quinta-feira, 30 de setembro de 2010

5631 - LITERATURA DO EQUADOR

História e Ciência
Posts relativos a diferentes concepções da Histórica ao longo dos tempos. Filosofias ou Teorias da História. História da Cultura e das Mentalidades. Episódios históricos. Estruturas e Conjunturas. Publicações no âmbito da História. Sites, ensaios, entrevistas, comentários. Notas. Apontamentos. Posts relativos ao conhecimento científico. CONTACTO: Sandra Cristina Almeida (almeida649@hotmail.com)
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outubro 11, 2003
EQUADOR: romance (histórico) de Miguel Sousa Tavares
Publicado pela Oficina do Livro, o romance Equador de Miguel Sousa Tavares, chegou até ao público com a 1ª edição datada de Maio deste ano.
Para todos aqueles que se interessam pela História de Portugal, em geral, e pela história das colónias portuguesas, em particular, esta obra é uma daquelas que deve ser lida, ainda mais, porque se debruça sobre a questão do trabalho escravo numa época em que a escravatura se encontrava já proibida por lei.

Situando-se nos inícios do século XX, entre Dezembro de 1905 e Janeiro de 1908, o romance tem como personagem principal Luís Bernardo Valença, indivíduo solteiro, dandy nos gostos e hábitos que é convidado pelo Rei D. Carlos para o cargo de Governador-geral de S. Tomé e Príncipe, tendo a sua nomeação como objectivo convencer a opinião pública inglesa, na pessoa do cônsul britânico no local, que a prosperidade vivida por aquela colónia não tinha assento em trabalho escravo, mas antes em mão-de-obra vinda de Angola e devidamente tratada nas roças de São Tomé.

Pela temática inerente à obra e pelas opiniões e textos escritos que tem originado, apresentaremos em posts posteriores excertos de uma entrevista dada pelo autor, assim como consideraremos o tratamento que dela é feito no último número da revista História, quer por José Miguel Sardica, quer por Gerhard Seibert.

Referência bibliográfica:

TAVARES, Miguel Sousa- Equador. Lisboa: Oficina do Livro, 2003.




Publicado por sandra em outubro 11, 2003 02:06 PM

Comentários
Desde sempre foi um romance que me despertou interesse, não só pela história, mas também pelo seu autor que assim iniciava o seu percurso na escrita . Ainda não tive oportunidade de o ler na íntegra, mas já li o inicio. Pareceu-me bem...

Afixado por: VA em outubro 11, 2003 06:51 PM
Muito bem VA.
Se achares por bem vai dizendo alguma coisa. Com o correr da história, vai dizendo (escrevendo por aqui) alguma coisa. Será com toda a certeza um importante contributo o teu.

Sandra

Afixado por: Sandra em outubro 11, 2003 08:50 PM
Quero apenas dizer que ler este livro foi uma maravilha. O enredo prendeu-me deste a primeira à última página, não só na sua vertente histórica como pelas vivências românticas do protagonista. Quero dar os meus maiores elogios ao Miguel Sousa Tavares ( se me é permitido tratá-lo de um modo tão simples), mas à muito que não me "sabia" tão bem ler um romance, ainda por cima escrito por um português. Se já o admirava por outros trabalho, fiquei totalmente rendida à sua escrita.
Aconselho vivamente a leitura deste romance, que me fascinou e quando terminei de ler me deixou uma sensação de nostálgia de querer mais...

Carolina

Afixado por: Carolina Andrade em novembro 10, 2003 01:01 PM
Pura e simplesmente fantástico.

Afixado por: Manuela Fernandes em dezembro 3, 2003 12:45 PM
Pura e simplesmente fantástico.

Afixado por: Manuela Fernandes em dezembro 3, 2003 12:46 PM
Acho o livro absolutamente magnífico e ´grandioso,
foi um dos melhores livros que li nos ùltimos tempos.comparo o poder descritivo do autor com
o meu escritor de eleição Eça de querós.
Parabéns

Afixado por: mariarosaliasilva em dezembro 10, 2003 01:15 PM
Gostaria muito de ver o Miguel escrever um romance sobre Cabinda. Será possível?

N’Zita Henriques Tiago, presidente da FLEC-FAC, radicado em Paris, escreveu pelo Natal uma carta aberta ao povo português :

«É com o sangue no corpo e as lágrimas nos olhos que nos dirigimos a vós,o nobre povo Luso. Nós Cabindas aprendemos a admirar o Infante Dom Henrique, Diogo Cão,Vasco da Gama. Ouvimos falar de El-Rei D. Carlos, do 5 de Outubro e do 25 de Abril. Foi-nos prometido o diálogo, mas ele nunca se consubstanciou. O roubo por parte dos angolanos das nossas riquezas (o petróleo, madeiras, diamantes, ouro, etc..) mantém o povo de Cabinda na miséria, e quem as rouba é o MPLA, com a ajuda da multinacional Chevron Texaco. Eles vivem acima da lei e são impunes às leis internacionais.


«Angola, que nos invade, é o país mais corrupto do mundo, é sem surpresa um dos mais pobres, apesar das riquezas que possui e das que rouba à nação de Cabinda. Em Angola uma em cada quatro crianças morre antes de chegar ao primeiro aniversário.

Assim está o pais que as autoridades portuguesas nos deixaram entregues. Angola recebe em receitas de petróleo 5 biliões de dólares por ano, 4 biliões são provenientes do petróleo roubado à nação de Cabinda. Mas o dinheiro do petróleo só tem enriquecido aos Luandenses. O presidente criminoso Eduardo dos Santos e’ o angolano mais rico do país.

Nós somos um espinho cravado na alma lusitana, que não encontrará sossego enquanto não se redimir do esquecimento a que nos tem votado.

Há novas Aljubarrotas a travar, para que se cumpra o desígnio que vos trouxe até estas paragens.

A História não acabou com a descolonização. A descolonização ainda não acabou.

Há aqui uma diocese escravizada, onde os padres são os melhores amigos do povo. Há ainda a esperança num milagre.

A Independência de Cabinda é uma inevitabilidade histórica, que mais cedo ou mais tarde terá que suceder. Nós sabemos que vós sois o povo de Santo António, da Rainha Santa. Rezai por nós.

Quem tão bem soube aplaudir D. Ximenes Belo, bispo de Dili, também saberá concerteza ouvir D. Paulino Fernandes Madeca, o nosso bispo, quando a todos chama a atenção para aquilo que sofremos. Temos um vigário-geral e temos sacerdotes que são os nossos autênticos anjos da guarda, benzendo-nos e curando-nos as feridas quando caímos por terra, vítimas da violência. Temos, acima de tudo, o desejo de preservar a nossa identidade, que não é a mesma dos congoleses ou dos angolanos. É apenas a de um povo de 600 ou 700 mil almas que tem uma cultura própria,
alicerçada há mais de 120 anos.

Nós vos pedimos que no vosso Parlamento, nas vossas escolas, nas vossas rádios, falai de nós, os Cabindas, aqueles que sofrem mas não desistem, os que preferem ser mártires a claudicar, a ceder.

Em Lisboa, no Porto, no Funchal, em Angra do Heroísmo, falai de nós, ajudai-nos!

Ajudai-nos a lutar pelo que é justo e é devido ao povo de Cabinda!»


Afixado por: Jorge Heitor em dezembro 28, 2003 05:35 PM
O contacto entre Luís Bernardo e Matilde naquelas escadas reacende a chama do romance na literatura portuguesa. A descrição do ambiente vivido pelo Rei D. Carlos no Palácio de Vila Viçosa (cap.II) é simplesmente deliciosa. Dá vontade de ser eu a aceitar o desafio que foi lançado a Luís Bernardo Valença. Parabéns Miguel. Escreva Mais romances por favor! O país precisa. E ainda só vou para o capítulo III!!! (E se creássemos um blogue sobre o livro?)

Afixado por: José Alberto Ortigão de Oliveira em janeiro 8, 2004 12:34 AM
José:
um blog não sei, mas uma lista de discussão quer para debate de questões literárias, quer de questões históricas... ;)
obrigada pela tua colaboração.


Afixado por: Sandra em janeiro 8, 2004 08:23 AM
Sandra:

Para mim ainda é cedo fazer uma lista, pois mal começei a ler o livro. Talvez seja melhor discutir assunto a assunto daquilo que nos tocou mais. Por exemplo: A contradição em Luís Bernardo: "Era, pois, um homem dado a aventuras de saias mas também a melancolias"(pág.12). Aguardo o teu comentário e também o de mais pessoas. Obrigado pela tua sugestão.

Afixado por: José Alberto Ortigão de Oliveira em janeiro 8, 2004 01:15 PM
Jorge:

Não sei se o compreendi mal, mas acho que o que queria dizer era que a descolonização deveria ter salvaguardado a independência de Cabinda. Este é um assunto polémico. A mim, que sou tão novo, diga-me quais são as particularidades económicas, naturais, sociais ou históricas que poderiam fazer de cabinda um território independente?

Maria Rosalia Silva:

Estou plenamente de acordo consigo. A Matilde fez-me lembrar a Maria Eduarda de "Os Maias".

Carolina:

A nostalgia é a vontade de viver uma mesma experiência da mesma maneira como se fosse a primeira vez. Mas atenção: não se agarre muito a isso que pode ter desilusões. Obrigado pelo seu comentário.

Afixado por: José Alberto Ortigão de Oliveira em janeiro 8, 2004 01:26 PM
José:
é só para dizer que estás "formalmente" convidado para dirigires as discussões que daqui para a frente possam existir, aqui no blog, sobre o romance de Miguel Sousa Tavares. Aconselho-te a dar uma vista de olhos por todos os comentários enviados anteriormente e a entrares em contacto com as pessoas respectivas para as trazeres novamente para a discussão.
Quanto a mim vou acompanhando. Quando achar por bem intervir, cá aparecerei.
Aceitas o desafio?

Afixado por: Sandra em janeiro 8, 2004 02:33 PM
A minha experiência com a escrita de Miguel Sousa Tavares resume-se apenas ao livro "Sul", que recomendo. Aí já pude ver a riqueza descritiva da sua narrativa, dado que se trata dum livro de viagens. No meu blog, fiz até dois extractos da obra (posts n.º 128 e 136 ). Depois de ver estes comentários, senti necessidade de ler o "Equador", que já lá anda por casa (leituras da minha mulher).

Afixado por: marcos osório em janeiro 8, 2004 03:56 PM
Em entrevistas que tem dado, Miguel Sousa Tavares explica as razões da valorização do discurso descritivo: influências do seu trabalho como jornalista (e como "escritor de reportagens"). A descrição de ambientes é, neste contexto, absolutamente fundamental. Neste seguimento, "Equador", não poderia fugir "à regra". Antes pelo contrário, pelo conteúdo (estória) do próprio romance.
Quanto à leitura da obra, nesta altura, é um "pecado capital" não a fazer.

Afixado por: Sandra em janeiro 8, 2004 07:11 PM
Sandra:

Aceito o teu desafio. Sobretudo porque sou licenciado em história e pós-graduado em Jornalismo. Não faço mais, portanto, que a minha obrigação. Quanto à situação das colónias portuguesas em si, o livro realça bem um aspecto importante com elas relacionado que é a vontade de D. Carlos em não ter mais nenhum ultimatum. Será que D. Carlos teve mais alternativas que não fosse ceder à Inglaterra o território mais central que separava Angola de Moçambique. O grande problema é que a exploração que tinha sido feita até Serpa Pinto, Brito Capelo e Roberto Ivens, fora muito superficial, no seguimento da tradição portuguesa voltada mais para o mar que para as regiões mais interiores. E uma vez que o exército inglês era muito mais forte acho que não tínhamos alternativa que não fosse evitar a guerra cedendo os territórios que referi. Salazar também podia ter feito o mesmo em 61. Quanto à colónia de S.Tomé e Príncipe, o Problema de D. Carlos era então mais relacionado com a maneira como se encarava a escravatura, a qual era aliás proibida por lei. Será que nós tratávamos assim tão mal os nossos escravos? Uma questão a estudar.

Marcos:

foi uma decisão muito favorável. Já agora convido-o a entrar no debate à medida que for lendo o livro.

Porto, 9/1/2004


Afixado por: José Alberto Ortigão de Oliveira em janeiro 9, 2004 06:30 PM
José:
duas coisas:
1º- também sou licenciada em História, sendo que assim somos colegas ;) (Tenho igualmente um Curso de Especialização em Ciências Documentais, variante Arquivo).

2º- Julgo que a questão relevante não é saber-se se tratávamos assim tão mal os nossos escravos mas antes, reflectir sobre a pratica da escravatura - numa das colónias (aquela que agora nos interessa)- numa altura em que a abolição já se tinha verificado.

Desejo-te toda a sorte na gestão desta tua "nova tarefa": discussão em torno do "Equador". :))

Afixado por: Sandra em janeiro 9, 2004 07:23 PM
A reunião que Luís Bernardo teve com algumas das individualidades da Colónia demonstrou bem qual era a mentalidade portuguesa na altura. Por altura das seu regresso da maior das roças (não fixei o nome) Luís Bernardo apercebe-se junto do trabalhador que o acompanhava da real situação de falta de liberdade prática que imperava:"À força de habitar a sua ausência, ele acabara por decifrá-los, por conhece-los(...)Vira os negros e sua silenciosa resignação, vira os seus corpos, os músculos retesados no limite da capacidade, da exaustão(...)"(pág. 209). Acho que Portugal nunca assimilou muito bem o final da escravatura nas suas colónias. Considero mesmo que o tal contrato de trabalho não passaria de uma formalidade. Luís Bernardo, apesar de nostalgicamente ansiar pelo regresso ao sossego da sua vida em Lisboa, assume uma missão e é, para já, em minha opinião, o representante do Portugal Novo que se estava a construir ainda que não de forma organizada. Tratava-se de mudanças essencialmente mentais. Ao longo da história sempre foi mais ou menos este o desafio do nosso pequeno país. Pena é que fosse e seja o desafio que apenas cabe a uma minoria.
Renovo o meu convite à participação no debate desta página a quem quer que aqui venha.


Afixado por: José Alberto Ortigão de Oliveira em janeiro 19, 2004 08:33 PM
Estou a achar uma certa piada à troca de conhecimentos entre os dois licenciados; Sandra/José.
Só não entendo José é o que queres dizer (em 8 de Janeiro)com a contradição em Luis Bernardo.
Qual contradição? Não entendo bem.

Afixado por: Luis Pinto em janeiro 30, 2004 09:50 PM
Luís,

Considero haver uma aparente, repito, aparente contradição em Luís Bernardo poism, de uma maneira geral, as pessoas melancólicas não são muito dadas a aventuras. São até pessoas bastante prudentes e recolhidas. Mas por outro lado ainda bem que me fazes pensar nessa questão uma vez que poderá dar-se a hipótese de Luís Bernardo ser uma pessoa em verdade melancólica mas que projecta essa melancolia na vida social algo intensa que leva. Não sei se já leste o livro(?) ou se ainda não chegaste à parte em que se descrevem as suas vivências de Luís Bernardo em S.Tomé, mas se se tratar do segundo caso, cedo compreenderás o tipo de pessoa sensível que é o nosso Luís Bernardo. Digo isto porque já li o livro. Porém, uma análise posterior é sempre positiva. Até Breve!

Zé Alberto

P.S.-quem quiser pode entrar nesta discussão. Se o próprio autor nos esclarecesse era óptimo.

Afixado por: José Alberto Ortigão de Oliveira em fevereiro 2, 2004 05:23 PM
José Alberto.
Luis Bernardo é um homem dos séculos XIX e XX.
Tinha 37 anos quando viaja para Vila Viçosa a convite do penúltimo rei de Portugal. Mas é, "principalmente" um homem de Lisboa. E o autor descreve-o como um homem "normal", de vivências assumidas. Relaciona-se com a sociedade que o rodeia e de que faz parte, não esconde os seus amorios com coristas e bailarinas, uma ou outra senhora casada e até com um soprano que passou pelo S.Carlos.Daí não estar de acordo ao dizeres que as "pessoas melancólicas não são dadas a aventuras". Luis pode estar melancólico e não ser melancólico... aliás, viver em S.Tomé, especialmente na época em que é retratada, não é "tarefa" fácil para qualquer pessoa (homem ou mulher)habituada à liberdade da "civilização" e aos prazeres da vida.
Mas, vamos lá, dou-te o benecifio da dúvida... Repara que a revolução francesa, que tanto abalou as sociedades aristocráticas,incluindo os próprios poderes reais que tremeram com as "novas ideias", deve ter incutido um sopro de ar fresco no modo de pensar, especialmente na malta jovem. Muito embora Luis Bernardo não tivesse concluido o curso de Direito, não era própriamente um inculto, antes pelo contrário.É portanto normal que este homem, rodeado na flor da idade por uns imbecis de roceiros que tinham na mira apenas o lucro, estivesse ou andasse "melancólico". Para ele já não deveria fezer sentido a "exploração do homem pelo homem". Isso ressalta no romance "Equador", no julgamento dos revoltosos - sequência, aliás, muito bem escrita - onde se assume defensor dos negros.
Não te prometo grande assiduidade aqui ao blog mas vai expondo as tuas ideias.

Afixado por: Luis Pinto em fevereiro 3, 2004 12:55 PM
Luís,

Subscrevo as tuas palavras.

Zé Alberto

Afixado por: José Alberto Ortigão de Oliveira em fevereiro 3, 2004 03:46 PM
Comentário final e pessoal à obra:

Trata-se fundamentalmente de um livro triste, mas "verdadeiro", que nos mostra até que ponto pode ser valorizado o valor da honra em determinadas circunstâncias de maior tensão. Talvez esta resolução dramática dos problemas fosse um comportamento recorrente relativamente à época que é descrita. Confesso que o livro me surpreendeu bastante uma vez que estava à espera de um fim "cor-de-rosa". Mas a vida deste pequeno país teve sempre destas coisas, destas personagens e destes acontecimentos. Os homens e as nações vivem e actuam em proporção às circunstâncias nas quais se inserem. E, tendo isso em conta, o fim trágico de D.Carlos e da colónia de S.Tomé(a partir de então boicotada) parecia, repito, parecia previsível. Quanto a Luís Bernardo e ao seu fim fica-nos o exemplo de um personagem que se distinguiu pela sua honradez ainda que esta não tivesse sido reconhecida. Espera-se de Miguel Sousa Tavares que nos presenteie com um novo romance.

Afixado por: José Alberto Ortigão de Oliveira em fevereiro 3, 2004 04:00 PM
Fiquei presa da 1ª à última página. Li o livro em tempo recode. No final ficou a sensação de ter lido Eça com final de Camilo. Mas gostei muito. Fazia falta um escritor assim na literatura comtemporanea Portuguesa. Venha o próximo romance...

Afixado por: carla em fevereiro 10, 2004 12:03 PM
Junto com Mau Tempo no Canal de Nemésio, forma a dupla dos melhores romances dos últimos 100 anos

Afixado por: Tiago Bastos em março 15, 2004 05:32 PM
É necessário separar o real do verosímel, e o segundo visita por vezes uma obra literária. A suposta melancolia do personagem principal pertenceria à psicologia e não à história. Da mesma maneira é conveniente não cometermos erros de anacronismo ao julgar comportamentos que manifestam os comportamentos de uma época, a moral pode ser uma ontologia para a filosofia, mas decerto perante a história penso que assumirá um carácter histórico, ou seja dinâmico

Afixado por: Fernando Carneiro em março 15, 2004 06:20 PM
Fernando
De acordo com o que apontas. Mas não levo a mal que se julgue o comportamento de uma época. Todavia esse julgamento é sempre subjectivo porque o pensamento do homem de hoje é diferente do homen de ontem. O que, no passado, pode levar um individuo a dizer ou cometer um determinado acto que ao tempo teria razão de ser, estaria hoje, talvês, na prateleira do anacronismo, ou seja, fora da época. A moral pode ser universalmente válida, estar de acordo com as regras instituidas por um determinado grupo social.Mas a metafísica bem pode estudar a diferença do ser quanto inserido em culturas distintas.E tu sabes as enormes contradições das culturas universais que querem sempre fazer valer a sua "moral" como a mais consistente e a mais lógica. Perente isto, separar o veriosímil do real, não me parece tarefa fácil porque há coisas verosimeis que são plausíveis.
Grande abraço.

Afixado por: Luis Pinto em março 23, 2004 11:08 AM
Fernando
De acordo com o que apontas. Mas não levo a mal que se julgue o comportamento de uma época. Todavia esse julgamento é sempre subjectivo porque o pensamento do homem de hoje é diferente do homen de ontem. O que, no passado, pode levar um individuo a dizer ou cometer um determinado acto que ao tempo teria razão de ser, estaria hoje, talvês, na prateleira do anacronismo, ou seja, fora da época. A moral pode ser universalmente válida, estar de acordo com as regras instituidas por um determinado grupo social.Mas a metafísica bem pode estudar a diferença do ser quanto inserido em culturas distintas.E tu sabes as enormes contradições das culturas universais que querem sempre fazer valer a sua "moral" como a mais consistente e a mais lógica. Perente isto, separar o veriosímil do real, não me parece tarefa fácil porque há coisas verosimeis que são plausíveis.
Grande abraço.

Afixado por: Luis Pinto em março 23, 2004 11:09 AM
Caros Luis e Fernando,

Cai neste Blog por acaso e tendo lido o "Equador" espero so' que o Miguel Sousa Tavares nao esteja a ler as vossas insuportaveis e pretensiosas diatribes literario-filosoficas. Por favor, pelo vosso bem, e pela saude de quem continuar a ler este Blog (que nao eu certamente), nao escrevam nem mais uma linha antes que seja demasiado tarde!
Vasco

PS: Devo confessar que ao fim ao cabo ate me diverti a ler os vossos ensaios. "Erros de anacronismo" e "verosimeis plausiveis", sao divinos....... O poeta Thomas de Alencar dos Maias nao teria dito melhor. Talvez vos desse bengaladas por esse Chiado abaixo....


Afixado por: Vasco Marcal Grilo em março 24, 2004 11:09 PM
Meu Caro Vasco
Ri a bom rir pela tua fulgurosa entrada no Blog. Tu tens razão na divindade dos "verosimeis plausiveis"; mas Alencar não tinha jeito para bengaladas. Carlos sim, força no Damaso.
Espero que voltes.

Afixado por: Luis Pinto em março 25, 2004 09:07 PM
Fabuloso, sou um novatos nestes romances históricos, fiquei deslumbrado com a historia, a escrita, a imaginação....
Um dia após terminar o livro, sonhei meio acordado que aqueles que se me tornaram quase reais, e que continuam, em São Tomé a contemplar as suas pegadas deixadas na areia, ainda com o sabor de beijo salgado na boca.
Pena tive com o final algo trágico, esperava derramar uma lágrima de fantasia, e não o renovado contacto com a já de si entediante realidade.
Boa Miguel Sousa Tavares continue......

Afixado por: Miguel Faria em abril 7, 2004 02:41 PM
Parabens, Miguel Sousa Tavares pelo seu debutar na escrita de Romances. Devo dizer que a príncipio não estava muito receptivo à leitura deste livro. Achava-o grande e tinha para mim que devia ser enfadonho e aborrecido. Mas, e lá vai mais um lugar comum, fiquei completamente rendido de início. É impressionante como Equador consegue prender as nossas mãos e os nossos olhos às suas páginas. Lia o livro à noite antes de adormecer e às vezes até sonhava com a história! Impressionante, nunca me tinha acontecido. Hoje fiquei até às três da manhã colado às páginas e consegui acabar...ao contrário das outras noites, esta correu-me mal. Fiquei completamente de rastos com o fim da personagem principal...aquelas ultimas páginas em que ele ainda acredita no amor de Ann, em que a vai a casa dela para a resgatar, a lealdade de Sebastião até ao último segundo...até agora estou com um nervoso miudinho no estômago.
Este livro é daqueles que merece ser passado para o cinema! Que acham, amigos? Equador no cinema com a nata dos actores portugueses e um grande realizador e com a fotografia do filme A Selva.Depois juntam-se as paisagens de S.Tomé e Principe...era magnífico e um contributo determinante para o cinema português.
Mais uma vez os meus parabéns, Miguel Sousa Tavares.

Afixado por: Ricardo Durand em abril 12, 2004 01:50 PM
Estou a lêr o livro com grande entusiasmo e com muito interesse...vou, sensivelmente a meio e já encontrei alguns anacronismos...
assim, por exemplo, quando na pag.32 se diz que o dia 1 de Novembro é o dia dos mortos, não é verdade, porquanto este é o dia de Todos-os-Santos, sendo que o dia seguinte, 2 de Novembro, é que é o dia de Finados....
ainda em relação a este mesmo dia e no ano de 1905, foi 4ª feira e não domingo...
...a pág.105, diz-se que Angola seria 10 vezes maior que Portugal, quando na instrução primária nos ensinavam que são 14 vezes e meia....
...a pág. 149 fala-se de um delegado do procurador da república, quando em 1905 ainda estávamos em plena monarquia...
Vou lêr com muita atenção o resto do livro na esperança de que estes sejam somente "erros de percurso", se bem que os mesmos não deslustrem em nada o valor da obra....

Afixado por: Marcos Casquinha em abril 12, 2004 03:37 PM
Então meu caro Marcos? Já encontraste mais "erros de percurso"?

Afixado por: Luis Pinto em abril 26, 2004 10:57 PM
não, Luis, não encontrei mais...
primeiro porque me embrenhei na leitura do livro, bastante interessante, e depois, porque a haver mais, e disso não duvido, não tenho conhecimentos e nem hipótese de verificar a veracidade de alguns outros que eventualmente lá estejam....
reitero, entretanto, a ideia já apresentada de que isto não deslustra o valor da livro do Sousa Tavares....

Afixado por: Marcos Casquinha em abril 27, 2004 01:37 PM
Brasileiro que sou dei Equador a vários amigos ... pois ainda nao o tinha lido. De qualquer forma, continuarei a presentear com o MST ... De inicio, sempre simpatizei Luis Bernardo Valença ... concordei com suas ideias, apaixonei-me por Ann, viajei pelas roças com ele, enfim vesti o livro.
O final, entretanto, foi injusto aos criativos, cultos e apaixonados. ...
Parabens de alem mar ao Miguel S Tavares ... ele tem fãs aqui no Brasil.


Afixado por: Humberto Golfieri Jr em dezembro 2, 2004 12:45 AM
este livro e uma caca .. so palha mts folhas .. Escreves Escreves e n dizes nada .. e claro q fico Chateada!! LOL mas o seu livro servio .. foi bastante util qnd faltou papel higienico!! LOLOL arranha um bocadinho n e igual ao scotex mas faz o mesmo efeitO! alias fiquei com u cu culto e dividido tal comuu eQuadOr nalga norte nalga sul!! LOOOOL

Afixado por: Galileu portugues LOLOL em dezembro 22, 2004 02:26 PM
Estou a ler com prazer o livro Equador.
Estou na chegada do navio a S.Tomé.
Observações :
1ª Na viagem para S. Tomé, em 1893, Luís Bernardo leva consigo uma grafonola e discos dos seus compositores preferidos Beethoven, Mozart, Verdi e Puccini.
Os discos planos percursores dos discos de vynil foram patentados por Berliner em 1896 e em 1893 estreou-se a ópera Manon Lesqaut de Puccini a primeira das suas ópera que ficou conhecida.
Não ficam dúvidas quanto à celeridade dos circuitos de comercialização da época !
2ª De facto algo de insólita a dança da viagem :Saída de Lisboa,sem passagem pela Madeira, Luanda Benguela e S.Tomé.
3ª Partida de Benguela há dois dias e no dia seguinte chegará a S. Tomé ou seja num total de viagem de três dias para percorrer cerca de 1.500 km. o que é bastante improvável.
Talvez fosse mais realista adoptar 6 dias e tal ....


Afixado por: José A Pinto em janeiro 4, 2005 11:54 AM
Ja li e reli o "equador"... na verdade, apaixonei-me pelo livro e volto a ele quando me apetece para reler esta ou aquela página apenas pelo prazer de ler e voltar a sentir e reviver de novo as palavras.. as frases.. os personagens.. as vidas e os seus destinos... adorei! Literariamente é muito bom que a literatura portuguesa seja ela qual for seja lida em países com a mesma língua como o brasil, s.tomé, angola etc. algo nos une! e quem sabe se hoje mesmo, uma vez mais não nos apetece ir de novo até ao equador...afinal a mesma frase...
nunca se lê da mesma maneira...
cumprimentos a todos os leitores do Equador,
Maria

Afixado por: Maria Marques em janeiro 25, 2005 03:26 PM
OBRIGADO,Miguel Sousa Tavares por me ter feito sonhar com este belo romance e aguardo com muita ansiedade pelo próximo. MUITOS PARABÉNS.

Afixado por: MONICA GUICHO em janeiro 27, 2005 10:59 AM


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