segunda-feira, 2 de agosto de 2010

2510 - SOCIEDADE SECRETA

OptionsDisable Get Free Shots
ssru . sociedade secreta de reabilitação urbana
"…podes até querer demolir a Torre dos Clérigos, desde que no seu lugar consigas propor algo melhor…"

Blog declaração sobre galeria documentos testemunhos notícias contacto
--------------------------------------------------------------------------------

a cidade a prémio, por ssru
Publicado 28/07/2010 património Deixar um Comentário
Tags:reabilitação urbana, porto vivo, cmp, património, sistema construtivo, cultura, construção, cidade do porto

A Câmara Municipal do Porto institui em 1988 um prémio que tem como objectivo “incentivar e promover a recuperação do património arquitectónico” da cidade, visando distinguir o “melhor exemplo de reabilitação que tenha sido concluído, durante o período de dois anos a que cada prémio se refere”. No entanto só foi atribuído pela primeira vez em 1990 à recuperação do Edifício do Círculo Universitário do Porto, obra de Fernando Távora. De então para cá, foram galardoadas as obras do Edifício da Ordem dos Arquitectos (Helena Rente, José Carlos Portugal e Tiago Falcão), do Teatro Nacional de S. João (João Carreira), do Teatro Municipal Rivoli (Pedro Ramalho), da Ilha das Aldas (Pedro Mendes), do Edifício na Rua da Cerca, 5-7 (Barbosa & Guimarães, Lda.) e do Edifício na Avenida da Boavista, 1354 (António Portugal & Manuel Reis).


à esquerda, a secção regional do norte da Ordem dos Arquitectos

Desde o primeiro momento que o “Prémio João de Almada” tem angariado uma reputada importância no panorama municipal da reabilitação patrimonial, ao ponto de em várias edições as decisões de não premiar tenham sido tomadas com base no mérito das propostas, tendo na última edição, em 2008, o júri decidido não atribuir o prémio, optando por destacar três menções honrosas.



Na presente edição, a 13ª, o júri foi presidido pela Vereadora do Conhecimento e Coesão Social da CMP, Guilhermina Rego, e constituído por Jorge da Costa (em representação da Direcção Regional de Cultura do Norte), Alexandre Alves Costa (em representação da FAUP), Nuno Graça Moura (em representação da OA-SRN), Dulce Marques de Almeida (em representação da ARPPA – Associação Regional de Protecção do Património Cultural e Natural), Maria Susana Soares (em representação da Direcção Municipal de Urbanismo da CMP) e ainda por um representante da Direcção Municipal de Cultura da CMP. O júri já elaborou a proposta de decisão que foi ontem aprovada em reunião de câmara, tendo sido atribuído um primeiro prémio ao Palácio das Artes, projecto da autoria dos arquitectos Alfredo Ascensão e Paulo Henriques, bem como duas menções honrosas, uma para um edifício na Rua de S. Miguel e outra para a Escola Aurélia de Sousa.

O Jornal de Notícias da passada segunda-feira [JN 26-07-2010] revela que o júri destaca “o carácter e a dignidade da intervenção num edifício que tem uma história valiosa e que não é escondida, assumindo a reposição de uma identidade que se encontrava algo adulterada, fruto de sucessivas alterações ao longo do século XX”.


o Palácio das Artes, no Largo de S. Domingos

No fundo o que isto quer dizer é que é possível fazer bem feito e levar à prática a definição legal de “Reabilitação urbana”, que é: a forma de intervenção integrada sobre o tecido urbano existente, em que o património urbanístico e imobiliário é mantido, no todo ou em parte substancial, e modernizado através da realização de obras de remodelação ou beneficiação dos sistemas de infra -estruturas urbanas, dos equipamentos e dos espaços urbanos ou verdes de utilização colectiva e de obras de construção, reconstrução, ampliação, alteração, conservação ou demolição dos edifícios (no Decreto-Lei nº 307/2009, de 23 de Outubro – sublinhado nosso).

De entre os 21 candidatos, o júri reconheceu o “esforço da equipa projectista, que soube resistir a tentações de algum exibicionismo material”, e a “qualidade da operação de reabilitação perante o edifício pré-existente, deveras complicado, de pouca profundidade e com abundante material arqueológico”. Consideraram assim que a intervenção efectuada no Edifício Douro/Palácio das Artes é “um exemplo cuidadoso de valorização do património”. BRAVOS!

E como ‘não há bela sem senão’, encontramos ainda no mencionado artigo do JN, algo que nos deixou perturbados (mesmo recordando ainda a nossa primeira intervenção neste sítio), ao ponto de soltarmos uma gargalhada colectiva: (…): “Na lista, encontram-se, entre outras propostas, a reabilitação do quarteirão de Carlos Alberto pela Edifer com desenho do ateliê Miguel Saraiva e Associados” (…); isto com direito a uma referência despropositada ao empreiteiro responsável pela execução dos trabalhos, que no caso não interessa nada, uma vez que o prémio se divide entre o projectista e o dono da obra.

Ou seja, ser possível candidatar um conjunto edificado cuja intervenção violou o PDM da cidade, demolindo três edifícios na Rua de Sá de Noronha e esventrando outros dois na Praça de Carlos Alberto, que foram referenciados na Carta de Património pela mesma entidade ou serviço camarário que organiza o Prémio João de Almada, é algo que só passaria nas cabeças de certo tipo de pessoas, sem dúvida, gente digna da nossa maior comiseração. Sabemos que é algo que ambicionam ardentemente, até para legitimar uma espécie de intervenção e uma certa (des)orientação neste mundo tão desconhecido da ‘reabilitação patrimonial’.


o pátio luso em Carlos Alberto!

Giro, giro, era terem ganho qualquer coisita… isso sim!!!

o melhor do Porto, por ssru
Publicado 18/07/2010 cidade do porto Deixar um Comentário
Tags:cmp, património, reabilitação, rui rio, política, cultura, cidade do porto, cidadania

O melhor que esta cidade tem para oferecer são as pessoas. Este povo que constrói estas ruas, que se ajuda na pobreza, que se alegra nos festejos do dia-a-dia, que trabalha com o corpo e com a alma, que se orgulha da sua grandeza, que sabe receber quem nos visita. Gente desenganada que no fundo do seu desalento exclama um “… eles são todos iguais, o que querem é tacho!”. Há políticos que têm vergonha desta gente…

Fiquem com um texto cruel e austero como as paredes de granito do Porto.




“O Porto é melhor do que o país [Público 17-07-2010]- Por Amílcar Correia

Este país tem sido governado de forma irresponsável. Temos gasto o que temos e o que não temos. As nossas dívidas acumulam-se, as empresas de rating não nos largam, a situação social agrava-se. E tudo por causa de uma classe política que faz tudo para agradar à populaça, que não tem qualquer pejo em fazer da demagogia o seu “ganha-pão eleitoral”. Embora tenham sido, ingratamente, apelidados de políticos sem rasgo e sem ambição, há políticos sérios, que não são nada disso, e que sempre se preocuparam com as contas públicas. É por isso que o Porto é melhor do que o país. Só há orçamento, a vida não interessa. “Se o país tivesse feito como temos feito no Porto, estaria, seguramente, bem melhor.” Caro presidente da Câmara Municipal do Porto, seguramente, não. De certeza absoluta. O que o país precisa não é de um político demagogo, mas de um contabilista ambicioso, determinado e intolerante. Teríamos esplanadas envidraçadas a sitiar qualquer monumento nacional, e não seria necessário que nos incomodássemos em incomodar o IGESPAR; os moradores dos bairros seriam despejados porque sim ou porque não; os arrumadores seriam transportados para Barrancos; os teatros municipais do país inteiro, incluindo o S. Luiz ou o Maria Matos, estariam entregues a espectáculos dignos desse nome e o mais provável é que os subsidiodependentes também fossem despejados ou transportados para Barrancos. O património municipal seria cedido por tuta e meia ao primeiro transeunte, por racionalidade económica, e quem pedisse um qualquer apoio, das duas uma: ou assinava um documento no qual se comprometia a ser bem comportado ou também ia para Barrancos. Isto não seria acabar de vez com a cultura. Bem pelo contrário: haveria um festival aéreo em todas as cidades à beira-rio, com passarinhos ou não a nidificarem, desde que a Red Bull quisesse e, claro, estradas asfaltadas para que os calhambeques percorressem o país de lés a lés, e praças remodeladas para os road shows do rali de Portugal. Mas isto só seria possível se o país imitasse o Porto ou se o presidente da câmara da cidade pudesse ser replicado como se fosse um gremlin. O que só é possível nas produções de Spielberg.

Se o país fosse como o Porto, Saramago não era nome de rua nem de coisa nenhuma e não havia Casa dos Bicos nem Oliveira para ninguém. Já pensaram nisso? Ora, acontece que o Porto é a última morada do paraíso.”



E para aqueles que ainda acreditam, juntamos também uma prova de seriedade e rectidão, cuja leitura não deverão dispensar - Câmara do Porto fez contratos ilegais para pagar dívidas.

nota a 24 de Junho de 2010: Com um sentido de estado desta envergadura, não admira que o Porto seja a última morada do paraíso. Parece que alguém morreu e não foi convidado para o seu próprio enterro!!!

o aniversário no circo, por ssru
Publicado 14/07/2010 centro histórico Deixar um Comentário
Tags:centro histórico, reabilitação urbana, porto vivo, cmp, património mundial, unesco, quarteirão prioritário, sistema construtivo, mouzinho da silveira, cultura, construção, planeamento, documento estratégico, igespar

Assinalamos hoje a passagem do 2º ano da SSRU e para marcar a efeméride fomos todos ao circo. É que, ainda não é Natal mas na cidade do Porto irá abrir brevemente, com lugares de estacionamento no 2º andar, um circo permanente de arquitecturas, com palhaçadas para todos os gostos.

Uma trupe circense, merecedora dos melhores aplausos, planeou, projectou, aprovou, construiu e fiscalizou um momento mágico para regozijo de toda a assistência.

O projecto apalhaçado está em local turístico, junto do “pobre” edifício da Estação de S. Bento e integra várias parcelas no quarteirão do Corpo da Guarda, no âmbito do documento estratégico definido pela Porto Vivo.



No conjunto palhaço está tudo bem feito, porque o objectivo de chorar a rir é plenamente concretizado.

Do que se vê por fora, na Rua de Mouzinho da Silveira, os vãos diferentes têm novidades a merecer o prémio do riso ao nível das caixilharias que, inseguras, fenestram cegamente o olhar do arquitecto responsável.

Malabarismo de rara beleza, é o assentamento na ‘diagonal’ de azulejos amarelos ‘ortogonais’, numa fachada de um edifício ‘ortogonal’, feito nunca visto por estas bandas.



Mas bom, bom… são os quatro vãos tipo “bomboca” (… e o coelhinho vai com o Pai Natal e o palhaço, no comboio ao circo!!!) no último piso recuado de uma das parcelas, pintado de rosa e com uma pala maciça tipo “sardão” (sardounhe), em “béton” tradicional. Facto que motivou a aprovação do projecto pelos organismos competentes, com louvor e risada geral.

Não é tudo! Nas ruas medievais do Corpo da Guarda e Pelames o non-sense mantém-se, destacando-se a simulação de varandas em betão que cobrem uma azarada pilastra em granito resistente do século XVI-XVII, vestígio infeliz dos malogrados edifícios que foram demolidos e refeitos na imaginação do palhaço-mor.

Mas bom, bom… (outra vez!!!), são as portas novas que dão para as varandas, que nunca assentam nas sacadas, azares comuns dos pavimentos de edifícios diferentes nunca baterem certo. Mas tudo se resolve com soleiras placadas em granito e a cor rosa, pintada por baixo… o rosa fica sempre benzinho.

Esta intervenção arquitectónica é merecedora de um reconhecimento público, cujo prémio deverá ser a interdição de projectar nos centros históricos classificados no país e arredores.

Haverá certamente mais a aplaudir em tão belo conjunto, mas por hoje é tudo, despedimo-nos com amizade, até um próximo espectáculo.


as bombocas, a pala sardão e a sinfonia dos tubos de queda

a pala sardão, flutuante como um trapezista

a relação do r/c com as ruas medievais e a altura da varanda

a varanda a imitar, que deste lado não acerta com a placagem...

... mas deste lado ultrapassa e sobrepõe uma azarada pilastra em granito

cornijas e telhões nem vê-los, mas tem o chapéu de palhaço pobre

aplausos, estamos todos de parabéns!!!


a não-cidadania #5, por ssru
Publicado 11/07/2010 cidadania Deixar um Comentário
Tags:baixa do porto, centro histórico, cidadania, cidadãos do porto, cidade do porto, cmp, cultura, jornalismo, legislação, património da humanidade, planeamento, reabilitação social

Preocupa-nos a frieza como o espaço público é devassado e no caso particular do Jardim da Cordoaria, um espaço único e quase sagrado, que encerra em si tanta da história da Cidade, a preocupação transforma-se em pesadelo.

Presumimos que aqueles que, com a maior das displicências conspurcam o chão das nossas ruas com copos e garrafas, com facilidade (e o cérebro vazio de valores) estacionam a viatura num jardim público desta natureza e com o simbolismo que este tem. Não estamos propriamente a falar do relvado do jardim em Massarelos, embora este mereça o seu respeito de igual modo.

O que se passa, afinal? Que fenómeno é este que tem carta branca para desfazer aquilo que preservamos na nossa Memória e na nossa Identidade e que insistimos em deixar na História para orgulho dos nossos filhos? Que monstro foi criado sem medir as consequências e sem que se antevejam os antídotos?

E aquele parque de estacionamento subterrâneo (pago pelo nosso suor), quase vazio e exorbitantemente caro!!!

Que se passa nas cabeças das autoridades e responsáveis da Cidade para admitirem que isto é possível, sem se importarem com a opinião da restante comunidade?

Simplesmente fecham os olhos… mas vocês não têm o direito.













nota a 12 de Julho de 2010: Para que fique bem claro o grau de ineficácia (para não dizer mais) dos actores policiais e políticos desta cidade, lembramos que já o ano passado a CAMPO ABERTO tratou este tema com todo o cuidado e urgência que merece. O factor tempo funciona aqui como agravante exponencial da incúria das nossas autoridades. A miséria nunca vem só, neste caso trouxe a vergonha agarrada! [Estacionamento-Cordoaria]

o fôlego do santo, por ssru
Publicado 05/07/2010 s. joão Deixar um Comentário
Tags:centro histórico, baixa do porto, cmp, património, sé, política, cultura, cidade do porto, s. joão

S. João, eremita natural do Porto que viveu no século IX, é um corredor de fundo, tal como os tripeiros que o veneram, elegendo-o a santo padroeiro. Através dos tempos o povo tem dedicado forte devoção e grandes festas, mantendo-se ainda hoje viva a tradição das fogueiras de S. João de origem muito antiga, substituindo-se assim as festas pagãs do solstício. Os festejos na cidade são já seculares e a origem desta tradição cristã remonta a tempos milenares, mas apenas no século passado é que o dia 24 de Junho passou a feriado municipal proporcionando um dia de merecida folia a milhares de tripeiros e visitantes.



Apesar das mudanças e modernizações a que a celebração tem sido sujeita ainda é possível manter muita da tradição: no alho porro, nas barracas que vendem o manjerico, as tendas das fogaças, a sardinha assada e o vinho, as farturas e o algodão doce, as tendas das loiças e das cutelarias, os matraquilhos e os carroceis, os balões e o fogo de artifício.

Há alguns anos atrás as festas estavam limitadas ao centro da cidade, situando-se as Fontainhas no centro geográfico, marcando o percurso pela Rua de Alexandre Herculano, a Praça da Batalha, Rua de Santa Catarina, Passos Manuel, Formosa ou Sá da Bandeira e ainda Praça da Liberdade, Avenida dos Aliados, Praça da República, Praça de Lisboa, Rua dos Clérigos e 31 de Janeiro. Mas as Fontainhas perderam muito do seu encanto desde que lhe espetaram os pilares da ponte no seu seio, dando-lhe aquele aspecto suburbano. Hoje em dia as festas encontram-se espalhadas por toda a cidade, da Ribeira à Foz, na Boavista, em discotecas e em viagem de barco pelo Rio Douro.

Uma das expressões culturais mais apreciadas no S. João são as tradicionais rusgas (não são marchas), que consistem no desfile pelas ruas de grupos de foliões trajados a rigor, interpretando os melhores temas sanjoaninos. Dispensam os carros alegóricos e não requerem muita luz, para dar o ambiente certo. Apenas os arcos, os balões e um grande número de outros adereços, que fazem o encanto de milhares de visitantes. Este ano reuniram-se na Batalha e desceram a Rua de Passos Manuel até a Avenida dos Aliados onde foram recebidos por uma “cascata de contentores” da finada Feira do Livro.

Para um tripeiro não é fácil assistir a um cenário destes. A vergonha e a falta de dignidade mancham os melhores dias de folia, de que bem precisa para fazer frente a uma luta diária de privações. Ainda no ano passado a Avenida foi palco de um feliz bailarico antes e depois do fogo de artifício da Ribeira.





Os ataques aos valores culturais dos portuenses têm sido uma constante e este ano culminaram com uma Avenida dos Aliados a parecer um estaleiro em obras, encimada com um “fan park” (?), razão pela qual não se realizou a habitual cascata sanjoanina, ali aos pés de Garrett.

Ainda confuso, o verdadeiro tripeiro, resistente fundista, lê as notícias e fica sem saber o que pensar quando lhe anunciam que se pretende tornar o S. João numa marca a exportar. Estará tudo grosso ou já não há a mínima decência…

o nosso quintal, por ssru
Publicado 28/06/2010 cidadania Deixar um Comentário
Tags:abzhp, baixa do porto, cidadania, cmp, cultura, legislação, reabilitação, zona histórica

No nosso quintal somos nós que mandamos e as regras são muito claras. A forma como ele se apresenta, os odores que exala para a atmosfera, as espécies da flora que dele fazem parte, as construções que o emolduram, a limpeza de todo o espaço e dos muros que o delimitam, tudo isso é da nossa responsabilidade.

Quando o limpámos pela primeira vez, parecia uma nova cidade que se desvendava ali naquele pequeno logradouro. De início foi bastante complicado mantê-lo assim e o Tempo parecia nunca mais querer virar a página. Com demasiada frequência “choviam” sacos plásticos com lixo, vindos das casas dos vizinhos, tão habituados que estavam a fazer dele um depósito a céu aberto.

Sem parar de limpar, tentamos a sensibilização que resolveu uma grande parte do problema. Depois a veio a mediação para acabar com mais uma mão cheia de casos. Mais tarde, para o mais renitente dos vizinhos, a ameaça de processo judicial deu os seus frutos. Nunca devolvemos pelo mesmo modo, os embrulhos que nos chegavam por via aérea, nem mesmo quando a vontade era muita. E esse importante gesto marcou toda a diferença.


estes vidros foram recolhidos pelo dono da casa em frente, que nem é de bebidas!

A cidade tem sido invadida por um lixo manhoso, que as autoridades municipais (ou privadas) se têm preocupado por manter discretamente longe do nosso olhar. Quando o Porto acorda já as ruas estão varridas e, quando muito, vemos passar a carrinha que recolhe os sacos pretos com lixo a tilintar, ao som do vidro dos copos e garrafas partidas. Copos, garrafas, restos de bebida ou de comida, pairam na via pública como se dela fizessem parte e não da mesa de esplanada ou do interior do estabelecimento, que no final do dia são recolhidos pelo pessoal de serviço. É a chamada “noite dos pirilampos”.

Preocupada com o problema de higiene e segurança do “seu quintal”, a ABZHP veio exigir o fim do uso de embalagem de vidro no exterior, fora dos espaços concessionados: “(…) Cada vez mais se vêem vidros na rua, seja no centro do Porto, em Albufeira ou no Bairro Alto, em Lisboa. E está a atingir proporções tais que começa a preocupar. (…) A verdade é que há pessoas que largam as garrafas em qualquer lado e há quem se aproveite disto, porque uma garrafa pode ser utilizada como uma arma. Já há quem ameace com garrafas, da mesma forma que outros ameaçam com seringas (…)”, diz o seu presidente.

Agrada-nos a ideia de cada um procurar resolver os seus problemas, em vez de, denunciando uma mais ou menos explícita agenda política, “meter a foice em seara alheia”. Mesmo quando a solução encontrada não é a melhor, como neste caso acontece. Aqui a solução passou por pedir ao Ministro da Administração Interna que “limpe o quintal” da ABZHP com um documento legal, de carácter persecutório, que obrigue, que condicione, que impeça o uso de embalagens de vidro fora dos locais permitidos, como se o problema estivesse no material e não no uso indevido que se lhe dá. Como se as leis necessárias e suficientes já não existissem e apenas estejam à espera de serem utilizadas, tal como acontece em qualquer país civilizado onde os cidadãos que sujam pagam pesadas multas (alguém viu um polícia a passar este tipo de multas em Portugal?).

Sabemos bem que não é no fim da linha que reside o problema, mas sim a montante, quando os próprios estabelecimentos facilitam certo tipo de comportamentos abusivos (deixando sair os copos e garrafas de vidro) por parte de pessoas com um nível de princípios muito próximo do básico. Sim, qualquer pessoa que polui o espaço que utiliza e partilha com outros é um “basaroco”. Simples questão de cidadania.

A qualquer membro desta administração (como a tantas outras pessoas) tem sido possível frequentar as ruas e bares da cidade sem que se sinta impelido a conspurcar o espaço público, ainda que quase toda a gente o faça, ainda que o nosso lixo possa não constituir qualquer tipo de inconveniente maior ou agravante perante o mar de detritos. É mais ou menos como escarrar… ou urinar…

É que no nosso “quintal” ainda somos nós que mandamos e a rua também tem dono!

a feira do livro, por ssru
Publicado 17/06/2010 aliados Deixar um Comentário
Tags:avenida dos aliados, baixa do porto, cidade do porto, cmp, cultura, património da humanidade, planeamento, reabilitação urbana

Parece que nesta cidade tem que ser tudo assim, a ferro e fogo. Nada se consegue, nada se conquista ou realiza, que não seja embrulhado num manto de polémica. Até uma simples feira do livro, em tantas edições que já teve, em quase todas a sua ‘tripalhada’.

O que se passou agora? Não serve este local e querem outro, ou talvez não? Não há energia eléctrica para se transmitir um filme ao ar livre, mas precisamos de um culpado? Agora faz sol e calor, mas as pessoas não vêm na mesma? Os portuenses não compram tanto, o problema é da crise?



A utilização da avenida para eventos não deixa de ser uma forma de financiamento da autarquia, que bem precisa. A escolha dos eventos é que parece obedecer a uns critérios esquisitos, por vezes parece não existir critério nenhum.

Tal como a visita do Papa, cuja cerimónia necessitava de um lugar suficientemente capaz como a Avenida dos Aliados, para poder albergar uma multidão emotiva, a feira do livro parece-nos o evento que reúne maior dignidade e consenso para se efectuar na “praça nobre” da cidade. Uma celebração do Natal ou a festa do S. João, santo padroeiro dos portuenses, também não parecem mal a ninguém e alimentam a unidade e a identidade dos cidadãos que aqui acorrem como se a avenida fosse o único sítio possível. E é!

Muito se falou já sobre o assunto, principalmente na falta de condições da placa central da avenida para certos eventos, que no caso da feira do livro torna evidente o carácter espacial bastante deficitário, que sobressai também a quem a vê do lado dos passeios de fora. Fica tudo ali tão encolhido e abarracado, com aquelas ‘alcatifas’ no chão, a parecer um acampamento nómada. Sem alternativa, a feira fecha-se sobre si mesma, virando as costas à cidade, ainda que dentro dela, no seu centro.




Assim, é nesse contexto que deixamos aqui uma solução possível, uma alternativa de localização, tão boa como as restantes, a avenida, a rotunda ou os jardins do palácio: é o Jardim da Cordoaria. Já foi feira e passeio da burguesia de outros tempos.

Tem sombra para quem a quiser, a disposição dos stands é a mais evidente e eficiente, sem falta de espaço ou conforto, garante a segurança dos utentes em relação ao trânsito que fica em segundo plano, não faltam espaços para as crianças brincarem, permite longos percursos para peões, quase não são precisas passadeiras para lá chegar, não falta estacionamento em parques subterrâneos ou à superfície, tem transportes públicos como autocarros e eléctrico, mas em breve terá o metro. É um espaço a meio caminho entre os dois maiores centros de actividades – a Boavista e a Baixa – com a Universidade ao lado, o quarteirão de Miguel Bombarda e o eixo dos Clérigos, vizinho da Cadeia da Relação (IPF). É um jardim aberto para a cidade (não intramuros como os jardins do Palácio de Cristal) que tem zonas adjacentes para servirem de apoio a actividades complementares, anfiteatros improvisados, praças e descampados, ambiente agradável para se abrir um livro logo após a compra. E ali tão perto não faltam também as zonas de “comes e bebes” e esplanadas.

Mesmo parecendo-nos uma solução evidente (até tem energia eléctrica e abastecimento de água), onde só encontramos os “prós” – ficando a aguardar que nos indiquem os “contras” – nem sempre assim é para os restantes, principalmente aqueles que decidem.

Permanece, como de costume, aquele sabor amargo de quem tem sempre que revirar as tripas e armar barraca, para poder receber aquilo a que tem direito. Coisa de segunda cidade do país, mas com complexo de… (escolham um)!



a verdade conjugada, por ssru
Publicado 26/05/2010 cidade do porto Deixar um Comentário
Tags:centro histórico, cidadania, cidade do porto, cmp, cultura, fdzhp, planeamento, política, porto vivo, reabilitação social, rui rio, zona histórica

Dois novos factores que caracterizam a nossa moderna sociedade, surgem como elementos de peso que deverão, cada vez mais, ser levados a sério pelos nossos dirigentes e por todos aqueles que interferem na vida dos cidadãos e julgam escapar ao escrutínio da comunidade, quando tropeçam na asneira. Falamos do aumento da esperança média de vida do ser humano, que lhe permite no pleno gozo das suas faculdades viver mais tempo; e do acesso global às novas tecnologias, como é o caso da Internet e dos meios de comunicação digitais, as redes sociais, etc. Esta acção conjugada possibilita-nos exigir responsabilidades ainda no tempo de vida dos seus autores, pelos actos e erros cometidos, auxiliados que somos pela sua difusão digital a uma escala cada vez mais global.

Pretendemos ilustrar esta conjugação com um singelo exemplo, que terá como pano de fundo um dos principais problemas da cidade, senão mesmo o “PROBLEMA” do Porto, ou seja, a questão social: a pobreza = o analfabetismo = o desemprego = a desqualificação profissional = a desagregação familiar = o desenraizamento cultural e físico dos cidadãos, tanto etc. …



Há um ano atrás, José Ferraz Alves, um dos mais eloquentes e assíduos intervenientes n’ “A Baixa do Porto” escreveu um artigo sobre novas políticas sociais com aplicações em países americanos que incluíam incentivos monetários aos pobres, como recompensa pelo sucesso destes na procura da solução dos seus problemas: “(…) As transferências monetárias condicionadas não devem ser vistas como “pagar aos pais por aquilo que, de qualquer maneira, era um dever deles”, mas como um bónus, à semelhança dos incentivos dados aos banqueiros de Wall Street por bons desempenhos.(…)” é que “(…)as crianças são pagas pela assiduidade escolar e pelo melhoramento de notas. Os pais recebem prémios em dinheiro se trabalharem um determinado mínimo de horas, frequentarem cursos de formação e levarem os filhos ao médico. (…)”

Este é um conceito que se revela cada vez mais difícil de entender e atendendo ao montante que as obrigações sociais representam em matéria de despesa pública, dificilmente compreenderemos que se eternizem as assimetrias que este tipo de benefícios sempre causa, como tem sido com o descaracterizado “rendimento mínimo”, que dá para tudo. É nesse sentido que, no entanto, percebemos melhor o seguinte excerto: “(…) A caridade nem sempre é a resposta aos problemas dos pobres. A sua importância não pode ser negada, dado que é apropriada em situações de calamidade e quando serve para ajudar aqueles que se encontram em situações tão deficientes que não estão em condições de se ajudarem a eles próprios. Mas os donativos e as esmolas retiram a iniciativa e o sentido de responsabilidade às pessoas. Quando algo está disponível gratuitamente tende-se a gastar a energia e o talento nessa busca em vez de direccionar na conquista de realizações próprias. A esmola encoraja a dependência, em vez da auto-ajuda e da auto-estima. Também encoraja a corrupção e cria uma relação de poder desequilibrada, dado que os seus beneficiários procuram um favor e não algo a que têm direito, desaparecendo a responsabilidade por se tornarem relações de sentido único. (…)”

De há um ano a esta parte tudo apenas se agravou, até a responsabilidade dos muitos que preferem nada fazer, garantindo contudo a pobreza que lhes trás o rendimento. Quando lemos este artigo, nessa altura como agora, o nosso pensamento remeteu-nos para uma fundação onde os únicos incentivos monetários eram transformados em subsídios de formação e bolsas de estudo universitárias, encaradas não só como uma merecida recompensa mas sobretudo como um investimento no ser humano, no grupo social, na cidade. “(…) Uma instituição criada em 1990 para implementar no Centro Histórico do Porto um projecto de desenvolvimento local e de combate à pobreza e à exclusão social. Dirigindo a sua actividade para os grupos sociais mais desfavorecidos, foram criados equipamentos e desenvolvido um conjunto diversificado de acções de apoio à infância, aos jovens, aos idosos, aos desempregados, aos beneficiários do Rendimento Social de Inserção. Foram recuperados dezenas de edifícios e espaços comerciais, realojadas mais de cem famílias. (…) Tendo como um dos princípios fundamentais da sua actividade o envolvimento da comunidade local foram ao longo destes anos estabelecidas inúmeras parcerias com Instituições Particulares de Solidariedade Social, Associações Recreativas e Culturais, Escolas, Organizações Não Governamentais diversas e Juntas de Freguesia, num esforço de congregação de recursos e de vontades com vista à revitalização social e urbana do Centro Histórico (…)” leu-se assim um dia.

Em Setembro de 2004 a decisão de extinguir a FDZHP torna-se cada vez mais uma realidade, tendo o Centro Histórico deixado de ser uma prioridade para o executivo de Rui Rio. Lemos que “(…)Paulo Morais, vice-presidente da Câmara do Porto, confirmou ao JN a “falta de interesse e disponibilidade” em continuar a patrocinar a instituição. O protocolo de financiamento prevê que a autarquia e o Ministério da Segurança Social contribuam, em partes iguais, para um orçamento anual que pode ascender aos 500 mil contos. No entanto, a Câmara decidiu reduzir, nos últimos dois anos, a sua comparticipação em 95%. “Não vamos lá meter nem mais um tostão”, afirmou o vereador da Acção Social, que garante, contudo, a manutenção das “respostas sociais de qualidade”, sem nomear as que continuarão a funcionar. (…)”

Assim, passada mais meia dúzia de anos, a Fundação Social do Porto encomenda um “Diagnóstico Social do Porto – Porto Solidário”, realizado durante dez meses pela Universidade Católica e que revela que “a cidade está ferida pela pobreza, os principais grupos de risco são as crianças e os idosos, que se desinvestiu nas pessoas, que não se criou bem estar social para todos, que não é uma cidade coesa nem inclusiva, que não é boa para se viver”. Perceberam? Não é boa para se viver!

Mas, para espanto de alguns e indiferença de muitos, o Presidente da Câmara Municipal do Porto, Dr. Rui Rio, na abertura dos trabalhos do “XI Encontro Nacional de Fundações”, sob o lema do papel das fundações na criação de uma sociedade inclusiva, disse para quem quis ouvir que “é com particular satisfação que verifico que os temas dominantes deste encontro se dedicam à temática da inclusão social, matéria que desde o meu primeiro mandato coloquei como prioridade da acção política dos meus executivos”. E agora, perceberam? É que, disse ainda: “ao longo destes três mandatos, considerei sempre que a inclusão social numa cidade como o Porto é, seguramente, o ponto de partida para assegurar justiça social, equilíbrio nas relações inter-pessoais, segurança de pessoas e bens em meio urbano e desenvolvimento harmonioso da cidade.”

Talvez seja por isto não ser verdade (tal como denuncia o diagnóstico Porto Solidário) que na última Assembleia Municipal tivesse sido aprovada uma recomendação ao executivo do Dr. Rui Rio, que elabore um plano social de emergência, com medidas de apoio às famílias mais carenciadas e aquelas que são afectadas pelo desemprego. Provavelmente duas ou três FDZHP´s não sejam suficientes, mas suportamos até hoje o luxo de termos deixado extinguir a única que tínhamos.

Por isso, relembrando o início deste artigo, cá estamos nós a mostrar a quem quiser e se importar, quer agora ou quando se dá ao trabalho de votar em época de eleições, que podem sempre pensar pela própria cabeça e chegarem às vossas conclusões, julgando os nossos dirigentes pelas irresponsabilidades cometidas, neste caso de forma consciente e premeditada. Só falta encontrar uma forma de os fazer pagar por todos os estragos…

a questão da responsabilidade, por ssru
Publicado 05/05/2010 questões essenciais Deixar um Comentário
Tags:cidadania, cidadãos do porto, cidade do porto, cmp, cultura, património da humanidade, planeamento, política, reabilitação social

Ao comentarmos um artigo no blogue “A Cidade Deprimente“, Carlos Romão, o seu autor, coloca-nos uma questão plena: que fazer perante tal? Explicávamos as intenções da Porto Vivo para o edifício fotografado (a casa onde nasceu o pintor Silva Porto) que, em perfeita “roda-livre”, prevê a sua descaracterização. Referimos: “(…) Estaremos próximos de dizer adeus a mais um exemplar da nossa memória colectiva, se tivermos em conta que o edifício é propriedade da Porto Vivo, que a própria SRU prevê no Documento Estratégico da Ponte Nova uma intervenção conjugada de diversas parcelas onde esta se incluí, sendo possível perceber a intenção, demasiado costumeira, de fachadismo que arrasa tudo o resto e ainda que, segundo notícias recentes, dinheiro não irá faltar para todo o tipo de atropelos (…)“. Carlos Romão assegura-nos: “(…) Pela minha parte fotografarei com mais afinco apesar de ter a consciência de que as imagens apenas servirão para memória futura. Uma coisa garanto, o que fotografo não se perderá, ficará em boas mãos (…)“.

À mesa com amigos, depois de respondermos a uma pergunta, exclamaram: Porque é que nunca ninguém nos explicou dessa forma!? Explicámos aos presentes, a pedido, o que pensamos sobre a intervenção que se está a operar no Quarteirão das Cardosas: um descalabro a todos os níveis. Um parque de estacionamento público (?) está neste momento a ser construído, mas ninguém explica que, uma vez que o hotel não tem espaço próprio para os lugares que lhe permite existir como tal, ele terá que afectar lugares que deveriam ser públicos, destinados a nós todos; Para se proceder a esta obra pesada e intrusiva, foi necessário expropriar um número elevado de parcelas, a maioria parcialmente, outros totalmente e podemos dizer que a quase todos os interessados deve ter saído a ‘sorte grande’, porque no final a contestação foi residual, ou seja, foram gastas somas avultadas; À superfície do parque de estacionamento nascerá uma praça interior, como se fosse aquilo que a envolvente não tivesse em excesso, com a Praça da Liberdade, a Praça de Almeida Garrett, a parte pedestre da Rua das Flores e ainda o Largo dos Lóios; Será uma praça com características especiais uma vez que a emoldurá-la estarão todas as traseiras dos prédios que a envolvem; Terá um atravessamento feito com o sacrifício de, pelo menos, esventrar dois edifícios, como se o espaço a percorrer pelo exterior do quarteirão merecesse este agravamento, quer pela distância ou pela fealdade do percurso; A emoldurar o percurso interior estarão “lojas de luxo” (?) como se a fórmula mágica para o sucesso renegasse as lojas que existem em frentes de rua (que agora definham) a favor de espaços interiores de passagem (de luxo). Há uma evidente proeminência para privilegiar os utentes do hotel e mesmo o anunciado, em alternativa, centro de acolhimento turístico (o maior da Europa?), também assim pretende induzir; Em resumo trata-se de uma intervenção “oca”, mais uma zona cinzenta para resolver no futuro. Os nossos amigos, ainda estupefactos, prometeram ficar mais atentos a estas questões.



Consideramos sempre salutar assistir a seminários e conferências para ouvir, discutir e conversar vários temas, enquadramentos e opções sobre o quotidiano social, cultural, histórico, arquitectónico, urbanístico das cidades. Contudo, sempre que o fazemos, é com alguma perplexidade que sentimos estarmos de porta fechada. E no entanto a cidade e os acontecimentos/intervenções arquitectónicas nos centros históricos, no âmbito das SRU’s, estão aí a acontecer e não se ouve o mínimo ruído contestatário, ou eventualmente abonatório, sobre a forma como decorrem essas intervenções. Diríamos que a imagem mais semelhante com o que está a acontecer foi a imagem de uma fachada sobrevivente à catástrofe da Guerra Civil Espanhola, ou, uma eventual simulação de pequenos meteoritos que caem no miolo dos quarteirões para permitir uma nova cidade ainda mais densa, escondida pelas fachadas, que na medida do possível se tentam manter, recriando um CENÁRIO, como um museu urbano em cera, profundamente vazio e falso.

Um nosso leitor, na sequência do artigo anterior, da rubrica “tolerância zero”, enviou-nos o seguinte comentário: “(…) fico pasmado com a informação que nos fornecem neste vosso post. Verdadeiramente pasmado. Não há mesmo nada que nós, cidadãos comuns, possamos fazer em relação a essas obras ilegais? É inacreditável. (…)“

Seria desejável que apenas uma das muitas personalidades mais influentes desta Cidade (e/ou outras) se debruçasse sobre este tema, porque a transformação profunda é actualmente muito rápida apoiada nos fundos europeus que a patrocinam. Ao tempo de Fernando Távora o País precisava de uma Voz crítica sobre “O Problema da Casa Portuguesa”. Neste tempo, HOJE, o país precisa de uma voz crítica sobre “O Problema das Intervenções nos Quarteirões dos Centros Históricos Efectuadas pelas SRU’s”. O contexto político e económico não se afigura o mais propício para que vozes se levantem a criticar. O cenário é bem mais aterrador quando damos conta que vivemos num País estruturalmente desagregado e em risco de falência, também a económica, mas com bancos a terem lucros diários de 4 milhões de euros. Vivemos ainda numa cidade que acordou sobressaltada com quatro corpos carbonizados num prédio do Centro Histórico, com vistas privilegiadas para o seu ex-libris e que apenas nos arrancou, quando muito, uma dobra na testa ou um esgar de tristeza, já esquecido. Nada mais. Nada mudou. Nada nunca muda…

A Ordem dos Arquitectos, a Ordem dos Engenheiros, os Arqueólogos, os Historiadores, as Faculdades, as pessoas de todas essas instituições a título individual, ninguém. Álvaro Siza nada diz de concreto, Souto Moura, Germano Silva, etc., gente com estatuto bastante, com idade e desimpedimento suficiente para não serem incomodados por se pronunciarem, sabendo o impacte que tem as suas opiniões. E depois temos o Conselho Consultivo da Porto Vivo: Agostinho Barrias, Artur Santos Silva, Eduardo Guimarães de Oliveira Fernandes, Emídio Gomes, Francisco José Barata Fernandes, Helder Pacheco, José Angelo Novais Barbosa, José Diogo Marques dos Santos, Luís Braga da Cruz, Luís Valente de Oliveira, Manuel Fernando Macedo Alves Monteiro, Manuel Joaquim Pinho Moreira de Azevedo, Miguel Veiga, Nuno Grande, ninguém se interroga! Temos ainda os partidos políticos, que não batem à porta da Porto Vivo e perguntam o que está a ser feito e em que condições, que mudanças se estão a operar na estrutura da Cidade, certamente de uma forma irreversível.

A comunicação social também não está isenta e faz parte, em nossa opinião, do grande grupo silencioso de instituições e pessoas que não erguem a voz e não questionam o caminho para onde nos dirigimos. Quando o faz é de forma irresponsável e atrapalhada, induzindo os públicos em erros no seu processo de formação de opinião. Atente-se no exemplo de uma notícia, de um jornal abrangente como o Metro, quando diz “Ourivesaria renovada em tempo recorde – Edifício histórico recuperado em sete dias“. Sabemos bem que não é assim, mas quem por lá passou ficou com a certeza do quanto este discurso é errado. O autor deste projecto também tem responsabilidades, sendo quem é, mas sobretudo não devia ter cedido à tentação de encapotar um licenciamento (alteração das fachadas do rés-do-chão e sobreloja) através do programa de comparticipação das obras, o RECRIA.

Sem perder a honestidade mental, que é o nosso único trunfo, a nossa responsabilidade passa por expormos os assuntos dizendo verdades, podendo dizer mentiras, mas não o fazendo.

a tolerância zero #6, por ssru
Publicado 22/04/2010 tolerância zero Deixar um Comentário
Tags:centro histórico, cmp, construção, documento estratégico, igespar, legislação, mouzinho da silveira, obras ilegais, património da humanidade, porto vivo, quarteirão prioritário, reabilitação urbana, rui rio, sistema construtivo, sru

Lamentamos imenso ter que o referir, mas até agora ainda ninguém conseguiu contradizer o que aqui vimos a afirmar, ninguém nos mostrou que estamos enganados, que se trata de uma injustiça quando espetamos os dedos nas feridas abertas do Centro Histórico do Porto. Já nos chamaram muita coisa, até comunistas, imaginem!?… atiraram-nos inúmeros impropérios, perseguem-nos como cães danados, mas ninguém pode concluir que somos ignorantes, ressabiados, ou desprovidos de razão.

Prova de tudo isto são os artigos dedicados às inúmeras obras ilegais que, neste caso, florescem pelos quarteirões da responsabilidade da Porto Vivo, numa rubrica a que damos o nome de ‘tolerância zero’, essa mesma que deveríamos dedicar ao assunto, mas que ninguém quer saber. Pois é, ainda não recebemos nenhuma prova de estarmos equivocados, vinda das partes visadas, que poderá justificar-se porque nos ignoram, mas certamente será também por ignorarem todos os restantes cidadãos do Porto e as leis que regem o País.

Pela ‘milionésima’ vez o Dr. Rui Rio, Presidente da Câmara Municipal do Porto, reformulou a macro-estrutura camarária e segundo as notícias que vieram nos jornais, a aposta desta feita será na fiscalização. Não sabemos se a Porto Vivo tem ou não alguma fiscalização (embora essa seja uma das suas principais tarefas segundo a legislação), mas pelas amostras, a existir não será de grande préstimo. Sabemos que as obras ilegais existem em toda a cidade, mas aqui neste centro existe uma instituição que consome inúmeros recursos à cidade e por isso, não deveriam existir (ao menos por isso) tantas irregularidades.

Em último caso caberá ao Presidente da Câmara responder, como é possível que debaixo das suas barb… do seu nariz, permita que casos como estes ainda aconteçam, sabendo que todos os olhos de dentro e de fora da cidade se viram para a Baixa e para o Centro Histórico?



O primeiro caso é para vos falar de um sujeito que se gaba de ser dono da Rua de Mouzinho e da Rua das Flores e que diz não precisar de fazer projectos, nem licenciamentos. Não está para isso! A sua marca parece ser a cor com que pinta os caixilhos dos seus prédios, um ‘bom azul’. Há umas semanas atrás, em plena luz do dia, ao subirmos a Rua das Flores em direcção ao metro de S. Bento, reparamos que estava estacionada uma carrinha à sua porta e descarregavam-se umas vigotas de betão armado para o interior. É sempre assim com este tipo de obras no Centro Histórico, em plena luz, sem medo! Parece que lhe apareceu uma equipa da polícia municipal… mas as obras lá continuam a julgar pelo barulho das máquinas no coberto dos vidros tapados.



A segunda obra de arte contou com a nossa assistência, quando fomos há uns dias almoçar ao “BOBY’S”. Àquela hora o barulho que vinha dos trabalhos que se desenrolavam nos pisos superiores era ensurdecedor e as empregadas pediam desculpa pelo sucedido mas não podiam fazer nada. Lembravam que na semana anterior é que tinha sido bem pior quando o tecto falso, ainda com as lâmpadas agarradas, caiu sobre os clientes e em cima do balcão. Ao nosso olhar interessado o ‘chefe’ lamentou que ao fim de mais de vinte anos tenha aparecido ‘um novo senhorio que os queria pôr de lá para fora’ para ali fazer um ‘hostel’. Foi por isso que começou a fazer as obras mesmo sem licença, provocando todo aquele barulho de propósito àquela hora. A virar costas ainda larga um “se fosse só o barulho… o pior é o resto!”, que nos deixou suspensos.



O terceiro caso também é em Mouzinho, claro, logo ali junto aos semáforos, em plena luz dos dias, bem sabem. Nada de especial ver uma carrinha em cima do passeio a carregar entulho, excepto quando esse entulho inclui vigas de madeira. Levaram as escadas que ligavam os pisos, as vigas dos pavimentos, as paredes interiores, os rebocos. Colocaram já umas vigas de aço! Tudo isto se percebe espreitando pelos vidros das montras sujos de poeira. E tudo isto está sujeito a licença para a execução deste tipo de obras em qualquer parte da cidade, quanto mais aqui neste lugar, património da humanidade. A ausência de placa de obra vem, para já, indiciar que estamos, infelizmente, certos.

Tem a palavra o Dr. Rui Rio, no âmbito das suas competências, certamente das suas responsabilidades, mas também pela imagem de seriedade, rigor e rectidão que cultiva e que os seus apoiantes ainda (?) lhe apregoam.

a razão de ser, por ssru
Publicado 11/04/2010 centro histórico Deixar um Comentário
Tags:centro histórico, cidadania, cmp, construção, cultura, igespar, legislação, obras ilegais, património da humanidade, planeamento, plano estratégico, política, porto vivo, reabilitação urbana, rui loza, unesco

As notícias desta semana são avassaladoras e tiram-nos a barriga da fome. Se motivos fossem necessários para existirmos, aquelas são uns excelentes exemplos.

Muito ponderamos sobre a nossa actuação e se valerá a pena esta exposição, ainda que sob anonimato, não deixa de ser uma exposição por vezes prejudicada e incómoda para nós. Interrogamo-nos tantas vezes se valerá o esforço de remar contra esta maré que se encontra carregada de péssimos marinheiros, piratas em busca do ouro fácil, barões das especiarias de beira-rio.

A velocidade a que os desastres acontecem e saltam (felizmente) para a ribalta das notícias, assume frequentemente um efeito perverso e desmotivador que nos remete para a nossa insignificância, o nosso viver comezinho nesta rua do centro histórico que é igual a tantas outras, cheia de problemas de todo o tipo, sobretudo os sociais. Mas vamos aos assuntos:



PS e CDU temem consequências da “cidade subterrânea”

http://jornal.publico.pt/noticia/07-04-2010/ps-e-cdu-temem-consequencias-da-cidade-subterranea-19141073.htm

Este fantasma dura já há imenso tempo e nem com os nossos votos natalícios ele desapareceu. Ninguém foi capaz de dizer ao arquitecto Rui Loza que o que saiu da sua cabeça, preparando-se para ser realidade, é uma tremenda insanidade, mesmo que a Europa nos ‘ajude’ a pagar o bolo. Só alguém que abomina o Centro Histórico do Porto pode conceber algo desta magnitude, certamente coadjuvado por uns bobos da corte que orbitam pela Porto Vivo e pela CMP e colaboram nesta ignomínia. Para breve as nossas razões e explicações.

Esplanada de Parada Leitão abre hoje sob suspeita de ilegalidade

http://jornal.publico.pt/noticia/07-04-2010/esplanada-de-parada-leitao-abre-hoje-sob-suspeita-de-ilegalidade-19140992.htm

Que história rocambolesca esta, sendo que o mais curioso é que a obra é mesmo ilegal. Não é por os serviços camarários da via pública a terem aprovado, que ela assume a necessária legalidade para se poder materializar. E vejam, só agora, depois de pronta ou de iniciarem a construção é que foram pedir a opinião da tutela nacional! Sintomático! Este novelo está na calha para ser desenrolado, em breve.

Movimento pelos jardins do Palácio não desistiu de referendar o centro de congressos

http://jornal.publico.pt/noticia/07-04-2010/movimento-pelos-jardins-do-palacio-nao-desistiu-de-referendar-o-centro-de-congressos-19140827.htm

Já escrevemos aqui sobre este assunto e nessa ocasião surgiu a ideia dos novos corpos poderem aproveitar a construção do parque de estacionamento. Dada a ilegalidade que infesta todo este processo, mesmo com a reconhecida qualidade do autor do projecto, endereçamos um apelo ao Movimento para que não desista de ver reconhecido um direito de pertença da cidade aos seus cidadãos.

Ex-trabalhadores não entraram no Rivoli

http://jornal.publico.pt/noticia/07-04-2010/extrabalhadores-nao-entraram-no-rivoli-19141001.htm

Por fim e para não deixar de falar em ilegalidades, alguém poderá explicar-nos como é que uma situação destas acontece? Como é que os responsáveis por esta autarquia se permitem a este dislate? Trata-se de um processo com relativas semelhanças com o despedimento que há uns tempos aconteceu na FDZHP, alguém se lembra disso? Para onde foi esta mão-de-obra qualificada?

Em resumo, que podemos nós fazer perante tudo isto, esta força destruidora que é indiferente a tudo o que atrapalhe a sua visão saloia do lucro.

Para começar podemos existir! E depois esperar que alguém nos oiça…

o dia do Centro Histórico, por ssru
Publicado 01/04/2010 centro histórico Deixar um Comentário
Tags:baixa do porto, centro histórico, cidadania, cmp, construção, documento estratégico, igespar, mouzinho da silveira, património, porto vivo, quarteirão prioritário, reabilitação urbana

Há um ano atrás a administração da SSRU propôs-se assinalar a 1 de Abril, a passagem dos anos sobre a degradação dos centros históricos das nossas cidades, como no caso particular do Porto, instituindo o “Dia Nacional das Cidades com Centros Históricos Degradados”.

1 de Abril é sem dúvida o dia adequado para a efeméride, uma vez que vivemos ‘A GRANDE MENTIRA’, que reside no esforço que os nossos dirigentes anunciam empregar na preservação do Património Mundial, quando as provas inegáveis indicam o contrário, ou seja, ‘UMA REABILITAÇÃO ADIADA’.

Em contraponto com o dia 28 de Março, em que se festejou e comemorou o “Dia Nacional dos Centros Históricos”, instituído em 1993 num convénio celebrado entre o Governo e a Associação Portuguesa de Municípios com Centro Histórico, o nosso objectivo é assinalar a passagem de mais um ano sobre a degradação de um património comum, quase sempre de forma irreversível.

Estendemos este convite a toda a Blogosfera Nacional para se juntarem a nós, assinalando da forma que acharem conveniente a necessidade e o direito a um centro de cidade reabilitado, um CENTRO HISTÓRICO VIVO.

A SSRU propõe a publicação de um artigo que demonstre a nossa preocupação perante a passividade dos responsáveis pela preservação e salvaguarda de um património que é de todos.

Sem dificuldade, consideramos que essa preocupação ressalta e fica resumida, nestas duas imagens que se seguem.



Subitamente, este edifício (já vosso conhecido) tornou-se o centro das atenções da maioria das câmaras fotográficas do Mundo, chegando certamente a ser o edifício de arquitectura não monumental mais fotografado do Centro Histórico do Porto.

O feito é conseguido, não à custa de uma reabilitação exemplar, digna de um património da humanidade, mas tão simplesmente pelas figuras de papelão alaranjadas que um artista acidental colocou nas janelas, sem imaginar naquilo que a sua obra viria a tornar-se.

A antiga e mal afamada Hospedaria de Mouzinho aguarda por uma reabilitação patrimonial que lhe devolva a alma e a funcionalidade, talvez mais um hotel para a Baixa do Porto, talvez à espera que o vento lhe sopre de feição sem o deixar cair.



Esta estranha forma de reabilitar, por outro lado, ainda não nos deixa perceber totalmente a extensão do crime que está a ser cometido nestes edifícios do Centro Histórico do Porto, com o regresso sempre presente do velho fantasma do ‘Fachadismo’. Dá para perceber pelos camiões de betão que enchem os silos da argamassa e pelos pormenores construtivos que espreitam por detrás do véu, mas cremos que só depois dele cair se perceberá.

Como na maioria dos crimes só à posteriori descobriremos até onde os criminosos foram capazes de levar a sua sodomia.

Na maioria dos países civilizados, com sociedades organizadas e cidadãos em estado de alerta para as questões do Património, da Identidade e da Memória, esse tipo de pessoas costuma ser punido.

Não aqui!

a máquina de fazer notícias, por ssru
Publicado 30/03/2010 media Deixar um Comentário
Tags:abzhp, centro histórico, cidadania, cultura, jornalismo, política, reabilitação, zona histórica

Somos um país de inventores e depois de inventarmos uma máquina que faz espanhóis, eis que surge uma para fabricar notícias, muitas notícias, com um conteúdo mais ou menos necessário, para não dizer desinteressante, repetidas vezes sem conta até nos cansarmos.

É algo bastante estranho mas real e palpável, porque apenas nas primeiras 12 semanas deste ano, já vamos numas mãos cheias delas.

Surpreendente, dadas as características da máquina, que ela consiga produzir assim tanto! Ainda se fosse uma máquina política, ou social, ou até desportiva, bom seria que fosse cultural, pelo menos… mas não! É o que é! Mas isso torna tudo ainda mais incomum e esquisito.

Alguns dirão (e muito bem) que se trata de iniciativa e voluntarismo e que deve ser louvada. Outros apelidam como um constante circo mediático (e com razão), considerando tratar-se de um comportamento impróprio.

A nós, assalta-nos esta desassombrada realidade, que nos remete para uma evidente falta de capacidade das restantes máquinas, que permitem que esta tome tantas vezes o seu lugar e por elas fale e seja tantas vezes a própria notícia.



01 Janeiro – Cheias motivam associação

01 Janeiro – Bares empenhados em consórcio de animação

10 Janeiro – Fórum vai debater alternativas à Red Bull Air Race

21 Janeiro – Videovigilância para “exportação”

31 Janeiro – Ribeira fechada ao trânsito no próximo mês

01 Fevereiro – Anarquia instalada na cidade

03 Fevereiro – Proibição de trânsito na Ribeira divide opiniões

03 Fevereiro – “Estamos a favor mas com certas condições”

04 Fevereiro – Segurança em risco na animação nocturna no Porto

11 Fevereiro – 12 espaços de dança sem segurança

19 Fevereiro – Freguesias a tutelar esplanadas

23 Fevereiro – Discoteca Swing está à venda

01 Março – Rio sobe 5 metros e lança o pânico

02 Março – Mais uma noite sem dormir

05 Março – Autarquia do Porto vota terça-feira protocolo para apoio ao sistema da Ribeira

06 Março – Câmara quer apoiar sistema da Ribeira

06 Março – Associação de bares do Porto acusa governo civil de ser hostil

08 Março – Associação de bares defende gravação de imagens 24 horas por dia

08 Março – Associação de bares defende gravação de imagens 24h/dia

08 Março – Associação de bares do Porto defende gravação de imagens 24 horas por dia – Porto, (Lusa)

08 Março – Associação de bares do Porto defende gravação de imagens 24 horas por dia

08 Março – Videovigilância/Porto: Associação de bares defende gravação de imagens 24 horas por dia

08 Março – Porto: Associação de bares defende gravação de imagens 24 horas por dia

09 Março – Videovigilância em Santa Catarina

09 Março – Ribeira – Câmara do Porto apoia com cinco mil euros

09 Março – Santa Catarina poderá ser a próxima zona a receber câmaras de videovigilância

09 Março – Associação de Bares e PSP pedem 24 horas de vigilância

10 Março – Bares criticam hostilidade

16 Março – Lei perversa à porta de bares

20 Março – Videovigilância foi vandalizada

27 Março – Comerciantes exigem que Red Bull seja na Ribeira

o inútil excesso, por ssru
Publicado 25/02/2010 media Deixar um Comentário
Tags:cidadania, cultura, jornalismo, património, reabilitação

Excesso insuportável de palavras inúteis, por PEDRO TADEU (DN)

«Uma mulher rodeada por quilómetros de terra, lama, pedra e destroços tenta, com um pequeno ramo de árvore, desenterrar qualquer coisa minúscula no lodaçal. Um monte de automóveis desfeitos, empoleirado numa pilha de troncos e barro, ameaça desabar sobre o telhado vermelho de um edifício. Um cão busca, por debaixo de uma montanha de escombros, o odor de um cadáver. Uma tromba avassaladora de líquido castanho corre, desabrida, por uma viela. É um gigante Adamastor que tudo destrói, em luta por espaço e mais espaço e mais espaço. Há falta de proporções humanas nos cataclismos dos dias de hoje.

Um miúdo de galochas e camisola interior contempla, plácido, sentado num tijolo, a persiana daquele que há minutos era o seu quarto. A janela espreita cá para fora, como um olho improvável, que a casa está lá em baixo, soterrada. Um corpo escondido por um lençol branco é levado sem vida, sem cor, numa maca carregada por bombeiros de capacete garrido, amarelo. Um braço estendido tira das águas revoltas um homem que luta contra o afogamento. Há excesso de imagens comoventes nas tragédias dos dias de hoje.

Procuramos sempre culpados. Antigamente era a fúria divina provocada pela nossa suposta vida licensiosa. Agora, que Deus já não tem fúrias e os pecados da carne são uma irrelevância moral, racionalizamos a hecatombe com a denuncia do pecado da imprevidência: sofremos, morremos, perdemos o que conquistámos à vida porque construímos onde não devemos, porque manipulamos a natureza a golpes de toneladas de betão e ferro, porque desafiamos o clima com agressões de fumo, gasolina e CO2. Há excesso de má consciência na civilização tecnológica dos dias de hoje.

Esquecemos a trica política. Guardamos o rancor para outro dia. Abraçamos o maior inimigo. Prometemos corrigir os erros do passado. Inventamos actos solidários de homenagem aos que foram embora. Destinamos milhões para pagar prejuízos. E vamos à missa. Há excesso de rituais normalizados nos dias políticos de hoje.

Nada há para dizer e, no entanto, ninguém pára de falar. Falou o Presidente. Falou o primeiro-ministro. Falou o líder do Governo Regional da Madeira. Falou o ministro. Falou o homem da Protecção Civil. Falou o comandante dos bombeiros. Falou o comentador profissional. E os jornalistas não se calam, horas e horas e horas a fio. Há demasiadas palavras inúteis na linguagem destes tempos que correm.

Maldita profissão esta, que me obriga, sem respeito pela morte, a somar as minhas palavras, mais palavras inúteis, ao ruído insuportável que me cerca…»



nota: Apenas para referir que o sublinhado do texto é nosso e que a fotografia é do JNonline. Só isso, nem mais uma palavra a acrescentar…

a feira nova, por ssru
Publicado 14/02/2010 aliados Deixar um Comentário
Tags:baixa do porto, cidadania, cidade do porto, cmp, cultura, igespar, património, planeamento, política, reabilitação, zona histórica

A Praça Nova está, mais uma vez, transformada num recinto de feira de província. Os carrosséis com a sua chinfrineira habitual, as tendas do pão doce e as “roulotes” das farturas com os odores tão característicos, os espectáculos brejeiros de encher o olho, mais pelas dançarinas do que por outros dotes que concorram à atenção dos espectadores e uma inovação, com poucos anos, nas feiras novas – os insufláveis coloridos, que fazem os prazeres da pequenada.

A Avenida dos Aliados, centro cívico da cidade, templo da nossa civilidade ocupado por vendilhões, quando tantos locais bem mais indicados serviriam de pouso para mais uma sodomia.

Não cremos que seja propositado, que este executivo faça tudo isto só para nos humilhar e agradar às cortes de Lisboa (não vamos por aí), achamos que é mesmo por ignorância e falta de sensibilidade, de DIGNIDADE.

Viva o Carnaval, que quando nasce é para todos…



E hoje que é ‘Dia dos Namorados’, podemos levar os nossos pares a dar uma volta naquele cisne ou no carro dos bombeiros, delícia suprema…

o não-património #5, por ssru
Publicado 28/01/2010 não-património Deixar um Comentário
Tags:baixa do porto, centro histórico, cidade do porto, cmp, cruarb, igespar, imobiliário, joaquim branco, não-património, política, praça de lisboa, reabilitação urbana, sru, vitória

A Praça de Lisboa representa para nós o paradigma da negação, uma contradição em termos, certamente um ‘caso-de-estudo’ pelo aspecto negativo!

É uma não-praça, um não-topónimo, um não-espaço comercial, um não-programa funcional, um não-exemplo de gestão do bem público, um não-lugar, enfim… um não-património. Sozinha encerra em si mesma e num só tempo ‘a degradação – a má reabilitação – o abandono negligente’ e por isso, ao contrário do que tem acontecido com esta rubrica, à “Praça do Anjo” iremos dedicar um só longo artigo.

A Praça – 1. lugar público e amplo geralmente rodeado de edifícios e onde desembocam várias ruas; largo; rossio; 2. largo onde se realiza uma feira ou um mercado [http://www.infopedia.pt/pesquisa.jsp], afiguram-se como as definições que melhor se ajustam ao caso em apreço.


"O Porto de Outros Tempos, Edição BPMP"

Tanto se disse e escreveu sobre a Praça de Lisboa, ou o Clérigos Shopping, ou o Mercado do Anjo, que acreditamos não trazer muito mais para acrescentar. Mas vamos tentar, esclarecendo a nossa perspectiva sobre o assunto e começando do início.

momento 1

O período de ocupação filipina representou para o Porto um momento importante na consolidação do poder civil e no incremento de trabalhos públicos. Filipe II reforçou a administração regional e o poder dos juizes, sendo prova disso a ordem de construir uma casa para a Relação e Cadeia em 1603, edifício que ruiu no século XVIII, dando lugar à imponente obra de João de Almada. A escolha do Campo do Olival para localização de uma obra deste calibre revela a importância que é concedida à urbanização deste subúrbio, realçando ainda preocupações no reordenamento dos espaços públicos envolventes, criando as primeiras alamedas do Olival, com a plantação de árvores e bancos para repouso.


extracto da planta de 1813

Com a restauração da independência surgem certas dificuldades para o poder civil, em contraste com o poder eclesiástico que continua a demonstrar um papel dinamizador, lançando importantes obras de assistência como em 1672 a do Recolhimento do Anjo, realçando de novo a importância concedida à zona do Olival. Por esta altura começam-se a desenhar algumas directrizes que irão ser desenvolvidos pelos Almadas, um século mais tarde

Por volta de 1762, a criação da Junta da Obras Públicas coincide com a intenção de centralizar num único departamento a direcção do desenvolvimento urbanístico do Porto. A primeira Junta é presidida por João de Almada e dela também faziam parte elementos camarários. Mal comparando, estaríamos a falar da primeira SRU da cidade (o que tem a sua piada), sendo que uma das preocupações foi a angariação de fundos através da criação de impostos sobre os vinhos, valendo-se dos rendimentos da Companhia de Agricultura e Vinhos do Douro.

O plano estratégico de desenvolvimento e expansão da cidade, que se começa a vislumbrar em 1784 numa extensa lista de melhoramentos, introduz a necessidade de criação de normas relativas à construção de edifícios, à composição das fachadas, obedecendo a uma regularidade tipológica de inspiração neoclássica.


extracto da planta de 1839

Com a vitória liberal em 1834, inicia uma nova fase da vida do Porto, onde se afirmava uma burguesia mercantil, enriquecida pela apropriação dos bens do clero que tinham sido nacionalizados e vendidos em hasta pública.

A atenção aos aspectos formais do desenvolvimento urbanístico é reforçada nomeadamente no reapetrechamento estrutural da cidade e a consolidação do tecido urbano, onde também se inserem as iniciativas de regular o abastecimento de géneros, concentrando as diversas feiras espalhadas pela cidade, em locais estrategicamente posicionados, como aconteceu em 1837-1839 com o Mercado do Anjo, criado para abastecer a zona central. Era aqui que se vendiam os frescos produtos hortícolas que as lavradeiras traziam dos arredores da cidade, chamando a si imensa população residente vizinha.


extracto da planta de 1892

No início do período republicano, o Mercado do Anjo perspectiva uma modernização com um projecto de Marques da Silva, apenas residualmente concretizado. A posterior construção de mercados periféricos, como o do Bom Sucesso, vieram alterar a importância e a função do Mercado do Anjo precipitando-o para a obsolência.


cruarb - fichas de obras

O tempo passava e este espaço central, de formato triangular, sobrava entre a dignidade das frentes urbanas vizinhas (clérigos, universidade e livraria Lello).

momento 2

Seria útil perceber que o entendimento destas questões históricas aqui introduzidas, fazem parte dos cânones que devem presidir a qualquer projecto de requalificação ou regeneração de um tecido urbano com esta singularidade.

Algo que manifestamente não encontrámos na intervenção promovida em 1992 pelo CRUARB, num projecto da autoria dos arquitectos António Moura, Luís Oliveira e Susana Barbosa, sendo prova física disso mesmo (para além de outras variáveis mais rebuscadas) o estado de degradação em que a praça se encontrava, volvidos apenas uns insignificantes (em arquitectura) 14 anos, até ao seu inqualificável abandono.



Este projecto cedo evidenciou fragilidades na estruturação e articulação com a envolvente, fechando-se em si mesmo e com uma alma diminuída pelo constante desinteresse das autoridades camarárias que parecem ter assumido um criminoso desleixo como factor para justificar a alienação deste moribundo espaço.

A iniciativa artística e comercial fervilha e, com a fibra que sempre a caracterizou através da história da cidade, recusa baixar os braços, mostrando aos responsáveis os caminhos evidentes para a resolução do problema. À volta da praça (onde deviam estar) pululam inúmeras actividades como o “Mercadinho dos Clérigos”, o “Se esta Rua Fosse Minha”, o mercado “Porto Belo” (como se a importação do nome fosse vital, quando existem outros bem mais tradicionais como a ‘Feira da Ladra’, que já se realizou, em tempos, aqui perto) e até a “Feira dos Passarinhos” é instalada no ‘descampado que se plantou’ em frente ao edifício da antiga Cadeia da Relação (??).



Parece clara a falha da ligação da praça com a Rua das Carmelitas onde principiam as Ruas da Galeria de Paris e de Cândido dos Reis. A entrada do estacionamento virado para os Clérigos, parece nunca ter levantado dúvidas a quase ninguém. A ocupação do espaço central da praça com um restaurante (?) e a deslocação da fonte da “Anja” para um canto, só parece esquisito a alguns.

Afigura-se evidente que o esforço da Cidade na recuperação daquele espaço poderia ser significativamente menor. Facilmente um conjunto de técnicos, mais ou menos dotado conseguiria recuperar aquela Praça com o que ela tinha e ‘fazer melhor’.

momento 3

“Desinteressadamente” a avidez de Privados aparece do Nada, de mãos-dadas com a CMP/SRU, percebendo a oportunidade num território central e economicamente aliciante. Não nos debruçaremos sequer na possibilidade do caderno de encargos do concurso público que se gerou, ser delineado de tal forma que só um concorrente e poucos mais pudessem responder, nem nas relações de amizade ou outras que os intervenientes teriam com os dirigentes da SRU ou da CMP. Para este artigo não será tão relevante. Fiquemo-nos apenas pelo facto da cidade estar até hoje, refém de um gigantesco Nó-Cego.

E do Nada aparece um projecto com ondas, de uma arquitectura-ovni, que se desliga de todos os valores históricos, patrimoniais e arquitectónicos da envolvente.


http://www.porto.taf.net/dp/node/3571

Com a curiosidade macabra de ser do mesmo autor que faz um sea life/oceanário sem ondas, em frente à ondulação marítima do Atlântico, transportando essa eventual falta de contextualização para uma espécie de “novo oceanário” com ondas, erigido no cimo do monte, esperando que a Torre dos Clérigos aguente tamanha sodomia.

Para completar o abstruso ramalhete, o espaço destinava-se a potenciar a extinção da mais famosa livraria do País e arredores. Felizmente que a crise económica não tem só aspectos negativos, pois o tubarão foi à falência antes de comer o peixinho colorido (o nosso “Nemo”).



Em conclusão, há dinheiro para inventar o absurdo e no entanto a Galeria de Paris há 100 anos à espera de dinheiro para uma cobertura, quase sem desenho arquitectónico (com estes arquitectos é melhor ser um mestre-de-obras… [nunca pensámos dizer isto na nossa vida]), para aliviar e proteger das intempéries uma zona social e comercial por excelência.

Haja Deus e Saúde, protecção mental para aqueles que ainda se preocupam, talvez demasiado, em esclarecer estas coisas das arquitecturas.

e agora… algo diferente, por ssru
Publicado 15/01/2010 diversos Deixar um Comentário
Tags:cidadania, património da humanidade, reabilitação, solidariedade

Haiti: Vale da Sombra da Morte, no Aventar

Nesta terça (11), a devastação assolou o Haiti. Deixou lacunas ao partir famílias e corações. Dentre as possíveis centenas de vítimas do terremoto, há quem chora a perda. Prantos são feitos. Lamentações, ditas. A fragilidade humana exposta, está amostra para que se veja o que se foi. Do pó, reduzidos às cinzas.

A morte é uma violência. Ela rompe com um ciclo de expectativa, de sonhos e de realizações. Em fração de segundos, um futuro, pensado para o distante, é interrompido sumariamente. Incompreensível e injusta, ela – a morte – possui ferrão doloroso cheio de veneno e provoca feridas excrucitantes.

Esses momentos de catástrofe demonstram que só a solidariedade vinda de um coração fraterno é o refúgio onde podem ser abrigadas as lágrimas de almas quebradas. Há 6 anos, um tsunami varreu o Oceano Índico. Milhares se foram. O sentimento aterrorizante de impotência é desesperador. E ainda assim, a morte jamais fica saciada.

Lá, na América Central, não morreram haitianos ou cidadãos de quaisquer outras nacionalidades, morreram pessoas. Morreu gente como nós: pais, mães, irmãos, irmãs, filhas, filhos, tios, tias, avós, avôs, trabalhadores, estudantes, empresários, mendigos, ricos, viúvos, solteiros, casados… Morreu, ali, um pouco de cada um de nós. Uma parte da humanidade.

CHICO JUNIOR

Chico Junior é brasileiro, graduado em jornalismo e em teologia, autor do blog Polipensamento


http://www.aventar.eu/aventar/wp-content/uploads/2010/01/haiti_1401.jpg

nota a 18 Janeiro 2010: Apesar de tudo, acreditamos que a maior prova de compaixão não consiste em expormos gratuitamente o sofrimento alheio. Algo que a avidez da “comunicação” actual não compreende, bombardeando-nos constantemente com imagens de horror (como um jornalista a falar para a câmara e a apontar para uma mão que sobra debaixo de uma laje de betão).

o que disse? como?…, por ssru
Publicado 12/01/2010 zona histórica Deixar um Comentário
Tags:cidade do porto, cmp, documento estratégico, igespar, planeamento, política, porto vivo, sru, zona histórica

(… certamente estarão lembrados daquilo que dissemos no primeiro artigo)

O concurso internacional de ideias para a Frente Ribeirinha esteve, pelos vistos ainda está, nas ‘bocas-do-mundo’ e disso se fez grande alarido e se tirou igual proveito.

A Porto Vivo e/ou a CMP (traduzindo: os contribuintes) gastaram imenso dinheiro em meios e em recursos humanos a preparar e a lançar o concurso que “iria revolucionar toda a frente do Rio Douro”; despendeu, sabe-se lá quanto, em despesas de representação e logística; gastou nos montantes destinados aos prémios; ‘tratou’ principescamente (costuma ser assim) e andou com o júri ao colo; fez eco de tudo isto nos ‘media’, que por sua vez também custa dinheiro em ‘comunicação e imagem’; com pompa e circunstância envolveu diversas instituições em diferentes cerimónias; enfim… criou tantas expectativas, pelo menos nos que ainda acreditam. E então agora é isto?


http://www.portovivosru.pt/concurso/galeria/imgs_grandes/15.jpg

“(…) Frente ribeirinha do Douro não terá projecto único – A Porto Vivo – Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU) já não vai fazer um projecto global para a frente ribeirinha do Porto. Em 2007, a SRU lançou um concurso internacional de ideias, ganho pelo arquitecto portuense Pedro Balonas. Após o anúncio do vencedor (que recebeu um prémio monetário de 50 mil euros), esperava-se que a SRU desenvolvesse um documento estratégico que incorporasse ideias da proposta de Pedro Balonas e, eventualmente, algumas ideias de outros projectos apresentados a concurso. Já não será assim.

O presidente do conselho de administração da Porto Vivo, Arlindo Cunha, garante que a revitalização da frente ribeirinha da cidade não está parada, houve apenas uma mudança de metodologia. “Andamos a reflectir na melhor metodologia para abordar o assunto. Decidimos incorporar as ideias que ali surgiram nos vários quarteirões, à medida que vamos trabalhando”, diz. E acrescenta: “Optámos por não fazer uma zona especial da frente ribeirinha, extremamente comprida e atravessando vários quarteirões. Faz mais sentido abordar os vários troços da frente [urbana] no contexto espacial em que se inserem.” As soluções apresentadas, pelos vários concorrentes, para a marginal ou para a ligação com Gaia não terão, por enquanto, qualquer desenvolvimento.

Para já, a nova metodologia escolhida pela SRU ainda não teve qualquer repercussão nas dezenas de propostas apresentadas a concurso. Arlindo Cunha lembra que, recentemente, a Porto Vivo aprovou os documentos estratégicos para os quarteirões Cais das Pedras – Igreja e Cais das Pedras – Cristelo, inseridos na área abrangida pelo concurso de ideias, mas admite que nenhuma das soluções encontradas para o local se baseou nos resultados daquele concurso. O responsável da SRU garante, contudo, que as ideias apresentadas ao concurso não foram em vão – os 2.º e 3.º classificados receberam 20 mil e 15 mil euros – e que algumas ainda serão utilizadas, quer nos quarteirões, quer na nova Área de Reabilitação Urbana (ARU) que está a ser criada, por força da nova legislação para a reabilitação.

Obra em 40 frentes – A nova ARU “englobará toda a zona histórica” e substituirá a lógica de criar documentos estratégicos para quarteirões. Mas aqueles que já estão aprovados ou em vias de aprovação não vão parar. “Estamos num período transitório, mas o trabalho não vai parar. Estamos, neste momento, a trabalhar em cerca de 40 frentes e é na obra que nos queremos concentrar agora”, garante Arlindo Cunha.

O concurso de ideias lançado em 2007, e que Balonas venceu em Fevereiro de 2008, abrangia toda a área marginal entre a Rua de D. Pedro V e a Ponte de D. Maria I. As soluções encontradas pelo arquitecto para impulsionar a atractividade da zona, melhorando a qualidade urbanística, a qualidade paisagística e a mobilidade e estacionamento, foram consideradas as mais “consistentes” pelo júri do concurso, ainda que algumas se revelassem, de imediato, de difícil concretização. Pedro Balonas sugeriu a criação de duas pontes pedonais, ligando Porto e Vila Nova de Gaia, a instalação de um hotel no edifício da Alfândega, a ligação ao Passeio das Virtudes através de um elevador e a criação de um centro de artes nos velhos armazéns de Miragaia. Para já, nenhuma destas, ou das restantes propostas do arquitecto, está a ser desenvolvida.

Contactado pelo PÚBLICO, Balonas considerou a opção da SRU – de não realizar um projecto global tendo por base o concurso de ideias – “um desperdício”. O arquitecto promete questionar a Porto Vivo sobre esta solução, e acrescenta: “Há um concurso público que foi ganho e que tem de ser concretizado. Ou, pelo menos, é preciso que se explique por que foi abandonado”.

Financiamento do Estado idêntico à de Lisboa será mais difícil - Em Maio do ano passado, o presidente da Câmara do Porto, Rui Rio, utilizou o anunciado investimento governamental na frente ribeirinha de Lisboa para criticar o centralismo do poder, exigindo que um apoio similar fosse dado à Invicta. “Há anos que acontecem coisas destas, mas agora exagerou-se um pouco”, disse então o autarca durante uma reunião da assembleia municipal, em referência aos 400 milhões de euros que o Estado se propunha investir em Lisboa. Rui Rio conseguiu que Francisco Assis (o actual líder parlamentar do PS, que na altura era vereador da oposição no município), ficasse do seu lado, defendendo mesmo que a importância estratégica da marginal portuense era “em tudo igual” à da capital. Mas essa reivindicação pode agora cair por terra. Na altura, o então vereador do Urbanismo, Lino Ferreira, avisou: “Só podemos pensar em financiamento quando este se puder enquadrar no projecto que há-de vir a surgir, e que ainda não há”. Agora, de acordo com as explicações de Arlindo Cunha, não vai mesmo haver projecto. O responsável da SRU reconhece que a ausência de um projecto global para a frente ribeirinha do Douro dificulta a exigência, junto do Governo, de um financiamento idêntico ao que foi usado em Lisboa, mas ressalva que não o inviabiliza. “O investimento poderá ser feito ao nível da Área de Reabilitação Urbana, em vez da frente ribeirinha”, diz.(…)”



Então também não há responsabilidades, nem responsáveis? É só assim?… Não sabiam se tinham dinheiro antes de lançar o concurso? Andamos a brincar às casinhas e aos projectinhos? Só com os oitenta e cinco mil euros dos prémios já tinham acabado com aquela vergonha que, a custo, se mantém em pé em plena Mouzinho da Silveira.

Olhem lá, se de vez em quando, antes de fazer asneiras, estivessem quietinhos e caladinhos! Não era muito melhor?

os políticos às vezes têm razão…, por ssru
Publicado 31/12/2009 media Deixar um Comentário
Tags:cidadania, cidade do porto, cmp, cultura, jornalismo, legislação, política, reabilitação, rui rio

A época é festiva e longe de nós qualquer intuito de passá-la nas habituais lamúrias e lamentos, do tipo “os políticos são todos da mesma laia”, “o ano é novo mas os políticos são velhos” e por aí adiante.

Há, certamente, nesta triste e bisonha Portugália, políticos que, às vezes, estão cobertos de razão. Portugauleses serão eles, pois então, lutando ainda e sempre contra o invasor chico-esperto!…



Pacheco Pereira é um deles. De espada em punho, o (único?) ideólogo social-democrata lá vai brandindo argumentos e desfilando causas e análises. Em algumas, vá, uma quantas, acerta. As suas teses sobre o “situacionismo” no jornalismo desta Portugália enfadonha e dorminhoca são conhecidas e, normalmente, bem fundamentadas. Descontando-lhe uma certa verve intelectualóide que roça, muitas vezes sem necessidade, alguma arrogância, Pacheco Pereira suporta as suas análises numa amostra normalmente consistente de provas de que o jornalismo que por cá se pratica participa do adormecimento da sociedade, alinha facilmente com os poderosos, não investiga, não agita, não questiona, não faz pensar. É dócil e meigo, e perpetua com isso os ignaros e a ignorância individual e colectiva, como há tempos aqui defendemos.

Mas Pacheco Pereira tem, provavelmente, um problema: as lentes. Porque mesmo que não as use, ele só se mostra interessado em ver “uma” parte da realidade. Seria interessante que observasse, por exemplo, esta notícia. Sem essas lentes pré-coloridas, ele veria certamente o ridículo de uma cópia barata e mal arranjada do trabalho de levantamento analítico que ele mesmo faz, na qual alguém pago pelo dinheiro dos contribuintes se distraiu e nos quis distrair com uma argumentação sem pés nem cabeça, talvez própria de quem muito preza a subserviência silenciosa dos media e muito gostaria que esta também se aplicasse a si, em todos os momentos e instantes.

Mas há, felizmente, excepções. De facto, ao contrário do que Pacheco Pereira faz, ou seja, ao contrário de pesquisar, elencar e dissecar um conjunto crescente de textos e discursos jornalísticos que dão corpo e fundamentação às suas teses do “situacionismo”, que só são validáveis a partir desse conjunto vasto de informação publicada e nunca de episódios soltos ou isolados, a notícia publicada no site oficial da Câmara Municipal do Porto acusa um jornal (o Público) de, através da selecção editorial de uma fotografia (!), em que se vê o presidente da autarquia em pleno uso da palavra, estar a violar “regras éticas e deontológicas a que está obrigado, uma vez que a ilustração em causa não tem relevo para a notícia, antes pelo contrário, pretende apenas induzir uma imagem falsa e negativa da pessoa em causa, neste caso, do Presidente da Câmara Municipal do Porto” (sic).



Mas a hilariante denúncia vai mais longe, explicando que “o problema não é o facto da fotografia ter sido tirada, mas sim ter sido propositadamente escolhida entre centenas de flashes disparados, fazendo com que o Presidente da Câmara do Porto apareça aos olhos dos leitores como uma figura desprovida de bom senso e intolerante na forma como se exprime, tentando retirar-lhe dignidade e sentido de estado” (sic). Estaremos, pois, perante uma verdadeira “pérola” que empalideceria qualquer semiólogo encartado desta pobre e (ainda assim) triste Portugália. É, seguramente, mais uma “pérola” que, essa sim, de facto, nos deveria fazer a todos duvidar, mais uma vez, do auto-proclamado “sentido de estado” do seu mentor.

Não haverá mais nada em que aplicar os parcos dinheiros públicos? De facto, alguns políticos, às vezes, têm razão… Portugauleses serão eles, porque os ignaros romanos já parecem ter tomado totalmente de assalto a aldeia, e, poção mágica que nos livre deles, nem vê-la!

nota a 12 de Julho de 2010: Interpretando a foto abaixo, extraída desta notícia, será lícito concluirmos que afinal esta posição do Sr. Presidente até é bastante comum, talvez fruto de muitas aulas de retórica e dicção em frente ao espelho…



os nossos votos, por ssru
Publicado 23/12/2009 diversos Deixar um Comentário
Tags:centro histórico, cmp, igespar, património mundial, política, unesco, zona histórica

Desejamos a todos Festas Felizes e Votos de um Natal repleto de valores, como a solidariedade, a compaixão, a fraternidade e a tolerância. À nossa Família e aos nossos Amigos os votos de um Santo Natal…



e que o Menino Jesus não permita que os ‘homens maus’ construam uma ‘cidade subterrânea’ debaixo da Igreja da Misericórdia.

a chacota vidrada, por ssru
Publicado 14/12/2009 património da humanidade Deixar um Comentário
Tags:centro histórico, cmp, construção, cultura, documento estratégico, igespar, património, porto vivo, reabilitação, sistema construtivo

“Caros amigos, espero sinceramente que esteja a ficar também do vosso agrado. Cumprimentos. ”

Foi desta forma que o Pedro Lopes, do Hard Club, se dirigiu à SSRU, dando conta da fase dos trabalhos de aplicação do novo revestimento cerâmico nas paredes interiores do edifício do Mercado de Ferreira Borges, juntando as excelentes fotografias. Muito obrigados ao Pedro.

Recentemente tivemos a oportunidade de ver de perto este trabalho e está muito bem acabado, criando um efeito cénico bastante agradável: o azulejo vermelho ferro com o metal da estrutura no mesmo tom, evidenciando as diferenças das texturas e das formas dos elementos (num e noutro sentido).



A chacota (ou biscoito) executada manualmente, apresenta formas irregulares, eventualmente pequenas imperfeições ou alteração nas dimensões e é por ventura mais espessa que a normal chacota de azulejo industrial; o que não significa um material menos nobre, pelo contrário este é o material mais caro e a sua utilização está normalmente associada à execução de obras com motivos antigos ou necessariamente no restauro de obras antigas. É a base ideal para produzir obras de motivos rústicos ou estilo século XVII ou XVIII.

A Majólica é uma técnica de produção vinda de Itália e introduzida na Península Ibérica em meados do século XVI. Não é simples clarificar a origem do termo; talvez uma locução italiana para Maiorca, porto de onde eram exportados os azulejos, ou uma metamorfose do termo Opera di Mallica usado desde o século XV para designar a mercadoria italiana exportada do porto de Málaga. O termo faiança, utilizado a partir do século XVII, tem origem no centro italiano Faenza onde era produzida esta cerâmica. A majólica veio revolucionar a produção do azulejo pois permite a pintura directa sobre a peça já cozida. Após a primeira cozedura é colocada sobre a placa um líquido espesso (branco opaco) à base de esmalte estanífero (estanho, óxido de chumbo, areia rica em quartzo, sal e soda) que vitrifica na segunda cozedura. O óxido de estanho oferece à superfície (vidrado) uma coloração branca translúcida na qual é possível aplicar directamente o pigmento solúvel de óxidos metálicos em cinco escalas de cor: azul cobalto, verde bronze, castanho manganésio, amarelo antimónio e vermelho ferro (que por ser de difícil aplicação pouco surge nos exemplos iniciais). Os pigmentos são imediatamente absorvidos, o que elimina qualquer possibilidade de correcção da pintura (designada decoração ao grande fogo). O azulejo é então colocado novamente no forno com temperatura mínima de 850°C revelando, só após a cozedura, as respectivas cores utilizadas. (ver excelente artigo na Wikipédia).



Se está bonito? Está! Se havia necessidade? Não, principalmente sem a autorização do senhorio!

Mas Pedro, a questão dos azulejos é menor comparada com a solução arquitectónica, essa sim, inviabilizando um espaço que se queria multifuncional e polivalente. E aquela empena toda do vizinho a olhar para nós…

Página Seguinte »

--------------------------------------------------------------------------------

centro histórico do porto
por fernando távora, arquitecto
«Dir-se-ia que, perdido o pé, nos afundamos num mundo que desconhecemos porque não é nosso, porque é consumido por nós. No mundo natural, no mundo visual, no mundo cultural, o homem vê desaparecerem os seus elementos de identificação, o seu território, o seu sistema de relações.»
a cidade, por albano martins
«Uma cidade pode ser apenas um rio, uma torre, uma rua com varandas de sal e gerânios de espuma.(...) Uma cidade pode ser um coração, um punho.»

apontamentos
A nova página de NOTÍCIAS foi actualizada a 04 de Março de 2010.
entradas recentes
a cidade a prémio, por ssru
o melhor do Porto, por ssru
o aniversário no circo, por ssru
a não-cidadania #5, por ssru
o fôlego do santo, por ssru
o nosso quintal, por ssru
a feira do livro, por ssru
arquivo
Julho 2010 (5)
Junho 2010 (2)
Maio 2010 (2)
Abril 2010 (3)
Março 2010 (1)
Fevereiro 2010 (2)
Janeiro 2010 (3)
Dezembro 2009 (3)
Novembro 2009 (2)
Outubro 2009 (4)
Setembro 2009 (3)
Agosto 2009 (1)
Julho 2009 (6)
Junho 2009 (5)
Maio 2009 (4)
Abril 2009 (4)
Março 2009 (6)
Fevereiro 2009 (3)
Janeiro 2009 (5)
Dezembro 2008 (3)
Novembro 2008 (5)
Outubro 2008 (5)
Setembro 2008 (4)
Agosto 2008 (3)
Julho 2008 (3)
categorias
aliados (2)
centro histórico (17)
cidadania (10)
cidade do porto (10)
cultura (2)
diversos (2)
fdzhp (1)
inquéritos (4)
legislação (2)
media (6)
não-património (5)
o começo (2)
património (1)
património da humanidade (4)
pormenores (3)
porto vivo (5)
questões essenciais (4)
reabilitação urbana (1)
ribeira (2)
s. joão (1)
sé (1)
segurança (1)
tolerância zero (6)
zona histórica (1)
entradas populares
o aniversário no circo, por ssru
galeria
a não-cidadania #1, por ssru
00 . blogroll
wordpress-pt
WordPress.com
WordPress.org
00 . diferente
casa de osso
Dactilógrafo
Ephemera
TED
Visual Complexity
00 . obras em diário
Casas António Carneiro
Edifício dos Lóios
São Sebastião
01 . ligações
Associação de Cidadãos do Porto
Aventar
Blasfémias
Blogue Rascunho
Casa da Música
Câmara Municipal do Porto
Clube Literário do Porto
desNorte
Dias com Árvores
Dolo Eventual
Fundação da Juventude
Ideias Soltas
IHRU
IPPAR
Jornalismo Porto Net
Lavandaria
Movimento Cívico p/ Linha do Tua
Norteamos
O Porto Cool
O Sinaleiro da Areosa
Os Meus Apontamentos
Out Of The Box
Porto Digital
Porto Vivo SRU
Pporto dos Museus
Projecto SOS Azulejo
Quinta Cidade
UNESCO
02 . porto
A Baixa do Porto
A Cidade Deprimente
A Cidade Surpreendente
A Porta Nobre
Akiagato
As Casas do Porto
Defesa dos Jardins do Palácio
Mercado do Bom Sucesso Vivo
Não Lugares no Porto
O Porto Em Conversa
O Verde e o Cinzento
Opozine
Porto Antigo
Porto(.)Ponto
Renovar o Porto
Ruas da Minha Terra – Porto
03 . chaves
Chaves Livre
O Flaviense
04 . braga
Avenida Central
05 . santo tirso
Santo Tirso Sem Vida
06 . viseu
Barões da Sé de Viseu
07 . covilhã
Covilhã Abandonada
08 . coimbra
Denúncia Coimbrã
09 . leiria
Centro Histórico de Leiria
10 . ourém
Ourém Real
11 . lisboa
Cidadania LX
Lisboa SOS
O Carmo e a Trindade
Observatório da Baixa
12 . cascais
Cidadania Cascais
13 . évora
Évora Deluxe
Grupo Pro-Évora
Mais Évora
14 . faro
A Defesa de Faro
15 . olhão
Olhão Livre
Somos Olhão!
estatística
36,224 hits
calendário
Agosto 2010 S T Q Q S S D
« Jul
1
2 3 4 5 6 7 8
9 10 11 12 13 14 15
16 17 18 19 20 21 22
23 24 25 26 27 28 29
30 31

stop spam
11
comentários de spam
bloqueados pelo
Akismet
connosco

inquérito “centro histórico”
Considera que o Porto tem o Centro Histórico que merece?
não, ainda vejo tanto por fazer!
sim, vejo que já foi feito bastante!
não sei, ando desatento!

View Results
Create A Poll
sistema
Registar
Iniciar Sessão
RSS dos Posts
Feed RSS dos comentários.
WordPress.com

--------------------------------------------------------------------------------

Tema: k2 por k2 team. Blog em WordPress.com.
RSS das Entradas e RSS dos Comentários




COPYRIGHT WORDPRESAS

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Contador de visitas