sábado, 16 de abril de 2011

10366 - DEMÊNCIA

ago
22
Estudo de caso – Demência Frontotemporal Categoria(s): Caso clínico, Neurogeriatria
22/08/2009 - 12:00 AM Por: Dr. Armando Miguel Jr










Interpretação clínica


Homem de 60 anos, empressário, é avaliado no consultório de geriatria por causa de história de três anos de esquecimentos, que começou insidiosamente e tem piorado progressivamente. Apesar de ter um empresa sólida, herdada do pai, está com problemas de caixa no último ano. Ao longo do último ano está muito sedentária, e com alterações da personalidade, ficando muito agitado e agressivo como se estiver tendo visões. Esposa refere que a paciente está aplicando nas bolsas de valores de forma atabalhoada, e perdendo muito dinheiro nas transações. Nas raras reuniões familiares procura-se ficar isolado. Tem leve insônia. Quando perguntado sobre sua vida ele responde: “Não tem nada de errado comigo”. Seu pai teve doenca de Parkinson nos últimos 5 anos de vida.
Ao exame físico bom estado geral, nutrido e Mini-Exame-Mental, com pontuação de 28/30. Exames laboratoriais normais e ressonância magnética cerebral evidenciou disfunção frontotemporal direito.

Como entender o caso desse paciente?

As alterações comportamentais apresentadas pelo paciente, com episódios de delírios paranóides e um comportamento agressivo episódico sugere demência frontotemporal (DFT)confirmada pela ressonância magnética cerebral.

os lobos frontais são críticos para a solução de problemas, compreensão, julgamento, motivação e comportamento social. Quando ocorre disfunção do lobo frontal, estes processos alteram-se e os pacientes apresentam alterações da personalidade ou comportamento. Estudos têm demonstrado que as disfunções da região frontotemporal esquerda causam dificuldade na linguagem, e tais pacientes podem ser diagnosticados como tendo tanto afasia progressiva primária como DFT. Já os pacientes com disfunção da região frontotemporal direita tendem a apresentar-se com agitação, alucinações, delírios e outros distúrbios neuropsiquiátricos.

Apesar da doença de Pick ser considerada a causa primária da DFT, um espectro mais amplo de distúrbios neurológicos podem ter características similares, como: degeneração corticobasal, paralisia supranuclear progressiva e alterações degenerativa inespecíficas. A doença de Creutzfeldt-Jakob e doença de Alzheimer, também pode manifestar-se dessa maneira. Estudos imunohistoquímicos mostraram que a doença de Pick, degeneração corticobasal e paralisia supranuclear progressiva têm em comum disfunção na proteína tau associada aos microtúbulos.

Os aspectos bioquímicos e genéticos da DFT ainda são pouco compreendidos. Entretanto, as mutações no gene para a proteína tau no cromossomo 17 têm sido identificadas na maioria das familias com DFT autossômica dominante, doença de Parkinson ou doença do neurônio motor. Nesses casos a evolução para óbito é rápida, menos de dois anos desde o início dos sintomas.

Demência frontotemporal

Em 1892 Arnold Pick descreveu a demência associada à atrofia circunscrita no lobo temporal esquerdo acompanhada de depósitos argentofílicos intranucleares (inclusões ou corpos de Pick). Na atualidade a demência frontal ou frontotemporal é constituida de varias formas demenciais. Apesar de rara, o quadro clínico da demência frontal e frontotemporal, chama atenção pelas suas caracteristicas como: distúrbios afetivos; distúrbios do comportamento; distúrbios da fala e preservação da orientação espacial e das praxias. A instalação dessa demência se dá de forma insidiosa e progressiva. Precocemente ocorre declínio das condutas sociais interpessoais, dificuldade do controle da conduta pessoal, indiferença emocional e perda do “insight” .

Tratamento – O tratamento com um agente neuroléptico atípico e uma benzodiazepina permite que paciente continue o tratamento em sua residência, mas certamente estará necessitando de institucionalização, em breve período de tempo, pela atitudes incontrolável do comportamento. O acompanhamento neuropsiquiátrico é necessário e indispensável.

Referência:

Raskind MA – The clinical interface of depressão and dementia. J Clin Psychiatry. 1998;59(Supple 10):9-12.

The Lund and Manchester Groups. Clinical and neuropathological criteria for frontotemporal dementia. the Lund and Manchester Groups. J Neurol Neurosurg Psychiatry. 1994;57:416-418.


Tags: Alucinações, Demência frontotemporal, Distúrbios de comportamento, Doença de Pick




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9 Comentários »
Ricardo teixeira Araujo comenta:
3 dezembro, 2009 @ 7:31 AM

Minha Mãe tem demencia por microangiopatia degenerativa, queria saber se tem alguma novidade p tratamento desta deoença?

Jessica Barros Guimarães comenta:
21 fevereiro, 2010 @ 1:01 AM

Boa noite.
Em minha família há um caso de demência frontotemporal diagnosticada em paciente de 60 anos, após análise dos exames de ressonância magnética, neuropsicológico e clínico há quase um ano. O paciente utilizou todos os meios de prevenção de doenças, sempre exercitou física e mentalmente, excelente profissional, no entanto foi acometido por este mal. Atualmente faz uso de adesivo Excelon Patch 10 e Cloridrato de Sertralina 0,5mg, com ótima resposta inicial.
O artigo acima é esclarecedor mas, como leiga preciso conhecer o máximo possível sobre o assunto para cuidar e ajudar no tratamento. Desta forma, faço uso desta oportunidade de comentario. A DFT pode desencadear problemas nos olhos como descolamento de retina? Qual exame deve ser realizado para saber se há mutação no gene para proteína tau? Mesmo em outros paises não há um tratamento que paralise esta doença?
Obrigada.

gislaine desiderio comenta:
9 março, 2010 @ 8:43 PM

Boa noite,
Li o artigo e me esclareceu algumas dúvidas, porém, gostaria de saber se existe algum tratamento que paralise a doença DFT.
Também tenho um caso na família e que apresenta difficuldades para enxergar, a DFT também afeta a visão?
Desde já, agradeço .

elenice mariani piovesan comenta:
5 agosto, 2010 @ 12:03 AM

Meu pai tem 57 anos e tem uma doença chamada de Demencia Fronto-Temporal. Gostaria de saber tudo o que poder sobre esta doença Demencia Grave (CDR 3). Que nome tem essa doença. Ele esta tomando EXCELOM 1,5 mg e ele nao se sente bem e SERTRALINA 0,5 mg. Obrigada espero resposta.

cassia comenta:
31 outubro, 2010 @ 10:56 PM

minha mae começou c a doença aos 52 anos hoje ela tem 59 gostaria de saber se existe outros remedios mais modernos para q a doença estacione.e se essa demencia pik podera leva-la a ficar numa cama ja que é progressiva obrigada pela atençao.

Eveline Teixeira comenta:
27 dezembro, 2010 @ 7:42 PM

Olá,a pouco mais de viste dias meu avô fez uma ressonência e foi relatado que o volume do cérebro está diminuindo rapidamente,o médico disse que está atrofiando,por tudo o que já li sobre isso é DFT.Gostaria de saber até onde esta doença poderá levá-lo ele usa exelon pach 10 reduziu a inquietação,insônia e esquecimento.Ele pode perder os movimentos?A preocupação é tamanha devido ao fato de ele morar em outra cidade somente com minha avó.

Agradeço a oportunidade de socializarmos nossa preocupações.

flavia comenta:
9 fevereiro, 2011 @ 12:42 PM

Boa Tarde!

Na família de meu pai existiram casos que me levam a crer que se trata de DFT, porém nunca os médicos conseguiram diagnosticar a doença só diziam que era uma doença neudegenerativa progressiva, os afetados foram meu avô paterno, meu pai, as duas irmãs de meu pai, um irmão todos já faleceram, só sobraram um irmão e uma irmã, mas meu tio está com sintomas iniciais da doença. Os sintomas iniciais e o tempo de duração variaram de um para outro, mas o final da doença para todos foram iguais, fiacaram em uma cama, como os movimentos parcialmente paralisados devido a uma forte rigidez nos músculos, mutismo, deficiência na deglutição com em um dos casos sendo necessário colocar sonda nasogástrica; dificuladade na respiração sendo necessário fazer fazer uma traqueo neste mesmo caso da sonda.
Sintomas iniciais: olhar distante e lento, letargia, memória antiga confusa, dificuldade na fala, raciocínio comprometido(em alguns), perca progressiva de equilíbrio, agressivos, irritabilidade,dão risada de tudo, e começam a repetir palavras finais de uma frase que vc tenha falado para eles.
Preciso de esclarecimentos pois é muito triste ter visto a minha família passar por isso, ver a história de repetindo e sem um diagnóstico preciso.

Obrigada,

Flávia

eliete moreira comenta:
1 abril, 2011 @ 2:49 PM

Boa tarde, trabalho com uma paciente portadora da demêcia Frontotemporal e ultimamente ela vem aprensentando periodos de sudorese, seguidos de gritos que se agrava ao entardecer, ela é medicada com Prolopa, Alois,lioresal,Lioran,Aprovel.
Como devo agir neste momentos?
obgado!

Fatima Soria comenta:
5 abril, 2011 @ 6:15 PM

Meu marido está DFT. Gostaria de saber se é verdade q em determinado estágio da doença a pessoa fica paralisada? Essa doença exige tratamento em clínicas psiquiatricas? Como cuidar de um portador de DFT?
Obrigada

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