quarta-feira, 28 de março de 2012

27/04/2010 11:07
O jornalismo das ORGANIZAÇÕES GLOBO: De Amaral Neto e a ditadura às UPPs de Cabral





A máquina de propaganda de Sérgio Cabral, em parceria com as ORGANIZAÇÕES GLOBO, ressuscitou o “jornalismo oficial-ufanista”, que nos remete aos tempos da ditadura militar.

Quem tem mais de 40 anos, com certeza, vai se lembrar dos programas que a TV GLOBO exibia, nos anos 70 e 80: “Amaral Netto, o Repórter”, que trazia reportagens ufanistas para divulgar as obras do regime militar, mesclando com fenômenos e maravilhas da natureza, encontrados pelo Brasil afora. Era o tempo do “Milagre Econômico”. Tudo era uma maravilha! O programa mostrava, por exemplo, as obras da Rodovia Transamazônica e Amaral Netto destacava “um novo tempo de prosperidade para a população da região”.

É exatamente o que a TV GLOBO volta a fazer hoje, só que a serviço da “máquina de propaganda de Sérgio Cabral”. Vejam o caso das UPPs.

São inúmeros os registros de tráfico nas comunidades com UPP. Mesmo com ordem, para esses registros serem trancados a sete chaves, o noticiário policial acaba mostrando vários casos, onde houve mortes, prisões e apreensões. Na semana passada, o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame anunciou o rodízio dos policiais das UPPs, que serão trocados de comunidade, de tempos em tempos, para não serem corrompidos pelo tráfico. Mas o tráfico não acabou nessas áreas, como diz o governador Sérgio Cabral?

A verdade é que as reportagens sobre as UPPs seguem a mesma lógica dos tempos de Amaral Netto. Assim como naquela época, o Brasil, da Amazônia e das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste era um mundo desconhecido para a maioria dos brasileiros, hoje, as comunidades carentes do Rio também formam “um mundo novo e pouco conhecido” para quem mora no asfalto, em bairros de classe média.

Em cima desse desconhecimento, as ORGANIZAÇÕES GLOBO mostram um mundo irreal, de ficção, onde chegam a dizer que “depois da instalação da UPP no Dona Marta, uma criança realiza o sonho de soltar pipa no morro”, quando qualquer pessoa que conhece uma comunidade sabe muito bem, que uma das únicas opções de lazer das crianças é soltar pipa e sempre o fizeram, com UPP, com traficantes, com milícias (vide abaixo reprodução do jornal EXTRA). Aliás, antigamente, era através das pipas, que os traficantes eram avisados pelos “olheiros” quando a polícia chegava. Quando as pipas eram “baixadas” bruscamente todo mundo sabia que a polícia estava vindo.

Nos anos 70, Amaral Netto alardeava “o incrível espetáculo da pororoca, o encontro das águas do rio Amazonas com o mar”. Hoje, o jornalismo global enaltece: “Crianças soltam pipa na Providência, um sonho que só foi possível com a chegada da UPP”.

No final, é a mesma pororoca jornalística.






Comente [5] | |

copyright organizações globo

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Contador de visitas