sexta-feira, 27 de agosto de 2010

2737 - HISTÓRIA DA LOCOMOTIVA

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HOME > NOTÍCIAS > EDIÇÃO Nº 5 - FEVEREIRO DE 2008 > VEJA DETALHES



SOBRE OS TRILHOS...
HISTÓRIA DA LOCOMOTIVA QUE VALE UM MILHÃO DE DÓLARES



Há muitos anos o som indefectível dos trens anunciava a chegada ou a partida de gente que se conhecia, gente que se esperava ou mesmo de notícias de lugares próximos ou longínquos. O trem foi o meio de transporte mais eficiente até a metade do século XX, mas rapidamente perdeu lugar para o transporte rodoviário, mais caro, mais perigoso que, porém, teve os investimentos necessários, ao passo que a malha ferroviária definhava. Hoje, regiões do interior brasileiro assistem a cenas tristes de estações, vagões, máquinas morrendo lentamente sem andar ou levar qualquer alma pelos trilhos alquebrados.
A região centro-oeste de São Paulo deve aos trens grande parte de sua história. Muitas cidades foram criadas a partir da estrada de ferro e as máquinas permitiram que o desenvolvimento chegasse a diversas paragens, levando pessoas e trazendo produtos. Hoje, a malha ferroviária recebe investimentos modestos através de empresas privadas. A privatização ocorreu há mais de uma década, porém não trouxe grandes avanços. Apenas nos últimos meses alguma movimentação começou a ser verificada, com as companhias apostando no transporte de carga. Ou seja, a possibilidade de os trens voltarem a ser uma opção mais econômica e segura para a viagem de passageiros deverá continuar presente apenas na memória dos mais saudosos.

Muitas vezes esses saudosos não precisam ter várias dezenas de anos para lembrar do barulho dos trens rompendo os tormentos e levando uma grande quantidade de pessoas de ponto a ponto do país. Jovens também se encantam com as histórias das grandes máquinas de ferro e de sua mitologia de romper o interior brasileiro.

Um exemplo desses apaixonados por trem é Kleber Henrique Santos. Desde a tenra idade, ele vê no transporte ferroviário um pequeno mundo a parte, no qual cada máquina ganha sua importância, cada vagão tem sua história e sua contribuição para um mundo feito de ferro, carvão e também de muita luta.

A luta dos ferroviários é algo evidente, sendo que essa categoria até hoje desfruta de grande respeito e de força para lutar por seus direitos e idéias. Santos tem em sua família representantes desse segmento e foi ali, no seio familiar, que ele começou a cultivar esse amor pelos trilhos. O seu avô e seu tio foram funcionários de companhias ferroviárias e nesse contato ele passou a ser muito mais que um simples apreciador dessas grandes máquinas, se transformando em um apaixonado e especialista nessa atividade.

A paixão de Santos pelos trens o levou a atuar junto a uma empresa ferroviária, no período de 1993 a 1998, até quando ela foi privatizada e praticamente eliminou a maior parte dos postos de trabalho dessa atividade. Mas, como ele mesmo aponta, não basta uma ação burocrática de uma companhia privada para fazer com que o amor de quem gosta de trens possa perder a sua força. Santos é voluntário da ABPF (Associação Brasileira de Preservação Ferroviária), já tendo efetuado cursos e atuando em atividades como a desmontagem de máquinas, cobertura de vagões e até conseguindo realizar um sonho, que era o de conduzir uma locomotiva a vapor.

“Trabalhei em exposições, atuei na Associação modificando modelos. Além disso, busco aprender cada vez mais sobre ferrovia. Fiz, por exemplo, um levantamento das estradas de ferro de Fernão até Marília, ou seja, é uma atividade que é gratificante para mim, já que gosto realmente dos trens”, disse.

Hoje, Santos auxilia a Prefeitura Municipal de Garça em um projeto de revitalização de um símbolo histórico das ferrovias dessa região do Estado: trata-se da “Maria Fumaça”, que atualmente se encontra nas dependências do bosque municipal.

“Como admirador dos trens, é um prazer poder colaborar com essa busca de revitalizar essa locomotiva. Vamos tentar fazer com que ela esteja ao menos apta para ser utilizada, mesmo que neste primeiro momento não tenhamos uma malha ferroviária para que ela possa utilizar. O mais importante é preservar essa locomotiva que é histórica para Garça”, complementou Santos.



Projeto quer restaurar a “Maria Fumaça” da cidade de Garça
Kleber Henrique Santos, um apaixonado pelos trens, vem trabalhando junto com uma equipe da Prefeitura Municipal de Garça buscando recuperar um dos patrimônios mais significativos da história da cidade. Trata-se de uma “Maria Fumaça”, que conta com 120 anos e que há um considerável tempo encontra-se nas dependências do bosque municipal “Belírio Guimarães Brandão”. De acordo com Santos, essa máquina teria chegado a Garça no início dos anos 70, através de um acordo feito entre o governo federal com o municipal quando da mudança de linha férrea, que passou do centro da cidade para uma área localizada no final do bairro Labienópolis.

Assim, essa locomotiva foi transferida ao município, que ficou incumbido de cuidar dessa máquina. Inicialmente, ela deveria ficar no local onde hoje existe a Incubadora de Empresas e, depois de várias discussões, essa “Maria Fumaça” foi “instalada” nas dependências do bosque.

Santos vem auxiliando o grupo municipal formado no âmbito da administração que tem como objetivo fazer uma revitalização dessa máquina. Assim, ele vem levantando informações sobre a locomotiva, como sua história, fotos, a sua estrutura, entre outros dados que poderão ser de vital importância para a restauração desse verdadeiro documento vivo da história ferroviária de Garça e região. Santos passou duas semanas na cidade de Jundiaí, onde efetuou uma ampla pesquisas em arquivos sobre locomotivas que estiveram ativas no Brasil ao longo do século passado. Nessa pesquisa, ele pôde levantar dados mais precisos sobre a “Maria Fumaça” de Garça, que é uma locomotiva Baldwin, fabricada em 1888 e que servia à empresa Paulista.

“Essa locomotiva é de bitola larga, com 60 toneladas, e era manobreira, ou seja, para ela chegar até aqui ela era manobrada por uma locomotiva grande e sua função era exercida só no pátio. Essa máquina trabalhou em pátios de Bauru, de Garça, Marília, na antiga Espéria, atualmente conhecida como Fazenda Igurê. Ela formava os trens, para que outras composições tivessem a formação pronta e apenas fizesse o encaixe e fossem embora”, explicou Santos.

A “Maria Fumaça” de Garça é um modelo único existente no território brasileiro, sendo que apenas uma similar existiria no Rio de Janeiro, mas com algumas características diferenciadas.

Recentemente, um grupo de empresários chegou a fazer algumas prospecções na cidade buscando encontrar formas de adquirir a locomotiva, sendo que a intenção desse grupo era pagar até R$ 1,7 milhão pela máquina. No entanto, como faz parte da municipalidade, a locomotiva continuará em Garça e não pode ser negociada.

“Realmente é impossível se avaliar o preço dessa locomotiva, já que ela representa uma parte da história dos trens da região. E é bom saber que ela é um patrimônio de Garça e ficará aqui na cidade”, disse.


Saiba mais sobre a locomotiva de Garça
A locomotiva existente no bosque municipal de Garça foi fabricada pela Baldwin Locomotives Worcks, Burnhan Williams & CO., da Filadélfia, Estados Unidos, em 1888. Ela veio para o Brasil para servir as linhas da Companhia Paulista de Estradas de Ferro e começou a operar em dezembro de 1891. Trata-se de uma locomotiva do tipo 0 – 6 – 2 Mogul Invertido Bitola de 1,60 metro, número de classe 200. Ela era uma locomotiva do tipo manobreira, ou seja, servia somente os pátios de manobras por não ter um tender, sendo recarregada de água e lenha no local em que prestava serviço.

Para sua locomoção de um local de trabalho para um outro ela era rebocada. A sua função era formar os grandes trens, nos quais a composição cargueira vinha somente pegando o que já fora formado, não precisando de manobras, pois tal trabalho demandaria um tempo considerável.

Na Companhia Paulista a locomotiva prestou seus serviços por 84 anos, sendo aposentada por volta dos anos 70, pois já havia em operação várias locomotivas movidas a diesel. Da serie 200 – 201 – 202 desse mesmo modelo, a que se encontra em Garça é a única locomotiva existente ainda no país. Depois de sua aposentadoria, ela ficou em Bauru, vindo para Garça após um acordo com o governo daquela época com a Prefeitura local.


ABPF luta pela memória ferroviária do Brasil
A ABPF (Associação Brasileira de Preservação Ferroviária) foi fundada em 1977 pelo francês Patrick Henri Ferdinand Dollinger e reúne interessados na preservação e divulgação da história da ferrovia brasileira. Apaixonado por locomotivas a vapor e por ferrovias, Dollinger chegou ao Brasil em 1966 e preocupado com o abandono da história ferroviária brasileira, resolveu criar uma entidade de preservação, nos moldes das existentes na Europa e Estados Unidos.

Para contatar pessoas interessadas em unir-se a ele, em fevereiro de 1977, publicou um pequeno anúncio no jornal “O Estado de São Paulo”, que dispunha: “LOCOMOTIVAS A VAPOR: Com a finalidade de iniciar uma associação, tendo como interesse principal a preservação, restauração e operação de locomotivas a vapor e assuntos ferroviários em geral, procuro pessoas interessadas neste hobby muito popular na Europa e nos Estados Unidos. Escrever para Patrick Dollinger CP 2778, CEP 01000, São Paulo, ou telefone 32-0579 noite 853-4728”.

Apenas duas pessoas responderam naquele momento, Sérgio José Romano e Juarez Spaletta. Os três passaram, então, a fazer contatos com pessoas de mesmo ideal. No dia 4 de setembro de 1977, foi possível realizar a assembléia de fundação da Associação Brasileira de Preservação Ferroviária. Nesta assembléia, havia somente 14 pessoas, mas mesmo assim estava criada a ABPF.

A primeira ação da ABPF foi instituir uma campanha nacional para impedir o sucateamento de locomotivas a vapor. Com isso, a entidade conseguiu sensibilizar a administração da Rede Ferroviária Federal S.A. como também obteve seu apoio. De uma só vez, a RFFSA cedeu à ABPF 13 locomotivas a vapor desativadas.

A segunda grande missão foi conseguir um ramal desativado para colocar este material. Depois de um levantamento de trechos desativados no Estado de São Paulo, Patrick optou pela antiga linha tronco da Cia. Mogiana, entre Anhumas (Campinas) e Jaguariúna.

Em 1979, a Fepasa (Ferrovias Paulistas S.A.) atendeu ao apelo da ABPF e cedeu, em comodato, esse trecho de 24 quilômetros. Ali foi realizado um trabalho de recuperação de locomotivas a vapor, carros de passageiros, vagões, estações e via permanente. Em setembro de 1984, era criado o Museu Ferroviário, com 24 quilômetros de extensão, chamado de Viação Férrea Campinas-Jaguariúna.

Patrick Dollinger não viu o seu sonho ser realizado por completo. No dia 17 de julho de 1986, faleceu nos Estados Unidos, vítima de um acidente automobilístico.

Com sede localizada na cidade de Campinas, a ABPF é composta de uma Diretoria Nacional e Divisões Regionais e Núcleos, espalhados pelo país. (Com informações da ABPF)






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