar possíveis clientes até a obtenção de financiamento e planejamento da estrutura organizacional de sua nova empresa. As empresas mais dinâmicas são formadas e administradas por uma equipe de sócios cujas qualidades e especializações são complementares. i) Promoção de redes empresariais Programas de apoio ao empreendedorismo devem levar em consideração novos modelos que ressaltam a importância da formação de uma rede de pessoas interessadas nesse tema. Por exemplo, devem concentrar esforços para promover nas universidades reuniões ou conferências com executivos de empresas, para que compartilhem conhecimentos e estimulem os vínculos sociais de estudantes interessados no mundo dos negócios e empreendedores em potencial. Outras instituições poderiam trazer executivos experientes e proprietáriosgerentes de PMEs para relatar suas experiências a futuros empresários, criando um espírito de relacionamento e coleguismo e gerando uma rede de contatos, recurso fundamental para lançar-se um novo empreendimento. Uma variedade de iniciativas para promover o desenvolvimento • 10 EMPREENDEDORISMO EM ECONOMIAS EMERGENTES: Criação e Desenvolvimento de Novas Empresas na América Latina e no Leste Asiático de redes e equipes empreendedoras merece consideração. Conferências especiais ou clubes de empresários podem fornecer o ambiente para que potenciais empreendedores se encontrem e troquem experiências com empresários, consultores e conselheiros, investidores privados informais, capitalistas não avessos ao risco e com formuladores das políticas do setor empresarial. Em tal ambiente, os potenciais empresários poderiam encontrar sócios e estabelecer contatos estratégicos para a realização de seus planos de negócio. Os contatos feitos em tais atividades ajudarão os empreendedores a pensar estrategicamente, identificar oportunidades, refinar os conceitos de negócio, alavancar recursos e formar sua própria rede de contatos. Programas de treinamento podem ser criados para agentes facilitadores de redes que liderariam este tipo de iniciativa. ii) Incentivos para a formação de equipes de empreendedores Para promover o trabalho em equipe pode-se usar meios diversos, como, por exemplo, programas de treinamento ou concursos que premiem planos de negócios preparados pelos grupos. Os programas educacionais multidisciplinares podem estimular o trabalho conjunto de estudantes de engenharia e de administração de empresas. (c) Redução do período de gestação no processo de criação de empresas Na América Latina leva-se mais tempo para criar um empreendimento do que no Leste Asiático, pois os empreendedores demoram mais para identificar novas oportunidades de negócios. Isto se explica, provavelmente, por haver menos vínculos na América Latina entre indústrias, grandes e pequenas, e empresas no setor intensivo de tecnologia do que no Leste Asiático. Para acelerar o período de gestação das novas empresas e lograr que a economia se beneficie da energia e talento empresarial dos futuros empresários, é necessário promover as seguintes políticas. i) Aumentar o número de oportunidades para novas empresas através da inovação e do desenvolvimento de seus vínculos Para acelerar o processo de gestação das novas empresas deve-se envidar esforços para promover a inovação e as ligações entre os empresários já estabelecidos e os empreendedores potenciais. Os sistemas de inovação na América Latina são frágeis, restringindo as oportunidades para o surgimento de novos empreendimentos. Também é necessário estimular o processo de terceirização das grandes empresas, visando aumentar o número de oportunidades para novas e inovadoras empresas. Em alguns países, as redes de contatos regionais, as conferências ou as feiras comerciais e eventos setoriais possibilitam a identificação das necessidades da indústria e do governo, que poderiam se transformar em oportunidades para empresário inovadores. Outras iniciativas, como a de apoio financeiro a jovens gerentes, profissionais, pesquisadores e cientistas com idéias inovadoras de negócios, propiciam maior liberdade para que possam dedicar seu tempo ao planejamento e lançamento de seus projetos. ii) Facilitar o desenvolvimento de projetos empresariais Desenvolver um projeto de negócio requer do empresário dedicação integral para testar e refinar suas suposições e definições básicas. Um conjunto de esforços deve ser feito para ajudar a expandir redes onde possa intercambiar informações sobre oportunidades no mercado e sobre a possibilidade de se obter algum tipo de apoio financeiro, durante a conceptualização e desenvolvimento de suas idéias. (d) Eliminação de barreiras ao crescimento e desenvolvimento de novas empresas Na América Latina, o ambiente econômico é hostil e não estimula o lançamento de novos negócios. Os novos empreendedores queixam-se da falta de financiamento como um dos principais entraves ao desenvolvimento de novas empresas. Em alguns países ainda existe o problema dos altos custos para cumprir as formalidades legais e administrativas. Estes problemas são decorrentes de uma combinação de fatores característicos nessas empresas, tais como seu tamanho, falta de credibilidade e rápido crescimento. Acrescente-se ainda que, operando em mercados imperfeitos, enfrentam custos de transação elevados nos mercados financeiros, de trabalho, de tecnologia e de serviços profissionais. i) Infra-estrutura de financiamento para novas empresas A dificuldade de obter financiamento é citada pela maioria dos empreendedores como um fator que os coloca em desvantagem, forçando-os a começar com um porte menor e um nível mais baixo de tecnologia. Na América Latina, o capital de risco é praticamente inexistente para novas • 11 EMPREENDEDORISMO EM ECONOMIAS EMERGENTES: Criação e Desenvolvimento de Novas Empresas na América Latina e no Leste Asiático empresas. Até mesmo nos mercados financeiros do Leste Asiático estas fontes de financiamento também são escassas. Na América Latina este tipo de financiamento é canalizado, geralmente, para companhias já consolidadas e não para as que estão iniciando. Isto significa que se deve desenvolver soluções inovadoras para facilitar o acesso das novas empresas aos recursos financeiros existentes. São vários os instrumentos que possibilitam de maneira efetiva a redução das dificuldades de financiamento enfrentadas. Por exemplo, pode ser útil a criação de incentivos fiscais para que as empresas de capital de risco invistam nas novas empresas e para incrementar a criação de redes de investidores privados não formais (business angels). Pode-se também aprovar reformas nos mercados de capitais para facilitar aos investidores a recuperação de seu capital. Seria igualmente benéfico fomentar a criação de sistemas para reduzir a assimetria de informações que os investidores têm ao seu alcance e a diminuição dos custos das falências com empréstimos garantidos e com oportunidades de reescalonamento para os novos empreendimentos. Por último, pode-se, ainda, facilitar o acesso das novas empresas a fontes de capital de giro com a aplicação de esquemas de garantia de empréstimos, adiamento do pagamento de taxas e impostos sobre lucros nos anos iniciais do desenvolvimento do negócio e o apoio financeiro indireto com créditos de cliente e de fornecedores. ii) Reduzir os custos burocráticos Em alguns países latino-americanos, os custos das formalidades burocráticas legais e administrativas são identificados como um obstáculo à criação de novos empreendimentos. O ambiente seria mais convidativo se fossem reduzidos ou simplificados os regulamentos que aumentam o tempo necessário para conclusão dessas formalidades, dado que tempo é o recurso mais valioso para os futuros empresários. iii) Apoio para resolver problemas iniciais enfrentados pelos novos empreendedores Muitos dos programas de desenvolvimento empresarial existentes não conseguem atender a demanda dos novos empreendimentos na resolução de seus problemas iniciais. Neste estágio inicial de desenvolvimento do projeto, os empreendedores enfrentam desafios específicos que incluem conquistar os clientes, encontrar fornecedores de confiança e contratar pessoal e gerentes qualificados. A maioria dos novos empreendedores não utiliza os programas de desenvolvimento empresarial já existentes de apoio às PMEs e procura soluções através de suas próprias redes de contatos. Levando isto em conta, os responsáveis pela elaboração de novos programas de treinamento e assistência técnica devem implantar programas de acordo com as necessidades das novas empresas e implementá-los através de redes de organizações capazes de atender aos novos negócios em seu estágio inicial de desenvolvimento. É possível que em certos países não existam firmas capacitadas para oferecer esses serviços, portanto, será necessário implementar ações para estimular o seu desenvolvimento. (e) Fortalecer o tecido institucional para promover o empreendedorismo Uma estratégia integrada de promoção do empreendedorismo deve incluir ações vinculadas aos distintos fatores que incidem nas diferentes etapas do processo de criação de novas empresas e, por sua vez, dar resposta às particularidades e especificidades do processo empreendedor em cada região. O responsável por tal estratégia deve incluir, para tanto, diferentes organizações especializadas na promoção do empreendedorismo. As autoridades responsáveis pela formulação dessas políticas devem trabalhar com o conceito de cadeia institucional de valor para combinar e complementar as habilidades e os recursos de diferentes instituições no estabelecimento de uma estratégia inovadora integral e que apóie a criação de empresas. Partindo desse pressuposto, as universidades devem desempenhar um papel chave no desenvolvimento do empreendedorismo; é uma tendência internacional. Na América Latina, onde a maioria dos estudantes freqüenta universidades públicas, os responsáveis por essas políticas devem assegurar que tais universidades estejam comprometidas com estratégias que apóiem o empreendedorismo. Caso contrário, a origem social dos novos empreendedores continuará restrita às classes mais altas. Outras instituições, incluindo institutos técnicos de treinamento, fundações privadas, câmaras de comércio e organizações da sociedade civil, devem, também, se engajar nas atividades que promovam o empreendedorismo. Finalmente, os governos nacionais, especialmente os estaduais e os locais, devem agir como catalisadores da conceptualização, mobilização e promoção das estratégias de apoio ao empreendedorismo. Para obter maiores informações sobre esta pesquisa, consulte o seguinte endereço eletrônico: http://www.iadb.org/sds/sme ou http://www.iadb.org/sds/ifm_s.htm. Empreendedorismo em países de economias emergentes na América Latina e no Leste Asiático: principais causas que afetam a criação e o desenvolvimento de novas empresas. O estudo dos fatores que afetam o processo de criação de negócios foi baseado em uma pesquisa com mais de 1.200 empreendedores na América Latina e no Leste Asiático. Banco Interamericano de Desenvolvimento 1300 New York Ave., N.W. Washington, D.C. 20577 Esta pesquisa e sua publicação foram financiadas pelos fundos fiduciários do Japão. COPYRIGHTH HUGO KANTIS MASARIKO ISHIDA MASARIKO KOMORI

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