segunda-feira, 16 de agosto de 2010

2553 - O QUINHENTISMO

Origens
1500

MARCO

Obra

A CARTA (1500)

Autor

Pero Vaz de Caminha (1437-1500)

CONTEXTO HISTÓRICO

Após o descobrimento do Brasil, em meados de 1500, a Coroa portuguesa passou a se interessar pelo país e a enviar expedições colonizadoras, às quais cabia dar parte ao rei de tudo quanto no seu vasto território houvesse.

A adoção do sistema de capitanias hereditárias, a expedição de Martim Afonso e o estabelecimento do governo geral, em 1549, em Salvador, na Bahia, foram fatos marcantes no processo de colonização do Brasil. Com o primeiro governador geral, Tomé de Souza, chegaram os primeiros jesuítas, chefiados por Manuel da Nóbrega, com a missão de catequizar o indígena, marcando o início da organização da vida administrativa, econômica, política, militar, espiritual e social do Brasil-Colônia.

CARACTERÍSTICAS

No cumprimento de suas tarefas, portugueses colonizadores, jesuítas, viajantes aventureiros dão origem às primeiras manifestações literárias do período, cujas primeiras obras são predominantemente informativas. Seus textos, marcados pela subjetividade cultural do europeu, descrevem a fauna, a flora, os habitantes nativos e as condições de vida na terra recém-descoberta. Apesar de não ser considerada literária, essa crônica histórica tem seu valor, pois além da linguagem e da visão de mundo dos primeiros observadores do país, revelam as condições primitivas de uma cultura nascente.

Nesse primeiro século da nossa formação, a literatura informativa do colonizador português é representada inicialmente pela Carta de Pero Vaz de Caminha, relatando o descobrimento do Brasil a D.Manuel. Historicamente, é uma verdadeira certidão de nascimento do país e dá início a um período de três séculos na nossa literatura: o Período Colonial, que inclui, além do Quinhentismo, o Barroco e o Arcadismo.

Outro documento da época é O Diário da Navegação (1530) de Pero Lopes de Souza. Não é tão importante como a carta de Caminha, mas enquadra-se nas crônicas de viagens, prestando informações a futuros colonizadores e exploradores de Portugal. Sem muitos dados históricos, relata a expedição de Martim Afonso de Souza ao Brasil, em 1530, como também o comando de Pero Lopes no retorno da esquadra a Portugal. Apenas em uma ou outra passagem, faz alguma referência histórica, ressaltando a beleza da terra e de seus habitantes. Narra eventos e aponta observações náuticas e geográficas, o que o torna um documento de interesse para a história marítima de Portugal e para a da colonização do Brasil.

Essencialmente informativas, as obras: História da Província de Santa Cruz a que Vulgarmente Chamamos Brasil (1576) e Tratado da Terra do Brasil, publicado somente em 1826, de Pero de Magalhães de Gândavo, e Tratado Descritivo do Brasil em 1587 (1587), de Gabriel Soares de Souza, inauguram atitudes e lançam sugestões temáticas. Manifestações que serão retomadas por alguns escritores brasileiros pertencentes ao Modernismo , tais como Oswald de Andrade (Pau-Brasil) e Mário de Andrade (Macunaíma).

O trabalho informativo, pedagógico e moral dos jesuítas tem como expoentes as obras dos padres Manuel da Nóbrega, Fernão Cardim e José de Anchieta. Nóbrega, com a carta noticiando sua chegada ao território brasileiro, inaugura, em 1549, a literatura informativa dos jesuítas. Além da vasta correspondência em que relata o andamento da catequese e da obra pedagógica a outros membros da Companhia de Jesus, escreve o Diálogo Sobre a Conversão do Gentio (1557), única obra planejada e com valor literário reconhecível. Nela, sua intenção é convencer os próprios jesuítas do significado humano e cristão da catequese.

As obras de Cardim Do Clima e Terra do Brasil e de Algumas Coisas Notáveis que se Acham Assim na Terra como no Mar; Do Princípio e Origem dos Índios do Brasil e de Seus Costumes, Adoração e Cerimônias, Narrativa Epistolar de Uma Viagem e Missão Jesuítica revelam um certo planejamento literário, independentemente da informação epistolar.

Quanto à valorização literária, José de Anchieta destaca-se como o único autor desta época cuja produção extrapola o caráter meramente histórico. Escreveu poemas líricos, épicos, autos, cartas, sermões e uma pequena gramática da língua tupi. Além do caráter informativo e educacional, algumas de suas criações literárias visavam, apenas, satisfazer sua vida espiritual.

BIBLIOGRAFIA



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