terça-feira, 27 de março de 2012

MONTE RORAIMA

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Turismo e Aventura Adicionar comentários abr 022011 Texto: Gustavo Junqueira Jr.
Fotos: © André Dib

Alcançar com uma mochila nas costas os 2.700 metros de altitude da montanha, localizada na fronteira com a Venezuela, e explorar seu cinematográfico topo levam o viajante aventureiro a uma experiência inesquecível.

Imagine uma gigantesca rocha com 15 quilômetros de comprimento, em forma de mesa (tepuy) a 2.700 metros de altitude, na remota fronteira entre Brasil, Venezuela e Guiana, com seu topo tomado por vales e formações rochosas esculturais, rios e cachoeiras, fauna e flora próprias, com vistas espetaculares de montanhas, florestas e savanas localizadas ao redor.



Bem-vindo ao Monte Roraima, um dos lugares mais antigos do planeta, formado há cerca de 2 bilhões de anos, transformado em destino turístico para cerca de 3 mil viajantes aventureiros do Brasil e de dezenas de países todos os anos.

Para se chegar lá, haja pernas, fôlego e espírito para vivenciar uma legítima expedição com duração aproximada de uma semana, durante a qual se caminha mais de 100 quilômetros em trilhas escorregadias, rochas e até mesmo na travessia de rios caudalosos. Às vezes debaixo de chuva e frio, outras sob calor e muita umidade, anda-se sem parar, para cima e para baixo, em busca de uma experiência única: explorar e sentir um ambiente cautelosamente edificado pela natureza.



Todo esse esforço é altamente recompensador, pois cada minuto passado no Monte Roraima proporciona uma sensação exclusiva, de se estar num santuário que nos leva a viajar para dentro de nós mesmos num processo de depuração da alma. Experiência essa realizada pela primeira vez em 1884 por um botânico e explorador britânico chamado Everard Thurn, cujos relatos inspiraram o célebre escritor Arthur Conan Doyle, criador de Sherlock Holmes, a escrever e lançar em 1911 o livro “O mundo perdido”.

Uma pausa em alto estilo

A expedição de uma semana ao Monte Roraima é uma daquelas experiências fundamentais para nos capacitar a enxergar a vida de uma maneira melhor.

Quem tomar a decisão de conhecer o Monte Roraima e passar alguns dias especiais lá em cima pode voltar com a seguinte certeza: irá finalizar essa incrível experiência melhor do que começou. Isso, claro, não só pelo invejável acervo de imagens que será agregado à memória, mas pelos contatos, rotina, dificuldades e até pelo processo de autoconhecimento que experimentamos a cada dia da expedição.



A mistura de isolamento da sociedade e contemplação da natureza em sua expressão máxima; de esforço físico em deslocar-se em terrenos irregulares e de prazer em saciar necessidades como a sede e a fome; e de distanciamento e de aproximação das pessoas e do cosmos formam um conjunto de sensações ímpares que, de alguma forma, depuram a nossa alma. E mais: nos fazem mergulhar num peculiar processo de aprendizado, diversão e – por que não? – de felicidade.



Afinal, o que buscamos em cenários únicos nos quais os elementos naturais se manifestam de maneira tão escandalosamente explícita? Se fosse apenas pelo impacto visual, nos contentaríamos em ver as fotos ou filmes. Mas não, queremos estar lá, tropeçar nas moléculas de energia emanadas por esses santuários, absorvendo não só pelo cérebro, mas através da pele e da alma, as lições e mensagens que as palavras mal conseguem explicar.



Mesmo os mais ateus hão de considerar algo mais divino e menos racional nas formações rochosas que insistem em nos surpreender a cada caminhada no topo do Roraima. Quem seria o arquiteto ou artista plástico responsável por aquelas obras de arte? Qual cenógrafo poderia inventar as paisagens vistas lá de cima em direção à Gran Sabana? Qual diretor teatral poderia conceber um espetáculo de cortinas de nuvens abrindo e fechando para escancarar a todo momento um palco tão rico em emoções?



Estas vivências sensoriais se intensificam no dia a dia que começa e termina em barracas estrategicamente montadas na entrada de cavernas. Assim, ficamos protegidos do vento e, principalmente, das chuvas. Aliás, as manifestações pluviométricas são quase uma constante lá em cima, o que nos obriga a conviver com roupas e calçados molhados. A grande vantagem dessa permanente condição de umidade é o imenso desfrute que experimentamos ao vestir roupas secas ao final do dia ou quando nos encaixamos dentro do saco de dormir à noite.



O Roraima, mais do que uma montanha, é um pedaço do passado terrestre que sabe mexer com nossas certezas presentes deixando marcas interessantes para o futuro incerto. Certamente, uma pausa merecida em nossas vidas literalmente em alto estilo. Quem vai, volta sempre um pouco melhor, e o pior, fica com vontade de retornar.

Em ritmo de expedição




Boa forma física, calçados e roupas confortáveis e espírito para enfrentar imprevistos e chuvas são fundamentais a quem vai subir o Monte Roraima.

A melhor maneira de se chegar à região do Monte Roraima é através de voos regulares para Boa Vista, com escala em Manaus. Depois de se conhecer a capital do antigo território e acertar os últimos preparativos junto às agências e guias credenciados, uma exigência para os aventureiros, parte-se em direção à cidade fronteiriça de Santa Helena, já na Venezuela. De lá são mais 70 km em veículo 4×4 até uma aldeia indígena que marca a entrada do Parque Nacional de Canaima…



…e o início da caminhada de 30 km a ser feita em três dias até o topo da montanha.



No primeiro dia a expedição atinge o Rio Tek na chamada Gran Sabana venezuelana. Na manhã seguinte, sobe-se bastante até a base da montanha, a 1.800 metros de altitude, local do segundo acampamento. No terceiro dia, o esforço é dobrado para alcançar o topo a 2.700 metros e procurar uma caverna, os chamados “hotéis”, para montar as barracas e passar entre duas e cinco noites, dependendo da expedição. Ao final, o retorno à civilização leva mais dois dias pela mesma trilha da vinda.



Guias, carregadores e cozinheiros acompanham os turistas o tempo inteiro dando suporte às mais variadas necessidades, sempre com doses certas de planejamento e improviso. Existe o perigo de ser perder ou de se escorregar em alguma pedra lisa. Por isso, todo cuidado é pouco. O importante é estar com roupas e calçados adequados, uma boa capa de chuva e uma mochila com peso médio entre 10 e 15 kg. Antes da viagem, convém fazer um treinamento para aprimorar o preparo físico.

O que fazer lá no topo
O topo do Monte Roraima oferece atrações variadas e exige ao menos três dias para aproveitar a maioria delas. A pedra Maverick, o ponto mais alto do Monte, a 2.734 metros de altitude, e o monumento da tríplice fronteira (Brasil, Venezuela e Guiana) são duas das mais visitadas.



O vale da Catedral, as “banheiras” Jacuzi, o Fosso, a Ventana e a vista do Kukenan também cativam.







Aos mais aventureiros, cabe uma difícil caminhada até a imponente Proa.



Em qualquer direção, seja pelas centenas de formações rochosas em arenito escurecido formando figuras de animais, carros ou móveis, seja pelas bromélias ou pelo pequenino e exótico sapo, ou ainda pelas cachoeiras e pela incrível sensação de se chegar na borda e olhar o precipício de 500 a 700 metros de queda livre, tudo vale a pena.

Dicas para quem for viajar
Dizem que de outubro a março chove menos no Roraima, mas prepare-se para uma rotina úmida durante a expedição. As frequentes nuvens e a névoa emprestam uma atmosfera enigmática ao Monte, o mais famoso dos tepuys (mesas). A temperatura no topo pode chegar próxima a zero de madrugada, por isso leve casacos apropriados. Durante o dia, o filtro solar é item obrigatório.

Quem não quiser carregar muito peso pode contratar um carregador particular e assim só levar uma mochila leve contendo o mais essencial. Aos mais preguiçosos ou com menos tempo, vale alugar um helicóptero e assim eliminar alguns dias da expedição. Os vôos, no entanto, dependem das condições meteorológicas.

Mais informações sobre expedições ao Monte Roraima podem ser obtidas no site www.roraima-brasil.com.br.

© Copyright: Todas as fotos desta matéria com direitos reservados para o autor. Proibida a cópia, download, link ou impressão para qualquer fim, comercial ou não comercial.





Guto Junqueira: Jornalista, 44 anos, é jornalista e está sempre correndo atrás de um lugar distante para se aproximar de algo próximo. Para fugir dos assuntos terrenos, busca em lugares inóspitos, remotos e de beleza única da Terra as respostas para as perguntas que poucos conseguiram responder. Já subiu o Aconcágua, na Argentina, e o Kilimanjaro, na Tanzânia, além de ter visitado inúmeros outros parques, montanhas, chapadas, cavernas e praias pelo Brasil e em outros países da América do Sul e Europa.





André Dib, 36 anos, é fotógrafo e está sempre clicando uma imagem que poucas retinas conseguiriam antecipar. Amigo inseparável da luz, ilumina as páginas das revistas onde publica seus instantâneos com fotos fortes e sutis que trazem a intensidade dos elementos e da vida. Viajante nato e grande conhecedor dos roteiros de aventura, já esteve em dezenas de montanhas, parques e chapadas, do Cerrado à Amazônia, de Norte a Sul, lá fora e no Brasil, fotografando e escrevendo tudo aquilo que vivencia.

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Publicado por Luigi Rotelli às 01:46 Rotulado como:aventura, turismo

17 Comentários para “O deslumbrante Monte Roraima”
Comentários (17)
Sueli Cavalheiro disse:
26 de março de 2012 às 13:53
Nossa e maravilhosa, deve ser uma das paisagens mais belas do mundo adoraria conhecer… só preciso de coragem por que vontade eu tenho.

Sussa

Responder
Naide Nóbrega disse:
30 de janeiro de 2012 às 22:20
Olá! Me chamo Naide, sou editora da revista Mon Quartier (www.monquartier.com.br). A edição de fevereiro terá como capa o Monte Roraima. Gostaria de saber se posso publicar trechos desse blog (evidentemente divulgando a fonte e convidando os leitores a ler mais, online) e, ainda, se o fotógrafo poderia nos ceder algumas dessas fotos, em alta. Nosso deadline está apertadinho. É que só descobrimos o blog hoje. Se for possível, fico no aguardo do material.
Cordialmente,
Naide

Responder
Luigi Rotelli disse:
31 de janeiro de 2012 às 13:24
Prezada Naide,
O André está escalando um vulcão na Argentina e retorna em 10 dias. Vou tentar o contato por email.

Responder
gilmar m guimaraes disse:
15 de dezembro de 2011 às 17:02
SIMPLESMENTE FANTASTICO LUGAR QUE A NATUREZA ESCULPIU COM A MAO DE DEUS. PARABENS BELAS FOTOS

Responder
luiz fernando malacarne disse:
11 de novembro de 2011 às 05:46
olá,sou do rj e gostaria de saber o melhor jeito de subir o monte roraima sozinho,saindo de boa vista,sou mochileiro e quero dicas,obrigado a todos.
internacaoimne@yahoo.com.br

Responder
Kélia Bailo disse:
30 de outubro de 2011 às 11:06
Nossa que emoção em… esse é o meu sonho será que um dia vou realizá-lo, conhecer um pouco das maravilhas de Deus… Parabéns que ele te abençoe!!!!

Responder
GUTOTECCHHIO disse:
14 de setembro de 2011 às 23:19
qUE ROLE É ESSE !!!!
fIQUEI DE CAra com as fotos!
Quero muito conhecer.Tens uns toques?
Parabéns pela viagem!!!!

Responder
newtinho disse:
15 de outubro de 2011 às 18:05
pooo gutão encontro seu nome até aqui nesse site heheheh abração legal as fotos do caras

Responder
GUTOTECCHHIO disse:
14 de setembro de 2011 às 23:15
QUE ROLÊ É ESSE!
ESTOU DE CARA COM AS FOTOS!
MANDARAM BEM!
qUERO MUITO FAZER ESSE, ROLE,LOGO!!!
dÁ UNS TOQUES.
pARABÉNS PELA COMQUISTA!

Responder
Juscelino de Oliveira disse:
22 de agosto de 2011 às 17:46
Por que não mostram o lado brasileiro do Monte Roraima. Existem formações rochosas? qual a sua área? A famosa proa é brasileira. As expedições devem identificar nas fotos o que é território brasileiro.

Responder
Lester Dandni dos Reis disse:
26 de julho de 2011 às 11:03
Não tem o que falar, deslumbrante!!!!!!

Responder
Raphael disse:
7 de julho de 2011 às 22:38
Tô lá em agosto!!! uhuuuu!

Responder
Eliane Ratier disse:
27 de abril de 2011 às 19:21
Tentada a fazer poesia sobre as belas imagens. Parabéns!

Responder
Henry S Iwamoto disse:
12 de abril de 2011 às 09:30
Procimidades da locação inspiradora para a animação “UP Altas Aventuras” da Pixar Disney, simplesmente de tirar o fôlego.

Responder
Abrão Batista Ribeiro disse:
10 de abril de 2011 às 15:57
Simplestemente maravilhosas as fotos.
Sou apaixonado por fotos principalmente em lugares altos e naturais

Responder
Liu Yao Wen disse:
3 de abril de 2011 às 21:14
Só quem já participou de uma expedição desta envergadura para saber das dificuldades encontradas: logística, esforço físico, cuidados com o equipamento e a relativa insegurança. As imagens deste artigo nos convence que fazem valer cada gota de suor para se chegar ao destino. Parabéns André e Gustavo!!

Responder
Sérgio disse:
3 de abril de 2011 às 18:23
Fantástico! Uma aventura para quem tem iniciativa … para poucos! Paisagens que anulam a capacidade de dizer … só resta olhar, embasbacado!

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