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Primeira Página Mundo As Maravilhas do Mundo Equador - História, Geografia e Cultura
Equador - História, Geografia e Cultura
Dom, 21 de Setembro de 2008 15:34 EmDiv
A linha imaginária que divide o globo terrestre nos hemisférios norte e sul atravessa toda a extensão do país a que deu nome. No Equador se localizam parcialmente dois colossos da geografia americana: a cordilheira dos Andes e a bacia amazônica.
Situada na porção noroeste da América do Sul, o Equador tem superfície de 272.045km2, incluídos os quase oito mil ocupados pelas ilhas Galápagos. Limita-se ao norte com a Colômbia, ao sul e a leste com o Peru e a oeste com o oceano Pacífico. O Equador reclama como seu o território amazônico, até o rio Marañon, perdido para o Peru na guerra de 1941.
O território equatoriano é recortado por duas cadeias paralelas pertencentes à cordilheira dos Andes: as cordilheiras Oriental e Ocidental, que dividem o país em três regiões principais: o litoral, a região andina e o interior, este coberto de florestas tropicais. Do ponto de vista geológico, o território pode ser dividido em quatro elementos: zona costeira, constituída por sedimentos cretáceos e cenozóicos marinhos e continentais; cordilheira Ocidental, formada por rochas metamórficas pré-cretáceas e vulcânicas cretáceas; cordilheira Oriental ou Real, de cuja constituição participam rochas metamórficas e ígneas antigas, sedimentos paleozóicos e rochas ígneas cretáceas; e a planície amazônica, formada por rochas ígneas e sedimentos cretáceos e cenozóicos.
A planície litorânea, situada entre o oceano Pacífico e o sopé dos Andes, ocupa cerca da quinta parte do território. Sua largura máxima é de aproximadamente 150km, ao norte de Guayaquil. Entre as cordilheiras se estende uma série de vales altos, como os de Quito, Tulcán e Cuenca, situados a mais de 2.500m de altitude. Os Andes equatorianos constituem uma das áreas de maior atividade vulcânica do mundo. Entre o monte Sangay (5.230m), na cordilheira Oriental, e a fronteira norte do país, existem cerca de vinte vulcões ativos, entre os quais o Cotopaxi, com 5.897m, o mais alto vulcão do mundo em atividade. O ponto culminante do país é o monte Chimborazo (6.267m), na cordilheira Ocidental. Os cumes mais elevados se encontram cobertos por neves eternas.
O clima apresenta grandes contrastes, em virtude do relevo acidentado. Do nível do mar até cerca de mil metros de altitude estende-se a chamada tierra caliente, com temperaturas que variam entre 24 e 26º C. Entre mil e dois mil metros situa-se a tierra templada, onde as temperaturas oscilam de 19 a 24º C. Dos dois mil aos três mil metros encontra-se a tierra fría, cujas temperaturas vão de 12 a 18º C. Acima dessas altitudes ficam os páramos (planaltos gelados), com temperatura média inferior a 12º C. A região litorânea é quente e úmida ao norte e seca no sul. Na faixa amazônica, o clima é equatorial.
Existem no Equador dois sistemas hidrográficos distintos: o dos rios que nascem na cordilheira Ocidental ou em suas encostas, banham as planícies litorâneas e desembocam no Pacífico, como o Mataje, Santiago, Esmeraldas, Chone, Daule, Guayas, Naranjal, Jubones e Santa Rosa; e o dos rios que se originam na cordilheira Oriental, banham a região leste e formam os grandes afluentes amazônicos dessa região, como o Aguarico, Coca, Napo, Curaray e Pastaza, a maior parte deles navegáveis.
Como o clima e o relevo do país, a vegetação é bastante diversificada. As planícies amazônicas são cobertas de floresta tropical rica em árvores de grande porte, epífitas e lianas. Ao longo da costa do Pacífico, a partir do Esmeraldas, a floresta desaparece para dar lugar a uma vegetação arbustiva, onde ocorre a jarina (Phytelephas macrocarpas), palmeira cuja castanha é usada no fabrico de botões, e a Carludovica palmata, planta da qual se extrai a fibra empregada na fabricação dos chapéus tipo panamá. As montanhas, até a altitude de 1.500m, são cobertas de espessa floresta. Acima desse limite e até o máximo de três mil metros predomina a ceja de la montaña, vegetação compacta composta principalmente de briófitas. Daí até as regiões das neves eternas estendem-se os prados.
Nas florestas tropicais existe grande variedade de macacos e animais carnívoros como o jaguar, puma, ocelote, raposa, lontra, quati, jupará. Há ainda antas, cervídeos, caititus, grande número de morcegos e roedores. A fauna ornitológica é igualmente rica, com cerca de 1.500 espécies. Os peixes e répteis são numerosos e no litoral ocorrem duas espécies de grandes tartarugas. Há grande quantidade de insetos, com destaque para uma espécie de escaravelho gigante que pode atingir até 12cm de comprimento. Nas regiões andinas existe o lhama, animal típico. Na extraordinária fauna das ilhas Galápagos figuram verdadeiros fósseis vivos. No século XIX, o cientista Charles Darwin realizou ali os estudos que o conduziram a suas célebres teorias sobre a evolução das espécies.
A população do Equador apresenta grande diversidade étnica. Compõe-se de índios (40%), mestiços (41%), brancos (10%), negros e mulatos (5%) e outras etnias. A população branca descende dos espanhóis que chegaram ao Equador entre os séculos XVI e XIX e, em fase posterior, de imigrantes procedentes dos Estados Unidos e Europa.
À época da colonização espanhola, a população indígena do Equador era estimada em 800.000 habitantes. Com a conquista, os grupos de espanhóis e negros que se estabeleceram na costa deslocaram os indígenas para as regiões mais altas do interior, onde estes formaram pequenas comunidades isoladas ou miscigenaram-se. Os índios constituem o grupo populacional mais pobre e marginalizado. Dividem-se em diversos povos: otavalos, salasacas, cañaris, saraguros, cayapacas e colorados. O grupo mais numeroso descende dos puruhá. O mais importante da região leste é o dos jívaros, descendentes dos temidos caçadores de cabeças.
A maior parte dos equatorianos vive no campo. A população urbana se concentra em cerca de vinte cidades, das quais somente Quito e Guayaquil podem ser consideradas grandes aglomerados urbanos. Além delas, as principais cidades são: Cuenca, Ambato, Riobamba e Portoviejo.
Antes do advento dos incas, diversas línguas eram faladas no Equador. Dessas, porém, apenas a chibcha foi identificada. Após a conquista incaica, foi introduzido o quíchua, língua do império. Os espanhóis estimularam a expansão desse idioma, por considerá-lo mais adequado às finalidades administrativas. A língua oficial é o espanhol, mas a maior parte da população fala também o quíchua. Várias línguas indígenas, como o jívaro, o záparo e o tucano, sobrevivem no interior.
O catolicismo é a religião tradicional, professada pela maioria da população. No final do século XIX, o protestantismo conquistou adeptos em Guayaquil. Ainda subsistem crenças nativas.
Antes da chegada dos espanhóis, as partes alta e baixa do atual Equador eram povoadas por diversas tribos ameríndias de cultura relativamente avançada: pansaleus, puruás, canharis, paltas, quitos, caiapas e colorados, além de tribos mais primitivas do interior, como os jívaros e os záparos. Na segunda metade do século XV, processava-se a unificação militar e política das tribos, por meio de grandes confederações com a predominância do reino de Quito, quando ocorreu a invasão dos incas. Houve resistência das tribos nativas que durou anos até domínio incaico se consolidar. Pouco tempo depois chegaram os espanhóis que prenderam e executaram o chefe inca.
Os espanhóis visitaram o Equador pela primeira vez em 1526. Foram recebidos amistosamente pelos indígenas e nos anos seguintes realizaram novas expedições, quando prepararam a conquista definitiva do império inca. Depois da conquista, o território equatoriano passou a integrar o vice-reinado do Peru, criado em 1542. Em 1563 foi criada a Real Audiência de Quito, que fomentou durante 300 anos o desenvolvimento da colônia. A partir do século XVII começaram a manifestar-se os primeiros sinais de descontentamento com a metrópole. No final do século XVIII, as lutas se intensificaram e as freqüentes rebeliões revelavam que a posição do governo espanhol já não era muito firme. A invasão da Espanha pelos exércitos de Napoleão debilitou o controle sobre a América espanhola e as idéias de emancipação se alastraram por toda a colônia.
Em 10 de agosto de 1809, eclodiu em Quito um movimento pela autonomia do país. Foi instituída uma junta, mas tropas enviadas pelos vices-reis de Nova Granada e Peru agiram duramente contra os patriotas e a 2 de agosto de 1810, executaram numerosos presos políticos. Uma nova junta foi organizada em 19 de setembro, em Quito, e instituiu um governo popular e representativo. O governo espanhol esmagou a rebelião dois anos depois.
Em outubro de 1820, uma revolução militar proclamou a independência em Guayaquil, que foi reconhecida pelo governo do Peru. Em 24 de maio de 1822, em Pichincha, não houve a independência da antiga província e sim sua integração à República de la Gran Colombia. Quito passou a ser um departamento do sul dessa república. Em 1830 separou-se e formou a República do Equador, tendo Quito como capital.
Hoje o Equador é uma república presidencialista unitária. Segundo a constituição de 1979, o presidente e o vice-presidente são eleitos por voto popular direto e secreto para um período de quatro anos. Não é permitida a reeleição para um segundo mandato. O poder legislativo é exercido pelo Congresso Nacional, unicameral, com 77 membros - 12 representantes nacionais e 65 das províncias - eleitos por voto direto, para mandatos de quatro e dois anos, respectivamente. O presidente escolhe seus ministros e os governadores das províncias.
Os índios que habitavam o território do Equador antes da chegada dos espanhóis dominavam uma avançada técnica de fabricação de jóias de ouro e prata. Os trabalhos em cerâmica, com figurinhas de barro, os vasos com motivos geométricos e os animais estilizados são de alta qualidade. Como mostra da arquitetura incaica subsistem as ruínas da Casa dos Incas, o castelo de Ingapirca e o altar de sacrifícios Inga-Chungam.
Na época colonial, Quito foi uma das circunscrições que mais se destacou culturalmente. Datam desse período os colégios de categoria européia, como os de San Andrés, San Pedro, o Seminário de San Luis e a Universidade de San Gregorio. No século XVIII, a cultura literária foi praticamente monopolizada pelos jesuítas, que se destacaram por trabalhos científicos, históricos e poéticos. A instituição cultural moderna mais importante é a Casa da Cultura Equatoriana, fundada em 1944 com a finalidade de preservar e incentivar atividades artísticas e culturais.
No Equador independente, a atividade artística principal foi a literatura. No início do século XIX floresceu a poesia neoclássica e a poesia romântica. O modernismo foi representado pelo romance indígena.
A arquitetura colonial de Quito destaca-se pela fusão de elementos indígenas com o estilo barroco espanhol. Predomina, entretanto, a raiz européia, uma vez que os artistas indígenas foram formados por missionários. Sobressai o "arquiteto maior" Antonio Rodríguez, natural de Quito. Templo importante por sua beleza e história é o de São Francisco de Quito, mas também merecem destaque a catedral de Quito, a igreja da Ordem das Mercedes e a igreja de Santo Agostinho. O estilo barroco espanhol adquire maior plenitude na igreja da Companhia de Jesus.
A escultura e a pintura também foram cultivadas com sucesso na época colonial e ganharam prestígio universal devido à qualidade das obras, influenciadas pelos artistas espanhóis da época. A escola de Quito, de renome internacional, acusa influências orientais introduzidas por artistas que os franciscanos trouxeram da Ásia.
Os pintores do Equador independente formaram-se na Europa e foram fiéis às tendências internacionais de suas épocas. José Antonio Salas foi o precursor do desenho como documentação folclórica do Equador. A pintura social conta com artistas notáveis como Eduardo Kingman. Das formas musicais indígenas que permaneceram, o yarabi evoca a solidão dos Andes e a tristeza do índio; o amorfino é de caráter sentimental e a guaranda, de tom alegre e festivo.
Os indígenas atuais das regiões leste e andina conservam as formas originais quase intatas, de épocas remotíssimas, de suas melodias, danças e instrumentos. Entre estes figuram o paruntzi, primitivo instrumento monocórdico; o churu ou quipa, concha marinha; o chil-chil, espécie de chocalho; e o pingullo, flauta vertical. Quanto ao rondador, outro tipo de flauta, não há elementos que provem sua existência em épocas pré-colombianas.
No final do século XIX surgiu uma corrente musical nacionalista que buscava expressar a dualidade hispano-indígena com temas e escalas autóctones, ou assuntos históricos, na estrutura clássico-romântica européia. A Orquestra Sinfônica Nacional foi fundada em 1956.
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