domingo, 27 de maio de 2012
FLORA DO NORDESTE
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27 de Maio de 2012
A magia do Nordeste Transmontano
Ao longo deste pequeno texto iremos falar-lhe da Região de Trás-os-Montes e dos transmontanos, com todo o carinho e objectividade que merecem. Queremos deslumbrar sobre estas gentes, para que nos faça uma visita, e tenha o prazer de sentir a sua hospitalidade, respirar ar puro, ver a beleza do património construído, saborear a excelência da sua gastronomia, observar a beleza impar desta paisagem rural, e muito mais. Assim vamos falar-lhe um pouco sobre:
A hospitalidade dos transmontanos
Trás-os-Montes apresenta uma forma de organização da habitação concentrada e uma organização agrária comunitária.
“Entre, quem é?”, é o que dizem os transmontanos quando alguém lhes bate à porta, espelhando nesta expressão emblemática a sua hospitalidade. A cozinha da casa rural transmontana é a divisão essencial, é aí, que a família passa a maior parte do tempo em que se encontra em casa. Principalmente durante os longos períodos de Inverno rigoroso, a família transmontana reúne-se em volta da lareira, onde se alinham as panelas, com água para o banho, o caldo de legumes, petiscos fumegantes, água para o chá, etc. Ao lado da lareira está sempre um grande banco, o escano, um banco de madeira de costas altas, geralmente com lotação para quatro ou mais pessoas. O escano pode estar equipado com uma tábua móvel que serve de mesa, nomeadamente nas refeições invernais.
A varanda da casa rural transmontana é outro compartimento necessário ao convívio da família e é nesse local que esta realiza uma parte das suas actividades. Assim é na varanda que os transmontanos passam o serão a trabalhar e a conviver na época estival: dependuram os produtos agrícolas tais como, as cebolas ou pousam as abóboras e as castanhas; enxugam a roupa; quando ainda se fiava a lã e o linho, era muitas vezes na varanda que as senhoras o faziam; é na varanda que frequentemente se partem os vegetais para o caldo; estes são apenas alguns usos que esta divisão da casa rural transmontana pode ter.
A sala serve principalmente para receber as visitas nos dias festivos, por exemplo, o casamento de um filho.
O património arquitectónico
A casa rural transmontana é construída em granito, xisto ou ambos consoante a rocha existente na região onde se insere. É uma construção característica, feita de acordo com condicionantes económicas, naturais, climáticas, geológicas, entre outras. Possui um ou dois pisos. No caso de possuir dois pisos, existe uma escada em pedra, normalmente exterior, que conduz à varanda. O rés-do-chão funciona como arrecadação e abrigo para o gado. As janelas são estreitas e é muito comum verem-se poiais com vasos de flores. É raro possuir chaminé. O forno para cozer o pão está sempre presente. Actualmente a cobertura mais usual é a telha, mas ainda existem locais, por exemplo, Freixo de Espada à Cinta, em que se pode observar o telhado feito em placas de xisto.
Muito resumidamente, para além da generosidade das suas gentes, o Nordeste Transmontano tem para lhe oferecer monumentos, alguns classificados como monumentos nacionais, tais como: a) construções de carácter religioso, igrejas, capelas, santuários; b) diversos museus, e.g. museus etnográficos, museus municipais e rurais; c) castelos, e.g. castelo de Algoso; d) solares e casas brasonadas; e) pontes medievais; f) miradouros de onde se observam paisagens de uma beleza indescritível; g) pinturas rupestres; h) construções tradicionais com uma grande valência económica e ecológica, e.g. os pombais tradicionais, existem espalhados por todo o País, mas são muito abundantes na Região do Nordeste Transmontano.
As marcas e vestígios do passado
Tal como o resto de Trás-os-Montes, a região do Nordeste é muito fértil em achados arqueológicos.
Na área do Parque Natural do Douro Internacional assinalam-se vestígios pré-históricos tais como ruínas de fortificações castrejas. Também se encontram vestígios de ocupação romana, um exemplo são as pontes romanas que se observam na região. Referem-se igualmente dois exemplos arqueológicos dos finais do século XIX, as linhas ferroviárias do Douro e do Sabor.
Na área do Parque Natural de Montesinho referem-se apenas dois exemplos: as mamoas de Donai, Travanca e Paçó, que remontam ao período Megalítico; do final da Idade do Bronze/Idade do Ferro mencionam-se os castros ou povoados fortificados estrategicamente implantados no cimo dos montes, etc.
As feiras, festas e romarias
As feiras são ainda hoje sinónimo de festa e de novidade. Antigamente serviam para dinamizar o tecido social e económico da região onde se inseriam. Nas feiras escoavam-se os produtos excedentes e adquiriam-se consoante as necessidades os produtos que outros produziam. Os produtores, distribuidores e consumidores tinham assegurado que num local e durante determinado período de tempo havia a oportunidade de vender e comprar produtos, colmatando desta forma a falta de meios de comunicação e a dificuldade de transporte.
Nos nossos dias ainda se realizam inúmeras feiras tradicionais anuais. Parte delas estão ligadas ao gado asinino e têm estado a ser revitalizadas pela AEPGA, em conjunto com o povo. Quatro exemplos destas feiras anuais ligadas ao burro são:
• Feira do Naso (concelho de Miranda do Douro), tradicionalmente no dia 6 de Setembro;
• Feira do Azinhoso (concelho de Mogadouro), normalmente no segundo domingo de Setembro;
• Feira dos Gorazes, em Mogadouro (concelho de Mogadouro), a 15 de Outubro;
• Feira dos Gorazes, em Sendim (concelho de Miranda do Douro), durante manhã de dia 30 de Outubro.
Uma vez que o calendário de algumas das feiras anuais ligadas ao burro poderá sofrer alterações de ano para ano, aconselha-se a consulta prévia das datas das mesmas no Plano de actividades de 2007 - Consultar
Os calendários lunar, solar e agrícola são parte integrante da cultura e tradição das gentes da Região Transmontana. Durante a sua estadia terá com certeza oportunidade participar em inúmeras festas tradicionais e romarias.
O Nordeste Transmontano é uma região cheia de rituais ligados ao solstício de Inverno. As Festas do Solstício de Inverno no concelho de Miranda do Douro, onde aparecem personagens mascaradas, ainda são celebradas com tradição e ainda é possível encontrar rituais preservados pela memória colectiva.
A cristianização das festas dos calendários lunar, solar e agrícola ligou a história sagrada à natureza. As festas tradicionais têm maioritariamente um sentido carnavalesco/festivo e um sentido religioso.
O artesanato
O artesanato local é digno de ser apreciado. É composto de esculturas em madeira, olaria, tecelagem (linho e lã), rendas e bordados, cestaria, trabalhos em ferro forjado, cobre, pedra, tanoaria (fabrico de pipas), regra geral trabalhos de beleza ímpar e de grande utilidade no dia-a-dia. Encontrará certamente inúmeras peças de artesanato ligadas ao burro, são exemplos: os alforges, as albardas, as cabeçadas, as carroças.
A gastronomia
A gastronomia da região recomenda-se vivamente! Assim, não deixe de provar os presuntos, salpicões, e chouriças de fumeiro, as alheiras, a batata assada com casca e bacalhau assado, o cabrito assado à moda de Montesinho, a posta mirandesa, as empadas, os peixinhos de rio, mais propriamente do ainda não poluído rio Sabor, a bola doce, o bolo de centeio, o folar, o mel, os doces e compotas, os licores, os vinhos regionais do Planalto Mirandês, o bom melão, a saborosa castanha e tantas outras iguarias.
O saber associado às plantas
Os recursos naturais associados às plantas ocupam um lugar de destaque no desenvolvimento das sociedades humanas, quer pelo seu incalculável valor económico quer pelo seu valor ecológico e social. As plantas são utilizadas desde tempos remotos na alimentação, medicina, manufactura de utensílios, cerimónias, entre outros usos.
Chama-se a atenção para o conhecimento etnobotânico que as gentes da Região Transmontana possuem. As comunidades rurais são aquelas em que mais se concentra o conhecimento popular acerca da flora/vegetação aromática e medicinal. Este conhecimento chegou até aos nossos dias predominantemente por via oral.
Algumas das formas de utilização das plantas aromáticas e medicinais mais frequentes são os banhos, os bochechos, as cataplasmas, as compressas, os gargarejos, os chás, os sucos, as tinturas, os xaropes, etc.
Mencionando os nomes comuns, algumas das preciosidades que poderá encontrar por estes campos fora são: trovisco, freixo, rosmaninho, zimbro, camomila, esteva, pilriteiro, loureiro, oliveira, etc. Algumas espécies melíferas são a urze, o rosmaninho, o alecrim, o castanheiro, a tília, o trevo, e muitas outras.
A fauna do Nordeste Transmontano
Ao nível da fauna de vertebrados assinala-se a presença de: lobo-ibérico, corço, lontra, marta, geneta, gato-bravo, morcego-de-peluche, morcego-de-ferradura-pequeno, morcego-de-ferradura-grande, toupeira-de-água, rato-dos-lameiros, águia de Bonelli, águia-real, milhafre-real, tartaranhão-azulado, gavião, açor, falcão-peregrino, bufo-real, abutre do Egipto, grifo, cegonha-negra, gralha-de-bico-vermelho, melro-azul, rã-de-focinho-pontiagudo, sapo-de-unha-negra, sapo-corredor, salamandra-de-costelas-salientes, tritão-marmorado, lagarto-de-água, lagartixa-do-mato, sardão, cobra-rateira, víbora-cornuda, barbo-comum, boga-de-boca-estreita, panjorca, truta-de-rio, mencionando apenas umas poucas espécies emblemáticas, é motivo de sobra para uma estadia no Nordeste Transmontano.
A flora e vegetação do Nordeste Transmontano
O coberto vegetal inclui matas de castanheiro, olivais, bosques de carvalho-negral (carrascais), sobreirais, bosques de azinheira, vulgarmente chamados sardoais, zimbrais, bosques ripícolas de amieiros, choupos-negros, freixos e salgueiros, lodãos, etc. Referindo algumas relíquias da flora presente no Nordeste: gilbardeira, violeta-de-pastor, violeta-hirta, azevinho, gerânio-sanguíneo, dente-de-cão, trevo-branco, giestas, espargo-bravo, tojo etc. Os lameiros são típicos da região, são pastagens permanentes e o suporte principal de alimentação do gado, muito importantes nas áreas montanhosas. Observam-se igualmente vinhedos.
As espécies de cogumelos comestíveis
Em Trás-os-Montes os macrofungos (cogumelos) sempre fizerem parte da alimentação, sendo considerados em tempos idos a comida dos pobres. Nasciam espontaneamente pelos campos, eram abundantes e variados, saborosos, alimentícios, e por fim eram propriedade de todos. As famílias foram passando de geração em geração o conhecimento empírico acerca deste alimento de valor inestimável, mas que exige que se conheça, com toda a certeza e mais alguma, aqueles em que se mexe e mais ainda aqueles que se colhem e depois se servem à mesa.
Algumas das espécies de cogumelos comestíveis, que poderá encontrar na região do Nordeste Transmontano são: cogumelo-das-burras, cogumelo-dos-castanheiros, sanchas, pé-azul, roclos, roda-de-bruxas, repolga, rapazinhos, trompeta-dos-mortos, míscaros, míscaro-das-estevas, fígado-de-vaca, língua-de-ovelha, couve-flor-do-monte, etc.
A riqueza geológica de Trás-os-Montes
A nível geológico vale a pena lembrar que as rochas que constituem e moldam a paisagem do Nordeste Transmontano são um testemunho valioso das transformações geológicas sofridas ao longo dos tempos pelo nosso planeta. Segundo os investigadores são os maciços rochosos mais antigos de Portugal, testemunhando o choque tectónico ocorrido há 300/350 milhões de anos.
Chama-se a atenção para a ocorrência de rochas ultrabásicas na Região Transmontana, um tipo de rocha muito raro em Portugal, que origina solos onde apenas as plantas muito bem adaptadas conseguem sobreviver, pois estes solos são tóxicos para a maioria das plantas. Predominam na região as rochas de granito, xisto e quartzito.
A paisagem do Nordeste Transmontano
No que respeita aos valores da paisagem em Trás-os-Montes, menciona-se apenas uma ínfima parte do que há de único no mundo e de extraordinariamente belo a nível paisagístico nesta região. Assim, destacam-se as fragas do rio Douro Internacional e o seu “Muro da Abalona” um respeitoso e belo maciço rochoso com quase 30 m de altura, em Freixo de Espada à Cinta, bem como a paisagem vinícola do Douro Património Mundial, uma paisagem sem rival, com produção de vinhos de renome mundial.
A povoação de Freixiosa, na Freguesia de Vila Chã da Braciosa, não deixa ninguém indiferente com a sua singular paisagem. Aqui poderá admirar um bonito aglomerado de pombais tradicionais em forma de ferradura.
No miradouro do Castro de S. João das Arribas poderá deliciar-se com uma das mais bonitas vistas sobre o desfiladeiro do Douro Internacional.
Entre os meses de Fevereiro e Março poderá desfrutar de uma paisagem de grande beleza se realizar a Rota das Amendoeiras em Flor do Nordeste Transmontano, organizada por vários municípios: Alfândega da Fé, Torre de Moncorvo, Freixo de Espada à Cinta, Vila Flor e Mogadouro, pertencentes à Região de Turismo do Nordeste Transmontano.
A prática de desporto de Natureza
Os Parques Naturais oferecem-lhe uma rede de percursos pedestres ou de BTT que se aconselha vivamente, pela possibilidade de contacto com as populações locais, pela beleza e diversidade da paisagem a nível arquitectónico, geológico, orográfico, hidrográfico, etc., e pela oportunidade única de observar diversas espécies da fauna, flora e fungos.
A abundância de recursos hídricos proporciona o desenvolvimento de actividades desportivas ligadas ao rio e aos pequenos cursos de água, que por vezes se complementam com passeios de burro.
A AEPGA organiza passeios ecoturísticos temáticos e generalistas, pela Região do Nordeste, que se fazem a pé, de burro, de BTT e de canoa. Para ficar a par destas oportunidades consulte, Plano de actividades de 2007 - Consultar.
©2005 Associação para o Estudo e Protecção do Gado Asinino
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