terça-feira, 27 de março de 2012

EVEREST - 1953

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A história da conquista do Everest - 1953Tema:Montanhismo
Autor: Airton Ortiz
Data: 24/5/2001
Everest visto do Kala Patar
Foto: Ortiz


Já se haviam passado 101 anos desde que o Instituto Topográfico da Índia descobrira ser o Everest a mais alta montanha da Terra. Quatorze expedições tinham falhado e 24 homens jaziam mortos sob as neves da montanha, na vã tentativa de atingirem seu cume. Estava mais do que provado que a tarefa demandava uma estrutura bem maior do que tudo já feito anteriormente.

A tentativa suíça deu aos britânicos o tempo necessário para organizarem uma expedição mais bem preparada. O treinamento incluiu uma experiência no Cho Oyu – a sétima mais alta montanha do mundo, com 8.201 metros de altitude –, em 1952, liderada por Eric Shipton. Mesmo tendo falhado na tentativa de chegar ao cume do Cho Oyu, a expedição obteve um grande avanço na utilização correta do oxigênio e das roupas.

Embora Eric Shipton já tivesse liderado diversas expedições e contasse com o apoio popular, alguns membros do Clube Alpino achavam não ser ele a pessoa mais indicada para comandar um empreendimento de tal magnitude, a 10ª Expedição Britânica ao Everest, sobre a qual recaiam tantas esperanças e muita pressão política. Afinal, esta poderia ser a grande oportunidade de alguém ser o primeiro a escalar a mais alta montanha do planeta.

Um acordo diplomático entre os envolvidos dividiu o poder, permitindo a Eric Shipton ficar mais concentrado na escalada, deixando o comando com John Hunt, um oficial do exército, que daria ao evento um padrão militar. Estranhamente, a maioria dos membros do Clube Alpino nunca havia se encontrado com John Hunt e ele próprio já tinha sido preterido na expedição de 1935 por problemas de saúde.

Ficou decidido que a expedição utilizaria todos os recursos ao seu alcance para atingir seu objetivo, inclusive o uso de oxigênio, enquanto os alpinistas estivessem dormindo em altitudes mais elevadas. Para o Império Britânico, chegar ao topo do mundo era uma questão de honra. Para cobrir o evento, o Times enviou o jornalista James Morris, como membro da expedição, juntamente com o cinegrafista Tom Stobart.

Munidos dos mais modernos equipamentos de alpinismo disponíveis na época, a primeira parte da expedição partiu de Katmandu, naquela primavera, em grande estilo, composta por 350 carregadores sherpas. E como a prata era a única forma de pagamento aceita pelos sherpas em 1953, uma grande quantidade de moedas foi cunhada especificamente para este fim.

A caravana passou por Nanche Bazar e, após um pequeno período de descanso em Tengpoche, (foto 12) chegou em Gorak Shep, ao pé do Kala Patar, onde foi montado o Acampamento-base. A seguir estabeleceram um novo acampamento na geleira Khumbu, a meio caminho da Cascata de Gelo. Ao todo, foram criados nove acampamentos de altitude.

Eram treze montanhistas escolhidos a dedo, entre os quais o veterano Tenzing Norgay, um alpinista sherpa altamente qualificado, e o esguio Edmund Hillary – que ganhara a confiança de Eric Shipton no ano anterior.

A equipe ficou duas semanas fazendo pequenas escaladas no vale Khumbu como parte do programa de aclimatação antes de cruzar a Cascata de Gelo. (foto 14) Enquanto forjavam uma rota através destes obstáculos monstruosos, Edmund Hillary e Tenzing Norgay começaram a se identificar, a ponto de passarem a andar sempre juntos, tendo o veterano Tenzing demonstrado poder acompanhar o jovem, ambicioso e competitivo Hillary.

Então, depois de treze dias de esforços contínuos na encosta do Everest, eles chegaram ao Colo Sul escalando pelo flanco do Lhotse, a rota aberta pelos suíços no ano anterior, onde estabeleceram o acampamento VIII. Foi a partir dali que Charles Evans e Tom Bourdillon fizeram a primeira tentativa de alcançar o cume, embora ainda estivessem longe demais para um retorno seguro, caso obtivessem sucesso. No entanto, as ordens emitidas por John Hunt não deixavam dúvidas: era para continuarem a qualquer custo. Afinal, era para isto que um militar estava no comando.

Mas, com as péssimas condições climáticas e problemas com o oxigênio, foram obrigados a ficar no Cume Sul, menos de 100 metros abaixo do topo. Mesmo assim, e caso ainda tivessem oxigênio, calcularam ser necessário mais três horas de escalada.

O segundo assalto foi melhor planejado. Montou-se o acampamento IX, a 8.500 metros, bem mais acima do anterior, e Edmund Hillary e Tenzing Norgay passaram a noite descansando, bebendo grandes quantidades de chá de limão quente e tentando comer alguma coisa.

No dia 29 de maio de 1953, às 6h30min da manhã, eles saíram de suas barracas, quase cobertas de neve, respirando oxigênio suplementar, e iniciaram a jornada que os colocaria na história. Era a sétima tentativa de Tenzing Norgay e a segunda de Edmund Hillary.

Às nove chegaram ao Cume Sul, ao pé da dramática crista estreita que levava ao cume principal, a partir de onde encontraram melhores condições climáticas. Uma hora mais tarde estavam diante de uma barreira com 13 metros, um escalão de rocha lisa e quase sem pontos de apoio, agora conhecido como Escalão Hillary.
– Era uma barreira cuja superação ia muito além de nossas frágeis forças – reconheceu o neozelandês, mais tarde.

Tenzing ficou embaixo e foi largando a corda, nervoso, enquanto Hillary, enfiando-se em uma estreita greta entre o paredão de rocha lisa e uma rebarba de neve em sua beirada, começou a agonizante subida. A lenta e penosa escalada foi sendo vencida, na base de muito esforço físico e exposição ao perigo.

Edmund Hillary conseguiu finalmente alcançar o alto da rocha e se arrastar para fora da fenda, até uma larga saliência. Por alguns momentos ele ficou ali, parado, deitado, recuperando o fôlego. Enquanto o oxigênio artificial corria por sua veias, ele sentiu, pela primeira vez, que sua gigantesca determinação o levaria ao topo. Com as batidas do coração voltando ao normal ele firmou-se na plataforma e fez sinal para Tenzing subir.

Edmund Hillary puxou firme a corda e o sherpa foi subindo, contorcendo-se greta acima, até finalmente chegar à saliência onde o neozelandês estava.
– Exausto, desabando como um peixe gigantesco que acabou de ser içado do mar após uma luta terrível, chegou Tenzing – contou Hillary.

O cume, a apenas uma pequena distância, os observava, impassível, sentindo que em breve seria derrotado por aqueles dois minúsculos seres que ousavam pisar onde ninguém jamais conseguira colocar os pés.

Edmund Hillary e Tenzing Norgay deram a volta por trás de outra saliência de rocha e viram que a crista adiante descia, podiam ver o Tibete. Eram os primeiros humanos a verem o Tibete daquele local. Eles desviaram a atenção do planalto tibetano e correram os olhos para cima, onde havia um cone redondo de neve.

Após algumas estocadas da piqueta, depois de uns poucos passos cautelosos, Tenzing Norgay e Edmund Hillary estavam no cume do monte Everest. Haviam acabado de conquistar o Terceiro Pólo. Eram 11h30min do dia 29 de maio de 1953.

Hillary olhou para Tenzing e, apesar da balaclava, dos óculos de proteção e da máscara de oxigênio estarem cobertos de gelo, escondendo-lhe a face, pôde notar um grande sorriso de puro prazer com o qual o sherpa admirava o mundo ao redor. “Estamos no lugar certo e na hora certa”, pensou Hillary. Eles sacudiram as mãos para se livrarem do gelo em suas luvas e então Tenzing abraçou o neozelandês longamente. Deram-se pequenos tapas nas costas um do outro até ficarem quase sem respiração.

Estavam no topo do mundo, (foto 15) no ponto mais elevado da Morada dos Deuses, na ponta do mais alto obelisco dos terráqueos. De um lado podiam ver a geleira Rongbuc. Muito longe, milhares de metros abaixo, as cores do alto planalto tibetano, como uma miragem naquele mundo branco coberto de gelo e neve.

Enquanto Tenzing Norgay preparava uma pequena oferenda para a deusa Chomolungma, Edmundo Hillary olhou em direção à Crista Norte e lembrou-se de Mallory e Irvine. Instintivamente tentou descobrir um sinal, um objeto, qualquer evidência da passagem dos dois pioneiros.

Após alguns biscoitos e um pequeno gole de chá, iniciaram uma terrível descida. Seu oxigênio estava no fim, era preciso pressa. Chegaram ao acampamento no Colo Sul ao cair da noite. Quando Hillary avistou George Lowe, vindo ao seu encontro com uma térmica de sopa quente e um novo cilindro de oxigênio, disse, aos berros:
– Bem, George, nós liquidamos com este bastardo! – embora não tenham sido exatamente estas as palavras publicadas na imprensa na época.

James Morris, o correspondente do Times, desceu ao Acampamento-base (foto 13) e enviou um sherpa até Nanche Bazar com uma mensagem em código. Enviada por rádio para o embaixador britânico em Katmandu e retransmitida para Londres, a notícia foi publicada na primeira página do jornal na manhã de 2 de junho, dia da coroação da rainha Elizabete.

O sherpa Tenzing Norgay, nascido em 1914, tornou-se herói supranacional, todos os países do subcontinente indiano querendo tê-lo como seu cidadão. A partir deste feito, os sherpas jamais voltariam a ser os mesmos, tendo o nome de sua etnia passado a significar “guias de alta montanha” em todo o planeta.

Edmund Hillary, o criador de abelhas de Auckland, nascido em 1919, foi sagrado cavaleiro pela rainha da Inglaterra, ganhando o título de “Sir”. Sua imagem foi reproduzida em selos, histórias em quadrinhos, livros, filmes, capas de revista, e sua cara, comprida e fina, estampada na nota de 5 dólares na Nova Zelândia.

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