domingo, 27 de maio de 2012
IRRIGAÇÃO DO NORDESTE
GERAÇÃO HELIOTÉRMICA: UMA NOVA OPÇÃO
DE ENERGIA LIMPA PARA O BRASIL1
Evandro Sérgio CAMÊLO CAVALCANTI
Centro de Pesquisas de Energia Elétrica-CEPEL
Caixa Postal 68.007
Rio de Janeiro 21.941-590, BRASIL
e-mail: camelo@cepel.br
Rubem Bastos Sanches de BRITO
Ministério de Minas e Energia-MME
Departamento Nacional de Desenvolvimento Energético
Brasília, 70065-900, BRASIL
e-mail: rubembrito@mme.gov.br
Resumo
A geração heliotérmica de eletricidade apresenta-se como uma excelente opção
para o setor elétrico brasileiro, predominantemente hidráulico, pois a medida que os
recursos hídricos decrescem nos períodos de seca, aumenta o potencial solar devido a
menor interferência de nuvens e radiação solar mais intensa. A combinação solar/hidro
possibilita um planejamento equilibrado para minimizar influências devido às variações
no clima. A região Nordeste brasileira apresenta as melhores condições climáticas para a
instalação de plantas heliotérmicas. Apresenta-se neste trabalho a análise das três
tecnologias heliotérmicas mais desenvolvidas, a saber: cilindro parabólico, torre central e
disco parabólico. Estima-se que a demanda de eletricidade para atender as metas de
irrigação do semi-árido nordestino seja da ordem de 4.500 a 7.500 MW, em função do
tipo de tecnologia de irrigação usada e da distância à fonte.
1 Artigo a ser submetido ao VIII Congresso Brasileiro de Energia – CBE, a ser realizado no
Rio de Janeiro (RJ), 30 de Novembro a 2 de Dezembro, 15p., 1999.
Introdução
A energia solar é a forma mais abundante de energia disponível do mundo, mas
também é uma das formas mais diluída e intermitentes (KREIDER & KREITH, 1985).
É uma alternativa importante para a geração de eletricidade que oferece vantagens
econômicas e ecológicas. Algumas destas vantagens são: inesgotável, fonte de energia
renovável e gratuita; geração de eletricidade livre de contaminantes gasosos como: CO2,
SO2 e NOX; níveis de poluição aceitavelmente baixos quando complementada com
combustíveis fósseis; e reduzida necessidade de área (3,0 ha/MWe) quando comparanda
a outras fontes renováveis (Hidráulica: 55,0 ha/MWe em média) (CEMIG, 1995)
(ANDERSON & AHMED,1995), isto é,. impacto ambiental mínimo ao meio ambiente.
A conversão da energia solar em energia mecânica e/ou elétrica tem sido objeto
de experiências por mais de um século. Em 1872, MOUCHOT exibiu uma imprensa
acionada a vapor durante à Exposição de Paris, e em 1913 um sistema de irrigação solar
começou seu breve período de operação em Meadi no Egito. Estes e outros
desenvolvimentos utilizaram coletores concentradores para fornecer vapor para acionar
estas máquinas (DUFFIE & BECKMAN, 1991) (De LAQUIL et al., 1993). Uma
interessante revisão histórica destas experiências foi apresentada por JORDAN & IBELE
(1956).
Progresso significativo foi alcançado no desenvolvimento de tecnologias
heliotérmicas tornando-as economicamente competitivas para a geração de eletricidade.
Durante o início dos anos 80, foram construídas várias e importantes plantas pilotos que
operam satisfatoriamente, estabelecendo-se assim a viabilidade da tecnologia (HOLL &
BARRON, 1989). Hoje mais de 354 megawatts de eletricidade são gerados através de
plantas heliotérmicas comerciais nos Estados Unidos (HOLL & BARRON, 1989) (De
LAQUIL et al., 1993) (GRASSE, 1994a), e a experiência ganha destas plantas, além das
atividades de pesquisa e desenvolvimento, ajudou a reduzir o custo dos sistemas
heliotérmicos para um-quinto daquele das primeiras plantas pilotos (De LAQUIL et al.,
1993). Sem dúvida, as melhoras tecnológicas futuras reduzirão os custos mais ainda,
além de contribuir para melhorar os níveis de desempenho. Estes avanços, junto com
reduções de custo viabilizadas pela escala de produção, possibilitarão a construção de
uma sucessão de plantas heliotérmicas, prometendo tornar o custo de geração dos
sistemas heliotérmicos competitivo em relação às plantas de combustível fóssil.
O "Plano Nacional de Energia Elétrica 1993/2015 - PLANO 2015"
(ELETROBRÁS, 1994, 1995, 1999) analisou as alternativas por ampliar o sistema
elétrico do brasileiro nas próximas décadas, considerando o fornecimento e demanda de
energia em diferentes cenários de crescimento. Várias alternativas para o uso do
potencial hidroelétrico brasileiro conduziram o setor de elétrico a considerar a
necessidade de: (i) preparar um plano para a geração termoelétrica a carvão e gás
natural; (ii) estudar e avaliar projetos de plantas pré-comerciais para geração de
eletricidade usando fontes alternativas, tendo em vista, que este tipo de geração é
ambientalmente compatível.
As considerações apresentadas motivaram o objetivo deste trabalho para a
identificação de um mercado potencial para a geração heliotérmica visando a
implantação de uma planta pré-comercial no Brasil.
Mercado Potencial para Plantas Heliotérmicas
Brasil é um país com elevado potencial para a implementação de plantas
heliotérmicas, por causa da grandes áreas com disponibilidade de radiação solar e a
proximidade do equador. Energia solar em quantidade suficiente para uso em grande
escala comercial é predominantemente disponível na área de semi-árido, localizada
principalmente na Região Nordeste brasileira. Esta área apresenta as melhores condições
climatológicas para a instalação de plantas térmicas solares, como, baixa nebulosidade,
precipitação reduzida, baixa umidade, alta insolação, e o mais alto nível de radiação solar
direta disponível no Brasil.
Na região Nordeste, principalmente na bacia do rio São Francisco, há
aproximadamente 30,8 milhões de hectares de terra irrigáveis distribuídas em dezessete
áreas prioritárias, mas por causa de algumas restrições como distância à fonte ou altura
de bombeamento, este valor é reduzido a 8,1 milhões. Infelizmente, não existe água
suficiente para irrigar esta área. Além disso, considerando o uso múltiplo da água nesta
região, apenas 1,5 milhões de hectares do semi-árido podem ser irrigados no futuro
(CODEVASF, 1991). Assim, a demanda potencial de eletricidade associada com a
irrigação é estimada como sendo da ordem de 4,500 a 7,500 MW, em função da
tecnologia de irrigação utilizada e da distância a fonte.
O potencial hidrelétrico da região Nordeste é da ordem de 26,700 MW; dos quais
mais de 13,350 MW já são explorados em plantas hidrelétricas ao longo do rio São
Francisco (Três Marias, Sobradinho, Paulo Afonso, Moxotó, Xingó e Itaparica). Os
recursos desta região serão utilizados completamente no início do próximo século e os
custos marginais de novas plantas subirão rapidamente (ELLIOT, 1994).
A limitação do uso da hidreletricidade e a demanda potencial de eletricidade para
irrigar o semi-árido na região Nordeste apoiam a idéia de associar a geração heliotérmica
a projetos de irrigação. Esta associação criará maior disponibilidade de energia nesta
região. Esta energia conduzirá a vários benefícios, tais como: crescimento local e
desenvolvimento; implementação de benefícios sociais locais; oferta de empregos novos
no campo que evitando-se o êxodo rural; mais água poderá ser direcionada para a
irrigação ao invés da geração; a hidreletricidade não usada para irrigação estará
disponível para outras aplicações; além de outros.
Opções de Fontes de Energia Renováveis para a Irrigação
O custo da eletricidade obtida a partir do aproveitamento de energia renovável
varia e depende da tecnologia usada. Além disso, o custo desta energia depende,
também, das características de outros equipamentos do sistema e da variação na
demanda de eletricidade, a qual é influenciada pelo clima, hora do dia e mês do ano. A
determinação do custo de energia não é simples para a geração intermitente: eólica,
fotovoltaica, e heliotérmica. A flutuação na produção de eletricidade intermitente gera
novos problemas para o gerenciamento de sistemas produtores. Sistemas de
armazenamento de eletricidade podem reduzir o custo para atender flutuações na
demanda ou na fonte. A escolha da tecnologia é principalmente determinada pelas
características do local como: localização geográfica do sítio, demanda de carga elétrica,
além de outros. Tipicamente o custo da energia a partir de fontes renováveis cairam a
metade na última década e espera-se que caia a metade durante os próximos dez anos.
Na Tabela I, apresentam-se alguns exemplos de redução de custos que foram alcançados
e esperados para algumas tecnologias usadas para o aproveitamento de fontes renováveis
(OECD/IEA, 1997).
A geração eólica apresenta o mais baixo custo de energia, mas como os projetos
de irrigação na região Nordeste de Brasil serão desenvolvidos principalmente na bacia do
rio São Francisco, onde o potencial da energia eólica não é tão atraente para explorar em
comparação com a radiação solar direta disponível. As exigências de carga para
irrigação durante aproximatemente dezoito horas por dia requerem armazenamento de
energia, que poderá ser feito na forma de calor, gás de síntese ou água. Considerando a
escala desejada de demanda de 1MWe a 30 MWe para cada planta, a geração
heliotérmica apresenta-se como a melhor solução de armazenamento e menor custo de
energia quando comparados à geração fotovoltaica. Assim, por causa destas razões a
geração heliotérmica é a escolha adequada para esta região e aplicação.
No desenvolvimento de tecnologias heliotérmicas a atenção tem se voltado para
o aperfeiçoamento de vários processos, a saber: a captação da radiação solar; sua
conversão para aquecer; o transporte e armazenamento do calor e sua conversão final
para eletricidade. Assim, as tecnologias de heliotérmicas (cilindros parabólicos, torres
centrais, e discos parabólicos) baseiam-se em quatro componentes básicos: coletor,
receptor, transporte-armazenamento, e conversão de potência. O coletor captura e
concentra a radiação solar que é entregue então ao receptor. O receptor absorve a luz
solar concentrada e transfere a energia térmica a alta temperatura para um fluido de
TABELA I. Redução de Custos Verificados e Esperados para Algumas Fontes Alternativas (OECD/IEA, 1997)
TECNOLOGIA CUSTO ATUAL DA ENERGIA
(US$/KWH)*
QUEDA DO CUSTO DA ENERGIA
NOS ÚLTIMOS 10 ANOS (%)
REDUÇÃO ESPERA NO
CUSTO DA ENERGIA EM
10 ANOS (%)
PCH 0,02 – 0,10 constante ligeiro aumento
BIOMASSA
Queima de Rejeitos 0,02 – 0,14 constante, mas agora elevando-se elevação contínua
Digestão Anaeróbica 0.02 – 0,14 5 - 10 5 - 10
Gás de Lixo Urbano 0,04 – 0,06 10 - 15 ligeiro aumento
Energia de Florestas e Cultivo
de Grãos
0,05 - 0,08 (calor)
0,08 - 0,15 (elétrico)
5 - 10 (calor)
10 - 15 (elétrico)
10 - 15 (calor)
30 - 50 (elétrico)
BIOCOMBUSTÍVEIS
Etanol 0,24 - 0, 37 (US$/litro) 5 - 10 25 - 50
Biodiesel 0,40 - 0,52 (US$/litro) 5 - 10 20 - 25
AQUECIMENTO SOLAR
DIRETO
0,03 – 0,20 30 - 60 30 - 50
GERAÇÃO HELIOTÉRMICA 0,10 – 0,25 50 25
FOTOVOLTAICA 0,50 – 1,50 40 40 - 50
GERAÇÃO EÓLICA 0,04 – 0,10 30 - 50 20 - 25
* os valores podem variar de sítio para sítio e de país para país.
trabalho. O sistema de transporte-armazenamento leva o fluido do receptor para o
sistema de conversão de potência; em algumas plantas heliotérmicas uma parte da
energia térmica é armazenada para uso posterior. O sistema de conversão de potência
consiste de uma máquina de térmica que aciona um gerador elétrico assegurando a
conversão da energia térmica em energia elétrica, de forma semelhante a geração de
eletricidade convencional a partir de combustíveis fósseis ou fontes nucleares.
As tecnologias heliotérmicas concentram radiação solar por meio de refletores
ou lentes que rastream o sol, focalizando os raios solares sobre um receptor, onde a
energia solar é absorvida como calor para em seguida ser convertida em eletricidade ou
incorporada a produtos na forma de energia química, como no caso da produção do gás
de síntese. Os dois sistemas heliotérmicos básicos, receptores distribuídos e receptor
central, empregam, respectivamente, vários pontos ou focos lineares e uma única
cavidade focal onde a radiação solar direta é concentrada. As três principais tecnologias
mais desenvolvidas são diferenciadas pela
característica da superfície refletora na qual a
radiação solar é coletada e refletida (WINTER et
al., 1991) (De LAQUIL et al., 1993) (GRASSE,
1994a, 1995). Eles são o sistema de cilindroparabólico,
o sistema de disco-parabólico,
conhecido como receptores distribuídos e o
sistema de solar de torre conhecido como
receptor central (De LAQUIL, 1993) (GRASSE,
1994a e 1994b), veja Figuras de 1 a 3.
Figura 1.
Cilindro-parabólico
Na Tabela II, apresentam-se as principais características técnicas e econômicas
das tecnologias heliotérmicas mais comuns (HOLL & BARRON, 1989),
(PILKINGTON, 1996), (OECD/IEA, 1997), (SolarPACES, 1999) e.(PSA, 1999).
As tecnologias heliotérmicas são apropriadas para uma série de aplicações,
podendo ser usadas para atender o pico de demanda ou cargas intermediárias a nível das
concessionárias, ou instaladas como sistemas modulares em áreas isoladas. Na Figura 4,
apresenta-se a comparação do custo da energia gerada com tecnologias heliotérmicas em
relação a outras fontes em função do tipo de carga (PSA, 1999).
Na Tabela III, apresenta-se a comparação entre as três escolhas tecnológicas,
diferenciando-as quanto à aplicação, avanços alcançados e características especiais
(PILKINGTON, 1996). Na Figura 5, tem-se a projeção do custo de energia gerada para
as próximas décadas (PSA, 1999). Deve-se destacar que a redução de custo é baseada
no crescimento do mercado, bem como, na maturidade dos avanços tecnológicos a ser
Figura 2. Torre Central Figura 3. Disco Parabólico
alcançada.
TABELA II. Características das PrincipaisTecnologias Heliotérmicas.
TECNOLOGIA CILINDRO
PARABÓLICO
TORRE
CENTRAL
DISCO
PARABÓLICO
Radiação Solar Mínima
(W/m2)
300 300 300
Classe de Potência
(MW)
30-40 30-200 0,010-0,050
Temperatura de
Operação
(°C)
200-500 500-1000 500-1200
Concentração 60-90 500-1,200 600-2000
Custo de Investimento
(US$/kW)
2890-4500 1100-4800 6000-10000
Custo de
Energia(US$/MWh)
60 – 130 120- 185 270-330
Eficiência de Pico (%) 21 23 29
Eficiência Anual Global
(%)
10 -12 (d)
14 - 18 (p)
14 - 19 (p) 18 -23 (p)
Fator de Capacidade
Anual (%)
24 (d) 25 a 70 (p) 25 (p)
* (d) demonstrado; (p) previsão
Considerações Finais e Conclusões
O desenvolvimento de tecnologias e o aumento do uso de certos tipos de fontes
de energia, como por exemplo, o carvão, pode acentuar a causa de sérios problemas
ambientais, tais como, a chuva ácida e o efeito estufa. A energia solar é uma importante
alternativa para a geração de eletricidade que oferece vantagens ecológicas e
econômicas.
Nuclear
Hidro
SEGS
ISCCS
Eólica
Disco/Stirling
Torre Central
PV
0 10 20 30 40 50
Base:
4000 - 7000 horas de operação
Carga Intermediária:
2000-4000 horas de operação
Pico:
500-2000 horas de operação
Intermitente:
2000-3000, capacidade não
garantida
Carvão (Preço Mundial)
CC (Gás Natural)
Turbina a Gás(DIESEL)
TG(Gás Natural)
Centavos de US$/kWh
Figura 4. Comparação de Custos de Geração (PSA, 1999)
US$/kWh
Custo Reduzido:
0,04 US$/kWh
Disco/Stirling
Torre Central
0
0,10
0,05
0,20
0,15
0,25
0,30
0,35
2000 2005 2010 2015 2020 Ano
Cilindro-Parabólico
Figura 5. Projeção do Custo de Energia para a Geração Heliotérmica (PSA, 1999)
As tecnologias baseadas no uso de fontes renováveis, oferecem soluções com o
menor impacto ambiental. Até mesmo em operação híbrida, as plantas heliotérmicas que
operam com combustíveis fósseis apresentam grande redução no impacto ambiental.
Embora medidas efetivas não tenham ainda sido implementadas em muitos
TABELA III Comparação das Principais Tecnologias Heliotérmicas
TORRE CENTRAL DISCO-PARABÓLICO CILINDRO-PARABÓLICO
APLICAÇÕES
Plantas Concectadas à Rede;
temperaturas para processo
elevadas
Sistemas isolados ou Sistemas de
baixa potência
Plantas Concectadas à Rede; Calor de
Processo
ESTÁGIO DE
DESENVOLVIMENTO
Testes e Plantas de Demonstração
de até 10 MWe; estágio comercial a
partir de 1999; adequada para
integração em ciclos combinados
Testes e Unidades de
Demonstração; Sistemas isolados de
até 50 kWe e sistemas modulares de
até 5 MWe; estágio comercial a
partir de 1998.
Comercial com plantas de 30 a 80 MWe;
Existem 354 MWe operando; Adequada
para integração em ciclos combinados
VANTAGENS
Excelente perspectiva de longo
prazo alcançar elevadas eficiências e
armazenamento à alta temperatura;
operação híbrida possível
Elevadas eficiências de conversão;
modularidade;
operação híbrida em
desenvolvimento
Comercialmente disponível com mais de
4500 GWh de experiência operacional;
operação híbrida provada; capacidade de
armazenamento
DESVANTAGENS
Projeções de custo não
demosntradas; heliostatos requerem
alta precisão de rastreamento
Back-up com combustível fóssil não
provado; dificuldade de
armazenamento; elevado custo;
ainda em desenvolvimento
Temperaturas baixas conduzem a
obtenção de vapor qualidade moderada
devido ao limite da temperatura do óleo
países para internalizar os custos ambientais da produção da eletricidade, isto certamente
irá ocorrer em breve, tornando desejável o desenvolvimento de tecnologias limpas para a
geração de energia. A geração heliotérmica tem um nicho bem identificado para o
fornecimento de energia em áreas com elevada radiação solar direta. (GRASSE,
1994a,1995).
As plantas heliotérmicas têm a menor necessidade de área quando comparada
com outras tecnologias alternativas, em particular, nos projetos hidráulicos, logo
apresentam o mínimo impacto ambiental. Exceto para hidrelétricas com grandes
quedas, as necessidades de áreas para projetos hidráulicos variam de aproximadamente
dez a diversas centenas de vezes aquelas de projetos solares para as eficiências de
conversão atuais, em média elas são de 25 a 50 vezes (ANDERSON & AHMED, 1995).
Embora as tecnologias heliotérmicas se apresentem promissoras, elas não serão
completamente utilizadas até que ocorra uma ampla cooperação entre governos,
concessionárias e setor privado. Além disso, incentivos mercadológicos devem ser
criados para que possam ser vencidas as barreiras que existem, especialmente junto a
comunidade financeira, pois os sistemas heliotérmicos são novos (e vistos como um
investimento de alto risco) e podem ser vistos como concorrentes das tecnologias
existentes.. Finalmente, os sistemas heliotérmicos precisam ser apoiados por políticas
reguladoras de longo prazo para que se faça sentir os benefícios sócio-econômicos do
uso evitado dos combustíveis convencionais (De LAQUIL et al., 1993) (GRASSE,
1994a) (PILKINGTON, 1996) e (SolarPACES, 1999).
Um importante passo para implementar o uso da energia solar em países em
desenvolvimento foi dado, em Março de 1994 através da criação do "Global
Environmental Facility-GEF". Esta iniciativa envolve a implantação de linhas de
projetos elegíveis para financiamentos de aplicações comerciais ou pré-comerciais.
Deve-se destacar que as tecnologias não estão congeladas por causa destes programas, o
que significa que algumas pesquisas, desenvolvimentos, e projetos de demonstração
usando energia solar podem ser elegíveis para as linhas de financiamento do GEF.
Visando introduzir as tecnologias heliotérmicas, como mais uma opção de
geração para o setor elétrico brasileiro (ELEBROBRÁS, 1999), o MME, MCT,
ELETROBRÁS, CEPEL, CHESF, COELBA, CODEVASF, PETROBRÁS e a
Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável-FBDS, estão preparando, com
recursos obtidos do GEF, um estudo de viabilidade técnico-econômica para a construção
da primeira planta heliotérmica pré-comercial a ser implantada no Brasil.
Referências
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