quarta-feira, 28 de março de 2012

AMARAL NETO, O REPÓRTER

Ambiente & Sociedade – Vol. VII nº. 2 jul./dez. 2004
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dependerá das questões que se deseja
colocar à nossa “civilização tecnológica”.
E como nota Garcia dos Santos nas
primeiras frases de seu texto (p.149): “O
referencial de boa parte daqueles que
esperam da bioética uma resposta às
‘questões alarmantes’ trazidas pelo
progresso da ciência e da tecnologia
contemporâneas é o do humanismo
moderno. Seria o caso, contudo, de
indagar se o avanço da tecnociência já
não tornou obsoletos os critérios que
balizavam a concepção moderna do
homem.”
NATUREZA E ECOLOGIA NA
TELEVISÃO BRASILEIRA
TELMA DOMINGUES DA SILVA*
Esta obra é uma contribuição,
ao mesmo tempo, para a reflexão sobre a
mídia, em seu papel e seus efeitos na
sociedade contemporânea, e para uma
compreensão do meio ambiente como
questão política, dada a forma como o
autor delimitou seus questionamentos
nesse trabalho de pesquisa desenvolvido
como tese de doutoramento na área das
Ciências Sociais.
Ecológicas manhãs de sábado – o
espetáculo da natureza na televisão
brasileira
Thales de Andrade.
São Paulo, Annablume, 2003. 240p.
Analisando dois programas
de televisão que têm a natureza como
tema, Thales de Andrade discute o papel
dos meios de comunicação na formulação
de problemas e questões ambientais.
Interessa ao autor investigar relações entre
as transformações na conjuntura
econômico-política do país e a imagem da
natureza veiculada através da mídia.
Amaral Neto, o repórter e Globo Ecologia,
ambas produções da Rede Globo de
televisão, foram exibidas em momentos
históricos diferentes e são exemplares de
uma mudança radical que se verifica sobre
o sentido da natureza como objeto de
reportagem para o público brasileiro.
A seleção desses dois
programas foi adequada, justamente com
relação à conjuntura econômico-política
do país em que eles se produziram.
A exibição de Amaral Neto
se deu nas décadas de 1960 e 1970,
momento em que o país é direcionado pelo
projeto político e econômico
desenvolvimentista do governo militar.
Amaral Neto teve carreira política como
deputado durante essa época. É
representante de um pensamento
conservador sobre a abordagem das
questões ambientais, realizando em seus
programas uma determinada apologia das
riquezas naturais brasileiras.
O programa Globo Ecologia,
por sua vez, será exibido a partir de 1990,
isto é, depois de haver uma ruptura em
relação ao regime político ditatorial no
governo militar, ruptura significada pela
Constituição de 1988, que reinstala as
eleições e demais direitos democráticos.
A introdução na televisão
institucionalizada de uma abordagem
jornalística a partir do tema ecologia é
sintomática, marcando o contexto político
* Doutora em Lingüística pelo IEL/UNICAMP e
pesquisadora colaboradora do Laboratório de
Estudos Urbanos da UNICAMP.
RESENHA/BOOK REVIEW
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que se constitui posteriormente à abertura
democrática como um “novo tempo”.
Assim, o tema ecologia
desloca-se de um lugar politicamente
marginal de discussão e passa a se
constituir em seção jornalística. Estar na
televisão, através da Rede Globo, é estar
no veículo de maior abrangência no país
– mas isso retorna significativamente sobre
a questão ecológica.
O questionamento realizado
pelo trabalho aqui resenhado dirigiu-se
em especial para a forma de inclusão do
tema da ecologia que foi produzida pela
televisão, considerando em que medida
responde às necessidades políticas que
integram a posição ambientalista. Dado
esse foco, a análise deixa de aproveitar
elementos que ela mesma traz, no sentido
de uma compreensão sobre os efeitos da
mídia e do discurso ecológico assim
difundidos pela sociedade.
No que diz respeito ao
significado do programa na grade de
programação da emissora como um todo,
Amaral Neto e Globo Ecologia são muito
diferentes. Esse “diferencial” é um
elemento constitutivo da própria mídia:
os programas são identificados pela sua
correspondência a uma imagem de público
enquanto consumidor. Nesse sentido, o
primeiro figura como típico do jornalismo
sensacionalista, e o segundo associa-se à
imagem educativa própria às produções
da Fundação Roberto Marinho.
Na análise do autor, essa
diferença em relação ao significado dos
programas na grade de programação da
emissora não aparece como dado
relevante. Quanto a Amaral Neto, tratase
de um programa exibido em horário
nobre, e, quanto a Globo Ecologia, um
programa exibido aos sábados pela manhã.
1. Cf. SILVA, Telma Domingues da, Televisão brasileira
– a Comunicação institucionalizada, tese de
doutoramento desenvolvida no IEL – Instituto de
Estudos da Linguagem/ Unicamp, 2002.
Associar explicitamente tal consideração
à análise conduziria a resultados
expressivos, no que diz respeito ao sentido
da natureza como objeto de reportagem
na televisão brasileira. Nessa resenha,
procurei, portanto, constribuir nessa
direção.
Amaral Neto é um programa
conservador em termos de mentalidade
política, o que foi apontado na análise de
Andrade. Nele, a natureza é abordada de
forma sensacionalista, e os títulos dos
programas analisados, como “Pororoca, o
monstro das mil faces” e “Atol das Rocas,
ilha do nada” (ambos realizados entre
1976 e 1978), são indicativos nesse
sentido. De autoria do próprio Amaral
Neto, os títulos apontam para a produção
de um sentido hostil para o ambiente da
natureza: lugar do monstruoso, do
desolamento...
Evidencia-se o fato do
programa Amaral Neto ser veiculado no
momento em que a televisão cresce
efetivamente pelo país, que, por sua vez,
dirige -se ao desenvolvimento, à
modernidade. A apresentação da
natureza como esse outro lado ainda a ser
explorado é parte do processo discursivo
em que se constrói a identificação do
Brasil como um país urbano, e portanto
rumo ao “progresso”. Trago aqui tais
dados, com relação à identidade urbana
do Brasil, e como ela vai se costruindo
associada à imagem produzida na
institucionalização da televisão como
televisão nacional.1
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Na análise do programa
Amaral Neto, Thales de Andrade observa
que o repórter dava poucas informações a
respeito dos locais que eram objeto de suas
reportagens. Essa observação associa-se à
discussão que o autor faz do papel da
tecnologia da imagem no interior desse
programa: de que forma a câmera vai
significar, enquanto instrumento que
estabelece relações do público para com
um determinado tema? Houve, portanto,
uma consideração especificamente em
relação à materialidade da linguagem da
televisão.
Em tal contexto, a tecnologia
da mídia mostra-se, segundo o autor, como
uma força bélica, pela capacidade de levar
até seu público as imagens de um país
ainda por ser desbravado. A câmera é então
a “arma” do repórter, que se identifica ao
aventureiro-explorador, e a naturezaobjeto
que se apresenta sob esse olhar é o
ambiente agressivo, de acesso difícil,
quase impossível, que pode até ser
“monstruoso”.
Os dados trazidos por essa
pesquisa podem ser compreendidos do
ponto de vista do processo históricodiscursivo
que envolve a institucionalização
da televisão brasileira. À década de 70,
corresponde o crescimento dessa
instituição, que vai se estabelecendo pelo
território nacional. O programa Amaral
Neto é bom exemplo para uma reflexão
sobre o que essa imagem – que se diz ser
“para todo o país” – podia representar
naquele momento.
As produções televisivas na
década de 70 não tinham ainda o caráter
“profissional” que irá se constituir na
década de 80. Mesmo assim, a tecnologia
da imagem é tal que, junto aos outros
elementos no qual se insere, isto é,
associada ao crescimento das cidades e
de seu modo de vida, a televisão é em
grande parte responsável pela afirmação
da modernidade do país, do seu
desenvolvimento.
A partir da década de 70, a
força da imagem eletrônica começa a se
mostrar em todo o seu poder, com o
videoteipe, que permite a gravação e a
edição das imagens, com a cor, com a rede,
que permite transmissão simultânea para
todo o território nacional, e com as
gravações externas, que colocam o
repórter presente “no local”. Isto é, a
imagem da televisão produz para a
reportagem o sentido de que é “mais” do
que uma narração, a reportagem é a
própria imagem do repórter no vídeo,
quando ele se mostra “lá”, ao lado ou à
frente do assunto que ele está “trazendo”
ao público, não com as suas palavras, mas
com “imagens reais”...
O sentido da imagem como
algo “direto”, que não precisa de
“explicações”, remete ao impacto da
imagem como algo novo e moderno.
Porém, diante do que hoje se apresenta
como tecnologia da imagem, aquelas
produções podem aparentar uma
abordagem superficial e até um tanto
rude.
Amaral Neto e Globo Ecologia
remetem a dois contextos diferentes em
termos de uma valorização da natureza:
se no primeiro temos a natureza como um
ambiente hostil a ser desbravado – o que
é bem frisado na análise do autor –, no
segundo temos uma natureza que pode ser
amigável, e para isto deve ser compreendida
– essa é uma interpretação que poderia
ter sido feita, com base nos dados
levantados. Na abordagem educativa/
científica (técnica) do Globo Ecologia,
RESENHA/BOOK REVIEW
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mostra-se necessária a compreensão
daquilo que constitui o ambiente natural:
saber, por exemplo, como vivem os animais,
ter noção sobre a diversidade de plantas
e de insetos em um ecossistema
aparentemente pobre, do papel de um
pequeno organismo em um ciclo amplo de
vida, que envolve muitas outras espécies
etc.
O autor aponta para o fato
de que, de Amaral Neto ao Globo Ecologia,
a forma como a natureza é apresentada
ao público ganha especificidade. No lugar
da “mata” ou dos “pássaros”, mais gerais,
o tratamento técnico e científico faz
aparecerem termos como “biodiversidade”
e “plano de manejo” por exemplo. Essa
observação pode também ser interpretada:
que efeitos tem essa linguagem técnica
para o público enquanto cidadão?
A inclusão do tema do
ambiente nas políticas públicas e na
imprensa remete à possibilidade de uma
conscientização do cidadão comum, que o
obriga a manifestar um certo domínio
sobre os processos que envolvem, não
exatamente a natureza, mas a expansão
do modo de vida urbano, entre a produção
de bens e o consumo de recursos naturais
por exemplo...
Embora haja essa diferenciação,
de um programa a outro, com relação à
especificidade da linguagem que refere o
ambiente da natureza, o que se mantém,
em uma e outra abordagem jornalística, é
o fato de que o público da televisão,
identificado como sujeito urbano, é sempre
“estranho à natureza”: ou na natureza hostil
ou na natureza amigável. Lembramos que,
nesse último caso, a aproximação é feita
através do conhecimento técnicocientífico,
que muitas vezes desautoriza
aqueles que vivem mais próximos à
natureza – a não ser que o seu modo de
vida seja exemplar, confirmando o sentido
de proteção da natureza.
Como nos mostra Thales de
Andrade, a gerência que Amaral Neto
realiza do programa deixa nele a sua
expressão, que aparenta uma marca
pessoal, mas que manifesta, sobretudo,
uma determinada atuação políticopartidária.
O autor vai analisar esse
aspecto trazendo a conhecida reflexão de
W. Benjamim, em que ele compreende a
superação da figura do narrador com o
advento da imprensa. Trata-se do ensaio
“O narrador” (cf., por exemplo, volume
da coleção Os Pensadores da Abril
Cultural).
A inclusão da reflexão de
Benjamim teve um efeito contraditório
para com a análise do autor, reforçando a
compreensão da imprensa como um
“tratamento objetivo do fato”, que Amaral
Neto estaria deixando de lado ao tomar a
palavra como narrador (e não como
repórter, que é o que sustenta a designação
do programa...). Ressalta no texto de
Benjamim a crítica à imprensa, pela
compreensão do narrador como aquele
que permite uma abordagem integrada do
acontecimento, histórica, que o jornalismo
vem fragmentar com o fato-notícia
enquanto “novidade”.
A forma como Amaral Neto
conduz as reportagens poderia, por
exemplo, ser analisada do ponto de vista
da locução. Sem entrar muito nas
questões mais conceituais da enunciação,
pode-se dizer que a locução do programa
Amaral Neto produz-se através de uma
sobreposição de dois lugares sociais: o do
repórter e o do deputado da ARENA. O
repórter Amaral Neto, portanto, não se
identifica com a imprensa como um “olhar
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neutro” sobre o fato-jornalístico. E, dessa
forma, a reportagem em seu programa
assume um sentido específico, pois resulta
da tarefa de falar das riquezas do Brasil
como riquezas da Nação: trata-se de uma
exaltação. Essa é uma maneira específica
de fazer reportagem, que gostamos de
pensar que não teria mais lugar em uma
televisão “profissional”, institucionalizada.
De Amaral Neto para o Globo
Ecologia, os atores ou as autoridades que
podem se mostrar falando com propriedade
do meio ambiente teriam se ampliado. A
natureza não é hoje remetida
preferencialmente à questão dos limites
territoriais, e tratada como de segurança
pública, como era durante o regime
militar.
Porém, o sentido de exaltação
das riquezas naturais não só não
desaparece da televisão brasileira, como
continua prevalecendo. É ele o que mais
encontramos nos chamados “horários
nobres”, quando a televisão se dirige ao
grande público, isto é, a um público sem
especificação etária ou de gênero. Mais
recentemente, o Globo Repórter, embora
não mostre o exagero quase caricato de
Amaral Neto, também narra a natureza
como uma aventura distante, selvagem.
Esse, é claro, é um outro momento
histórico, em que os recursos naturais
serão ainda um tesouro a ser descoberto,
explorado, mas agora pela ciência – e,
através desta, as mesmas condições
colonialistas e nacionalistas, que
marcavam as relações internacionais nas
décadas de 60 e 70, podem se recolocar.2
2. SILVA, Telma Domingues da, A Biodiversidade e a
Floresta Tropical no discurso de meio ambiente e
desenvolvimento - dissertação de mestrado
desenvolvida no IEL/Unicamp, 1995.
Os dados que Thales de
Andrade traz sobre as reportagens de
Amaral Neto, que tem uma produtora
própria, e sobre a Fundação Roberto
Marinho, que produz o Globo Ecologia, são
muito apropriados para uma reflexão sobre
a forma de constituição do programa de
televisão, em sua exibição para um público
brasileiro. Ao mesmo tempo em que se
constitui uma diferenciação para esses
programas, como produtos voltados para
um mercado específico, mostra-se
também um efeito de indiferenciação,
dado o sentido de entretenimento que
atravessa a mídia como um todo.
A questão do entretenimento
foi considerada por Andrade. Em Amaral
Neto, o sensacionalismo evidencia o
caráter de entretenimento para a
abordagem do programa; em Globo
Ecologia, outros elementos vêm se mostrar.
O autor aponta para a utilização do
videoclipe e para o fato de que a
apresentação do programa não é feita por
um jornalista, mas por um jovem ator. Esses
são elementos extremamente significativos,
do meu ponto de vista. A justificativa para
essa forma de apresentação é certamente
o de poder, com isso, aproximar a questão
ecológica do jovem brasileiro. E assim estar
realizando a “sua parte” na cidadania,
como empresa responsável que é. Ou seja,
a produção/exibição de um programa
como Globo Ecologia, entre outros, tem
efeito de marketing para a emissora Globo
enquanto empresa.
A pesquisa de Thales de
Andrade contribui efetivamente para
uma compreensão em relação à forma
como o meio ambiente apresenta-se na
televisão. Embora tema obrigatório de
reportagem, isto se dá de modo específico,
tendo em vista a produção do espetáculo
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e/ou do espetacular, como elemento
constitutivo da linguagem do meio.
No decorrer desse trabalho,
a discussão em relação ao sentido de
espetáculo, ou de entretenimento, produzido
nos programas de televisão, volta-se
preferencialmente para um questionamento
sobre como isso pode ser encarado do
ponto de vista de uma posição
ambientalista. Ou seja, a entrada do tema
na grande imprensa pode ter sido
aplaudida ou criticada pelos diferentes
grupos que compõe o movimento
ecológico: Que significado isso pode ter?
O que se ganha e o que se perde com
isso? A discussão sobre o meio ambiente
será por um lado absorvida pela linguagem
da televisão, no sentido do espetáculo.
Subsiste, por outro lado, a importância do
domínio dessa linguagem pelas
organizações ambientalistas, de modo a
que estas possam ocupar o espaço da mídia
com uma contribuição diversificada.
ANDRÉA ZHOURI*
Os movimentos sociais
surgidos no mundo a partir de 1960 foram
acompanhados por debates intelectuais
que buscavam novas bases para as
Ciências Sociais. Notadamente, tentou-
“A Re-volta da Ecologia Política”
Conflitos Ambientais no Brasil
Henri Acselrad (org.)
Rio de Janeiro: Relume-Dumará,
2004, pp.294.
se superar dicotomias como objetividadesubjetividade,
indivíduo-sociedade, e
natureza-cultura. Os esforços para a
superação da dicotomia natureza-cultura
ligavam-se ao surgimento de uma crítica
ambiental da sociedade industrial
emanada de um movimento simultaneamente
político e acadêmico denominado
“ecologia política”. Crítica em relação aos
custos crescentes da reprodução do
sistema produtivo, a ecologia política ia
além da análise das contradições do modo
de produção capitalista para denunciar
uma alienação mais radical que a simples
expropriação da mais-valia, qual seja, a
alienação entre a sociedade industrial e
a natureza.
O surgimento dessa crítica
suscitou, contudo, reações por parte dos
defensores da industrialização enquanto
evolução inevitável. Os ecologistas
passaram a ser desqualificados como
românticos e ingênuos opositores do
progresso. Entretanto, os problemas
relativos à poluição e à escassez de
recursos para a produção industrial não
passaram desapercebidos pelos paladinos
do desenvolvimentismo, sendo paulatinamente
incorporados como “variáveis
ambientais” legítimas no debate sobre a
sociedade industrial. Nesse sentido, uma
certa despolitização do debate ecológico
foi ocorrendo na medida mesma em que
as forças hegemônicas da sociedade
reconheciam e institucionalizavam
aqueles temas ambientais que não
colocavam em cheque o modelo de
sociedade vigente.
Foi assim que a década de
1990 consagrou o termo “desenvolvimento
sustentável” como um campo de reconhecimento
da chamada “crise ambiental” em
escala planetária – crise entendida
* Professora do Departamento de Sociologia e
Antropologia da Universidade Federal de Minas
Gerais (UFMG)

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